Cromoterapia melhora experiência de
crianças no ambiente hospitalar
Uma pesquisa
brasileira, recém-publicada na revista Encontro X, explora uma abordagem
inovadora e não invasiva para melhorar a experiência de crianças com transtorno
do espectro autista (TEA) durante procedimentos radiológicos. O estudo de
revisão, elaborado por autores de diversas instituições, destaca a importância
de criar um ambiente acolhedor, utilizando a cromoterapia como uma ferramenta
para mitigar a ansiedade e o estresse associados a esses exames.
Conforme a pesquisa, a
cromoterapia, que utiliza o poder das cores para induzir estados emocionais
positivos, tem mostrado resultados promissores na redução do estresse e na
melhoria do estado dos pacientes. O trabalho aponta que cores suaves, como tons
em azul e verde, podem criar uma atmosfera mais tranquila, contribuindo para
uma experiência mais positiva no ambiente hospitalar.
Segundo a publicação,
esse tipo de abordagem é especialmente relevante para crianças com transtorno
do espectro autista, que podem ter sensibilidades sensoriais acentuadas e
dificuldades em lidar com ambientes desconhecidos e potencialmente
estressantes.
Para o trabalho, os
autores revisaram uma série de artigos, incluindo alguns que enfatizam o
impacto emocional dos procedimentos radiológicos em crianças. Segundo os
cientistas, a pesquisa também se baseou na teoria do ambiente centrado na
criança, que sugere a necessidade de adaptar o local para torná-lo mais
acolhedor. Isso inclui a implementação de estratégias sensoriais e visuais,
como a cromoterapia, para criar um espaço mais confortável durante os exames.
A pesquisa aborda a
importância de treinar os profissionais de saúde para o uso adequado da
cromoterapia. A comunicação não verbal e visual também é destacada como uma
estratégia eficaz para interagir com crianças com TEA, utilizando cartões com
imagens ou símbolos que ajudam na compreensão.
"Essa abordagem
sensorial favorece uma experiência mais tranquila, melhorando a colaboração e
os resultados dos exames", diz Francisco Antônio de Almeida, coautor do
artigo e professor do centro Universitário Unip.
Os resultados da
pesquisa indicam que a cromoterapia não apenas melhora a experiência dos
pacientes, mas também pode facilitar a realização dos exames, reduzindo a
resistência e o medo que muitas pessoas, sobretudo crianças, sentem em relação
ao ambiente hospitalar. A orientação aos pais sobre os benefícios da
cromoterapia e como ela pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade de seus
filhos durante os exames é uma parte crucial do processo. Informações claras e
tranquilizadoras podem ajudar os pais a se sentirem mais confortáveis e
confiantes ao levar seus filhos para os procedimentos.
Cristiane Gomes
Ferreira, estudante e pesquisadora da Universidade Estácio, destaca a aplicação
da cromoterapia na recepção dos pacientes infantis. "Essa estratégia
permitiu uma aproximação lúdica, aliviando o estresse e influenciando
positivamente suas emoções e comportamentos. Para eles, era uma brincadeira,
para nós, uma conquista terapêutica significativa."
No entanto, os autores
ressaltam a necessidade de mais estudos específicos sobre a eficácia da
cromoterapia em ambientes clínicos, bem como a importância de desenvolver
diretrizes práticas para sua implementação. A combinação de estratégias
sensoriais, treinamento adequado para os profissionais de saúde e a educação
dos pais pode resultar em uma experiência mais positiva e menos estressante
para crianças com TEA durante exames radiológicos.
Vivaldo Medeiros dos
Santos, coautor do estudo e docente da faculdade Estácio, reforçou que o uso de
cores suaves e elementos lúdicos cria um ambiente mais acolhedor: "O que
facilita a cooperação e proporcionando uma experiência menos traumática."
"Cores suaves e
específicas ajudam a reduzir a ansiedade, tornando o processo de exames
radiológicos menos estressantes e promovendo um ambiente acolhedor, favorecendo
o bem-estar infantil", afirma Hamilta de Oliveira Santos, professora do
centro universitário Unip.
<><> Duas
perguntas para a terapeuta integrativa, especialista em pediatria e
sócia-fundadora da Clínica de Fisioterapia e Terapias Integrativas Espaço Kai
• Quais são os benefícios específicos que
a cromoterapia pode trazer para crianças com diagnóstico de TEA (transtorno do
espectro autista)?
A cromoterapia oferece
algo muito especial para crianças com autismo. Acredito que o maior benefício
está na criação de um ambiente mais tranquilo e seguro. Muitas vezes, essas
crianças sentem-se sobrecarregadas por estímulos. É uma forma delicada de ajudar
a criança a se sentir mais confortável, especialmente em situações que
normalmente geram ansiedade, como exames ou tratamentos médicos.
• Como levar essa abordagem para dentro de
casa?
Vai além das cores,
criando um espaço que atende tanto às necessidades físicas quanto emocionais,
promovendo um atendimento mais humanizado. Na clínica, orientamos os pais para
que façam pequenas mudanças em casa para ajudar seus filhos a lidar com a insônia,
tédio depressão e ansiedade. Recomendamos o uso de luzes suaves e cores
tranquilas, como o azul no quarto para relaxamento, e tons mais quentes, como o
amarelo, para estimular criatividade e motivação em momentos de estudo ou
brincadeira. Também sugerimos evitar cores vibrantes em momentos de agitação e
nos brinquedos, para não intensificar a ansiedade.
Fonte: Correio
Braziliense
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