terça-feira, 28 de maio de 2024

Pré-candidatos são acusados de desviar doações para eleitores em cidade colapsada no RS

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio Grande do Sul investiga dois pré-candidatos às eleições de 2024 em Eldorado do Sul acusados de desviar doações aos atingidos pelas inundações para angariar futuros eleitores. Ambos integram a Defesa Civil na cidade.

Neste sábado (25) foi realizada uma operação contra os suspeitos em que as autoridades cumpriram 9 mandados de busca e apreensão. A operação foi deflagrada logo que os promotores verificaram as denúncias recebidas.

Além dos dois pré-candidatos, um outro agente da Defesa Civil também foi alvo do MP-RS. Os mandados foram cumpridos na prefeitura, em depósitos com doações e nas residências dos três, que não tiveram seus nomes revelados.

O MP apreendeu celulares, documentos e dinheiro. Os suspeitos foram afastados temporariamente dos seus cargos, mas podem exercer outras funções enquanto são investigados pelos crimes de associação criminosa, peculato e apropriação indébita.

Vale lembrar que, se comprovado, o crime foi cometido em meio ao maior colapso climático já vivido no Estado. E a cidade de Eldorado do Sul não foi apenas “fortemente atingida”, mas completamente inundada no auge da crise. Dos seus 39,5 mil habitantes, 32 mil tiveram que sair às pressas de casa. A prefeitura calcula que mais de 20 mil imóveis foram atingidos.

De acordo com matéria da Agência Brasil, na última quarta-feira (22), quando as águas começavam a baixar, o cenário era “pós-apocalíptico, como se um furacão tivesse varrido tudo que viu pela frente”. A matéria narra histórias de moradores que perderam tudo, ou quase tudo, e agora encaram uma tarefa hercúlea de limpeza e reconstrução das suas vidas.

•        Esquema de desvio de doações em cidade no RS que fez MP pedir assistência do Exército

Após uma operação contra desvios de doações para vítimas das enchentes na cidade de Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) negocia para que o Exército Brasileiro assuma a entrega dos donativos no município.

De acordo com denúncias recebidas pelo órgão, membros da Defesa Civil municipal estariam desviando as doações para beneficiar futuros eleitores.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MP-RS investiga três agentes públicos, sendo que pelo menos dois deles são pré-candidatos às eleições municipais deste ano.

Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos, na Prefeitura e em depósitos da cidade. Foram apreendidos celulares, documentos, dinheiro, entre outros.

A investigação do Ministério Público apura os crimes de apropriação indébita, peculato e associação criminosa durante estado de calamidade pública.

Os investigados foram afastados temporariamente de suas funções. A investigação do MP-RS continua.

Em nota, a Prefeitura de Eldorado do Sul reforçou "seu compromisso com a transparência, a ética e o respeito aos recursos destinados aos cidadãos". "Continuaremos colaborando plenamente com as autoridades competentes para que todos os fatos sejam esclarecidos de maneira justa e rápida", diz o comunicado.

•        Atuação do Exército

Após a operação, o MP-RS passou a negociar para que o Exército Brasileiro assuma a entrega de doações às vítimas da enchente em Eldorado do Sul.

No próprio sábado, o órgão se reuniu com a Prefeitura de Eldorado do Sul e outros órgãos públicos para expor a necessidade de delegar aos militares, em caráter de urgência, o recebimento, controle e distribuição de donativos à população.

Segundo o Ministério Público, a decisão foi tomada após contato com o procurador-geral de Justiça do Estado, Alexandre Saltz, e seu principal objetivo é evitar que moradores fiquem desatendidos de suprimentos básicos durante a investigação.

Também foi solicitado que a Prefeitura apresente um plano de trabalho para utilização dos recursos públicos já disponibilizados no atendimento às vítimas e na reconstrução da cidade.

•        Pior inundação da história

A cidade de Eldorado do Sul foi uma das mais atingidas pelo temporal no Rio Grande do Sul.

Com 100% da área urbana da cidade atingida pela água, além de boa parte da área rural, 30 mil moradores ficaram desalojados, conforme boletim divulgado pela Prefeitura. O número equivale a 75% da população.

Os moradores foram afetados principalmente pela elevação das águas do lago Guaíba e do Rio Jacuí. Foi a maior inundação da história da cidade, que já é acostumada a enchentes, pela sua topografia plana.

Segundo as estimativas da Prefeitura, 20 mil residências foram atingidas, e muitas delas ficaram totalmente comprometidas.

Com a trégua nas chuvas nos últimos dias, os moradores, o poder público e voluntários de outras regiões iniciaram mutirões de limpeza.

Em todo o Estado, 166 pessoas morreram vítimas das enchentes e outras 61 seguem desaparecidas.

Ao todo, 469 municípios foram afetados e quase 56 mil pessoas continuam em abrigos.

 

•        RS: Trabalhadores denunciam patrões por ameaças de demissão em meio à tragédia

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul já prejudicaram mais de 2 milhões de pessoas, deixando cerca de 70 mil desabrigados e de 500 mil desalojados. Mesmo diante desse cenário, o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) já soma 162 denúncias de irregularidades trabalhistas relacionadas às enchentes.

Os dados foram atualizados nesta sexta-feira (24). Do total, 86 relatam algum tipo de abuso de poder por parte do empregador. No dia 15 de maio, o MPT divulgou que as denúncias relacionadas à tragédia ambiental já representavam 29,5% do total de maio.

Dois dias antes (13), o órgão já havia se reunido com as principais entidades representantes de empregados e empregadores do estado para discutir medidas trabalhistas alternativas no cenário de calamidade pública. O encontro teve como objetivo reforçar as recomendações expedidas pelo MPT, que orientava os empregadores a priorizar medidas que garantam a manutenção da renda e do salário dos trabalhadores.

O MPT também reforçou a importância do diálogo social prévio entre as entidades sindicais, para buscarem medidas adequadas à proteção do trabalho diante da calamidade pública vivenciada, observadas as particularidades de cada setor econômico e região.

Na maior parte dos casos as empresas que cobram a presença do trabalhador estão localizadas em regiões alagadas. E mesmo aquelas que estão fora dessas localidades foram atingidas por questões logísticas.

Somente Porto Alegre concentra 133 do total de denúncias. Também há relatos em Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba, São Leopoldo e Caxias do Sul. Segundo o MPT, cada caso será investigado e também serão apurados problemas relativos à saúde e segurança dos trabalhadores em locais que sofreram inundação.

•        Grupo de Trabalho

No começo do mês, o MPT criou um Grupo de Trabalho Regional (GT) para avaliar das questões trabalhistas durante a tragédia climática no estado. O grupo foi criado pela procuradora Denise Maria Fernandes e conta com a participação de 12 procuradores titulares e um suplente, atuantes em diferentes unidades do órgão no Rio Grande do Sul.

A partir do GT, duas recomendações foram expedidas. Uma delas orienta as prefeituras a fornecerem aos moradores de regiões inundadas um atestado de exposição às enchentes. O documento serve para justificar a ausência no trabalho em razão das cheias.

A outra medida consiste em orientações das medidas trabalhistas alternativas, como teletrabalho, antecipação de férias individuais, concessão de férias coletivas, aproveitamento e antecipação de feriados e adoção de banco de horas.

•        Reunião com o Governo Federal

Na terça-feira (21), a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul (SRTE/RS) convocou uma reunião para discutir medidas para apoiar empresas e preservar empregos. A pauta incluiu a suspensão temporária de contratos de trabalho (lay-off), afastamento para qualificação, prorrogação de convenções coletivas, antecipação de férias, utilização de feriados, banco de horas, abono de faltas e a aplicação ou não da Lei 14437.

Estiveram presentes  federações empresariais, centrais sindicais e entidades governamentais, convocadas sob orientação do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

 

•        Governo Federal libera R$ 22 milhões para recuperar universidades no estado

O governo federal divulgou que vai destinar mais verbas para a reconstrução do Rio Grande do Sul. O presidente Lula liberou R$ 22 milhões em crédito extraordinário para recuperação de universidades e institutos federais atingidos pelas enchentes no estado.

Os recursos integram o pacote de R$ 1,8 bulhão destinado à reconstrução do estado gaúcho.

Entre as prioridades, indicadas pelas instituições federais de ensino, estão o auxílio à Casa do Estudante Indígena da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG) e a compra de combustível para veículos, geradores de energia e novos equipamentos meteorológicos para previsão de catástrofes para a Universidade Federal de Pelotas (UFP).

Foram relacionados, ainda, os danos estruturais sofridos pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que receberá R$ 8,5 milhões. O Instituto Federal do Rio Grande do Sul ficará com R$ 2,4 milhões, o Instituto Federal Sul-rio-grandense com R$ 2,3 milhões, o Instituto Federal Farroupilha com R$ 2,2 milhões, a Fundação Universidade Federal do Rio Grande com R$ 2 milhões, a Fundação Universidade Federal do Pampa com R$ 1,8 milhão, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul com R$ 1,5 milhão, a Fundação Universidade Federal de Pelotas com R$ 1,1 milhão e a Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre com R$ 450 mil. As informações são da coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles.

•        Comissão de Avaliação do Programa de Educação Tutorial

O governo Lula estabeleceu, também, a criação da Comissão de Avaliação do Programa de Educação Tutorial (PET). O objetivo é tratar do planejamento e do relatório anual dos Comitês Locais de Acompanhamento e Avaliação (CLAA) das instituições que abrigam grupos PET, além de analisar o desempenho dos comitês e do programa nessas instituições.

A comissão, presidida pela Secretaria de Educação Superior e composta pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), deverá propor ao Ministério da Educação (MEC) extinção, manutenção ou ampliação dos grupos e as indicações de substituição de tutores.

 

Fonte: Fórum/BBC News Brasil

 

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