quinta-feira, 30 de maio de 2024

Moscou descarta a nacionalização dos ativos de empresas estrangeiras que saíram da Rússia

Moscou não vai nacionalizar os ativos das empresas ocidentais que saíram do país, disse em entrevista à Sputnik Dmitry Birichevsky, diretor do Departamento de Cooperação Econômica do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

"É preciso notar que se trata de uma questão de gestão temporária, não de nacionalização, uma vez que as medidas introduzidas não implicam mudanças na propriedade. Isto é uma confirmação da abordagem extremamente responsável da parte russa com relação aos investimentos estrangeiros, incluindo de países hostis", explicou ele.

Segundo apontou o diplomata, a Rússia ao contrário dos países ocidentais "não politiza as questões comerciais de uma forma consistente e de princípios". Birichevsky ressaltou que Moscou está pronta para dar todo o apoio necessário às empresas estrangeiras que permaneceram no mercado russo, desde que cumpram a legislação do país e as obrigações sociais.

Em abril do ano passado, o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto sobre a transferência para gestão temporária dos ativos estrangeiros no caso de ativos russos no exterior serem apreendidos. Além disso, a gestão temporária pode ser instituída em relação aos bens móveis e imóveis de indivíduos estrangeiros em território russo, ligados aos países hostis, bem como aos direitos de propriedade pertencentes a pessoas de países hostis.

¨      Economista dos EUA classifica sanções ocidentais impostas à Rússia como 'muito inúteis'

As sanções impostas à Rússia pelo Ocidente se mostraram muito ineficazes em relação ao que os estrategistas acreditavam que alcançariam, disse o economista norte-americano Jeffrey Sachs nesta terça-feira (28). No ano passado, a economia do país registrou um crescimento de 3,6%, mesmo com as medidas.

"As sanções se provaram bastante inúteis, comparadas à grandiosidade do que os estrategistas dos Estados Unidos pensavam", disse Sachs em uma entrevista com o jornalista Tucker Carlson.

Na semana passada, o presidente Vladimir Putin enfatizou que as amplas sanções ocidentais criaram oportunidades de crescimento para a economia russa, apesar de causarem alguns problemas. Ao todo, são cerca de 16 mil medidas restritivas, o que faz do país o mais sancionado do mundo.

Para Putin, as sanções impostas à Rússia e à China constituem uma competição econômica desleal e, diante disso, vão desenvolver uma produção conjunta em resposta às medidas.

•        Incentivo à desdolarização

As sanções impostas à Rússia e aos esforços chineses no reforço do yuan podem afetar o uso internacional do dólar americano como reserva de valor, defendeu no início desta semana o membro do conselho do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos (FED, na sigla em inglês), autoridade monetária estadunidense, Christopher Waller.

"O aumento das tensões geopolíticas, as sanções contra a Rússia, os esforços da China para reforçar o uso do renminbi [yuan] e a fragmentação econômica podem afetar a utilização internacional do dólar, mais visivelmente como reserva de valor e refletida na sua utilização em reservas cambiais oficiais", cravou Waller.

Os fatores listados também podem ter um impacto no papel do dólar americano como meio de troca, incluindo o seu uso no comércio, na banca global e nas transações cambiais, acrescentou o membro do FED.

¨      Novo pacote de sanções indica que política antirrussa é 'séria e duradoura', diz representante russo

O novo regime de sanções da União Europeia (UE) "em relação à situação interna da Rússia" indica que a política "antirrussa" realizada por Bruxelas "é séria e duradoura", classificou nesta segunda-feira (27) o representante interino do país junto à UE, Kirill Logvinov.

"É surpreendente que a UE tenha demorado tanto para finalmente estabelecer um regime de sanções específico contra o nosso país, 'em conexão com a situação na Rússia'. Essencialmente, o pacote é de caráter indefinido e ilimitado. Isso indica que a política antirrussa de Bruxelas é séria e duradoura", disse Logvinov aos jornalistas em Bruxelas.

A UE implementou nesta segunda um novo regime de sanções contra a Rússia com a justificativa de supostas violações dos direitos humanos e, na sequência, divulgou a primeira lista de sancionados, que inclui 19 indivíduos e uma organização.

De acordo com Logvinov, as medidas impostas são "uma punição à Rússia por sua política independente, defesa de escolhas soberanas e recusa em ceder interesses nacionais".

"O próprio nome do regime é visto pela UE como uma base formal para incluir qualquer russo e qualquer entidade jurídica na lista de rejeição, caso não se enquadrem nas concepções ocidentais sobre a Rússia e seu futuro. Infelizmente, o Ocidente não consegue entender que, por mais que tente, nenhuma restrição pode impor ao nosso país um modelo de desenvolvimento que contrarie suas próprias prioridades", declarou a autoridade.

As sanções incluíram até o Serviço Federal de Executores Judiciais da Rússia, além de vários juízes e procuradores.

Desde fevereiro de 2022, quando foi iniciada a operação militar especial na Ucrânia, foram realizados 13 pacotes de sanções contra a Rússia, seus cidadãos e organizações. Ao todo, 1.725 pessoas e 420 organizações estão sujeitas às restrições europeias.

Além disso, companhias e cidadãos do bloco ficaram proibidos de fornecer qualquer recurso, incluindo matérias-primas ou produtos industrializados, ao grupo sancionado. Para as pessoas, também se aplica a proibição de viagens, impedindo-as de entrar na UE ou transitar pelo território do bloco.

¨      EUA quebram regras internacionais que impõem aos outros, admite mídia britânica

Um colunista do Financial Times sugere que os EUA devem abandonar completamente o discurso da ordem baseada em regras, e retornar aos princípios defendidos no tempo da Guerra Fria, focados na defesa da liberdade e da democracia.

"Nossa administração está comprometida em liderar com diplomacia para promover os interesses dos EUA e fortalecer a ordem internacional baseada em regras", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante uma cúpula em 2021 com líderes chineses, onde foi visível o tom "acrimonioso" e "condescendente" da Casa Branca em relação à potência asiática.

Blinken criticou o "comportamento agressivo" da China, acusando-a de "coerção econômica" e alegando desrespeito à democracia. "Cada uma dessas ações ameaça a ordem baseada em regras que mantém a estabilidade global", disse o chefe da diplomacia dos EUA.

O termo "ordem internacional baseada em regras" tem atraído a atenção como um dos conceitos favoritos da administração Biden. Que "regras" são essas, é frequentemente perguntado, e quem as criou? Se a expressão é simplesmente outro nome para "direito internacional", por que não usar esse termo?

O problema, como alguns observadores apontam, é que o "direito internacional" e a "ordem baseada em regras internacionais" não são, de fato, sinônimos. O primeiro é algo concreto - uma série de códigos e convenções defendidos por organismos globais nominalmente independentes. Já o último é frequentemente o que a Casa Branca quer que seja: "a substituição do direito internacional pelas prerrogativas da hegemonia americana".

O colunista de assuntos de política externa do Financial Times, Gideon Rachman, aponta no editorial sobre o assunto, escrevendo: "As próprias ações da América [do Norte] estão minando partes vitais da ordem baseada em regras." Além disso, Rachman observa que a ordem internacional baseada em regras é "um conceito profundamente pouco inspirador", "uma frase que não significa nada para uma pessoa comum".

"Ninguém vai lutar e morrer pela RBIO [ordem internacional baseada em regras]", admite Rachman.

Como slogan substituto ele propõe algo ainda mais subjetivo e vago. Os EUA devem abandonar inteiramente qualquer pretensão de regras ou autoridade externa, escreve ele, e recuperar a palavra de ordem da Guerra Fria: "Defender o mundo livre."

O problema com a menção de regras é que os EUA frequentemente as quebram. "100% das tarifas que o governo de Biden impôs aos veículos elétricos chineses são praticamente impossíveis de conciliar com as regras da Organização Mundial do Comércio", observa Rachman.

O recente anúncio do Tribunal Penal Internacional (TPI) de que iria prosseguir com um mandado de detenção contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu também colocou a Casa Branca em um impasse. A perspectiva de um parceiro júnior do imperialismo dos EUA ser responsabilizado levou Blinken a ponderar a imposição de sanções ao TPI, um importante árbitro das regras que ele afirma defender.

¨      Putin: cada vez mais países defendem um sistema de relações internacionais justo e democrático

O presidente da Rússia, às vésperas da abertura do 27º Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), expressou uma visão do mundo de cooperação internacional e igualitária.

Segundo Vladimir Putin, presidente da Rússia, o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo "tem proporcionado uma oportunidade para políticos, especialistas, empresários, cientistas e jornalistas de todo o mundo discutirem as principais tendências no desenvolvimento das economias russa e global de forma abrangente".

"Os participantes das sessões plenárias, mesas-redondas e painéis de discussão trocam opiniões sobre formas de promover a cooperação internacional, estimular o progresso científico e tecnológico e o desenvolvimento do capital humano, além de enfrentar com eficácia os desafios de nossa era", disse ele sobre a 27ª edição do evento.

"Uma parte cada vez maior da comunidade mundial é a favor da construção de um sistema justo e democrático, de relações internacionais, baseado nos princípios da igualdade genuína, da consideração dos interesses legítimos de cada um e do respeito à diversidade cultural e civilizacional dos Estados e dos povos", apontou.

São esses "os princípios que sustentam as atividades do BRICS, que a Rússia está presidindo neste ano", uma organização cujos membros já respondem por mais de um terço da economia mundial, acrescentou o presidente russo.

A Rússia está aberta ao diálogo construtivo e à interação com parceiros, e está pronta para trabalhar em conjunto de forma a enfrentar os desafios econômicos, sociais, científicos e tecnológicos de nosso tempo, afirmou Putin.

"Espero que o fórum dê início a novas iniciativas e projetos promissores, [e] que sirva para construir uma cooperação mutuamente benéfica entre nossos países e povos", reiterou o alto responsável.

¨      Rússia e China fortalecem relações com o Sul Global enquanto Ocidente perde influência, diz mídia

As atividades do BRICS e da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX) em 2024 permitirão que a Rússia e a China fortaleçam ainda mais ativamente suas relações com o Sul Global, avança o Sky News Australia.

"Eles [Rússia e China] querem desenvolver relações com o Sul Global – sem quaisquer restrições […]. Este seu programa será ainda mais desenvolvido este ano durante as cúpulas da OCX e do BRICS expandido."

A mídia destaca também que o Ocidente tem se confrontado com a dura realidade de estar rapidamente perdendo influência "em favor dos centros alternativos de influência global que apostam no Sul Global" - com sede em Pequim e Moscou - em vez de Washington e Bruxelas.

"Eles [Rússia e China] têm esse tempo [para implementar seus planos], que o Ocidente já não tem", concluiu o artigo.

Pesquisadores entrevistados pela Sputnik disseram que a recente visita oficial do presidente russo Vladimir Putin à China, a primeira de seu novo mandato, simboliza a consolidação das relações entre os dois países em um momento de mudanças na geopolítica global — o que deve ser benéfico, inclusive, para a América Latina e o Caribe.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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