A amígdala e outras
partes do corpo com o surpreendente poder de se regenerar
O corpo humano é
composto por mais de 37 trilhões de
células,
cada uma com uma vida útil limitada.
Estas células são
continuamente substituídas para manter a função dos órgãos e sistemas do
organismo.
No entanto, com o
passar do tempo, ou como resultado de danos, o número de células em
funcionamento pode diminuir a um nível que cause sintomas ou até mesmo a
falência do órgão.
A regeneração de
órgãos e sistemas é um santo graal científico que depende das células-tronco — mas, devido
ao seu número limitado e à lenta taxa de divisão, este não é um caminho prático
para a regeneração de órgãos.
Seriam necessários
muitos anos para repovoar todos os tipos de células necessários.
No entanto, algumas
pessoas veem seus órgãos "reaparecerem", como Katy Golden, que teve
as amígdalas removidas
pela segunda vez quando adulta, depois que elas voltaram a crescer ao longo de
40 anos.
Um dos motivos
pelos quais as amígdalas podem voltar a crescer é o fato de uma das operações
para removê-las ser uma amigdalectomia parcial.
A remoção de apenas
parte das amígdalas leva a uma recuperação mais rápida e a menos complicações,
mas cerca de 6% das crianças podem apresentar recrescimento, o que pode exigir
uma nova cirurgia mais adiante na vida.
A maioria das
pessoas associa a regeneração de órgãos ao fígado.
Uma porção de apenas
10% do fígado pode voltar a crescer e se tornar um fígado totalmente funcional.
É assim também que
os transplantes parciais de fígado permitem que o órgão do doador volte a
crescer até um tamanho normal e totalmente funcional.
Um órgão que tem
uma capacidade surpreendente de se regenerar é o baço — e, às vezes, ele pode
se regenerar sem que as pessoas percebam.
O baço é um órgão
de alto risco de lesão, e é o órgão mais comumente lesionado em traumas
abdominais contundentes durante acidentes de trânsito, lesões esportivas ou
atividades triviais, como esbarrar em móveis.
O baço é de alto
risco porque tem muitos vasos sanguíneos e, portanto, bastante sangue, mas é
circundado apenas por uma cápsula fina que pode se romper em caso de trauma,
permitindo que o sangue vaze. Isso pode resultar em morte se não for tratado
imediatamente.
Além disso,
pequenos pedaços do baço — às vezes, apenas algumas células — podem ser
liberados no abdômen e "crescer" no local onde se instalam, o que é
chamado de esplenose, passando a ter atividade funcional semelhante à de um
baço maduro com localização normal.
Isso pode ser
benéfico para aqueles que precisam ter o baço removido devido a lesões
traumáticas, com alguns relatos sugerindo regeneração em até 66% dos pacientes.
Nos últimos anos,
nossos pulmões também demonstraram ter capacidade regenerativa.
É sabido que
o tabagismo e outros
poluentes destroem os alvéolos (pequenos sacos de ar) por onde o oxigênio passa
para o sangue. Foi demonstrado que parar de fumar permite que as células que
evitaram os danos causados pelos produtos químicos causadores de câncer na fumaça do
tabaco ajudem a regenerar e repovoar o revestimento de partes das vias aéreas
com células saudáveis.
Quando um pulmão é
removido, o pulmão remanescente precisa se adaptar para sustentar os tecidos do
corpo e garantir que chegue oxigênio suficiente até eles.
Estudos mostram que
o pulmão remanescente aumenta o número de alvéolos que possui, em vez de os
alvéolos remanescentes compensarem aumentando de tamanho para absorver mais
oxigênio.
Não são apenas os
órgãos internos que se regeneram. Um órgão que faz isso constantemente em uma
escala gigantesca é a pele.
Por ser o maior
órgão, ela tem várias funções de barreira para manter, por exemplo, a água
dentro, e os germes fora. Com uma área de superfície de quase 2 m², a pele
requer uma quantidade significativa de regeneração para repor as 500 milhões de
células que são perdidas todos os dias — isso representa mais de 2 g de células
epiteliais por dia.
·
Regeneração
de tecidos é muito mais comum
Um dos tecidos
regenerativos mais ativos é o revestimento endometrial do útero, que é
eliminado a cada 28 dias como parte do ciclo menstrual, e passa por cerca
de 450 ciclos durante a vida da mulher.
Esta camada varia
de 0,5 a 18 mm de espessura, dependendo do estágio do ciclo menstrual, de
células funcionais que são perdidas junto ao sangue dos vasos que sustentam um
óvulo fecundado caso ele se implante.
A genitália
masculina também pode apresentar regeneração. A vasectomia, que remove um pedaço
do tubo (canal deferente) que conecta os testículos às aberturas da uretra, é
usada para reduzir a chance de gravidez, impedindo que
os espermatozoides se desloquem
dos testículos para fora do pênis.
No entanto, as
extremidades cortadas dos dutos demonstraram capacidade regenerativa, e se
reconectaram.
Algumas partes, em
que até 5 cm foram restringidos ou removidos, apresentaram regeneração, mesmo
por meio de tecido cicatricial. Esta "recanalização" pode resultar em
gestações inesperadas.
O osso é outro
tecido que pode se regenerar. Se você já quebrou um osso, sabe que ele se
repara para que (posteriormente) você recupere a função.
Esse processo de
reparo da fratura leva de seis a oito semanas. Mas o processo de regeneração da
arquitetura e da força do osso continua por meses e anos.
No entanto, com o
aumento da idade e em mulheres na pós-menopausa, esse processo
fica mais lento, e o osso pode não regenerar até alcançar sua força ou
estrutura anterior.
Quando existem
pares de órgãos, e um deles é perdido, há boas evidências de que o órgão
remanescente pode aumentar sua capacidade funcional para ajudar o corpo a lidar
com a manutenção da função. Por exemplo, quando um rim é removido, o rim
remanescente aumenta para lidar com a carga de trabalho extra, filtrando o
sangue e eliminando resíduos com eficiência.
Embora a regeneração
de órgãos seja rara, ela acontece e normalmente leva anos para se manifestar,
porque os órgãos são estruturas complexas.
Estudos estão em
andamento para tentar entender como os cientistas podem desenvolver esse
conhecimento para ajudar na escassez de órgãos de doadores.
Felizmente, a
regeneração de tecidos acontece com muito mais frequência do que muita gente
imagina, e é uma parte bastante necessária para se permanecer vivo.
Fonte: Por Adam
Taylor, para he Conversation
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