sexta-feira, 31 de maio de 2024

Israel e Ucrânia são 'reféns do luxo que os EUA têm' de impulsionar guerras, diz mídia americana

Em um artigo escrito para sua coluna no The New York Times, o jornalista norte-americano Bret Stephens afirma que, nos últimos 50 anos, os Estados Unidos "se tornaram bons em perder guerras", citando os atuais conflitos na Ucrânia em Israel como sendo um rastro dessa sistemática.

O jornalista cita no artigo diversas guerras em que Washington esteve envolvido desde a década de 1970.

Stephens relembra que as forças norte-americanas "se retiraram humilhadas de Saigon, no Vietnã, em 1975; de Beirute, em 1984; de Mogadíscio, na Somália, em 1993; e de Cabul, no Afeganistão, em 2021".

"Nós [os estadunideses] nos retiramos de Bagdá em 2011, apenas para retornar três anos depois, quando o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países] invadiu o norte do Iraque e tivemos que detê-lo, o que, com a ajuda de iraquianos e curdos, conseguimos. Nós obtivemos vitórias limitadas contra Saddam Hussein em 1991 e Muammar Gaddafi em 2011, somente para atrapalhar o final do jogo. O que restou? Granada, Panamá, Kosovo: microguerras que tiveram baixas mínimas dos EUA e que mal são lembradas hoje em dia", analisou.

Em sua visão, se o leitor for "de esquerda, dirá que a maioria dessas guerras, se não todas, foi desnecessária [...]", mas se o leitor "é de direita talvez diga que elas foram mal conduzidas com força inadequada [...]", porém, no fim, nenhuma dessas guerras foram "contra a existência dos EUA".

"De qualquer forma, nenhuma dessas guerras foi sobre a existência americana. A vida nos Estados Unidos não teria mudado materialmente se, por exemplo, Kosovo ainda fosse parte da Sérvia", pontua.

O colunista menciona momentos das forças norte-americanas na Guerra Civil do país (1861 a 1865) e da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) para chegar aos dias de hoje, citando Ucrânia e Israel.

"[...] as nações, especialmente as democracias, muitas vezes têm dúvidas sobre os meios que usam para vencer guerras existenciais. Mas elas também tendem a canonizar líderes que, diante da terrível escolha de males que toda guerra apresenta, ainda assim escolheram vitórias moralmente comprometidas em vez de derrotas moralmente puras. Hoje, Israel e Ucrânia estão envolvidos no mesmo tipo de guerra."

Na visão de Stephens, o governo Biden está tentando conter Tel Aviv e ajudar Kiev enquanto opera "sob ambas as ilusões".

"Está pedindo a eles que lutem suas guerras mais ou menos da mesma forma que os Estados Unidos lutaram suas próprias guerras nas últimas décadas: com meios limitados para o que é necessário para vencer e um olho na possibilidade de um acordo negociado. Como é possível, por exemplo, que até hoje a Ucrânia não tenha F-16 para defender seus próprios céus?", indaga.

O jornalista sublinha que, na segunda-feira (27), o presidente dos EUA, Joe Biden, fez um discurso comovente no Memorial Day no Cemitério Nacional de Arlington, homenageando gerações de soldados que lutaram e caíram "na batalha entre a autocracia e a democracia".

"Mas a tragédia da recente história de batalhas dos Estados Unidos é que milhares desses soldados morreram em guerras que não tínhamos vontade de vencer. Eles morreram por nada, porque Biden e outros presidentes decidiram tardiamente que tínhamos prioridades melhores."

Por fim, o jornalista diz que travar essas guerras "é um luxo que países seguros e poderosos como os EUA podem se dar. Não é o caso dos ucranianos e israelenses. O mínimo que podemos fazer por eles é entender que não têm opção de lutar, a não ser da maneira que fizemos no passado, quando sabíamos o que era necessário para vencer", conclui.

¨      Analista: líderes dos EUA pressionam por uma guerra em 3 frentes quando não conseguem lidar com uma

Na segunda-feira (27), um grupo bipartidário de representantes dos EUA visitou Taiwan sob protestos de Pequim. Ameaçando a China com guerra por parte dos Estados Unidos é uma loucura, uma vez que não conseguem lidar com as crises que já enfrentam, disse o analista político sênior Michael Maloof à Sputnik na quarta-feira (29).

A reunião entre legisladores taiwaneses e representantes norte-americanos, que incluiu o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, deputado Michael McCaul (republicano pelo Texas), foi a mais recente de uma série de reuniões entre autoridades dos EUA e de Taiwan que ocorreram durante a administração Biden.

"Não temos os meios para travar essa guerra [de uma frente], muito menos uma guerra de três frentes. No momento, estamos indo muito mal. Os Estados Unidos estão se saindo muito mal apenas ao tentarem lidar com a Rússia através de um proxy", explicou o analista político sênior Michael Maloof. "Se tivermos uma abordagem de confronto direto a uma guerra com a Rússia, depois com a China e [...] o Irã, não há forma de os Estados Unidos conseguirem sustentar isso."

Na quarta-feira (29), as forças iemenitas houthis anunciaram que haviam derrubado um drone de reconhecimento e ataque MQ-9 Reaper dos EUA. Os EUA alegaram que o drone foi perdido devido a problemas técnicos, mas foi o sexto drone deste tipo a ser perdido no Iêmen desde que o movimento houthi começou a bloquear o mar Vermelho contra navios que alega estarem ligados a Israel.

Apesar de um orçamento de quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,2 trilhões), os militares dos Estados Unidos não conseguem garantir uma importante rota marítima de um governo que não reconhecem oficialmente em um dos países mais pobres do mundo, resultando em uma redução de 50% do transporte marítimo através do canal de Suez em comparação com o ano passado.

Em 2022, a deputada Nancy Pelosi (democrata pela Califórnia), então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, visitou Taiwan apesar dos protestos de Pequim. Naquela época, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que não autorizou a sua visita, mas esta declaração causou algumas dúvidas razoáveis.

No ano seguinte, a então chefe da administração taiwanesa, Tsai Ing-wen, viajou para a Califórnia, onde ela e outros políticos taiwaneses se reuniram com o então presidente da Câmara, Kevin McCarthy (republicano pela Califórnia). Mais uma vez, as autoridades dos EUA e de Taiwan tentaram suavizar o protesto diplomático da China, alegando que era apenas parte de uma escala na sua viagem à América Central. Mais uma vez, a China não acreditou.

Nessa última viagem, Washington não deu pretextos. A delegação bipartidária se reuniu com o recém-eleito chefe da administração taiwanesa e lhes prometeu publicamente armas e mais apoio.

"Não deve haver dúvida, não deve haver ceticismo nos Estados Unidos, em Taiwan ou em qualquer lugar do mundo, quanto à determinação norte-americana de manter o status quo e a paz no estreito de Taiwan", disse o deputado Andy Barr (republicano pelo Kentucky), copresidente da convenção política de Taiwan, durante uma reunião com o novo chefe da administração de Taiwan, Lai Ching-te.

"Se a ilha fosse invadida de forma não provocada, então caberia ao povo norte-americano, ao Congresso dos Estados Unidos e ao meu comitê quem tem o poder de declarar guerra, como lidar com isso", disse McCaul.

A China condenou a visita, dizendo que viola a política oficial dos EUA, que reconhece a República Popular da China como o governo legítimo de toda a China, incluindo Taiwan.

"Independentemente da forte oposição da China, membros relevantes do Congresso dos EUA ainda decidiram visitar Taiwan, o que viola o princípio de Uma Só China, os três comunicados conjuntos China-EUA e o compromisso político do próprio governo dos EUA de manter apenas relações não oficiais com a região de Taiwan e envia um sinal gravemente errado às forças 'independentistas de Taiwan'", disse o porta-voz chinês, Mao Ning, em coletiva de imprensa. "A China se opõe firmemente a isso e fez protestos sérios aos EUA. Tomaremos as medidas necessárias para defender firmemente a soberania nacional e a integridade territorial."

No entanto, os legisladores nos EUA se gabam abertamente de manter este "conflito" não apenas com a China, mas também com a Rússia e o Irã, todos adversários significativamente mais poderosos do que os houthis iemenitas.

Também é preciso notar que parte da razão da viagem bipartidária a Taiwan foi garantir à liderança taiwanesa que as armas estariam disponíveis, uma vez que tinham sido adiadas devido à escassez de arsenais dos EUA, em grande parte provocada pelo financiamento dos EUA à Ucrânia.

"Não temos a capacidade industrial neste momento [para travar uma guerra com a China]. Teríamos de mudar as nossas indústrias", explicou Maloof. "Levaria um tempo considerável, dada a sofisticação das armas que usamos, ao contrário da Segunda Guerra Mundial."

Maloof explicou que a retórica que emana de Washington é "muito perigosa e muito instigante", observando que "não acreditamos no [presidente russo Vladimir] Putin quando ele disse 'estas são as minhas linhas vermelhas' e nós as cruzamos muitas vezes e ele finalmente agiu na Ucrânia [...]. Agora estamos vendo as consequências disso. E temo que não tenhamos aprendido nenhuma lição com nenhuma de nossas experiências anteriores. E provavelmente estamos condenados a repeti-las, e com consequências muito maiores como resultado", concluiu o analista.

¨      Conflito ucraniano acaba com mito da superioridade das armas dos EUA, diz think tank americano

Uma série de armas dos EUA, incluindo os lançadores múltiplos de foguetes Himars e os sistemas de defesa antiaérea Patriot, não cumpriram as expectativas depositadas nelas, segundo o Quincy Institute for Responsible Statecraft.

O conflito na Ucrânia, durante o qual as Forças Armadas da Rússia aprenderam rapidamente a lidar com as sofisticadas e caras armas ocidentais, pôs fim ao mito da superioridade do complexo militar-industrial dos EUA, escreve na quarta-feira (29) o think tank norte-americano Quincy Institute for Responsible Statecraft.

"Os críticos apontam há muito tempo que nossa obsessão por armas tecnologicamente sofisticadas resulta inevitavelmente em sistemas pouco confiáveis, produzidos em número limitado devido a seus custos previsivelmente altos", aponta.

"Além disso, eles podem falhar em combate porque os militares simplesmente não estão interessados em fazer testes adequados [...]. Os testes operacionais implacáveis na guerra na Ucrânia provaram que os críticos estavam absolutamente certos", acrescentou o think tank.

Entre as armas listadas nas quais foram depositadas grandes esperanças, que não se concretizaram pelas razões acima mencionadas, estão os drones Switchblade, os Skydio (com inteligência artificial), tanques M1 Abrams, sistemas de defesa antiaérea Patriot, obuseiros M777, projéteis de artilharia guiada Excalibur de 155 mm, lançadores múltiplos de foguetes Himars e bombas guiadas por GPS.

No final de abril foi relatado que a Ucrânia havia parado de usar os tanques norte-americanos Abrams devido à atividade de drones russos, que os tornaram altamente vulneráveis no campo de batalha. Dos 31 tanques, o Exército ucraniano já perdeu cinco em ataques das Forças Armadas russas.

¨      Administração Biden está aberta a permitir que a Ucrânia ataque o território da Rússia, diz mídia

De acordo com um jornal norte-americano, na Casa Branca estão "cada vez mais preocupados com a capacidade de Kiev de repelir os ataques russos", e por isso poderiam dar maior liberdade de ação à Ucrânia.

A Casa Branca está discutindo a possibilidade de permitir que a Ucrânia lance ataques com armas dos EUA em território da Rússia, relata na quarta-feira (29) o jornal norte-americano Politico, citando uma fonte.

"A questão está 'sob consideração'", disse a mídia, citando um alto funcionário da administração de Joe Biden.

Até o momento, disse o jornal, não foi tomada uma decisão sobre o assunto. Conforme observou ele, as discussões indicam que Joe Biden e sua equipe estão "cada vez mais preocupados com a capacidade de Kiev de repelir os ataques russos, especialmente sua última ofensiva" na região de Carcóvia.

Ao mesmo tempo, de acordo com um documento interno do governo ucraniano que chegou à posse do Politico, as restrições em vigor por parte dos Estados Unidos "reduzem significativamente a eficácia da assistência dos parceiros".

Na quarta-feira (29), Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, disse que, embora Washington não incentivasse ataques fora da Ucrânia, ele reconhece o direito de Kiev de tomar decisões independentes sobre autodefesa. O alto responsável norte-americano acrescentou que os EUA se certificariam de que a Ucrânia tivesse os recursos para fazer isso.

Ao mesmo tempo, na terça-feira (28), John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, afirmou que os Estados Unidos ainda não apoiam ataques com armas ocidentais contra a Rússia.

¨      Hungria perderá cargos importantes na UE como punição por se opor ao financiamento da Ucrânia

A Hungria receberá uma dose de "punição" por parte de outros líderes da União Europeia (UE) pela sua firme oposição ao armamento da Ucrânia, informou o jornal Politico.

A Hungria tem sido uma pedra no sapato das autoridades em Bruxelas em tudo o que está relacionado com o conflito na Ucrânia. Recusando-se firmemente a alimentar conflito por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com a Rússia, Budapeste tem se defendido da pressão crescente dos seus colegas líderes da UE, cada vez mais frustrados.

De acordo com o portal de notícias, está em curso um plano para atacar os representantes de Budapeste com um "portfólio fraco" na próxima configuração da Comissão Europeia, segundo diplomatas citados pela apuração.

Oliver Varhelyi, da Hungria, ocupa o cargo de comissário Europeu para Política de Vizinhança e das Negociações de Alargamento desde 2019. No entanto, após as eleições marcadas para 6 e 9 de junho, a Hungria não deve esperar ocupar quaisquer cargos de chefia na Comissão Europeia, afirma a matéria.

Dificilmente se "questiona" a possibilidade de o país poder manter o controle de quaisquer altos cargos, disse uma fonte citada pela mídia.

"Depois do desastre desta vez com Varhelyi e da forma como [o primeiro-ministro Viktor] Orbán está enfrentando [a presidente da Comissão, Ursula] von der Leyen, não há forma de ela entregar algo importante [a] alguém próximo dele", disse um enviado.

A Hungria resistiu à pressão de todos os lados para marchar em sintonia com outros patronos da UE e da OTAN do governo de Kiev. O país manteve-se firme na oposição a tudo, desde o desembolso de dinheiro para enviar ainda mais armas ocidentais a Ucrânia até a candidatura dela à adesão à Aliança Atlântica.

Como parte da sua veemente oposição à guerra por procuração da OTAN em curso na Ucrânia, a Hungria tem adiado um pacote de ajuda militar multimilionário para Kiev, que foi acordado em março. Budapeste insistiu na necessidade de "fazer a paz" e "prevenir a escalada" do conflito. Na segunda-feira (27), o ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, reconheceu, após uma reunião em Bruxelas, que houve uma "enorme disputa" sobre o veto da Hungria à assistência militar à Ucrânia, cobrindo € 6,5 bilhões (cerca de R$ 36,6 bilhões), com colegas alemães, poloneses e lituanos.

A Hungria também tem alegadamente adiado a legislação para acelerar a entrega dos rendimentos provenientes de ativos russos congelados ilegalmente à Ucrânia.

Entre declarações de políticos ocidentais e notícias indicando que a Europa está se preparando para uma guerra com a Rússia, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, insistiu que as negociações sobre a "ameaça russa" nada mais são do que uma manobra do Ocidente.

"Eu interpreto estas referências à 'ameaça russa' mais como manobras do Ocidente e da Europa para preparar a entrada na guerra", disse Orbán recentemente à emissora de rádio Kossuth.

Quanto à OTAN, depois de criticar recentemente a aliança militar pelo seu "planejamento de guerra", o primeiro-ministro húngaro anunciou um esforço legal para "redefinir" o estatuto da Hungria no bloco.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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