quarta-feira, 27 de novembro de 2024

‘Direita na América Latina considera esquerda inimigo existencial e não rival com direito de ganhar eleições’

Em 2018, o escritor peruano Farid Kahhat terminou seu livro El Eterno Retorno: La Derecha Radical en el Mundo Contemporáneo ("O eterno retorno: a direita radical no mundo contemporâneo", em tradução livre). Na época, o autor acreditava que a ultradireita não tinha relevância na América Latina. Um ano depois, no entanto, com um discurso conservador, antissistema e de mão forte contra a criminalidade, Nayib Bukele se tornou presidente de El Salvador. Ele conseguiu atrair as massas em um país que, até então, era um dos mais violentos do continente. O sucesso de Bukele foi uma surpresa em uma região que passou mais de duas décadas governada, em grande parte, pela esquerda, com a chamada "onda vermelha". Quatro anos depois, o libertário Javier Milei chegou à presidência da Argentina, com um discurso similar ao de Bukele em muitos aspectos.

Neste ponto, Kahhat percebeu a necessidade de atualizar seu livro. Surgiu então Contra la Amenaza Fantasma: La Derecha Radical Latinoamericana y la Reinvención de un Enemigo Común ("Contra a ameaça fantasma: a direita radical latino-americana e a reinvenção de um inimigo comum", em tradução livre). Em sua nova obra, o autor analisa os movimentos da direita latino-americana, enfatizando seus fatores comuns, suas diferenças e a possibilidade de que uma "onda de direita" atinja a região.

A BBC News Mundo – o serviço em espanhol da BBC – conversou com Farid Kahhat durante o Hay Festival Arequipa, realizado no Peru entre os dias 7 e 10 de novembro.

<><> Confira abaixo a entrevista.

·        O voto na direita radical vem aumentando progressivamente na América Latina nos últimos anos. Por quê?

Farid Kahhat: Existem componentes externos, como o Foro de Madri, que permite ao [partido espanhol de ultradireita] Vox exercer influência sobre os partidos de direita da América Latina. Grupos evangélicos neopentecostais com estrutura internacional também tiveram influência. Mas existem motivos próprios da América Latina.

Durante os 15 primeiros anos deste século, a esquerda latino-americana atingiu o maior pico eleitoral da sua história. Este fenômeno não ocorreu nos Estados Unidos, nem na Europa. Mas, paradoxalmente, este sucesso sem precedentes fez com que o sentimento anticomunista se fortalecesse. Alguns governos de esquerda, como os da Venezuela e da Nicarágua, geraram uma sensação de ameaça porque se tornaram autoritários e colocaram em dúvida os direitos de propriedade e a vigência do contrato social.

Mas, para a direita radical, os governos de esquerda mais moderados são tão problemáticos quanto os autoritários, porque são liberais em temas sociais. Eles aprovam o casamento homoafetivo, a adoção monoparental etc. Outro tema que ajuda a direita radical é que a América Latina é a região do mundo com o maior índice de homicídios – que continua crescendo. O caso mais óbvio e recente é o do Equador.

A criminalidade e, particularmente, o índice de homicídios fortalecem os discursos de mão forte como o de Bukele, que costumam ser associados à direita radical.

·        Você fala da onda vermelha que observamos há mais de uma década na América Latina. Que potencial tem a direita radical latino-americana de dominar a região daquela forma?

Kahhat: A direita radical tem uma grande vantagem porque é uma força política disruptiva. Podemos dizer que ela vai contra o status quo. A direita radical tem outra grande vantagem sobre a esquerda: ela pode apelar aos poderes factuais, ou seja, à Igreja, seja ela católica ou evangélica, aos meios de comunicação de massa, aos militares e às associações empresariais.

·        De forma geral, quais os fundamentos comuns da direita radical contemporânea entre os países da América Latina?

Kahhat: Tomo emprestada a expressão do escritor holandês Cas Mudde. Ele define a direita populista radical com base em três características: autoritarismo, populismo e nacionalismo étnico. O tema do nacionalismo étnico não é totalmente pertinente à América Latina porque, quando se fala em nacionalismo étnico na Europa ou nos Estados Unidos, estamos nos referindo a uma maioria étnica branca e cristã.

Na América Latina, os descendentes de europeus, que costumam ser da direita radical, são a minoria da população. Mas, de forma geral, existem diversas características em comum. A direita radical na América Latina não costuma aceitar resultados eleitorais adversos, é autoritária e populista. A direita radical também tem em comum o componente da luta contra a criminalidade, que ela associa à imigração, e se baseia em uma política de "mão forte" que, geralmente, significa penas mais severas e falta de respeito ao processo devido.

·        Como você diz, alguns partidos de direita instrumentalizam o tema da imigração e associam os imigrantes à criminalidade e à falta de empregos. Podemos dizer que o nacionalismo étnico em alguns países latino-americanos se traduziu em xenofobia?

Kahhat: [O ex-candidato à presidência do Chile] José Antonio Kast era um dos que associavam a entrada de venezuelanos sem documentos no Chile ao aumento da criminalidade. Se fosse verdade que o aumento da criminalidade na região se deve à imigração, poderíamos dizer que as pessoas que defendem esta questão teriam um ponto válido. Mas, analisando as estatísticas, podemos observar que os imigrantes, particularmente os venezuelanos (que são a maioria dos imigrantes da região), proporcionalmente não cometem mais delitos do que a população local.

Na verdade, quando é o caso, eles cometem menos delitos. Por isso, existe, sim, uma questão de preconceito.

·        Diferentemente da Europa, por que você acredita que o crescimento eleitoral da direita radical na América Latina não coincidiu com o aumento do fluxo migratório em países como a Colômbia, Peru ou Chile, onde as eleições presidenciais deram a vitória a projetos de esquerda?

Kahhat: Habitualmente, o componente racista no discurso anti-imigração da direita radical é muito evidente. Trump afirmou recentemente [em dezembro de 2023] que os imigrantes envenenam o sangue dos Estados Unidos. Seu tipo de retórica é do velho fascismo. Diferentemente da imigração na Europa e, em menor proporção, nos Estados Unidos, a imigração na América Latina não provém de países etnicamente distintos. Os venezuelanos falam espanhol, têm um histórico colonial espanhol parecido com o Peru, Colômbia ou Chile e são majoritariamente cristãos, com uma minoria evangélica, como os peruanos. Além disso, as primeiras ondas de imigrantes venezuelanos tinham um nível de qualificação acadêmica e trabalhista ligeiramente superior à média.

·        O seu livro evidencia que, na América Latina, prevalece nos últimos tempos o descontentamento com o governo que está no poder. Sejam eles de direita ou de esquerda, a grande maioria dos candidatos governistas perdeu as eleições na última década. Por quê?

Kahhat: Você precisa acrescentar que isso está começando a mudar. No México e em El Salvador, foram eleitos os candidatos do governo. Não acredito que as eleições de El Salvador tenham sido livres e justas, mas a popularidade de Bukele parece ser verdadeira.

Mas por que os candidatos governistas só perderam no período que vai, mais ou menos, de 2018 a 2023? Porque houve circunstâncias extremamente incomuns.

Tivemos a maior pandemia desde a gripe espanhola, um século atrás, a maior recessão econômica internacional desde a Grande Depressão de 1929 e a maior inflação desde o princípio dos anos 1980. Na América Latina, especificamente, tivemos o maior escândalo de corrupção da história – o caso da Lava Jato, que envolveu 12 países. E também observamos um aumento do índice de homicídios. Tudo isso acaba confluindo para criar uma sensação de descontentamento com o status quo que, por fim, prejudica igualmente os governos de esquerda e de direita.

·        Você também diz que a direita latino-americana passou a ser menos democrática e mais conservadora. Por quê?

Kahhat: A direita latino-americana considera a esquerda como um inimigo existencial e não como um adversário legítimo, que tem o direito de disputar e ganhar eleições. Eles a veem como um inimigo que deve ser derrotado. Houve uma ocasião em que Jair Bolsonaro comparou o presidente Lula com o 'capeta'. Não é algo novo. Havia uma situação parecida durante a Guerra Fria [1947-1991]. A esquerda latino-americana nunca havia vencido eleições como no início do século 21, pois não se permitia que ela participasse ou, se ela ganhasse, sobrevinha um golpe de Estado, como aconteceu na Guatemala, no Chile e no Brasil. Acredito que este período em que a esquerda conseguiu ganhar eleições governamentais ocorreu, em parte, devido ao fim da Guerra Fria. Mas as novas circunstâncias causaram o crescimento do sentimento anticomunista. Toda vez que perde, a direita radical alega que houve fraude, sem apresentar provas. Foi o que fizeram Trump [em 2020], Keiko Fujimori [no Peru] e Bolsonaro. Passou a ser algo sistemático em países com sistema presidencialista. Creio que a única exceção foi Kast, no Chile.

·        A esquerda latino-americana teve líderes com grande popularidade e influência regional, como Lula e Hugo Chávez. Você diria que, atualmente, a direita radical tem algum grande líder na região?

Kahhat: O problema é que o nacionalismo não é uma ideologia de exportação, não é algo que possa ser copiado. Ninguém vai copiar o nacionalismo russo de Putin, por exemplo. A direita radical tem inimigos comuns, como a esquerda, o Islã e o globalismo. Mas também pode, potencialmente, criar inimigos entre si. A direita radical ucraniana, por exemplo, é inimiga da direita radical russa, já que o nacionalismo étnico é a base da sua identidade. Neste sentido, é difícil ver a direita radical latino-americana se transformar em uma unidade, como ocorreu com a esquerda. Mas estão começando a surgir possíveis líderes regionais da direita radical.

Bukele é quem tem o maior potencial porque as posições libertárias de Javier Milei representam anátemas para a ultradireita. Ele é a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da eutanásia e da legalização do consumo de drogas.

·        E Milei também não apela ao nacionalismo étnico.

Kahhat: Sim, esta é uma grande diferença entre Milei e boa parte da direita radical.

E ele também enfrenta problemas muito sérios com a gestão econômica, que, em tese, era o seu grande cartão de visitas. Enquanto não resolver esta questão, dificilmente será uma referência. Por isso, quem tem mais potencial é Bukele, que, embora tenha vindo da esquerda, nos últimos anos se associou a movimentos conservadores, como aquele evento organizado nos Estados Unidos, que contou com a presença de Trump e do próprio Milei. Mas Bukele ainda tem um problema. Se a economia de El Salvador não melhorar exponencialmente nos próximos anos, sua figura começará a se deteriorar.

·        Por que você diz que a direita radical peruana tem fixação por Evo Morales?

Kahhat: Morales é um personagem que violou a Constituição da Bolívia, tentando se reeleger indefinidamente. Quando governou, demonstrou aspectos autoritários e seu modelo econômico começa a mostrar suas limitações. Não acho que seja um personagem que possa ser defendido. Minha questão é que são atribuídos a Evo Morales poderes quase sobrenaturais para mudar governos, mobilizar protestos e coisas do tipo. O problema é que Morales não governa mais a Bolívia há quase 15 anos. Ele sequer controla o partido do governo.

·        Atualmente, estamos observando na Europa como a ultradireitista italiana Giorgia Meloni tem muito mais popularidade do que Emmanuel Macron, na França, e Olaf Scholz, na Alemanha. Muitos previram uma catástrofe se Meloni vencesse, o que não aconteceu.

Kahhat: Eu diria duas coisas. Meloni ficou moderada depois que chegou ao governo. Entre outros motivos, porque a Itália era o maior beneficiário dos fundos de recuperação da União Europeia e, para recebê-los, precisava aplicar certas políticas econômicas. Meloni faz parte de um processo no qual alguns partidos de direita radical costumam ficar moderados quando chegam ao governo. Obviamente, não são todos que agem assim. No Parlamento europeu, Meloni e [a deputada ultradireitista francesa] Marine Le Pen dirigem grupos opostos. E Meloni também se distanciou do partido Alternativa para a Alemanha, devido ao passado neonazista da agremiação.

De certa forma, ela pode ser considerada um exemplo de caminho desejável para a direita radical quando chega ao governo.

 

¨      A vitória de Yamandú Orsi no Uruguai e as ondas latino-americanas. Por Victor Missiato

A América Latina é um palco interessante para se analisar ondas políticas. A partir do século XIX, quando as ex-colônias conquistaram suas independências, diversos ciclos políticos ensejaram um perfil muito peculiar da cultura latino-americana. Dos projetos liberais das elites aristocráticas e letradas novecentistas, a região assistiu a um ciclo de mudanças sociais importantes em meados do século XX até os anos 1960, quando um novo ciclo autoritário se espraiou na região, até um árduo processo de redemocratização que percorreu as décadas de 1980 e 1990.

Após um período de grande abertura econômica ao final do século XX, uma primeira onda de esquerda assumiu um inédito protagonismo em países como Venezuela, Equador, Bolívia e Brasil, sem contar os novos espaços conquistados no Chile, Uruguai e Argentina, já no início do atual século. Muito impactante, essa onda praticamente hegemonizou a região, quando foi criada a UNASUL, que buscava avançar os espaços criados pelo Mercosul. Liderada pelo Brasil, essa organização foi responsável por consolidar a ideia geopolítica das relações Sul-Sul no mundo globalizado.

A partir da crise de 2008 e seus impactos nas economias nacionais, diversas nações latino-americanas sofreram com a inflação e um novo déficit econômico em suas contas, causando um aumento do desemprego e queda nos índices socioeconômicos alcançados em tempos de alto valor agregado nas exportações das commodities. Desse modo, a América Latina passou a não mais unificar um ciclo político. Enquanto alguns países optavam por uma direita mais liberal e conservadora (casos de Chile e Brasil), outros dobravam suas apostas em uma maior participação do Estado na economia. 

Nos últimos quatro anos, o cenário político latino-americano ficou mais complexo, tendo em vista os efeitos da crise da Covid-19 na cultura política e sociais de seus cidadãos. O peso estrutural da baixa produtividade e competividade dos países latino-americanos influenciou no surgimento de novos atores políticos, que buscaram representar novos anseios de uma nova sociedade. Exemplos maiores desse fenômeno encontram-se no Chile, com a vitória do progressista Gabriel Boric, e na Argentina, com a chegada explosiva do libertário Javier Milei.

No México e no Brasil, duas das maiores nações da região, as chegadas de Bolsonaro e Lopez Obrador deram novos contornos à direita brasileira e esquerda mexicana. No entanto, por se tratar de países maiores, com diferenças regionais mais complexas, tais processos podem ser analisados de maneiras mais peculiares, preservando aspectos tendenciais importantes para se pensar a região como um todo. Isso se aplica, por exemplo, quando analisamos o fenômeno de Nayib Bukele, em El Salvador, e a breve presidência de Pedro Castillo, no Peru.

Todas essas perspectivas costumam encontrar suas arestas quando analisamos a cultura política uruguaia, com suas transições politicas institucionais e republicanas, que avançam cada vez mais desde a sua redemocratização em meados dos anos 1980. Diferentemente de vários outros países, a cultura política uruguaia preserva uma institucionalidade fundamental para salvaguardar seu elevado desenvolvimento socioeconômico.

Dessa vez, o candidato progressista da Frente Ampla, Yamandú Orsi, venceu o candidato governista Álvaro Delgado, do Partido Nacional, de centro-direita. O impacto dessa vitória é importante ao levarmos em consideração o crescimento da direita em todo o continente, a partir das vitórias de Milei e, recentemente, Donald Trump, nos EUA. Desse modo, a vitória de Orsi fortalece uma posição de equilíbrio no Cone Sul latino-americano e estabelece limites para uma nova onda conservadora na região. Porém, ao mesmo tempo, ainda é muito cedo para afirmar que uma nova onda de esquerda irá habitar na região, pois o Uruguai é um país que se destaca por sua história de excepcionalidades.

No caso do Brasil, com o recente abalo sísmico na direita com as denúncias contra Bolsonaro, a vitória no Uruguai fortalece um pouco a tentativa de Lula em disputar com Milei a liderança geopolítica regional. Todavia, o ano de 2025 será um grande teste para que acordos entre pensamentos tão diferentes possam chegar a um consenso razoável e benéfico para a América Latina.

¨      Quem é o esquerdista Yamandú Orsi, eleito presidente do Uruguai

O candidato da Frente Ampla, Yamandú Orsi, é o vencedor das eleições no Uruguai.

Com todos os votos contabilizados, Orsi obteve 49,8%, o suficiente para derrotar Álvaro Delgado, do Partido Nacional, de centro-direita. Yamandú Orsi, que concorreu pela coalizão de esquerda Frente Ampla, irá suceder Luis Alberto Lacalle Pou, do mesmo partido de Delgado. Orsi conta com o apoio do ex-presidente José "Pepe" Mujica, que, apesar da idade avançada e de seu delicado estado de saúde, o apoiou durante a campanha. A vitória de Orsi marca o regresso ao poder da esquerda no Uruguai após a ascensão à presidência de Lacalle Pou, em 2020. Yamandú Orsi para parabenizá-lo como presidente eleito de nosso país e para me colocar a seu serviço e iniciar a transição assim que considerar apropriado".

Professor de História de 57 anos, Yamandú Orsi é ex-governador do departamento (espécie de Estado) de Canelones, o segundo maior do Uruguai. Sua militância política remonta ao fim da ditadura miitar no país, em 1984. Ele deu aulas a adolescentes em vilas e cidades do interior e foi dançarino de folclore tradicional por uma década.

Orsi é considerado herdeiro político do ex-presidente José Mujica, que liderou o Uruguai entre 2010 e 2015 e participou ativamente de sua campanha até junho.

Mujica, que se tornou um dos ícones da esquerda na América Latina, classificou Orsi como um novo líder capaz de encontrar equilíbrio entre as complexas dinâmicas sociais, políticas e econômicas do país. De acordo com reportagens na imprensa uruguaia, Orsi compartilha semelhanças com Mujica, como o gosto pela vida no campo e um estilo de vida mais simples. Ao longo da campanha, foi frequentemente fotografado tomando mate, passeando com o cachorro e usando trajes informais. Assim como Mujica, afirmou que não moraria na residência presidencial se fosse eleito.

As promessas de campanha de Orsi focaram em políticas ambientais, apoio aos pequenos produtores e inclusão social. Com sua vitória, a esquerda volta à Presidência, que esteve à frente do governo entre 2004 e 2019, quando Lacalle Pou venceu as eleições para a direita. Orsi disse durante a campanha que não planeja mudanças radicais no país, com seus 3,5 milhões de habitantes, um dos mais prósperos da América Latina. Ele também tem prometido uma renovação da esquerda baseada no “diálogo”.

O jornal espanhol El País destacou que Orsi pode trazer uma novidade para o Uruguai: será o primeiro presidente do interior do país desde a redemocratização.

O Uruguai tem sido governado exclusivamente por presidentes nascidos na capital, Montevidéu.

 

Fonte: BBC News Mundo/Ascom Mackenzie

 

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