quarta-feira, 27 de novembro de 2024

'Momento unipolar' ou fim da história? Filósofo Dugin explica o senso da reformação do mundo atual

Em tempos de turbulência global, é importante ouvir uma visão razoável das coisas que estão acontecendo ao nosso redor. Este artigo é o primeiro de um ciclo que revela a opinião do famoso filósofo russo Aleksandr Dugin sobre o caminho e futuro da época em que vivemos e em que vamos viver.

Na edição de 1990/1991 da prestigiosa revista globalista Foreign Affairs, o especialista estadunidense Charles Krauthammer escreveu um artigo chamado "O momento unipolar", no qual propôs a seguinte explicação para o fim do mundo bipolar. Após o colapso do bloco do Pacto de Varsóvia e o colapso da União Soviética (que ainda não havia ocorrido no momento da publicação do artigo), virá uma ordem mundial na qual os Estados Unidos e os países do Ocidente coletivo (da Organização do Tratado do Atlântico Norte, ou OTAN) serão o único polo restante e governarão o mundo, estabelecendo regras, normas, leis e equiparando seus próprios interesses e valores aos universais, totais e geralmente vinculantes. Krauthammer chamou essa hegemonia global de fato do Ocidente de "o momento unipolar".

Um pouco mais tarde, outro especialista norte-americano, Francis Fukuyama, publica um manifesto semelhante sobre o "fim da história". Mas, ao contrário de Fukuyama, que se apressou em proclamar que a vitória do Ocidente sobre o resto da humanidade já havia ocorrido e todos os países e povos agora vão aceitar incondicionalmente a ideologia liberal e vão concordar com o domínio exclusivo dos Estados Unidos e do Ocidente, Krauthammer foi mais contido e cauteloso e preferiu falar sobre o "momento", ou seja, a atual situação de fato no equilíbrio internacional de poder, mas não se apressou em tirar conclusões sobre quão forte e prolongada seria a ordem mundial unipolar.

Todos os sinais de unipolaridade eram evidentes: a aceitação incondicional por quase todos os países do capitalismo, da democracia parlamentar, dos valores liberais, da ideologia dos Direitos Humanos, da tecnocracia, da globalização e da liderança americana. Mas Krauthammer, registrando esse estado de coisas, admitia, no entanto, a possibilidade de que isso não seja algo estável, mas apenas um estágio, uma certa fase, que pode se transformar em um modelo de longo prazo (e então Fukuyama estaria certo), ou pode acabar, dando lugar a alguma outra ordem mundial.

Em 2002/2003, Krauthammer, em outra edição prestigiosa, mas não mais globalista, mas realista, a revista The National Interest, voltou à sua tese no artigo "Sobre o momento unipolar" e, desta vez, apresentou a opinião de que, dez anos depois, a unipolaridade acabou sendo apenas um momento, não uma ordem mundial duradoura, e que em breve modelos alternativos tomarão forma ao longo do tempo, levando em conta o crescimento de tendências antiocidentais no mundo: nos países islâmicos, na China, em uma Rússia fortalecida, onde um forte presidente Putin chegou ao poder.

Eventos posteriores fortaleceram ainda mais a convicção de Krauthammer de que o momento unipolar havia acabado, os Estados Unidos não puderam tornar sua liderança mundial, que realmente possuíam nos anos 90 do século XX, durável e estável, e que o poder do Ocidente havia entrado em um período de declínio e decadência. As elites ocidentais não puderam se aproveitar da chance de dominação mundial, que praticamente tinham em suas mãos, e agora precisam participar o máximo possível na construção de um mundo multipolar em um status diferente e sem reivindicar mais a hegemonia, para não ficar à margem da história.

O discurso de Putin em Munique em 2007, a ascensão ao poder na China do forte líder Xi Jinping e o rápido crescimento da economia chinesa, os acontecimentos na Geórgia em 2008, o Maidan ucraniano e a reunificação da Rússia com a Crimeia e, finalmente, o início da operação militar especial em 2022 e a grande guerra no Oriente Médio em 2023, apenas confirmaram na prática que os cautelosos Krauthammer e Samuel Huntington, que previram a era do "Choque de civilizações", acabaram se mostrando muito mais próximos da verdade do que Fukuyama, que era otimista demais (para o Ocidente liberal). Agora é óbvio para todos os observadores lúcidos que a unipolaridade era apenas um "momento", e que agora ela está sendo substituída por um novo paradigma – a multipolaridade ou, mais cautelosamente, um "momento multipolar".

Recordamos essa discussão apenas para enfatizar o significado do conceito de "momento" na análise da política mundial. No futuro, vamos nos basear nisso.

 

•                                    Rotas de Integração Sul-Americana: Brasil apresenta relatório de 2024 sobre a iniciativa

O governo federal lançou, nesta segunda-feira (25), o Relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana, que traz informações sobre 190 obras realizadas pelos 11 estados fronteiriços, com investimentos que integram o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).

O documento apresenta, entre outros detalhes, o mapeamento do status de atuação da administração pública federal nas regiões que fazem fronteira com os vizinhos sul-americanos, onde as obras estão sendo realizadas.

Segundo o governo federal, as rotas têm o papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia.

Conforme o planejamento, as cinco rotas estão distribuídas da seguinte forma:

# ilha das Guianas (Roraima, Amazonas, Pará e Amapá — Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela)

# Região Amazônica (Amazonas — Colômbia, Peru e Equador)

# Quadrante Rondon (Acre, Rondônia e Mato Grosso — Peru, Bolívia e Chile)

# Bioceânica de Capricórnio (Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina — Paraguai, Argentina e Chile)

# Bioceânica do Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Uruguai, Argentina e Chile)

O chamado pacote de integração, que compõe as 190 obras, inclui, segundo o relatório, 65 rodovias federais, 40 hidrovias, 35 aeroportos, 21 portos, 15 infovias, nove ferrovias e cinco linhas de transmissão de energia elétrica. As obras contemplam, ainda, investimentos diretos do governo federal até concessões ao setor privado.

"São 51 projetos que estão no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025 que integram nossa agenda das Rotas de Integração Sul-Americana e que somam R$ 4,5 bilhões. Esses projetos presentes na proposta orçamentária do próximo ano funcionam como um 'guarda-chuva', abarcando grande parte das 190 obras constantes da agenda das Rotas de Integração Sul-Americana. Só não estão presentes no PLOA 2025 as iniciativas já concluídas e aquelas cujo início ocorrerá somente a partir de 2026", explica João Villaverde, secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento e Orçamento.

A ministra Simone Tebet, que apresentou informações sobre o relatório, ressaltou que a iniciativa permitirá "avanços sociais inestimáveis à população brasileira e aos povos vizinhos de nossos continentes. São 190 obras de infraestrutura presentes no Novo PAC que possuem caráter de integração espalhadas nos 11 estados: rodovias, portos, aeroportos, infovias, ferrovias, hidrovias e linhas de transmissão de energia elétrica".

 

•                                    Fiji, o mais novo quadrado no tabuleiro de xadrez estratégico de Washington contra a China

Por que os EUA estão tentando militarizar as ilhas Fiji e como a nação insular se vincula à estratégia mais ampla de Washington contra a China no Pacífico?

Lloyd Austin se tornou o primeiro secretário de Defesa dos EUA a visitar a nação insular de Fiji no Pacífico Sul esta semana.

Os EUA e Fiji estão trabalhando em um novo acordo sobre "o status das forças" que permitiria que as tropas norte-americanas aumentem drasticamente sua presença na nação insular, disse Austin, acrescentando que o tratado facilitará as "atividades entre os militares", incluindo exercícios conjuntos, treinamento de tropas fijianas e a implantação e redistribuição de forças norte-americanas.

Ele garantiu, no entanto, que os EUA não estabeleceriam uma base permanente.

Fiji é o mais novo quadrado em um tabuleiro de xadrez estratégico que Washington está trabalhando para montar contra a China na busca centenária dos Estados Unidos para dominar o Pacífico, e sua "estratégia de cadeia de ilhas" pós-Segunda Guerra Mundial, que prevê a militarização de uma rede de ilhas na região para impedir que a Marinha chinesa manobre livremente pelo Pacífico, e impedir que o tráfego comercial chegue à nação asiática em uma crise.

Além de Fiji, o governo Biden intensificou as atividades relacionadas à "contenção" em uma série de nações regionais. Somente no último ano, esses esforços incluíram:

# A aprovação de um projeto de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) para reconstruir um campo de aviação na ilha Tinian, nas Ilhas Marianas do Norte, usado nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial como campo de decolagem dos bombardeiros que lançaram bombas atômicas no Japão;

# A facilitação e supervisão do desenvolvimento das Forças Armadas de Taiwan, que a China considera seu território inalienável, bem como do Japão, Coreia do Sul, Austrália, Cingapura e Filipinas (incluindo por meio de exercícios conjuntos e implantações de mísseis);

# O lançamento de um novo comando militar com o Japão e a Coreia do Sul no Japão, citando o "perigo" que emana da China, Rússia e Coreia do Norte;

# A atualização de uma base aérea importante em Guam que frequentemente hospeda bombardeiros nucleares estratégicos capazes de atingir a China;

A preparação para a implantação permanente de armas nucleares dos EUA em nações aliadas do Pacífico;

# A previsão de mais do que triplicar o orçamento do Comando Indo-Pacífico dos EUA de US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 20,3 bilhões) este ano para US$ 11 bilhões (aproximadamente R$ 63,9 bilhões) em 2025 para gastos com infraestrutura, operações navais, programas espaciais classificados e US$ 1 bilhão (mais de R$ 5,8 bilhões) para o programa de Ataque Marítimo do Pentágono;

# A aprovação de US$ 4,83 bilhões (cerca de R$ 28,06 bilhões) em gastos adicionais para "dissuadir a China" no Indo-Pacífico na primavera (Hemisfério Norte) como parte de um pacote de gastos de US$ 95 bilhões (mais de R$ 552 bilhões), incluindo nova ajuda a Israel e Ucrânia;

# O convite a navios de guerra de outros países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para águas do Pacífico para projeção de poder e treinamento conjunto na região;

# A assinatura de um controverso pacto de defesa com Papua-Nova Guiné, que desencadeou protestos no ano passado por seu sigilo;

# Diversos passos políticos e diplomáticos para tentar semear o caos e minar o alcance e as atividades políticas, econômicas e de segurança da China na região, incluindo tentativas de instituir mudanças de regime em nações amigas da China, mais recentemente nas Ilhas Salomão, e dificultando os esforços de longa data de Pequim para chegar a um acordo com nações regionais para aliviar as tensões relacionadas a reivindicações territoriais.

 

•                                    Afeganistão e Rússia manifestam interesse em aumentar cooperação bilateral

O vice-primeiro-ministro em exercício do Afeganistão, Abdul Ghani Baradar, e o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, em visita a Cabul, manifestaram interesse em aumentar a cooperação bilateral entre os dois países, informou o serviço de imprensa do governo afegão.

"Destacando o progresso na situação política, econômica e de segurança no Afeganistão, Shoigu disse que está visitando o país por indicação do presidente russo, Vladimir Putin, e acrescentou que a Rússia está interessada em aumentar o nível de cooperação bilateral com o Afeganistão", diz o comunicado do governo.

Segundo o texto, Baradar e Shoigu examinaram o desenvolvimento das relações nas esferas comercial, econômica, de infraestrutura e investimento.

Entre as oportunidades demonstradas durante o encontro, Shoigu destacou o interesse dos investidores russos e das empresas estatais em investir na extração de recursos naturais do Afeganistão, no setor de transportes e na agricultura, acrescenta o texto.

•                                    Rússia expulsa secretário da embaixada do Reino Unido por atividades de sabotagem

O segundo secretário do departamento político da Embaixada do Reino Unido, Wilkes Edward Pryor, realizou trabalho de inteligência e subversivo que ameaçou a segurança da Rússia, disse o Serviço Federal de Segurança (FSB) russo, nesta terça-feira (26).

O FSB russo disse em uma declaração que havia "descoberto uma presença não declarada de inteligência do Reino Unido sob a cobertura da embaixada nacional em Moscou durante o trabalho de contrainteligência".

"Edward Pryor, o segundo secretário do departamento político da Embaixada do Reino Unido em Moscou, Wilkes, que foi enviado a Moscou pela Diretoria da Europa Oriental e Ásia Central do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido e que substituiu um dos seis oficiais de inteligência do Reino Unido expulsos da Rússia em agosto como disfarce, intencionalmente forneceu informações falsas ao receber permissão para entrar em nosso país, violando assim a lei russa", dizia a declaração.

Ao mesmo tempo, o FSB russo identificou sinais de que ele está conduzindo trabalho de inteligência e subversivo que ameaça a segurança da Rússia, disse a declaração.

"Com base no exposto, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em cooperação com departamentos interessados, tomou a decisão de privar Wilkes Edward Pryor do credenciamento e ordenou que ele deixasse a Rússia em duas semanas", disse o FSB.

<>< Alemanha começa a elaborar lista de bunkers para população, informa mídia

O Ministério do Interior da Alemanha começou a elaborar uma lista de bunkers para civis em caso de conflito militar. Isso foi relatado pelo jornal The Guardian.

O jornal observa que essa lista vai incluir vários locais públicos, incluindo estações de metrô, estacionamentos, edifícios de propriedade pública e privada.

Um aplicativo especial para celulares vai ajudar as pessoas a chegar aos abrigos.

O artigo destaca que o governo incentivará os cidadãos a criar bunkers em suas próprias casas, melhorando porões e garagens.

Segundo informações, há 579 bunkers atualmente na Alemanha, com uma população de 84 milhões de habitantes, o que poderia salvar apenas cerca de meio milhão de cidadãos.

Anteriormente, a mídia alemã informou que a Alemanha havia começado os preparativos para uma guerra em larga escala com a Rússia, desenvolvendo um "plano operacional" de 1.000 páginas, cujo conteúdo é, em sua maior parte, secreto.

•                                    Coreia do Norte alerta que EUA podem provocar 'situação de guerra real'

O governo da Coreia do Norte alertou neste sábado (23), que os Exércitos dos Estados Unidos, da Coreia do Sul e do Japão nas proximidades da Península da Coreia poderiam desencadear "uma guerra real" na região.

"A tensão militar na região se agravou recentemente à medida que os Estados Unidos continuam a exibir seu poder militar contra a RPDC [República Popular Democrática da Coreia] na Península coreana e em suas proximidades", afirmou o chefe da Oficina de Informação do Ministério da Defesa Nacional.

De acordo com o porta-voz norte-coreano, o grupo de ataque do porta-aviões nuclear George Washington realizaram, de 13 a 15 de novembro, manobras militares conjuntas com o Japão e a Coreia do Sul nas águas que cercam a Península coreana.

"Advertimos veementemente os Estados Unidos e seus seguidores hostis que cessem imediatamente os atos hostis de continuar provocando e criando instabilidade, o que pode levar a confrontação militar na Península coreana e arredores a uma guerra real na região", afirmou a Oficina, de acordo com um relatório da agência de notícias norte-coreana KCNA.

De acordo com a KCNA, na última segunda-feira (18), o submarino de ataque de propulsão nuclear Columbia, da classe Los Angeles, chegou à base de operações de Pusan "para incitar o ambiente de confrontação nuclear".

Na última quinta-feira (21), a agência de notícias informou que o avião de reconhecimento estratégico RC-135S sobrevoou o mar oriental da Coreia, "realizando um espionagem aérea descarada da profundidade estratégica da RPDC".

"As provocações militares dos EUA, cometidas na península coreana, onde as enormes forças armadas das duas partes beligerantes estão em alerta máximo e persiste a possibilidade de um conflito militar constante, constituem a fonte de um desastre irremediável que pode atingir a situação regional", concluiu o Ministério.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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