‘O que a gente defende é produzir comida e
não commodities’, diz dirigente da Fetraf-RS
Nascida no campo,
Cleonice Back se tornou militante das lutas agrárias, sindicalista, suplente de
senador e hoje ocupa a diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS). Lá, atua na Coordenação da Mulher
Agricultora.
Nesta semana, que
marca mais uma passagem do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural e do Dia
Internacional da Agricultura Familiar, a reportagem do Brasil de Fato RS ouviu
a sua história.
Cleonice é testemunha
de como a vida dos pequenos agricultores se transformou com a alavanca dos
programas sociais. Mas, hoje, é preciso mais. É preciso, no caso do Rio Grande
do Sul, salvar da pobreza quem perdeu tudo com as cheias. Ela também defende que
o governo federal lance uma versão do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) para a agricultura familiar.
• Para começar, quero ouvir um tanto da
tua trajetória. Seus pais eram agricultores, correto?
Cleonice Back – Sim.
Durante a minha infância, meus pais tinham cinco hectares somente. Trabalhavam
com soja, milho, leite. Uma parte da terra eles tinham arrendado, eram do meu
avô. Morávamos numa casa bem precária, de madeira. E quando eu tinha uns oito
anos, meu pai comprou mais uma parte da terra do meu avô e aumentou um pouco
mais a área, o que melhorou as condições do trabalho e renda.
• Onde eram as terras?
No município de
Tiradentes do Sul, comunidade de Lajeado do Bugre, onde moro até hoje. Éramos
quatro irmãos. Minha irmã mais velha saiu de casa com 16 anos para trabalhar
como empregada doméstica e estudar em Três Passos. Minha segunda irmã casou
também aos 16 e saiu de casa. Ficamos eu, meu irmão, meu pai e minha mãe. E
minha mãe sempre teve muitos problemas de saúde. Comecei muito cedo a ajudar na
casa e na lavoura, principalmente na colheita de soja e na produção de leite.
Na época, não tínhamos ordenhadeira e se tirava leite tudo à mão. Comecei aos
cinco anos.
Depois, comprou a
primeira ordenhadeira, o resfriador, e aí começou a melhorar um pouco. Minha
mãe tinha de ficar acamada ou internada. De manhã, eu fazia o almoço e à tarde,
ia pra roça ajudar a colher soja e milho ou plantar. De noite, ia para a aula. Fazia
o segundo grau. Chegava em casa, comia algo, dormia e, no dia seguinte, seguia
a luta. Muito dura, né?
Mas sempre digo que,
para mim, me fez bem. Apesar de todas as dificuldades, a gente conseguiu
superar todas elas. Meu pai conseguiu fazer um investimento na propriedade
através do Pronaf (Programa Nacional da Agricultura Familiar) e deu uma
melhorada.
Nunca passamos fome.
Sempre produzimos muito para comer. Mas, às vezes, não havia condições de, por
exemplo, comprar gás. Então, era só fogão a lenha. Não tinha carro, não tinha
moto. Para ir na cidade, meu pai usava a carroça. No final de semana, a gente
ajudava o pai e a mãe a levar nata, ovos, frango para vender na cidade.
Foi uma infância
diferente, mas aprendi muito. Quando eu tinha 12 anos, todo sábado de manhã eu
ia fazer faxina na casa do meu avô e da minha avó que moravam sozinhos. Ganhava
R$ 7 na época. Era um recurso que eu tinha. Desde lá, tinha o meu dinheiro, a minha
independência.
• Em que momento exatamente isso
aconteceu?
Hoje estou com
41...Tinha 12 ou 13 anos. Meu pai participava muito do sindicato, e o sindicato
queria construir uma sede própria. E, na época, o sindicato encaminhou as
propostas de Pronaf e cobrou R$ 10 de cada associado. Aí, o presidente do
sindicato perguntou se tinha alguém com um filho ou filha para que pudesse ir
lá ajudar. Aí eu fui durante três meses, mas acabei ficando seis e aprendi logo
muitas outras coisas como encaminhar propostas do Pronaf...
• E foi mordida pela militância?
Não, daí voltei para
casa e comecei a trabalhar num comércio que vendia material de construção. Mas
o pessoal do sindicato foi me procurar de novo. Voltei e já entrei na luta
sindical.
Uma das principais
bandeiras era a questão da sucessão rural. A permanência do jovem no campo,
sabe? Organizamos grupos de jovens e eu participava da Comissão de Jovens da
Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura/RS). Vinha de ônibus para
Porto Alegre, viajava a noite inteira.
Foi um período em que
o movimento sindical também teve uma ruptura. Vários sindicatos ajudaram a
construir a Fetraf (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura
Familiar) nos três estados do sul. Foi nos anos 2000. Nosso sindicato também foi
e comecei a participar da organização dos jovens da Fetraf. Não muito tempo
depois, me escolheram como coordenadora estadual da juventude da Fetraf.
Trabalhávamos muito a
questão do crédito fundiário. Foi uma luta até para conquistar um programa.
Fizemos muitas mobilizações, entre elas a ocupação do INCRA aqui em Porto
Alegre. Conquistamos o programa no governo Lula para que os jovens pudessem
permanecer no campo e comprar suas áreas.
Sempre digo que sou
agricultora familiar graças às políticas públicas do governo Lula. Tive o
privilégio de poder falar isso para ele. Meus pais tinham pouca terra. Os pais
do meu esposo também tinham pouca área. Eu não queria morar com os meus pais ou
com o sogro e sogra para tocar a propriedade. Tinha o interesse de permanecer
no campo mas de não morar com eles. Então, pelo programa do Crédito Fundiário,
conseguimos comprar 8,8 hectares. Era uma propriedade que não tinha não tinha
luz, não tinha nada. Por meio do Luz para Todos conseguimos acessar a energia
elétrica. Com o Minha Casa Minha Vida, conseguimos fazer uma casa. Era pequena,
7mts. por 7,5mts. mas para mim estava ótimo.
No sindicato, ajudei a
trabalhar muito isso: a implementação de políticas públicas. Aquela era a minha
situação mas também a de muitas famílias.
• Isso quando você estava na Fetraf?
Na Fetraf. Com 20
anos, me filiei ao PT. E me convidaram para ser candidata a vereadora. Fui para a campanha mas nunca imaginei que
iria me eleger. Fui a vereadora mais jovem no município. Aí fiquei pensando, e
agora? O que vou fazer? Não tenho noção disso. Fui estudar e aprender esse novo
mundo. Mas continuei atuando no sindicato.
Depois, concorri à
reeleição como vereadora. Mas a oposição colocou minha irmã de candidata.
Faltaram cinco votos para me reeleger.
• E depois?
Algumas portas se
fecham, outras se abrem. Então, continuei no movimento sindical. Fui convidada,
na época, pelo Altemir Tortelli, que era o coordenador da Fetraf sul, para
assumir a Secretaria de Mulheres da federação. Eu, primeiro, não queria. Mas
ele foi bastante insistente. Então, fui para a executiva da Fetraf Sul, onde
havia nove membros. Comecei a ter essa atuação sindical em nível dos três
estados.
Fizemos muitas agendas
importantes. Realizamos um encontro com mais de seis mil mulheres da região
sul, município de Constantina em 2012. Foi um momento também muito marcante na
minha vida.
E aí me convidaram
para assumir a Fetraf do Rio Grande do Sul. Superei meus medos e aceitei de
novo. Fui coordenadora por cinco anos. Decidimos mudar a organização da
federação e criamos as federações estaduais. Criamos a Fetraf RS, que comemora
10 anos em 2024. Fui a primeira coordenadora estadual da Fetraf RS. Foi fundada
em Sananduva, com a presença do governador do estado, Tarso Genro, e mais de
três mil agricultores. Depois fui para a executiva da CUT.
Mas nunca me
desvinculei da propriedade. Quando o pessoal dizia ´mas é muito longe, você tem
que vir morar mais perto, não sei o quê`. Eu sempre respondia que não iria sair
da base. Porque quando você tira o pé de lá, teu pensamento é outro, tua cabeça
é outra, teu sentimento é outro.
Sempre trabalhei e
sempre disse que nunca quero depender do movimento sindical ou da política para
viver. Quero ter minha propriedade, meu ganha-pão. Então, quando tomei a
decisão de ficar mais pelo município, assumi a presidência do sindicato lá de
novo. Estava tentando a maternidade, não queria ter mais uma atuação estadual.
Porque fica mais difícil, né?
Tínhamos feito toda
essa luta da questão da previdência, contra a reforma, e convidamos o senador
Paulo Paim e sua equipe para nos acompanhar. Organizamos a Caravana da
Agricultura Familiar em Defesa da Previdência. Fizemos muitas agendas nas
regiões. Foi então que me aproximei mais do senador. Quando eu queria voltar
para casa, ele me convidou para estar na chapa majoritária.
Acabei aceitando mais
um grande desafio para a minha vida. Na convenção, fui escolhida para ser o
segundo nome ao Senado, porque eram dois. E depois o PCdoB veio e eu abri mão.
O [então candidato ao governo estadual] Miguel Rosseto me convidou para ser a
vice dele. Não aceitei porque estava grávida da minha menina. Então foi a [hoje
vereadora] Ana Affonso.
Fui a primeira
suplente do senador Paim. Fiz mais de 35 mil quilômetros com ela na barriga e
sempre nessa defesa da agricultura familiar, uma causa que assumi para a minha
vida. A defesa do agricultor familiar e, em especial, a questão dos jovens e
das mulheres.
Vejo que temos muitas
dificuldades ainda de avançar, principalmente na questão da autonomia
financeira, na geração de renda. Não falo por alguém que vejo, não. É aquilo
que eu vivo. Então, se o preço do leite despenca, lá em casa a renda baixa. A
gente sabe quando tem estiagem, quando falta água.
Quero viver lá porque
acho que uma das melhores coisas é o modo de vida do agricultor familiar. É um
bom lugar para se viver. Com as ações e programas que conquistamos, conseguimos
melhorar muito a realidade do campo.
• Qual é o paralelo que você faz entre sua
infância e hoje?
Sou uma testemunha da
mudança de vida. Lembro que, à noite, chegava em casa da aula e a mãe deixava o
feijão e o arroz ao lado do fogão, e eu fritava um ovo com palha de milho
porque não tinha dinheiro para comprar gás. E agora, os agricultores têm gás, têm
energia solar, têm micro-ondas. Têm torneira elétrica, chaleira elétrica, até
ar-condicionado. É outra realidade.
Minha avó tinha
aquelas lamparinas de querosene. Vivi aquela pobreza e também esse processo de
melhoria. O grande salto de qualidade de vida dos agricultores familiares foi
nos governos Lula e Dilma, com as políticas públicas. Quando veio o Pronaf com
o rebate de R$ 600 para os agricultores, que hoje não é muito, mas na época
valia bastante, os agricultores começaram a ser incluídos no crédito, o que
antes não eram. O agricultor era mau visto dentro do banco. E a partir do Plano
Safra da Agricultura Familiar e da lei que garantiu a profissão de agricultor
familiar, cada um pode dizer com orgulho a sua profissão. Temos uma lei que
ampara, temos o crédito.
Íamos para as ruas e
dizíamos que tínhamos crédito, mas não tínhamos casa. Aí veio o Olívio Dutra e
criou um programa estadual de habitação. Depois, Olívio se tornou ministro das
cidades e criou o programa PNHR Habitação Rural, quando começamos a construir e
reformar muitas casas.
Lembro do depoimento
de uma mulher que disse assim ´Cleonice, agora não preciso mais ter medo dos
meus filhos passarem frio, porque na nossa casa entrava muito vento. Com minha
casinha nova, não vou mais sentir esse frio`. Foi um momento melhor da minha vida.
E aí era crédito, era recurso para comprar terra, era recurso para a casa, era
recurso para investimento, mais recurso para assistência técnica. Foi um
período que deu uma mudança de realidade no campo.
Antes disso, muitas
pessoas também deixaram o campo e vieram para as regiões metropolitanas buscar
renda, emprego. Hoje, minha sobrinha, que trabalhava na prefeitura, foi para
casa tirar leite porque ela ganha mais.
Existem muitos
problemas ainda na agricultura familiar, principalmente o tema do
endividamento, do alto custo de produção. É um desafio porque você tem que
fazer manobras porque baixa, às vezes, o preço dos produtos. Tem meses que
sobra pouco. Mas hoje os agricultores têm estrutura. Veio o programa Mais
Alimento e o pessoal conseguiu comprar máquinas, equipamentos, tratores,
caminhonetes.
Claro, teve muitos
agricultores que não conseguiram acessar essas políticas públicas, foram para a
margem das políticas sociais e hoje estão no Bolsa Família ou dependem de um
salário mínimo de aposentadoria para viver. Nem todos conseguiram ter essa migração
de uma política pública estruturante. Ainda temos esse problema.
• Você consegue fazer uma análise de quem
conseguiu acessar as políticas públicas e quem não? Os agricultores foram mais
organizados em sindicatos, em federações, em movimentos?
Quem estava organizado
teve mais facilidade. E esses nós conseguimos beneficiar com muitas políticas
públicas. Tinha aquele que não vinha nas reuniões. O sindicato ia para o
interior, para a comunidade, mas o agricultor não vinha. E aí aquele foi
praticamente excluído da política pública e continua hoje morando numa casa
precária, acessando políticas sociais como o Bolsa Família. Outra leva também
que não conseguiu acessar, às vezes, por irregularidades na documentação. Não
tinha o documento da terra em dia e não conseguiu acessar habitação e o Pronaf.
Teve muitas áreas ilegais e, embora a família vivesse ali havia 100 anos, não
tinha o título.
Esse é o público que
foi excluído dessas políticas públicas. Também tivemos casos em que os
agricultores fizeram essa busca dos financiamentos mas não conseguiram fazer
uma boa gestão e foram à falência. Parte dos recursos das políticas públicas
era subsidiada, mas parte era financiada. E isso fez com que o agronegócio
venha cooptando essas propriedades da agricultura familiar. Hoje estamos
vivendo uma disputa muito grande entre a agricultura familiar e o agronegócio.
O agronegócio tenta cooptar agricultores familiares, dizendo que esses
agricultores familiares são do agro.
• É uma grande propaganda...
E também muitos
agricultores familiares se consideram do agro. Mas aí se tu vais olhar, mas
quanta terra tem? Qual é tua renda? Não, você é agricultor familiar. Porque
agricultor familiar é aquele que tem uma área de até quatro módulos fiscais.
Varia de região para região, mas na minha é de 80 hectares. Logo, a grande
maioria dos agricultores do Rio Grande do Sul são agricultores familiares. A
porcentagem do agronegócio é muito pequena. Eles podem até se considerar do
agro, mas, perante a legislação, eles são agricultores familiares.
Às vezes, a gente
brinca: 'se tu é do agronegócio, então não te enquadras como segurado especial
da previdência. Que é a aposentadoria através do bloco do produtor. Então, ele
assume'.
Uma outra questão que
é um dos grandes desafios que a agricultura familiar também vive são as
mudanças climáticas.
• Tivemos seca, enchente...
Cleonice – Sim. E
depois do impeachment da Dilma tivemos um período de retrocessos. Apesar de que
acho que a agricultura familiar foi a única não atingida pela reforma da
Previdência. A única coisa que perdemos foi a questão da aposentadoria, a
pensão integral, porque na idade não se mexeu como se mexeu nos urbanos.
Fui com minha menina
de três meses no colo para Brasília para uma audiência pública no Senado. Fui
falar em defesa das mulheres agricultoras. Deveriam se aposentar aos 55 anos
enquanto o governo queria alterar para 60 anos.
Mas tivemos a perda do
MDA, de várias políticas públicas, não tivemos mais contratação de habitação
rural desde que a Dilma saiu. Mas, agora, estamos retomando mais recursos,
retomando Minha Casa Minha Vida, retomando créditos novos subsidiados para os agricultores
e o grande desafio de ter um olhar especial para as mudanças climáticas.
Tivemos seca em que,
na minha propriedade, não havia água para lavar louça. Não tinha água para o
consumo humano. E depois, com tanta chuva e não só onde a enchente chegou,
tivemos perda de renda, diminuição na produção.
É uma dos grandes
desafios que nós temos. Porque a agricultura familiar tem que gerar vida,
alimento, produzir, mas em sintonia com o meio ambiente. Não vivemos sozinhos
no mundo. Temos todo esse problema do aquecimento global e o que ele está
impactando.
O que a gente defende
é produzir comida e não commodities. E com as altas do preço, por exemplo, da
soja, um grupo grande de agricultores migrou para a produção de soja. Saiu da
produção de alimentos. Assim, diminuímos a produção de leite e de feijão.
• Vocês discutem na Fetraf também a
agroecologia?
Cleonice – Sim,
bastante. Às vezes, temos dificuldade com os agricultores, deles aceitarem
trabalhar a agroecologia e a produção orgânica. Estamos começando a discutir,
pautamos o governo, um processo de transição. Não precisa mudar da noite para o
dia. Vamos pensar em diminuir o uso de agrotóxicos, cuidar mais do solo e da
natureza. É possível. Defendemos isso.
Uma das nossas
propostas apresentadas é um PAC para a agricultura familiar, para o seu
desenvolvimento. Um conjunto de questões, olhando não só para o crédito, mas
também a infraestrutura no campo, a produção de alimentos saudáveis, a questão
das sementes para não termos essa dependência que temos hoje das
multinacionais.
Os desafios não são
pequenos. Mas é a luta e a vontade de permanecer no campo produzindo alimentos.
Como agricultores familiares, a gente tem essa missão de produzir alimentos.
Sempre digo que sou agricultora de profissão e de coração. Acredito que é possível
produzir alimentos saudáveis, ter um novo modelo produtivo, diminuir, pelo
menos, o uso do agrotóxico. Pensar nos nossos filhos, ter uma comida mais
saudável.
Hoje, minha região tem
um dos maiores índices de câncer do Rio Grande do Sul. E tem o maior índice de
uso de agrotóxicos. Pesquisas mostram que até no leite materno encontram
agrotóxico. O que vai ser dos nossos filhos? Eu tenho uma filha de cinco anos e
não quero isso para ela. Precisamos pensar nisso.
• Como está a negociação com o governo
sobre as perdas dos agricultores com as enchentes?
Tivemos várias
reuniões. Participo também pelo Fórum das entidades gaúchas envolvendo Fetraf,
MPA, MST e outros e construímos reuniões conjuntas com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário. Foi criado esse novo crédito para os agricultores com
um subsídio que varia entre 25% e 30% de rebate, mas que não é suficiente.
Uma das grandes
questões em negociação é o tema das dívidas. Temos muitos agricultores
endividados, que não conseguem acessar esse novo crédito. Temos outra situação
de agricultores que não estão conseguindo pagar.
Temos a expectativa de
que, até o final do mês, o governo federal edite uma medida provisória
beneficiando todos os agricultores familiares. Para quem perdeu tudo, quem
sabe, zerar as dívidas. E, para quem teve menos perda, ter um bônus de
adimplência, renegociação das dívidas.
Uma outra questão que
estamos trabalhando é a reconstrução das casas, da estrutura produtiva. Tivemos
agricultores que perderam tudo, famílias, propriedades. Por exemplo, em Roca
Sales, uma família que está há 130 anos naquela propriedade com produção de
leite e criação de suínos, passando de geração em geração, perdeu tudo. Nem o
solo sobrou. Precisamos de crédito para esses agricultores. Também habitação,
assistência técnica e, inclusive, apoio psicológico para essas famílias poderem
dar a volta por cima.
Fonte: BdF Rio Grande
do Sul
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