terça-feira, 28 de maio de 2024

Em meio a turbulência monetária global, estaria o padrão-ouro regressando?

Os sinais de que o padrão-ouro está regressando à política monetária global são evidentes, afirma o presidente e editor-chefe da Forbes, Steve Forbes. O especialista aponta vários aspectos que sustentam a confiança em um novo sistema econômico e financeiro, incluindo a diminuição da confiança no dólar.

"É difícil de acreditar, mas o mundo está começando a caminhar para um sistema monetário baseado no ouro", observa Forbes.

O padrão-ouro tem má reputação entre os especialistas econômicos e financeiros, lembra o analista. No entanto, este regime monetário funcionou de forma eficaz, apesar de todos os "mitos" que o rodeiam hoje, afirma ele. O sistema beneficiou, em particular, os próprios Estados Unidos, que durante décadas registraram um crescimento econômico impressionante, ritmo que se perdeu com o abandono desse padrão.

Segundo o especialista, entre os sinais do retorno do ouro aos fundamentos do sistema monetário mundial está o aumento do volume de compras do metal precioso pelos bancos centrais de potências como China, Índia, Rússia e outros.

"Estes países estão reagindo às dúvidas crescentes sobre o valor do dólar a longo prazo, o que, por sua vez, é um sintoma do declínio percebido dos EUA", comenta.

Outro indicador importante é a expansão das criptomoedas, cuja popularidade se deve à crescente desconfiança na moeda fiduciária, observa a Forbes. Porém, a principal desvantagem das criptomoedas, como o bitcoin, é a falta de um valor estável, o que dificulta sua utilização em transações comerciais, principalmente em contratos de longo prazo. O analista presume que, com o tempo, o mercado de criptomoedas vincularia seu valor ao equivalente em ouro.

"Existem diversas criptomoedas ligadas ao ouro, mas ainda não conquistaram credibilidade e mecanismos para a sua utilização generalizada. No entanto, esta situação pode mudar à medida que os governos desenvolverem as suas políticas monetárias", detalha.

Com a dívida total mundial ultrapassando hoje os US$ 300 trilhões (cerca de R$ 1,5 quatrilhão), três vezes o seu Produto Interno Bruto (PIB), a sociedade global enfrentará inevitavelmente uma crise "que não pode ser facilmente paga", alerta a Forbes.

Por fim, o analista enfatiza a mudança do papel do BRICS. O grupo, inicialmente composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se define como uma associação de mercados emergentes e países em desenvolvimento, fundada em laços históricos de amizade, solidariedade e interesses partilhados. Em 2023, o BRICS convidou a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã a aderirem.

Após a adesão de cinco novos Estados, o grupo do BRICS representa quase metade da população mundial, mais de 40% da produção mundial de petróleo e cerca de 25% das exportações mundiais.

A Forbes observa que as atividades financeiras do BRICS "estão começando a agitar as coisas" na esfera monetária global. A edição indica como exemplo as operações financeiras da Índia com títulos governamentais baseados em ouro, que lançou desde 2023.

"[Os títulos de ouro] provavelmente serão muito populares entre os investidores de todo o mundo. Desde o início da era da [moeda flutuante] em 1971 até hoje, os títulos de ouro com um rendimento de 4% teriam apresentado desempenho superior a todos os mercados de ações e títulos no mundo", afirma o analista citando o especialista monetário Nathan Lewis.

¨      Analista explica por que diminuiu a percepção dos EUA como líder global

A imagem positiva dos Estados Unidos como líder global registrou um declínio em 2023 face ao ano anterior, de acordo com o Índice de Percepção da Democracia publicado este ano. Quais são os fatores que levaram a esse declínio? A Sputnik conversou com especialistas para explorar a questão.

O relatório da Fundação Aliança das Democracias foi elaborado com as respostas dos habitantes de 53 dos 195 países do mundo. Seus resultados revelaram que os Estados Unidos caíram cinco pontos percentuais na percepção positiva como líder global, passando de 27% em 2022 para 22% em 2024.

A doutora em ciências sociais pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Mariana Aparício destacou para a Sputnik que, embora a imagem do país continue em bons níveis, a queda registrada pode ser compreendida principalmente porque o atual presidente norte-americano Joe Biden teve de enfrentar as consequências da política externa implementada pelo seu antecessor, Donald Trump, bem como problemas internos como assistência médica, educação, pobreza e desenvolvimento econômico, para citar alguns.

"Os Estados Unidos já estão, nestas duas décadas do século XXI, com esta crise de hegemonia e da percepção de si mesmos como líderes do regime internacional", disse a dra. Aparício. Além disso, a especialista destaca que as ações de política externa de cada administração são ponderadas pela população mundial.

Segundo o índice, a popularidade dos Estados Unidos sofreu um impacto global em 2024, particularmente em países do Oriente Médio e do Norte de África, no entanto, a sua imagem também foi afetada em alguns países da Europa.

"Os EUA são uma potência em declínio, já se fala em uma reconfiguração do sistema internacional em que a China e a Rússia estão à frente desse outro projeto, que confronta diretamente a civilização dos Estados Unidos; não é uma disputa por dinheiro, pela economia, sobre política ou geopolítica, sobre território, é uma disputa sobre uma concepção de identidades hemisféricas, de identidades globais, e é isso que o torna tão perigoso e que faz dos EUA um animal ferido", considerou Carlos Manuel López, professor de relações internacionais da Faculdade de Estudos Superiores (FES) Aragão, da UNAM, à Sputnik.

Embora o estudo não considere o impacto que o papel dos Estados Unidos no conflito em Gaza teve na percepção global, foi relatado que a questão atingiu as intenções de reeleição de Biden, especificamente em certos setores democratas e juvenis.

No dia 20 de maio, o atual presidente dos EUA falou sobre a decisão do promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI) de pedir mandados de prisão contra líderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

"Israel deve fazer todo o possível para garantir a proteção dos civis, mas me deixe ser claro: ao contrário das acusações contra Israel feitas pela Corte Internacional de Justiça, o que está acontecendo não é um genocídio, nós o rejeitamos", disse Biden.

Para o professor López, a imagem dos Estados Unidos se deteriora devido ao "apoio cego" que o governo Biden tem dado a Israel ante o genocídio cometido em Gaza, bem como à repressão às manifestações estudantis a favor da causa palestina.

"Este apoio e repressão cegos levam a opinião pública global a não ignorar as ações dos Estados Unidos. Anos antes, décadas antes, este poder mediático dos Estados Unidos inibia todas as críticas que eram feitas contra as suas ações", explicou o especialista.

A dra. Aparício destacou, por sua vez, que o papel dos Estados Unidos em nível global entrará em um período de revisão, no sentido de que o país requer projeção de liderança.

  • China e Rússia aumentam percepção positiva

Outro resultado reportado pelo Índice de Percepção da Democracia é que a Rússia e a China tiveram um aumento na sua percepção positiva. Segundo o professor López, isto se deve ao fato de ambos os países liderarem outro projeto de identidade global, no qual procuram compreender a política a partir de outra perspectiva.

"[Esta perspectiva] está tentando resolver as necessidades autênticas das suas sociedades e, no processo, para a sociedade global, devemos compreender que a política internacional tem de ser reconfigurada para abordar verdadeiramente as causas que geram os verdadeiros problemas mundiais", observou ele.

Segundo o índice, as áreas do mundo onde se registou o aumento desta percepção positiva são o Oriente Médio e Norte de África, a Ásia e a América Latina.

No caso específico da China, ambos os analistas concordam que a sua relação econômica com os países latino-americanos impacta a percepção que as populações do gigante asiático têm.

"Essa percepção positiva tem a ver com um relacionamento mais duradouro, com maior conhecimento, onde os países latino-americanos veem a República Popular [da China] como um parceiro potencial e como um aliado para a diversificação comercial", disse a dra. Aparício.

Por sua vez, Manuel López destacou que a América Latina enfrenta o desafio de se separar dos efeitos causados pelos caprichos das potências mundiais e salvaguardar os interesses da sua população.

"Seja a China, seja os Estados Unidos, seja a França, seja o país que for, se houver projetos de investimento que sirvam a população, teriam que ser operacionalizados sem ter que cuidar dos aspectos ideológicos, políticos, ou de filiação", considerou.

O especialista citou como exemplo o caso do México, um país que na sua opinião tem conseguido manter a sua independência em assuntos vitais para a nação sem interferir nos assuntos das grandes potências.

·        EUA aproveitam 'vácuo' deixado pelo Cinturão e Rota da China no Camboja para ter novo aliado

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, visitará o Camboja no próximo mês, enquanto Washington envolve o novo primeiro-ministro cambojano, que teve formação nos EUA, em um esforço para persuadir o país a afastar-se da China, escreve o Financial Times.

De acordo com a mídia, Austin viajará para Phnom Penh em 4 de junho, após participar do fórum de defesa Shangri-La em Cingapura, onde discutirá os desafios no Indo-Pacífico com aliados e realizará sua primeira reunião com Dong Jun, o ministro da Defesa da China.

Apesar de ter seu primeiro encontro com seu homólogo chinês, logo em seguida, Austin viajará para o Camboja a fim de se encontrar com o premiê Hun Manet e ganhar um "novo" aliado.

Manet se formou em West Point, na academia militar norte-americana e na Universidade de Nova York. Segundo a mídia, Washington espera que o líder torne o país predisposto a trabalhar mais estreitamente com os EUA.

"Continuamos atentos a algumas das nossas preocupações no Camboja, mas ao mesmo tempo vemos a chegada da nova liderança que nos permite explorar novas oportunidades", disse um responsável dos EUA, citado pela mídia.

O jornal destaca que Washington também viu uma oportunidade de trabalhar mais de perto com o país do Sudeste Asiático uma vez que Pequim tem menos dinheiro para gastar no seu programa de infraestruturas da Iniciativa Cinturão e Rota.

"Ao longo dos últimos anos, e especialmente desde a pandemia, o financiamento do programa secou. O Camboja é um dos países que sente a redução mais duramente", acrescentou o responsável.

O envolvimento intensificado ocorre em meio às preocupações estadunidenses sobre a expansão da base naval cambojana de Ream, que está sendo construída pela China.

Os EUA acreditam que Pequim está construindo uma base naval permanente na localização estratégica ao largo do golfo da Tailândia. Essas preocupações foram agravadas pela presença de dois navios de guerra chineses atracados em Ream desde dezembro.

O Camboja nega que a instalação seja uma base chinesa, dizendo que os navios de guerra estão lá para exercícios militares conjuntos. A autoridade dos EUA disse que Washington continuaria a expressar "preocupações sobre a base naval".

Austin também se reunirá com Lawrence Wong, o novo primeiro-ministro de Cingapura, em seguida realizará uma reunião trilateral com os seus homólogos do Japão e da Coreia do Sul, além de manter compromissos com muitos dos seus homólogos do Sudeste Asiático, mostrando a vontade norte-americana de assumir uma posição de liderança também na Ásia-Pacífico.

¨      Turquia tem prejuízo de US$ 104 bilhões causado por terremotos de 2023, diz presidente

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse neste sábado (25) que a economia turca sofreu danos de US$ 104 bilhões (cerca de R$ 520 bilhões) com os devastadores terremotos de fevereiro de 2023.

"Mais de 53 mil pessoas morreram como resultado dos terremotos de 6 de fevereiro. O custo dos danos causados ​​pelo terremoto, que afetou um total de 11 províncias e 14 milhões de pessoas, totalizou 104 bilhões de dólares para a nossa economia. Não apenas as casas foram destruídas, mas também instalações de produção", disse Erdogan.

Os terremotos na Turquia causaram mais de 50 mil mortes. Ao todo foram dois terremotos de magnitude 7,7 e 7,6 que atingiram as regiões do sudeste da Turquia, com intervalo de nove horas, derrubando milhares de prédios.

Os tremores subterrâneos, seguidos de centenas de tremores secundários, foram sentidos em 11 províncias turcas e em países vizinhos, incluindo a Síria.

Dos 26,4 milhões de deslocamentos internos forçados por catástrofes, um terço dos casos ocorreu na China e na Turquia, na sequência de fenômenos meteorológicos e grandes sismos, de acordo com o Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC, na sigla em inglês).

·        Hungria bloqueia entrega de lucros de ativos da Rússia à Ucrânia, diz mídia

Budapeste se expressou contra o passo, e vê como particularmente preocupante a automatização dos pagamentos a Kiev, segundo o Financial Times.

A Hungria se opõe a uma exigência de apoio unânime de todos os 27 Estados-membros da UE para cada um direcionar dinheiro dos lucros dos ativos da Rússia para a Ucrânia, informou na sexta-feira (24) o jornal britânico Financial Times.

"Por enquanto, eles estão bloqueando tudo relacionado ao apoio militar à Ucrânia", disse uma das fontes citadas, acrescentando que Budapeste provavelmente manteria sua posição até as eleições europeias em junho.

Funcionários do bloco europeu teriam oferecido à Hungria um acordo, segundo o qual sua parte dos fundos não seria usada para comprar armas para a Ucrânia, impedindo Budapeste de vetar totalmente o esquema. No entanto, Budapeste está preocupado com a intenção de automatizar os pagamentos, segundo uma fonte.

Budapeste tem se recusado a financiar Kiev em meio à guerra por procuração ocidental contra Moscou.

"Não aprovamos isso, nem queremos participar de apoio financeiro ou armamentista [para a Ucrânia], mesmo dentro da estrutura da OTAN", disse o premiê Viktor Orbán, sublinhando que a Hungria tem que "redefinir nossa posição dentro da aliança militar, e nossos advogados e oficiais estão trabalhando em [...] como a Hungria pode existir como membro da OTAN sem participar das ações da OTAN fora de seu território", declarou ele na sexta-feira (24).

Após meses de debate, a UE anunciou na terça-feira (21) que havia aprovado o uso dos lucros de € 3 bilhões (R$ 16,82 bilhões) em ativos russos congelados para a Ucrânia. Jan Lipavsky, ministro das Relações Exteriores da República Tcheca, detalhou que 90% do valor seria dedicado às Forças Armadas ucranianas.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: