Conferência em Berlim alerta sobre lado
sombrio da IA
Aumento de padrões de
discriminação e colonialismo de dados são alguns dos aspectos negativos desta
tecnologia apontados por especialistas.A revolução da inteligência artificial
(IA) tem um lado sombrio. Foi esse o aviso de defensores dos direitos digitais
e de ativistas reunidos em Berlim para a última conferência tecnológica
re:publica, que terminou nesta quarta-feira (29/05).
“Novos padrões de
discriminação estão emergindo da IA e dos algoritmos”, afirmou Ferda Ataman,
comissária federal independente para o combate à discriminação na Alemanha. Ela
advertiu que a inteligência artificial, se não for controlada, pode exacerbar a
discriminação, perpetuando os preconceitos existentes.
O recente crescimento
da tecnologia de IA conduziu a avanços notáveis, desde formas inovadoras de
diagnosticar e tratar o câncer a novos sistemas que permitem a qualquer pessoa,
independentemente dos seus conhecimentos técnicos, criar imagens e vídeos a partir
do zero.
No entanto, vários
especialistas advertiram durante a conferência que as desvantagens da
tecnologia são menos visíveis e que as comunidades vulneráveis à margem da
sociedade e no Sul Global serão as primeiras a sofrer as consequências.
• Vigilância por IA
A forma como a
inteligência artificial está a ser utilizada para levar a vigilância a níveis
sem precedentes ilustra bem esta situação, segundo Antonella Napolitano,
analista de política tecnológica.
Em um relatório
publicado no ano passado pela organização de direitos humanos EuroMed Rights,
Napolitano argumentou que, como parte de uma tendência mais ampla para
“externalizar” o controle das suas fronteiras externas, a União Europeia
financia empresas que testam novas ferramentas de vigilância baseadas em IA em
migrantes no Norte de África, cuja privacidade não é tão protegida como a dos
cidadãos da UE.
“É mais fácil para as
empresas testarem diferentes tecnologias nestas pessoas sem enfrentarem
quaisquer consequências”, disse Napolitano à DW. “Mas as consequências são
reais”, ressalta, acrescentando que a vigilância por meio da inteligência
artificial pode empurrar os migrantes para caminhos migratórios mais perigosos.
• “Colonialismo de dados”
Relatórios como este
levaram alguns defensores dos direitos digitais a estabelecer paralelos com a
história do colonialismo a partir do século 15, quando as potências europeias
começaram a explorar grandes partes do mundo.
Outro aspeto deste
novo “colonialismo de dados” é o fato de muitas empresas ocidentais terem se
dirigido a locais no Sul Global para recolher dados, aponta Mercy Mutemi, uma
advogada queniana especializada em direitos digitais. “A história está se
repetindo”, destacou.
A maioria dos sistemas
de IA de ponta de hoje depende de grandes quantidades de dados. Para atender a
essa demanda, as empresas ocidentais estão extraindo dados de indivíduos em
toda a África em grande escala, muitas vezes sem consentimento e com pouco ou
nenhum benefício em troca, disse Mutemi. A advogada está envolvida em cerca de
uma dúzia de casos em andamento que desafiam o papel das empresas de tecnologia
ocidentais em seu país de origem.
É provável que esse
fenômeno se intensifique nos próximos anos, à medida que a procura de dados por
parte da tecnologia de IA continua a crescer, acrescentou.
Pegada de carbono
O ritmo alucinante do
desenvolvimento da IA também suscita preocupações quanto ao seu impacto
ambiental. O treinamento e a execução de modelos complexos de inteligência
artificial requerem uma enorme capacidade de processamento nos centros de
dados, o que implica em elevado consumo de energia, utilização de água e
emissões de gases de efeito estufa.
Atualmente, os centros
de dados já são responsáveis por mais de 2% do consumo global de eletricidade,
de acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia.
O desenvolvimento de
ferramentas de IA que exigem muita energia aumentará ainda mais o consumo de
energia, segundo o autor canadense e crítico de tecnologia Paris Marx.
Marx alertou para um
“boom de centros de dados alimentados por IA” impulsionado pelos interesses
comerciais de algumas empresas de tecnologia poderosas. “Tem havido um enorme
investimento na construção de centros de dados em todo o mundo”, disse Marx na conferência.
• ChatGPT, Gemini e Copilot: como usar o
IA no trabalho?
Um relatório relatório
conjunto da Microsoft e do LinkedIn sobre o estado da IA no trabalho, que
contou com a participação de usuários da suíte Microsoft 365 em 31 países,
revelou que 75% das pessoas já usam IA no trabalho. Destes, 46% começaram a
usar em menos de 6 meses. A empresa também diz que 78% dos usuários de IA estão
indo atrás de suas próprias ferramentas de IA para trabalhar, em vez de esperar
que suas organizações forneçam as soluções.
Mas com tantos modelos
e opções de IA disponíveis, especialmente após os anúncios recentes da
Microsoft, Google e OpenAI, como saber que ferramentas usar no trabalho?
• Como escolher uma IA no trabalho?
Existem muitas
maneiras criativas de utilizar IA no trabalho, seja para agilizar processos e
aumentar a produtividade, seja para obter inspirações que podem ajudá-lo a
chegar a seus objetivos. O problema muitas vezes é saber qual ferramenta usar.
A solução mais comum é
utilizar IAs como ChatGPT (da OpenAI), Gemini (do Google) e Copilot (da
Microsoft) para a produção de textos, relatórios, postagens, traduções, e-mails
e imagens. Dependendo da sua necessidade, contudo, você terá que procurar ferramentas
específicas.
Os modelos também são
capazes de resumir PDFs e destacar os pontos mais importantes de um texto,
bastando que você solicite a eles, da forma mais detalhada possível. Quando
integrado a outros serviços, como o Google Meet ou o Teams, são capazes também
de gerar atas de reuniões e anotações de encontros.
É importante ressaltar
que IAs são sujeitas à falha e podem “alucinar”, que é quando elas inventam
dados ou fatos. Portanto, nunca deixe de revisar todas as informações presentes
em um texto gerado por IA. Além disso, elas tendem a utilizar expressões pouco
usuais e construir frases muito publicitárias. Dependendo do contexto, talvez
seja bom reescrever alguns trechos. Você também sempre pode pedir à IA dar ao
seu texto certos tons ou evitar algumas abordagens.
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Confira algumas dicas gerais:
– Seja específico nos
seus prompts. Quando mais específico você for, melhor a IA será capaz de
entender o que você quer.
– Ajuste seus prompts
caso o primeiro resultado não atenda às suas expectativas ou se achar que é
possível obter uma resposta melhor.
– Use palavras-chave e
frases relevantes ao seu tópico.
– Forneça exemplos e
contextos para a IA entender melhor o que você está buscando.
• Usando o ChatGPT
Ao utilizar a mais
recente versão do GPT-4, que pode ser acessada gratuitamente pelo computador (a
versão mobile exige uma assinatura mensal), você poderá adicionar arquivos do
Google Drive ou OneDrive diretamente no chatbot, sem a necessidade de download.
Além disso, a IA é capaz de interagir dinamicamente e em tempo real com
tabelas, gráficos, textos e apresentações. A assinatura do ChatGPT Plus, que
permite o uso integral do GPT-4 e outros recursos avançados, custa R$ 95,99 por
mês.
Essa atualização dá ao
ChatGPT a habilidade de entender conjuntos de dados e completar tarefas em
linguagem natural. A ferramenta será capaz ainda de escrever e executar código
Python por você, lidando com grandes conjuntos de dados e criando gráficos de
forma autônoma.
Para usar o recurso
quando ele for disponibilizado, na tela do chatbot, basta clicar no botão de
anexar (um ícone de clipe metálico, localizado à esquerda na barra de prompt),
selecionar “Conectar ao Google Drive” ou “Conectar ao Google Docs” e, após dar
acesso do ChatGPT ao serviço desejado, selecionar o arquivo com o qual deseja
trabalhar.
• Usando o Gemini
Já o Gemini possui uma
integração direta com o Google Workspace, ganhando recursos adicionais dentro
de cada ferramenta, como Gmail, Google Docs, Apresentações, Planilhas e Meet.
Para que eles apareçam, você precisa ter acesso ao serviço via assinatura do
Google One AI Premium, no valor de R$ 96,99 por mês.
Entre as
possibilidades estão assistente de escrita para e-mails e documentos, bastando
clicar no botão “Me ajude a escrever”, disponível para os assinantes do serviço
no Gmail e no Google Docs. O Gemini pode gerar planos de projetos, propostas,
resumos, descrições de cargos e outros tipos de documentos.
No Google Planilhas, o
botão “Me ajude a organizar” pode criar modelos personalizados de tabelas a
partir de suas descrições. O Gemini classifica e rotula os dados em células,
entendendo seu contexto. A IA é capaz de criar tabelas variáveis, incluindo cronogramas.
Já o botão “Crie uma
imagem”, no Google Apresentações, pode te fornecer ilustrações ou mesmo
fotografias realistas para suas apresentações, além de outros recursos visuais.
No Meet, é possível
personalizar o fundo em chamadas de vídeo, melhorar a qualidade da imagem e do
som, simular iluminação e ativar legendas e traduções automáticas, permitindo
diálogo entre falantes de diferentes idiomas, mesmo que eles não falem suas línguas.
Ainda é possível solicitar para que a IA faça anotações durante videochamadas e
resumos dos principais tópicos abordados em reuniões.
O Google também está
introduzindo o Vids, um aplicativo de edição e criação de vídeos integrado ao
Workspace. Utilizando o Gemini, o Vids gera storyboards e apresentações a
partir de descrições em texto e sugere imagens, clipes e músicas. O serviço
oferece narrações pré-definidas, com diferentes tons e emoções de voz, e
permite a criação de roteiros com IA.
• Usando o Copilot
O Copilot,
inteligência artificial da Microsoft, funciona integrado ao Windows 11, ao
navegador Edge e à suíte de produtividade Microsoft 365. Contudo, a última
opção não sai de graça: é preciso desembolsar R$ 2.142 por usuário ao ano, o
que dá R$ 178,50 por mês. Além disso, você precisa de uma licença do Microsoft
Teams à parte se quiser integrá-la à ferramenta de comunicação corporativa.
O Copilot para
Microsoft 365 inclui integra a IA no Word, PowerPoint, Excel, Outlook, Teams,
Loop, Edge for Business e outros aplicativos do Microsoft 365. Ao acessar a
ferramenta, ela já te sugere uma série de prompts, incluindo resumo de reuniões
realizadas no Teams ou dos últimos e-mails do Outlook. Assim, você consegue
ficar por dentro das comunicações sem precisar passar por todas elas
individualmente.
Integrado ao Teams, o
sistema permite ficar por dentro de todas as necessidades da equipe e agilizar
respostas aos colegas de trabalho, transitando rapidamente entre rascunhos
gerados pela IA e a finalização de materiais nos aplicativos correspondentes, como
Word ou Excel. Também é possível solicitar ao Copilot anotações durante
reuniões e a consolidação da ata ao final dos encontros, com o sistema
funcionando paralelamente e de forma autônoma na barra lateral enquanto a
reunião acontece. Para otimizar o tempo de conversa durante uma chamada, a
ferramenta ainda sugere o momento ideal de mudar de assunto e a criação,
divisão e rastreamento de tarefas via Microsoft Planner.
Para empresas e
desenvolvedores, a Microsoft possibilitará, com o uso da IA, a criação de
funcionários virtuais que executam tarefas automaticamente. Dessa forma, o
recurso Consegue monitorar caixas de entrada de e-mail e automatizar tarefas
que costumam ser feitas manualmente.
Fonte: Revista Planeta
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