Moscou descarta a nacionalização dos ativos
de empresas estrangeiras que saíram da Rússia
Moscou não vai
nacionalizar os ativos das empresas ocidentais que saíram do país, disse em
entrevista à Sputnik Dmitry Birichevsky, diretor do Departamento de Cooperação
Econômica do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
"É preciso notar
que se trata de uma questão de gestão temporária, não de nacionalização, uma
vez que as medidas introduzidas não implicam mudanças na propriedade. Isto é
uma confirmação da abordagem extremamente responsável da parte russa com relação
aos investimentos estrangeiros, incluindo de países hostis", explicou ele.
Segundo apontou o
diplomata, a Rússia ao contrário dos países ocidentais "não politiza as
questões comerciais de uma forma consistente e de princípios". Birichevsky
ressaltou que Moscou está pronta para dar todo o apoio necessário às empresas estrangeiras
que permaneceram no mercado russo, desde que cumpram a legislação do país e as
obrigações sociais.
Em abril do ano
passado, o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto sobre a
transferência para gestão temporária dos ativos estrangeiros no caso de ativos
russos no exterior serem apreendidos. Além disso, a gestão temporária pode ser
instituída em relação aos bens móveis e imóveis de indivíduos estrangeiros em
território russo, ligados aos países hostis, bem como aos direitos de
propriedade pertencentes a pessoas de países hostis.
¨
Economista dos EUA classifica sanções
ocidentais impostas à Rússia como 'muito inúteis'
As sanções impostas à
Rússia pelo Ocidente se mostraram muito ineficazes em relação ao que os
estrategistas acreditavam que alcançariam, disse o economista norte-americano
Jeffrey Sachs nesta terça-feira (28). No ano passado, a economia do país
registrou um crescimento de 3,6%, mesmo com as medidas.
"As sanções se
provaram bastante inúteis, comparadas à grandiosidade do que os estrategistas
dos Estados Unidos pensavam", disse Sachs em uma entrevista com o
jornalista Tucker Carlson.
Na semana passada, o
presidente Vladimir Putin enfatizou que as amplas sanções ocidentais criaram
oportunidades de crescimento para a economia russa, apesar de causarem alguns
problemas. Ao todo, são cerca de 16 mil medidas restritivas, o que faz do país
o mais sancionado do mundo.
Para Putin, as sanções
impostas à Rússia e à China constituem uma competição econômica desleal e,
diante disso, vão desenvolver uma produção conjunta em resposta às medidas.
• Incentivo à desdolarização
As sanções impostas à
Rússia e aos esforços chineses no reforço do yuan podem afetar o uso
internacional do dólar americano como reserva de valor, defendeu no início
desta semana o membro do conselho do Sistema de Reserva Federal dos Estados
Unidos (FED, na sigla em inglês), autoridade monetária estadunidense,
Christopher Waller.
"O aumento das
tensões geopolíticas, as sanções contra a Rússia, os esforços da China para
reforçar o uso do renminbi [yuan] e a fragmentação econômica podem afetar a
utilização internacional do dólar, mais visivelmente como reserva de valor e
refletida na sua utilização em reservas cambiais oficiais", cravou Waller.
Os fatores listados
também podem ter um impacto no papel do dólar americano como meio de troca,
incluindo o seu uso no comércio, na banca global e nas transações cambiais,
acrescentou o membro do FED.
¨ Novo pacote de sanções indica que política antirrussa é 'séria e
duradoura', diz representante russo
O novo regime de
sanções da União Europeia (UE) "em relação à situação interna da
Rússia" indica que a política "antirrussa" realizada por
Bruxelas "é séria e duradoura", classificou nesta segunda-feira (27)
o representante interino do país junto à UE, Kirill Logvinov.
"É surpreendente
que a UE tenha demorado tanto para finalmente estabelecer um regime de sanções
específico contra o nosso país, 'em conexão com a situação na Rússia'.
Essencialmente, o pacote é de caráter indefinido e ilimitado. Isso indica que a
política antirrussa de Bruxelas é séria e duradoura", disse Logvinov aos
jornalistas em Bruxelas.
A UE implementou nesta
segunda um novo regime de sanções contra a Rússia com a justificativa de
supostas violações dos direitos humanos e, na sequência, divulgou a primeira
lista de sancionados, que inclui 19 indivíduos e uma organização.
De acordo com
Logvinov, as medidas impostas são "uma punição à Rússia por sua política
independente, defesa de escolhas soberanas e recusa em ceder interesses
nacionais".
"O próprio nome
do regime é visto pela UE como uma base formal para incluir qualquer russo e
qualquer entidade jurídica na lista de rejeição, caso não se enquadrem nas
concepções ocidentais sobre a Rússia e seu futuro. Infelizmente, o Ocidente não
consegue entender que, por mais que tente, nenhuma restrição pode impor ao
nosso país um modelo de desenvolvimento que contrarie suas próprias
prioridades", declarou a autoridade.
As sanções incluíram
até o Serviço Federal de Executores Judiciais da Rússia, além de vários juízes
e procuradores.
Desde fevereiro de
2022, quando foi iniciada a operação militar especial na Ucrânia, foram
realizados 13 pacotes de sanções contra a Rússia, seus cidadãos e organizações.
Ao todo, 1.725 pessoas e 420 organizações estão sujeitas às restrições
europeias.
Além disso, companhias
e cidadãos do bloco ficaram proibidos de fornecer qualquer recurso, incluindo
matérias-primas ou produtos industrializados, ao grupo sancionado. Para as
pessoas, também se aplica a proibição de viagens, impedindo-as de entrar na UE
ou transitar pelo território do bloco.
¨ EUA quebram regras internacionais que impõem aos outros, admite
mídia britânica
Um colunista do
Financial Times sugere que os EUA devem abandonar completamente o discurso da
ordem baseada em regras, e retornar aos princípios defendidos no tempo da
Guerra Fria, focados na defesa da liberdade e da democracia.
"Nossa
administração está comprometida em liderar com diplomacia para promover os
interesses dos EUA e fortalecer a ordem internacional baseada em regras",
disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante uma cúpula em
2021 com líderes chineses, onde foi visível o tom "acrimonioso" e
"condescendente" da Casa Branca em relação à potência asiática.
Blinken criticou o
"comportamento agressivo" da China, acusando-a de "coerção
econômica" e alegando desrespeito à democracia. "Cada uma dessas
ações ameaça a ordem baseada em regras que mantém a estabilidade global",
disse o chefe da diplomacia dos EUA.
O termo "ordem
internacional baseada em regras" tem atraído a atenção como um dos
conceitos favoritos da administração Biden. Que "regras" são essas, é
frequentemente perguntado, e quem as criou? Se a expressão é simplesmente outro
nome para "direito internacional", por que não usar esse termo?
O problema, como
alguns observadores apontam, é que o "direito internacional" e a
"ordem baseada em regras internacionais" não são, de fato, sinônimos.
O primeiro é algo concreto - uma série de códigos e convenções defendidos por
organismos globais nominalmente independentes. Já o último é frequentemente o
que a Casa Branca quer que seja: "a substituição do direito internacional
pelas prerrogativas da hegemonia americana".
O colunista de
assuntos de política externa do Financial Times, Gideon Rachman, aponta no
editorial sobre o assunto, escrevendo: "As próprias ações da América [do
Norte] estão minando partes vitais da ordem baseada em regras." Além
disso, Rachman observa que a ordem internacional baseada em regras é "um
conceito profundamente pouco inspirador", "uma frase que não
significa nada para uma pessoa comum".
"Ninguém vai
lutar e morrer pela RBIO [ordem internacional baseada em regras]", admite
Rachman.
Como slogan substituto
ele propõe algo ainda mais subjetivo e vago. Os EUA devem abandonar
inteiramente qualquer pretensão de regras ou autoridade externa, escreve ele, e
recuperar a palavra de ordem da Guerra Fria: "Defender o mundo
livre."
O problema com a
menção de regras é que os EUA frequentemente as quebram. "100% das tarifas
que o governo de Biden impôs aos veículos elétricos chineses são praticamente
impossíveis de conciliar com as regras da Organização Mundial do Comércio",
observa Rachman.
O recente anúncio do
Tribunal Penal Internacional (TPI) de que iria prosseguir com um mandado de
detenção contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu também colocou a Casa
Branca em um impasse. A perspectiva de um parceiro júnior do imperialismo dos
EUA ser responsabilizado levou Blinken a ponderar a imposição de sanções ao
TPI, um importante árbitro das regras que ele afirma defender.
¨ Putin: cada vez mais países defendem um sistema de relações
internacionais justo e democrático
O presidente da
Rússia, às vésperas da abertura do 27º Fórum Econômico Internacional de São
Petersburgo (SPIEF), expressou uma visão do mundo de cooperação internacional e
igualitária.
Segundo Vladimir
Putin, presidente da Rússia, o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo
"tem proporcionado uma oportunidade para políticos, especialistas,
empresários, cientistas e jornalistas de todo o mundo discutirem as principais
tendências no desenvolvimento das economias russa e global de forma
abrangente".
"Os participantes
das sessões plenárias, mesas-redondas e painéis de discussão trocam opiniões
sobre formas de promover a cooperação internacional, estimular o progresso
científico e tecnológico e o desenvolvimento do capital humano, além de enfrentar
com eficácia os desafios de nossa era", disse ele sobre a 27ª edição do
evento.
"Uma parte cada
vez maior da comunidade mundial é a favor da construção de um sistema justo e
democrático, de relações internacionais, baseado nos princípios da igualdade
genuína, da consideração dos interesses legítimos de cada um e do respeito à diversidade
cultural e civilizacional dos Estados e dos povos", apontou.
São esses "os
princípios que sustentam as atividades do BRICS, que a Rússia está presidindo
neste ano", uma organização cujos membros já respondem por mais de um
terço da economia mundial, acrescentou o presidente russo.
A Rússia está aberta
ao diálogo construtivo e à interação com parceiros, e está pronta para
trabalhar em conjunto de forma a enfrentar os desafios econômicos, sociais,
científicos e tecnológicos de nosso tempo, afirmou Putin.
"Espero que o
fórum dê início a novas iniciativas e projetos promissores, [e] que sirva para
construir uma cooperação mutuamente benéfica entre nossos países e povos",
reiterou o alto responsável.
¨ Rússia e China fortalecem relações com o Sul Global enquanto
Ocidente perde influência, diz mídia
As atividades do BRICS
e da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX) em 2024 permitirão que a
Rússia e a China fortaleçam ainda mais ativamente suas relações com o Sul
Global, avança o Sky News Australia.
"Eles [Rússia e
China] querem desenvolver relações com o Sul Global – sem quaisquer restrições
[…]. Este seu programa será ainda mais desenvolvido este ano durante as cúpulas
da OCX e do BRICS expandido."
A mídia destaca também
que o Ocidente tem se confrontado com a dura realidade de estar rapidamente
perdendo influência "em favor dos centros alternativos de influência
global que apostam no Sul Global" - com sede em Pequim e Moscou - em vez
de Washington e Bruxelas.
"Eles [Rússia e
China] têm esse tempo [para implementar seus planos], que o Ocidente já não
tem", concluiu o artigo.
Pesquisadores
entrevistados pela Sputnik disseram que a recente visita oficial do presidente
russo Vladimir Putin à China, a primeira de seu novo mandato, simboliza a
consolidação das relações entre os dois países em um momento de mudanças na
geopolítica global — o que deve ser benéfico, inclusive, para a América Latina
e o Caribe.
Fonte: Sputnik Brasil
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