segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Hidrogênio Verde: Estado do Nordeste se tornará potência mundial em energia

O Rio Grande do Norte (RN) está se consolidando como um hub de produção de Hidrogênio Verde (H2V), atraindo investimentos substanciais e liderando uma nova era de combustíveis limpos no Brasil. Com seis projetos em andamento, o estado projeta receber um investimento total de R$ 111 bilhões, impulsionando a criação de uma indústria promissora e inovadora.

Esses projetos ambiciosos visam gerar 5 GW de energia a partir do H2V, aproveitando o potencial eólico excepcional do RN, já reconhecido como o maior produtor de energia eólica do país. Essa iniciativa coloca o estado em uma posição privilegiada na busca pela liderança nacional na produção de H2V.

Um dos projetos emblemáticos é o Complexo Industrial Alto dos Ventos, em Macau, com investimento estimado em R$ 12,9 bilhões. Desenvolvido pela alemã Nordex e a espanhola Acciona, ocupará 10 hectares e terá capacidade para produzir 1 GW de hidrogênio verde.

A região Nordeste como um todo está na mira de investimentos em H2V, com projeções que chegam a US$ 90 bilhões. Esse montante reflete a complexidade e os altos custos inerentes à produção de H2V, que utiliza fontes renováveis como energia eólica e solar.

A produção de H2V, além de complexa, exige investimentos robustos em infraestrutura para produção, armazenamento e transporte. O uso de fontes renováveis, como a energia eólica e solar, requer tecnologias avançadas e processos sofisticados, tornando o investimento elevado.

Além do Complexo Industrial Alto dos Ventos, outros três projetos já estão em fase de licenciamento ambiental. Localizados em Areia Branca, Macau e Pedra Grande, esses projetos estratégicos buscam explorar as áreas com maior potencial para a produção de H2V no estado.

Para viabilizar o escoamento da produção de H2V, o RN está desenvolvendo o Porto-Indústria Verde, com investimento de R$ 5,6 bilhões. A ser construído em uma área de 13 mil hectares entre Caiçara do Norte e Galinhos, o porto operará no modelo de Parceria Público-Privada (PPP).

O governo do estado busca apoio financeiro da União e já assinou um termo de cooperação com o BNDES para viabilizar o projeto. O processo de licenciamento ambiental, que inclui estudos de impacto ambiental, está em andamento e conta com um orçamento de R$ 12 milhões.

Com investimentos bilionários, projetos inovadores e infraestrutura dedicada, o Rio Grande do Norte se posiciona como protagonista na produção de H2V no Brasil, impulsionando uma nova era energética e consolidando-se como um polo de inovação e sustentabilidade. O estado está pronto para colher os frutos dessa nova economia verde, gerando empregos, atraindo investimentos e promovendo o desenvolvimento sustentável.

Para suprir a demanda por profissionais capacitados, o RN inaugurou o primeiro “Centro de Excelência em Formação Profissional para Hidrogênio Verde” do Brasil. Localizado em Natal, o centro oferece treinamento prático em condições reais de operação, abrangendo desde a geração de energia renovável até a produção e aplicação do H2V.


Custo de produção do hidrogênio verde é maior do que remover carbono da atmosfera, segundo estudo

O hidrogênio verde é uma das soluções mais promissoras na busca por fontes de energia limpa e sustentável. Diferentemente do hidrogênio tradicional, que é produzido a partir de combustíveis fósseis, como gás natural ou carvão, o hidrogênio verde é gerado por meio de um processo chamado eletrólise.

No entanto, o grande desafio do hidrogênio verde está em seu custo. O processo de eletrólise é caro e exige grandes quantidades de eletricidade. Como as fontes de energia renovável ainda não estão disponíveis em larga escala a custos competitivos em muitos países, o hidrogênio verde acaba sendo muito mais caro do que alternativas baseadas em combustíveis fósseis ou mesmo outras tecnologias de energia limpa. Além disso, a infraestrutura necessária para armazenar e transportar o transporte de forma eficiente e segura ainda precisa ser desenvolvida.

Nesse contexto, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard traz à tona questionamentos sobre o uso do hidrogênio como combustível, especialmente no contexto dos Estados Unidos.

<><> Custo proibitivo

De acordo com os especialistas, os custos associados à produção, transporte e armazenamento do hidrogênio são consideravelmente superiores ao uso de combustíveis fósseis, combinados com a posterior captura e remoção de carbono da atmosfera.

Uma pesquisa, publicada recentemente na revista científica Joule, revela que a redução de uma tonelada de dióxido de carbono por meio do hidrogênio verde teria um custo estimado entre US$ 500 e US$ 1.250. Contudo, as tecnologias de captura e armazenamento de carbono disponíveis nos Estados Unidos atualmente têm custos que variam entre US$ 100 e US$ 1.000 por tonelada.

Isso indica que, do ponto de vista econômico, remover diretamente o CO2 da atmosfera pode ser uma opção mais viável financeiramente, em comparação ao uso de hidrogênio verde para reduzir as emissões.

Roxana Shafiee, pesquisadora de pós-doutorado do Centro para o Meio Ambiente da Universidade de Harvard, que liderou o estudo, disse que “O argumento é que o hidrogênio é caro agora, mas que os custos [de produção] cairão […] O ponto é que os custos de produção representam apenas uma parte da cadeia de suprimentos.” 

<><> Interesse pelo hidrogênio verde parece ter diminuído

O otimismo em torno do hidrogênio como fonte de energia limpa, especialmente o hidrogênio verde, que é obtido a partir de fontes renováveis, sofreu um declínio significativo este ano devido ao aumento significativo dos custos de produção. O interesse limitado tanto por parte das empresas de energia quanto da indústria pesada levou à suspensão ou ao adiamento de diversos projetos relacionados ao uso dessa tecnologia.

Inicialmente, os formuladores de políticas enxergavam o hidrogênio como uma solução versátil para a transição energética, comparando-o a um “canivete suíço” por sua capacidade de ser queimado e gerar temperaturas extremamente altas, permitindo a produção de materiais como aço e cimento de maneira mais sustentável.

Entretanto, de acordo com Shafiee, essa visão idealizada começou a se enfraquecer. “As pessoas estão cada vez mais céticas em relação ao hidrogênio e estão abandonando a ideia de que ele seria uma solução milagrosa para os desafios energéticos”, afirmou.

Esse cenário de ceticismo foi ressaltado por um relatório divulgado uma semana após a Agência Internacional de Energia (AIE) apresentar sua mais recente análise sobre o mercado global de hidrogênio. O documento da AIE destacou que a demanda mundial pelo gás alcançou 97 milhões de toneladas em 2023, representando um crescimento de 2,5% em relação ao ano anterior, apesar das incertezas que cercam o setor.

<><> Sinais incertos

Embora a demanda por hidrogênio esteja em crescimento, a maior parte da produção continua em fase de planejamento. Para que todos os projetos se concretizem, o setor precisaria crescer 90% ao ano entre 2024 e 2030, uma taxa sem precedentes, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

Porém, é evidente que obstáculos como falta de clareza na demanda, dificuldades de financiamento, atrasos em incentivos, incertezas regulatórias e desafios operacionais são grandes barreiras ao desenvolvimento acelerado do hidrogênio.


Produção de energia renovável na China supera o restante do mundo

Em se tratando de energia renovável, a China tem sido uma nação de destaque no que diz respeito à produção e grandes expectativas de desenvolvimento. Nesse contexto, um novo relatório do Global Energy Monitor (GEM) evidencia a liderança do país destacando que a China tem 180 gigawatts (GW) de energia solar em grande escala e 15 GW de energia eólica atualmente em construção.

Desse modo, a capacidade total de energia eólica e solar em construção na China atingiu um patamar impressionante de 339 gigawatts (GW), o que representa quase o dobro da capacidade combinada do restante do mundo.

Para fins de comparação, os Estados Unidos estão construindo apenas 40GW de energia eólica e solar. Os pesquisadores focaram em fazendas solares com capacidade mínima de 20 megawatts (MW), que são diretamente conectadas à rede elétrica.

No entanto, essa abordagem pode subestimar a verdadeira capacidade solar da China, já que fazendas solares de menor escala representam cerca de 40% da capacidade total do país.

Este cenário sublinha o papel de liderança da China na produção mundial de energia renovável. Por outro lado, os Estados Unidos têm demonstrado uma crescente preocupação com o excesso de capacidade e a prática de dumping de mercado pela China, especialmente no setor de energia solar.

A rápida expansão das energias renováveis na China não só destaca sua posição de vanguarda no combate às mudanças climáticas, mas também aponta para desafios comerciais e de mercado significativos no contexto global.

<><> China e o boom das energias renováveis

A expansão da energia renovável na China é realmente impressionante. Entre março de 2023 e março de 2024, o país instalou uma quantidade de energia solar maior do que a soma dos três anos anteriores e também superou o total instalado pelo resto do mundo em 2023.

Segundo analistas do GEM, o país está a caminho de alcançar 1.200 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia eólica e solar até o final de 2024, antecipando-se em seis anos à meta estabelecida pelo governo.

O relatório destaca que o ritmo contínuo e acelerado de construção assegura que a China permanecerá na liderança global na instalação de energia eólica e solar, muito à frente dos demais países.

Contudo, alcançar esses números impressionantes é apenas parte do desafio. Para atingir suas ambiciosas metas climáticas, a China precisará aumentar ainda mais sua capacidade renovável. Analistas alertam que será necessário um esforço adicional para reduzir a intensidade de carbono da economia em 18%.

A intensidade de carbono refere-se à quantidade de CO2 emitida por quilowatt-hora de eletricidade gerada. Estudos anteriores sugerem que, para alcançar a meta de obter 25% de toda a energia a partir de fontes não fósseis até 2030, a China precisará instalar entre 1.600 GW e 1.800 GW de energia eólica e solar.

Entre 2020 e 2023, apenas 30% do crescimento no consumo de energia foi atendido por fontes renováveis, um valor abaixo da meta de 50%.

A rápida expansão das energias renováveis na China não só reforça sua posição de liderança global em termos de capacidade instalada, mas também evidencia os desafios contínuos que o país enfrenta para transformar seu sistema energético e atingir suas metas ambientais.

<><> Segurança energética

Os setores de energia limpa têm se tornado o principal motor do crescimento econômico da China, representando 40% do aumento do PIB em 2023. Porém, o carvão ainda desempenha um papel fundamental na estratégia energética do país.

Para aproveitar plenamente a crescente produção de energia limpa dos parques eólicos e solares, os analistas destacam a necessidade de aprimorar as soluções de armazenamento e a flexibilidade da rede elétrica.

O governo chinês, ciente desse desafio, identificou as baterias de íons de lítio como uma das “novas três” tecnologias essenciais para o desenvolvimento de alta qualidade, ao lado dos veículos elétricos e dos painéis solares.


Fonte: Só Cientifica


 

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