Israel e Ucrânia são 'reféns do luxo que os
EUA têm' de impulsionar guerras, diz mídia americana
Em um artigo escrito
para sua coluna no The New York Times, o jornalista norte-americano Bret
Stephens afirma que, nos últimos 50 anos, os Estados Unidos "se tornaram
bons em perder guerras", citando os atuais conflitos na Ucrânia em Israel
como sendo um rastro dessa sistemática.
O jornalista cita no
artigo diversas guerras em que Washington esteve envolvido desde a década de
1970.
Stephens relembra que
as forças norte-americanas "se retiraram humilhadas de Saigon, no Vietnã,
em 1975; de Beirute, em 1984; de Mogadíscio, na Somália, em 1993; e de Cabul,
no Afeganistão, em 2021".
"Nós [os
estadunideses] nos retiramos de Bagdá em 2011, apenas para retornar três anos
depois, quando o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em diversos
países] invadiu o norte do Iraque e tivemos que detê-lo, o que, com a ajuda de
iraquianos e curdos, conseguimos. Nós obtivemos vitórias limitadas contra
Saddam Hussein em 1991 e Muammar Gaddafi em 2011, somente para atrapalhar o
final do jogo. O que restou? Granada, Panamá, Kosovo: microguerras que tiveram
baixas mínimas dos EUA e que mal são lembradas hoje em dia", analisou.
Em sua visão, se o
leitor for "de esquerda, dirá que a maioria dessas guerras, se não todas,
foi desnecessária [...]", mas se o leitor "é de direita talvez diga
que elas foram mal conduzidas com força inadequada [...]", porém, no fim,
nenhuma dessas guerras foram "contra a existência dos EUA".
"De qualquer
forma, nenhuma dessas guerras foi sobre a existência americana. A vida nos
Estados Unidos não teria mudado materialmente se, por exemplo, Kosovo ainda
fosse parte da Sérvia", pontua.
O colunista menciona
momentos das forças norte-americanas na Guerra Civil do país (1861 a 1865) e da
Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) para chegar aos dias de hoje, citando
Ucrânia e Israel.
"[...] as nações,
especialmente as democracias, muitas vezes têm dúvidas sobre os meios que usam
para vencer guerras existenciais. Mas elas também tendem a canonizar líderes
que, diante da terrível escolha de males que toda guerra apresenta, ainda assim
escolheram vitórias moralmente comprometidas em vez de derrotas moralmente
puras. Hoje, Israel e Ucrânia estão envolvidos no mesmo tipo de guerra."
Na visão de Stephens,
o governo Biden está tentando conter Tel Aviv e ajudar Kiev enquanto opera
"sob ambas as ilusões".
"Está pedindo a
eles que lutem suas guerras mais ou menos da mesma forma que os Estados Unidos
lutaram suas próprias guerras nas últimas décadas: com meios limitados para o
que é necessário para vencer e um olho na possibilidade de um acordo negociado.
Como é possível, por exemplo, que até hoje a Ucrânia não tenha F-16 para
defender seus próprios céus?", indaga.
O jornalista sublinha
que, na segunda-feira (27), o presidente dos EUA, Joe Biden, fez um discurso
comovente no Memorial Day no Cemitério Nacional de Arlington, homenageando
gerações de soldados que lutaram e caíram "na batalha entre a autocracia e
a democracia".
"Mas a tragédia
da recente história de batalhas dos Estados Unidos é que milhares desses
soldados morreram em guerras que não tínhamos vontade de vencer. Eles morreram
por nada, porque Biden e outros presidentes decidiram tardiamente que tínhamos
prioridades melhores."
Por fim, o jornalista
diz que travar essas guerras "é um luxo que países seguros e poderosos
como os EUA podem se dar. Não é o caso dos ucranianos e israelenses. O mínimo
que podemos fazer por eles é entender que não têm opção de lutar, a não ser da
maneira que fizemos no passado, quando sabíamos o que era necessário para
vencer", conclui.
¨ Analista: líderes dos EUA pressionam por uma guerra em 3 frentes
quando não conseguem lidar com uma
Na segunda-feira (27),
um grupo bipartidário de representantes dos EUA visitou Taiwan sob protestos de
Pequim. Ameaçando a China com guerra por parte dos Estados Unidos é uma
loucura, uma vez que não conseguem lidar com as crises que já enfrentam, disse o
analista político sênior Michael Maloof à Sputnik na quarta-feira (29).
A reunião entre
legisladores taiwaneses e representantes norte-americanos, que incluiu o
presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, deputado Michael McCaul
(republicano pelo Texas), foi a mais recente de uma série de reuniões entre
autoridades dos EUA e de Taiwan que ocorreram durante a administração Biden.
"Não temos os
meios para travar essa guerra [de uma frente], muito menos uma guerra de três
frentes. No momento, estamos indo muito mal. Os Estados Unidos estão se saindo
muito mal apenas ao tentarem lidar com a Rússia através de um proxy", explicou
o analista político sênior Michael Maloof. "Se tivermos uma abordagem de
confronto direto a uma guerra com a Rússia, depois com a China e [...] o Irã,
não há forma de os Estados Unidos conseguirem sustentar isso."
Na quarta-feira (29),
as forças iemenitas houthis anunciaram que haviam derrubado um drone de
reconhecimento e ataque MQ-9 Reaper dos EUA. Os EUA alegaram que o drone foi
perdido devido a problemas técnicos, mas foi o sexto drone deste tipo a ser
perdido no Iêmen desde que o movimento houthi começou a bloquear o mar Vermelho
contra navios que alega estarem ligados a Israel.
Apesar de um orçamento
de quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,2 trilhões), os militares dos Estados
Unidos não conseguem garantir uma importante rota marítima de um governo que
não reconhecem oficialmente em um dos países mais pobres do mundo, resultando em
uma redução de 50% do transporte marítimo através do canal de Suez em
comparação com o ano passado.
Em 2022, a deputada
Nancy Pelosi (democrata pela Califórnia), então presidente da Câmara dos
Representantes dos EUA, visitou Taiwan apesar dos protestos de Pequim. Naquela
época, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que não autorizou a sua visita,
mas esta declaração causou algumas dúvidas razoáveis.
No ano seguinte, a
então chefe da administração taiwanesa, Tsai Ing-wen, viajou para a Califórnia,
onde ela e outros políticos taiwaneses se reuniram com o então presidente da
Câmara, Kevin McCarthy (republicano pela Califórnia). Mais uma vez, as autoridades
dos EUA e de Taiwan tentaram suavizar o protesto diplomático da China, alegando
que era apenas parte de uma escala na sua viagem à América Central. Mais uma
vez, a China não acreditou.
Nessa última viagem,
Washington não deu pretextos. A delegação bipartidária se reuniu com o
recém-eleito chefe da administração taiwanesa e lhes prometeu publicamente
armas e mais apoio.
"Não deve haver
dúvida, não deve haver ceticismo nos Estados Unidos, em Taiwan ou em qualquer
lugar do mundo, quanto à determinação norte-americana de manter o status quo e
a paz no estreito de Taiwan", disse o deputado Andy Barr (republicano pelo
Kentucky), copresidente da convenção política de Taiwan, durante uma reunião
com o novo chefe da administração de Taiwan, Lai Ching-te.
"Se a ilha fosse
invadida de forma não provocada, então caberia ao povo norte-americano, ao
Congresso dos Estados Unidos e ao meu comitê quem tem o poder de declarar
guerra, como lidar com isso", disse McCaul.
A China condenou a
visita, dizendo que viola a política oficial dos EUA, que reconhece a República
Popular da China como o governo legítimo de toda a China, incluindo Taiwan.
"Independentemente
da forte oposição da China, membros relevantes do Congresso dos EUA ainda
decidiram visitar Taiwan, o que viola o princípio de Uma Só China, os três
comunicados conjuntos China-EUA e o compromisso político do próprio governo dos
EUA de manter apenas relações não oficiais com a região de Taiwan e envia um
sinal gravemente errado às forças 'independentistas de Taiwan'", disse o
porta-voz chinês, Mao Ning, em coletiva de imprensa. "A China se opõe
firmemente a isso e fez protestos sérios aos EUA. Tomaremos as medidas
necessárias para defender firmemente a soberania nacional e a integridade
territorial."
No entanto, os
legisladores nos EUA se gabam abertamente de manter este "conflito"
não apenas com a China, mas também com a Rússia e o Irã, todos adversários
significativamente mais poderosos do que os houthis iemenitas.
Também é preciso notar
que parte da razão da viagem bipartidária a Taiwan foi garantir à liderança
taiwanesa que as armas estariam disponíveis, uma vez que tinham sido adiadas
devido à escassez de arsenais dos EUA, em grande parte provocada pelo financiamento
dos EUA à Ucrânia.
"Não temos a
capacidade industrial neste momento [para travar uma guerra com a China].
Teríamos de mudar as nossas indústrias", explicou Maloof. "Levaria um
tempo considerável, dada a sofisticação das armas que usamos, ao contrário da
Segunda Guerra Mundial."
Maloof explicou que a
retórica que emana de Washington é "muito perigosa e muito
instigante", observando que "não acreditamos no [presidente russo
Vladimir] Putin quando ele disse 'estas são as minhas linhas vermelhas' e nós
as cruzamos muitas vezes e ele finalmente agiu na Ucrânia [...]. Agora estamos
vendo as consequências disso. E temo que não tenhamos aprendido nenhuma lição
com nenhuma de nossas experiências anteriores. E provavelmente estamos
condenados a repeti-las, e com consequências muito maiores como
resultado", concluiu o analista.
¨ Conflito ucraniano acaba com mito da superioridade das armas dos
EUA, diz think tank americano
Uma série de armas dos
EUA, incluindo os lançadores múltiplos de foguetes Himars e os sistemas de
defesa antiaérea Patriot, não cumpriram as expectativas depositadas nelas,
segundo o Quincy Institute for Responsible Statecraft.
O conflito na Ucrânia,
durante o qual as Forças Armadas da Rússia aprenderam rapidamente a lidar com
as sofisticadas e caras armas ocidentais, pôs fim ao mito da superioridade do
complexo militar-industrial dos EUA, escreve na quarta-feira (29) o think tank
norte-americano Quincy Institute for Responsible Statecraft.
"Os críticos
apontam há muito tempo que nossa obsessão por armas tecnologicamente
sofisticadas resulta inevitavelmente em sistemas pouco confiáveis, produzidos
em número limitado devido a seus custos previsivelmente altos", aponta.
"Além disso, eles
podem falhar em combate porque os militares simplesmente não estão interessados
em fazer testes adequados [...]. Os testes operacionais implacáveis na guerra
na Ucrânia provaram que os críticos estavam absolutamente certos", acrescentou
o think tank.
Entre as armas
listadas nas quais foram depositadas grandes esperanças, que não se
concretizaram pelas razões acima mencionadas, estão os drones Switchblade, os
Skydio (com inteligência artificial), tanques M1 Abrams, sistemas de defesa
antiaérea Patriot, obuseiros M777, projéteis de artilharia guiada Excalibur de
155 mm, lançadores múltiplos de foguetes Himars e bombas guiadas por GPS.
No final de abril foi
relatado que a Ucrânia havia parado de usar os tanques norte-americanos Abrams
devido à atividade de drones russos, que os tornaram altamente vulneráveis no
campo de batalha. Dos 31 tanques, o Exército ucraniano já perdeu cinco em ataques
das Forças Armadas russas.
¨ Administração Biden está aberta a permitir que a Ucrânia ataque
o território da Rússia, diz mídia
De acordo com um
jornal norte-americano, na Casa Branca estão "cada vez mais preocupados
com a capacidade de Kiev de repelir os ataques russos", e por isso
poderiam dar maior liberdade de ação à Ucrânia.
A Casa Branca está
discutindo a possibilidade de permitir que a Ucrânia lance ataques com armas
dos EUA em território da Rússia, relata na quarta-feira (29) o jornal
norte-americano Politico, citando uma fonte.
"A questão está
'sob consideração'", disse a mídia, citando um alto funcionário da
administração de Joe Biden.
Até o momento, disse o
jornal, não foi tomada uma decisão sobre o assunto. Conforme observou ele, as
discussões indicam que Joe Biden e sua equipe estão "cada vez mais
preocupados com a capacidade de Kiev de repelir os ataques russos,
especialmente sua última ofensiva" na região de Carcóvia.
Ao mesmo tempo, de
acordo com um documento interno do governo ucraniano que chegou à posse do
Politico, as restrições em vigor por parte dos Estados Unidos "reduzem
significativamente a eficácia da assistência dos parceiros".
Na quarta-feira (29),
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, disse que, embora Washington não
incentivasse ataques fora da Ucrânia, ele reconhece o direito de Kiev de tomar
decisões independentes sobre autodefesa. O alto responsável norte-americano
acrescentou que os EUA se certificariam de que a Ucrânia tivesse os recursos
para fazer isso.
Ao mesmo tempo, na
terça-feira (28), John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do
Conselho de Segurança Nacional dos EUA, afirmou que os Estados Unidos ainda não
apoiam ataques com armas ocidentais contra a Rússia.
¨ Hungria perderá cargos importantes na UE como punição por se
opor ao financiamento da Ucrânia
A Hungria receberá uma
dose de "punição" por parte de outros líderes da União Europeia (UE)
pela sua firme oposição ao armamento da Ucrânia, informou o jornal Politico.
A Hungria tem sido uma
pedra no sapato das autoridades em Bruxelas em tudo o que está relacionado com
o conflito na Ucrânia. Recusando-se firmemente a alimentar conflito por
procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com a Rússia,
Budapeste tem se defendido da pressão crescente dos seus colegas líderes da UE,
cada vez mais frustrados.
De acordo com o portal
de notícias, está em curso um plano para atacar os representantes de Budapeste
com um "portfólio fraco" na próxima configuração da Comissão
Europeia, segundo diplomatas citados pela apuração.
Oliver Varhelyi, da
Hungria, ocupa o cargo de comissário Europeu para Política de Vizinhança e das
Negociações de Alargamento desde 2019. No entanto, após as eleições marcadas
para 6 e 9 de junho, a Hungria não deve esperar ocupar quaisquer cargos de chefia
na Comissão Europeia, afirma a matéria.
Dificilmente se
"questiona" a possibilidade de o país poder manter o controle de
quaisquer altos cargos, disse uma fonte citada pela mídia.
"Depois do
desastre desta vez com Varhelyi e da forma como [o primeiro-ministro Viktor]
Orbán está enfrentando [a presidente da Comissão, Ursula] von der Leyen, não há
forma de ela entregar algo importante [a] alguém próximo dele", disse um
enviado.
A Hungria resistiu à
pressão de todos os lados para marchar em sintonia com outros patronos da UE e
da OTAN do governo de Kiev. O país manteve-se firme na oposição a tudo, desde o
desembolso de dinheiro para enviar ainda mais armas ocidentais a Ucrânia até a
candidatura dela à adesão à Aliança Atlântica.
Como parte da sua
veemente oposição à guerra por procuração da OTAN em curso na Ucrânia, a
Hungria tem adiado um pacote de ajuda militar multimilionário para Kiev, que
foi acordado em março. Budapeste insistiu na necessidade de "fazer a
paz" e "prevenir a escalada" do conflito. Na segunda-feira (27),
o ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, reconheceu, após uma
reunião em Bruxelas, que houve uma "enorme disputa" sobre o veto da
Hungria à assistência militar à Ucrânia, cobrindo € 6,5 bilhões (cerca de R$
36,6 bilhões), com colegas alemães, poloneses e lituanos.
A Hungria também tem
alegadamente adiado a legislação para acelerar a entrega dos rendimentos
provenientes de ativos russos congelados ilegalmente à Ucrânia.
Entre declarações de
políticos ocidentais e notícias indicando que a Europa está se preparando para
uma guerra com a Rússia, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, insistiu
que as negociações sobre a "ameaça russa" nada mais são do que uma
manobra do Ocidente.
"Eu interpreto
estas referências à 'ameaça russa' mais como manobras do Ocidente e da Europa
para preparar a entrada na guerra", disse Orbán recentemente à emissora de
rádio Kossuth.
Quanto à OTAN, depois
de criticar recentemente a aliança militar pelo seu "planejamento de
guerra", o primeiro-ministro húngaro anunciou um esforço legal para
"redefinir" o estatuto da Hungria no bloco.
Fonte: Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário