segunda-feira, 29 de julho de 2024

Setor extrativo mineral: conheça 5 projetos na BA, que somam R$ 1,3 bi

O crescimento da demanda por baterias, o consumo cada vez maior de microprocessadores e a necessidade do Brasil garantir segurança no abastecimento de fertilizantes tendem a gerar um novo ciclo de expansão na indústria extrativo mineral da Bahia. Nessa fase, se destacam cinco projetos, com investimentos totais na casa de R$ 1,3 bilhão. Os players por trás desses empreendimentos são a Brasil Grafite, Galvani/Fosnor, Minasliga, Clariant e Xilolite.

O maior aporte previsto é o da Brasil Grafite, que tem um plano de negócios de R$ 735 milhões. Os recursos estão programados para a exploração de grafita na Mina de Santa Cruz, localizada em Itabela, municipio a 556 km de Salvador.

A empresa, de origem nacional, foi adquirida em 2018 pela canadense South Star Mining, cujo core business é a produção de metais para baterias.

O grafite tem papel estratégico nessa indústria, pela alta capacidade de atração de íons de lítio, característica fundamental para o funcionamento dos carros elétricos. Além disso, o mineral garante mais estabilidade – e portanto segurança – aos equipamentos de armazenamento de energia.

<><> Galvani tem projeto extrativo mineral de R$ 340 milhões

O empreendimento da Fosnor/Galvani tem orçamento de R$ 340 milhões, a serem destinados a um novo complexo de concentrado fosfático na cidade de Irecê (Chapada Diamantina). A operação já tem licença de instalação, emitida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

O objetivo da Galvani com esse projeto é incrementar suas atividades de mineração e beneficiamento de fosfato para, com isso, aumentar a produção de fertilizantes na planta industrial localizada em Luís Eduardo Magalhães. A meta da empresa é passar de 600 mil para 1,2 milhão de toneladas/ano desse insumo.

Reforçar a produção nacional de fertilizantes é uma questão de segurança geopolítica e alimentar para o Brasil. O país depende de importações, o que o deixa suscetível aos humores de países que dominam esse mercado, como a Rússia e a China.

Não é sem motivos, que o governo brasileiro vem tentando se equilibrar numa corda bamba diplomática desde o início da guerra da Ucrânia, para não se indispor com Vladimir Putin. Afinal, o país importa em torno de 42 milhões de toneladas/ano de fertlizantes e os fornecedores russos respondem por 23% desse volume.

<><> Minasliga de olho no mercado internacional

A Minasliga, sediada em Pirapora (MG), assinou no final do mês passado um protocolo de intenções com o governo da Bahia para implantação de um empreendimento de R$ 182 milhões em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

A empresa pretende instalar uma unidade industrial destinada à produção de silício metálico, microsílica silício metálica, ferro silício, microsílica ferro silício, escória de ferro e escória de silício metálico.

A capacidade de produção prevista é de 26,3 mil toneladas/ano e a geração de empregos é estimada em 400 postos diretos e indiretos.

O diretor presidente, Henrique Simões Zica, afirma que esse projeto ” tem foco principal na exportação de produtos da metalurgia sustentável”. “Vamos vender nossos produtos para as indústrias siderúrgica, de fundição e química, utilizando o porto de Salvador como hub para o mercado internacional”, detalha.

<><> Clariant e Xilolite planejam investir R$ 45 milhões

Em Vitória da Conquista, a Clariant, nome de fantasia da Companhia Brasileira de Betonita, prevê investimentos de R$ 30 milhões na modernização do seu parque.

A Xilolite, por sua vez, programa R$ 15 milhões para ampliar sua produção de óxido de magnésio, magnesita crua e hidróxido em Brumado, cidade do Centro-Sul baiano, conhecida como “capital do minério”.

Outra companhia com planos de investir na indústria extrativo mineral da Bahia é a Si&Mex do Brasil, que se reuniu nesta terça-feira (9) com o governador Jerônimo Rodrigues.

A empresa, de origem alemã, afirma que vai implantar, em Camaçari, um complexo voltado para silício refinado (destinado à produção de semicondutores para microchips e isolamento de placas fotovoltáicas) e também para a fabricação de painéis solares 100% recicláveis.

No entanto, fontes do setor industrial questionam, sob reserva, a viabilidade do megaprojeto, que tem previsão de consumir R$ 11 bilhões.

<><> Silício em alta no setor extrativo mineral baiano

Entre os fatores que vêm impulsionando a indústria extrativo mineral da Bahia está a digitalização e eletrificação crescentes. Essa demanda impacta positivamente o estado, que é um dos maiores produtores brasileiros de silício, insumo fundamental para a produção de microchips.

A demanda está em alta em todo o mundo e houve até uma crise recente na economia global por falta de microprocessadores na pandemia da Covid-19. No Nordeste, a procura tende a se multiplicar em escala exponencial, devido à produção de carros elétricos pela BYD, na Bahia, e Stellantis, em Pernambuco.

Além disso, a infraestrutura digital, especialmente o segmento de data centers, passa por uma fase de atração de investimentos bilionários na região, gerando ainda mais pressão por materiais semicondutores para microchips e deixando ainda mais feliz o setor extrativo mineral.

 

•        MULTINACIONAL DESISTE DE MINAS E ESCOLHE BAHIA PARA CONSTRUÇÃO DE FÁBRICA

A Bravo Motor Company (BMC) Brasil Energy anunciou que investirá R$ 1,27 bilhão na construção da primeira fábrica de baterias de lítio da América Latina, em São Sebastião do Passé, na Bahia.

Inicialmente, o projeto seria realizado em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas divergências sobre políticas econômicas e financeiras redirecionaram o investimento.

<><> Divergências políticas e econômicas

Em 2021, a Bravo assinou um protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais para instalar o Colossus Cluster, um complexo que incluiria a produção de veículos elétricos, com um investimento total previsto de R$ 25 bilhões.

No entanto, mudanças na postura do governo mineiro, especialmente após declarações do governador Romeu Zema (Novo) sobre os carros elétricos serem uma ameaça aos empregos brasileiros, influenciaram na decisão da empresa.

A nova fábrica na Bahia, segundo a Bravo, terá uma capacidade instalada de produção de 2 gigawatts-hora por ano, e a empresa planeja gerar 3,5 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Multinacionais como ABB e Rockwell Automation devem continuar como parceiras no projeto, conforme anunciado anteriormente.

<><> Motivos da escolha pela Bahia

Em nota, Eduardo Muñoz, diretor da Bravo, explicou que a escolha da Bahia foi baseada em um posicionamento estratégico e geopolítico para promover uma cadeia de valor desde a mineração até a produção de baterias. A Bahia tem se mostrado comprometida com a economia verde, fator crucial para a decisão da Bravo.

Muñoz ressaltou que, apesar do Brasil ser uma escolha natural devido à sua liderança regional e ao setor automotivo robusto, a Bahia se destacou pelo compromisso com a economia verde.

“Após escolher o país, o funil dependia de um estado que realmente estivesse comprometido com essa economia, por isso, a Bahia. Com a chegada da BYD, da Bravo, outras virão, isso é garantia. Estamos formando no estado um HUB de economia verde na América Latina”, disse o executivo.

<><> Terreno próximo da BYD

A mudança para a Bahia também foi facilitada pela doação de um terreno de 400 mil m² pela Prefeitura de São Sebastião do Passé, localizado próximo à BR-324, que se conecta a portos e outras rodovias federais.

A proximidade com Salvador e Camaçari, onde a chinesa BYD instalará sua fábrica de carros elétricos e híbridos, fortalece ainda mais a região como um polo de inovação e sustentabilidade.

 

•        BAHIA CONTARÁ COM INVESTIMENTO DE R$ 3 BILHÕES EM NOVA FASE DO PAC SELEÇÕES

A Bahia será contemplada com um investimento de quase R$ 3 bilhões, em nova fase do PAC Seleções. O programa do Governo Federal vai investir um total de R$ 41,7 bilhões em 899 empreendimentos espalhados por 27 estados e 710 municípios, com obras nas áreas de transporte, prevenção a desastres, esgotamento, abastecimento de água e infraestrutura social.

O anúncio dos novos projetos selecionados aconteceu nesta sexta-feira (26), durante evento realizado no Palácio do Planalto, em Brasília, com a participação do presidente Luís Inácio Lula da Silva, e dos ministros da Casa Civil, Rui Costa; da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; e das Cidades, Jader Filho.

Também presente na solenidade, o governador Jerônimo Rodrigues expressou sua satisfação com os anúncios: “estamos saindo contentes daqui com esses anúncios e investimentos de cerca de 3 bilhões de reais em diversos setores, que são ações para o estado, mas, também, para os municípios”.

Na oportunidade, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacou que a seleção de projetos considerou a necessidade das populações locais, independentemente dos partidos de prefeitos e governadores.

O presidente Lula ressaltou a importância da colaboração entre os governos Federal e Estadual. “Esse lançamento de hoje é uma convocatória para que a gente possa trabalhar junto, para que a gente possa compartilhar. A civilidade significa que os entes federados precisam construir parceria, trabalhar juntos, significa que um depende do outro, significa que juntos a gente pode fazer muito mais do que separados. É apenas por isso que a gente chama as pessoas aqui, porque queremos compartilhar”.

 

•        RECEITA FEDERAL ENQUADRA PROJETO DA PONTE SALVADOR-ITAPARICA COMO ESTRATÉGICO NO SETOR DE INFRAESTRUTURA

A Receita Federal do Brasil habilitou a Concessionária Ponte Salvador-Itaparica para fazer parte do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura (REIDI). O REIDI é um programa federal que desonera a implantação de projetos estratégicos de infraestrutura. No caso do Sistema Rodoviário Ponte Salvador-Itaparica, ele vai promover a melhoria no tráfego na Região Metropolitana de Salvador, Recôncavo e Baixo Sul, além de fazer a conexão com importantes rodovias como a BR-101, BR-116 e BR-242. Essa nova solução de mobilidade irá oferecer também uma outra alternativa de acesso à capital baiana que já tem o fluxo via BR-324 bastante saturado. Esse sistema rodoviário é parte de uma infraestrutura ainda maior, o Sistema Viário Oeste, que envolve a duplicação e construção de rodovias por parte do poder público.

“Esse enquadramento reconhecido pelo Governo reforça o viés transformador do nosso projeto nos aspectos social e econômico. O investimento que está sendo feito será responsável, por exemplo, pela geração de sete mil empregos, desenvolvimento de mais de 50 programas educacionais e socioambientais, ampliação do potencial turístico da Bahia e aumento da competitividade logística do estado”, detalhou o CEO da Concessionária, Claudio Villas Boas. A habilitação é resultado do trabalhado desenvolvido nos últimos seis meses pela Concessionária.

O enquadramento significa que, ao longo do processo de construção do Sistema Rodoviário, a Concessionária não precisará arcar com as incidências fiscais de PIS/PASEP e COFINS. O programa retira a cobrança de impostos incidentes sobre vendas, locações, importações e prestações de serviços relacionados a projetos de infraestrutura nas áreas de transportes, portos, energia, saneamento básico e irrigação.

A decisão não desobriga a Concessionária de manter a sua regularidade fiscal, com o pagamento de outros impostos e contribuições federais. Além disso, fica estabelecido que a habilitação no REIDI será cancelada assim que a construção da Ponte Salvador-Itaparica for finalizada.

 

Fonte: Movimento Econômico/Bahia Econômica

 

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