Em meio a turbulência monetária global,
estaria o padrão-ouro regressando?
Os sinais de que o
padrão-ouro está regressando à política monetária global são evidentes, afirma
o presidente e editor-chefe da Forbes, Steve Forbes. O especialista aponta
vários aspectos que sustentam a confiança em um novo sistema econômico e
financeiro, incluindo a diminuição da confiança no dólar.
"É difícil de
acreditar, mas o mundo está começando a caminhar para um sistema monetário
baseado no ouro", observa Forbes.
O padrão-ouro tem má
reputação entre os especialistas econômicos e financeiros, lembra o analista.
No entanto, este regime monetário funcionou de forma eficaz, apesar de todos os
"mitos" que o rodeiam hoje, afirma ele. O sistema beneficiou, em particular,
os próprios Estados Unidos, que durante décadas registraram um crescimento
econômico impressionante, ritmo que se perdeu com o abandono desse padrão.
Segundo o
especialista, entre os sinais do retorno do ouro aos fundamentos do sistema
monetário mundial está o aumento do volume de compras do metal precioso pelos
bancos centrais de potências como China, Índia, Rússia e outros.
"Estes países
estão reagindo às dúvidas crescentes sobre o valor do dólar a longo prazo, o
que, por sua vez, é um sintoma do declínio percebido dos EUA", comenta.
Outro indicador
importante é a expansão das criptomoedas, cuja popularidade se deve à crescente
desconfiança na moeda fiduciária, observa a Forbes. Porém, a principal
desvantagem das criptomoedas, como o bitcoin, é a falta de um valor estável, o
que dificulta sua utilização em transações comerciais, principalmente em
contratos de longo prazo. O analista presume que, com o tempo, o mercado de
criptomoedas vincularia seu valor ao equivalente em ouro.
"Existem diversas
criptomoedas ligadas ao ouro, mas ainda não conquistaram credibilidade e
mecanismos para a sua utilização generalizada. No entanto, esta situação pode
mudar à medida que os governos desenvolverem as suas políticas
monetárias", detalha.
Com a dívida total
mundial ultrapassando hoje os US$ 300 trilhões (cerca de R$ 1,5 quatrilhão),
três vezes o seu Produto Interno Bruto (PIB), a sociedade global enfrentará
inevitavelmente uma crise "que não pode ser facilmente paga", alerta
a Forbes.
Por fim, o analista
enfatiza a mudança do papel do BRICS. O grupo, inicialmente composto pelo
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se define como uma associação de
mercados emergentes e países em desenvolvimento, fundada em laços históricos de
amizade, solidariedade e interesses partilhados. Em 2023, o BRICS convidou a
Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã a
aderirem.
Após a adesão de cinco
novos Estados, o grupo do BRICS representa quase metade da população mundial,
mais de 40% da produção mundial de petróleo e cerca de 25% das exportações
mundiais.
A Forbes observa que
as atividades financeiras do BRICS "estão começando a agitar as
coisas" na esfera monetária global. A edição indica como exemplo as
operações financeiras da Índia com títulos governamentais baseados em ouro, que
lançou desde 2023.
"[Os títulos de
ouro] provavelmente serão muito populares entre os investidores de todo o
mundo. Desde o início da era da [moeda flutuante] em 1971 até hoje, os títulos
de ouro com um rendimento de 4% teriam apresentado desempenho superior a todos
os mercados de ações e títulos no mundo", afirma o analista citando o
especialista monetário Nathan Lewis.
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Analista explica por
que diminuiu a percepção dos EUA como líder global
A imagem positiva dos
Estados Unidos como líder global registrou um declínio em 2023 face ao ano
anterior, de acordo com o Índice de Percepção da Democracia publicado este ano.
Quais são os fatores que levaram a esse declínio? A Sputnik conversou com especialistas
para explorar a questão.
O relatório da
Fundação Aliança das Democracias foi elaborado com as respostas dos habitantes
de 53 dos 195 países do mundo. Seus resultados revelaram que os Estados Unidos
caíram cinco pontos percentuais na percepção positiva como líder global,
passando de 27% em 2022 para 22% em 2024.
A doutora em ciências
sociais pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), da
Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Mariana Aparício destacou para
a Sputnik que, embora a imagem do país continue em bons níveis, a queda registrada
pode ser compreendida principalmente porque o atual presidente norte-americano
Joe Biden teve de enfrentar as consequências da política externa implementada
pelo seu antecessor, Donald Trump, bem como problemas internos como assistência
médica, educação, pobreza e desenvolvimento econômico, para citar alguns.
"Os Estados
Unidos já estão, nestas duas décadas do século XXI, com esta crise de hegemonia
e da percepção de si mesmos como líderes do regime internacional", disse a
dra. Aparício. Além disso, a especialista destaca que as ações de política externa
de cada administração são ponderadas pela população mundial.
Segundo o índice, a
popularidade dos Estados Unidos sofreu um impacto global em 2024,
particularmente em países do Oriente Médio e do Norte de África, no entanto, a
sua imagem também foi afetada em alguns países da Europa.
"Os EUA são uma
potência em declínio, já se fala em uma reconfiguração do sistema internacional
em que a China e a Rússia estão à frente desse outro projeto, que confronta
diretamente a civilização dos Estados Unidos; não é uma disputa por dinheiro,
pela economia, sobre política ou geopolítica, sobre território, é uma disputa
sobre uma concepção de identidades hemisféricas, de identidades globais, e é
isso que o torna tão perigoso e que faz dos EUA um animal ferido",
considerou Carlos Manuel López, professor de relações internacionais da
Faculdade de Estudos Superiores (FES) Aragão, da UNAM, à Sputnik.
Embora o estudo não
considere o impacto que o papel dos Estados Unidos no conflito em Gaza teve na
percepção global, foi relatado que a questão atingiu as intenções de reeleição
de Biden, especificamente em certos setores democratas e juvenis.
No dia 20 de maio, o
atual presidente dos EUA falou sobre a decisão do promotor do Tribunal Penal
Internacional (TPI) de pedir mandados de prisão contra líderes israelenses,
incluindo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"Israel deve
fazer todo o possível para garantir a proteção dos civis, mas me deixe ser
claro: ao contrário das acusações contra Israel feitas pela Corte Internacional
de Justiça, o que está acontecendo não é um genocídio, nós o rejeitamos",
disse Biden.
Para o professor
López, a imagem dos Estados Unidos se deteriora devido ao "apoio
cego" que o governo Biden tem dado a Israel ante o genocídio cometido em
Gaza, bem como à repressão às manifestações estudantis a favor da causa
palestina.
"Este apoio e
repressão cegos levam a opinião pública global a não ignorar as ações dos
Estados Unidos. Anos antes, décadas antes, este poder mediático dos Estados
Unidos inibia todas as críticas que eram feitas contra as suas ações",
explicou o especialista.
A dra. Aparício
destacou, por sua vez, que o papel dos Estados Unidos em nível global entrará
em um período de revisão, no sentido de que o país requer projeção de
liderança.
- China e Rússia aumentam percepção positiva
Outro resultado
reportado pelo Índice de Percepção da Democracia é que a Rússia e a China
tiveram um aumento na sua percepção positiva. Segundo o professor López, isto
se deve ao fato de ambos os países liderarem outro projeto de identidade
global, no qual procuram compreender a política a partir de outra perspectiva.
"[Esta
perspectiva] está tentando resolver as necessidades autênticas das suas
sociedades e, no processo, para a sociedade global, devemos compreender que a
política internacional tem de ser reconfigurada para abordar verdadeiramente as
causas que geram os verdadeiros problemas mundiais", observou ele.
Segundo o índice, as
áreas do mundo onde se registou o aumento desta percepção positiva são o
Oriente Médio e Norte de África, a Ásia e a América Latina.
No caso específico da
China, ambos os analistas concordam que a sua relação econômica com os países
latino-americanos impacta a percepção que as populações do gigante asiático
têm.
"Essa percepção
positiva tem a ver com um relacionamento mais duradouro, com maior
conhecimento, onde os países latino-americanos veem a República Popular [da
China] como um parceiro potencial e como um aliado para a diversificação
comercial", disse a dra. Aparício.
Por sua vez, Manuel
López destacou que a América Latina enfrenta o desafio de se separar dos
efeitos causados pelos caprichos das potências mundiais e salvaguardar os
interesses da sua população.
"Seja a China,
seja os Estados Unidos, seja a França, seja o país que for, se houver projetos
de investimento que sirvam a população, teriam que ser operacionalizados sem
ter que cuidar dos aspectos ideológicos, políticos, ou de filiação", considerou.
O especialista citou
como exemplo o caso do México, um país que na sua opinião tem conseguido manter
a sua independência em assuntos vitais para a nação sem interferir nos assuntos
das grandes potências.
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EUA aproveitam 'vácuo'
deixado pelo Cinturão e Rota da China no Camboja para ter novo aliado
O secretário da Defesa
dos Estados Unidos, Lloyd Austin, visitará o Camboja no próximo mês, enquanto
Washington envolve o novo primeiro-ministro cambojano, que teve formação nos
EUA, em um esforço para persuadir o país a afastar-se da China, escreve o Financial
Times.
De acordo com a mídia,
Austin viajará para Phnom Penh em 4 de junho, após participar do fórum de
defesa Shangri-La em Cingapura, onde discutirá os desafios no Indo-Pacífico com
aliados e realizará sua primeira reunião com Dong Jun, o ministro da Defesa da
China.
Apesar de ter seu
primeiro encontro com seu homólogo chinês, logo em seguida, Austin viajará para
o Camboja a fim de se encontrar com o premiê Hun Manet e ganhar um
"novo" aliado.
Manet se formou em
West Point, na academia militar norte-americana e na Universidade de Nova York.
Segundo a mídia, Washington espera que o líder torne o país predisposto a
trabalhar mais estreitamente com os EUA.
"Continuamos
atentos a algumas das nossas preocupações no Camboja, mas ao mesmo tempo vemos
a chegada da nova liderança que nos permite explorar novas oportunidades",
disse um responsável dos EUA, citado pela mídia.
O jornal destaca que
Washington também viu uma oportunidade de trabalhar mais de perto com o país do
Sudeste Asiático uma vez que Pequim tem menos dinheiro para gastar no seu
programa de infraestruturas da Iniciativa Cinturão e Rota.
"Ao longo dos
últimos anos, e especialmente desde a pandemia, o financiamento do programa
secou. O Camboja é um dos países que sente a redução mais duramente",
acrescentou o responsável.
O envolvimento
intensificado ocorre em meio às preocupações estadunidenses sobre a expansão da
base naval cambojana de Ream, que está sendo construída pela China.
Os EUA acreditam que
Pequim está construindo uma base naval permanente na localização estratégica ao
largo do golfo da Tailândia. Essas preocupações foram agravadas pela presença
de dois navios de guerra chineses atracados em Ream desde dezembro.
O Camboja nega que a
instalação seja uma base chinesa, dizendo que os navios de guerra estão lá para
exercícios militares conjuntos. A autoridade dos EUA disse que Washington
continuaria a expressar "preocupações sobre a base naval".
Austin também se
reunirá com Lawrence Wong, o novo primeiro-ministro de Cingapura, em seguida
realizará uma reunião trilateral com os seus homólogos do Japão e da Coreia do
Sul, além de manter compromissos com muitos dos seus homólogos do Sudeste
Asiático, mostrando a vontade norte-americana de assumir uma posição de
liderança também na Ásia-Pacífico.
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Turquia tem prejuízo
de US$ 104 bilhões causado por terremotos de 2023, diz presidente
O presidente turco,
Recep Tayyip Erdogan, disse neste sábado (25) que a economia turca sofreu danos
de US$ 104 bilhões (cerca de R$ 520 bilhões) com os devastadores terremotos de
fevereiro de 2023.
"Mais de 53 mil
pessoas morreram como resultado dos terremotos de 6 de fevereiro. O custo dos
danos causados pelo terremoto, que afetou um total de 11 províncias e 14 milhões de pessoas, totalizou 104 bilhões de dólares para a nossa economia. Não apenas as casas foram destruídas, mas também instalações de
produção",
disse Erdogan.
Os terremotos na
Turquia causaram mais de 50 mil mortes. Ao todo foram dois terremotos de
magnitude 7,7 e 7,6 que atingiram as regiões do sudeste da Turquia, com
intervalo de nove horas, derrubando milhares de prédios.
Os tremores
subterrâneos, seguidos de centenas de tremores secundários, foram sentidos em
11 províncias turcas e em países vizinhos, incluindo a Síria.
Dos 26,4 milhões de
deslocamentos internos forçados por catástrofes, um terço dos casos ocorreu na
China e na Turquia, na sequência de fenômenos meteorológicos e grandes sismos,
de acordo com o Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC, na sigla
em inglês).
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Hungria bloqueia
entrega de lucros de ativos da Rússia à Ucrânia, diz mídia
Budapeste se expressou
contra o passo, e vê como particularmente preocupante a automatização dos
pagamentos a Kiev, segundo o Financial Times.
A Hungria se opõe a
uma exigência de apoio unânime de todos os 27 Estados-membros da UE para cada
um direcionar dinheiro dos lucros dos ativos da Rússia para a Ucrânia, informou
na sexta-feira (24) o jornal britânico Financial Times.
"Por enquanto,
eles estão bloqueando tudo relacionado ao apoio militar à Ucrânia", disse
uma das fontes citadas, acrescentando que Budapeste provavelmente manteria sua
posição até as eleições europeias em junho.
Funcionários do bloco
europeu teriam oferecido à Hungria um acordo, segundo o qual sua parte dos
fundos não seria usada para comprar armas para a Ucrânia, impedindo Budapeste
de vetar totalmente o esquema. No entanto, Budapeste está preocupado com a intenção
de automatizar os pagamentos, segundo uma fonte.
Budapeste tem se
recusado a financiar Kiev em meio à guerra por procuração ocidental contra
Moscou.
"Não aprovamos
isso, nem queremos participar de apoio financeiro ou armamentista [para a
Ucrânia], mesmo dentro da estrutura da OTAN", disse o premiê Viktor Orbán,
sublinhando que a Hungria tem que "redefinir nossa posição dentro da
aliança militar, e nossos advogados e oficiais estão trabalhando em [...] como
a Hungria pode existir como membro da OTAN sem participar das ações da OTAN
fora de seu território", declarou ele na sexta-feira (24).
Após meses de debate,
a UE anunciou na terça-feira (21) que havia aprovado o uso dos lucros de € 3
bilhões (R$ 16,82 bilhões) em ativos russos congelados para a Ucrânia. Jan
Lipavsky, ministro das Relações Exteriores da República Tcheca, detalhou que
90% do valor seria dedicado às Forças Armadas ucranianas.
Fonte: Sputnik Brasil
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