Não é só o cigarro! Veja o que também causa
câncer de pulmão
Você sabia que o
câncer de pulmão é o terceiro mais comum entre homens? E, ainda, o quarto em
mulheres no Brasil? Pois é, segundo dados do Instituto Nacional de Câner
(Inca), as estimativas apontaram mais de 32 mil casos novos, somente em 2023.
E, embora o cigarro seja, sim, um grande vilão nessa história, não é o único
entre as causas do câncer de pulmão. Aliás, a doença pode afetar até mesmo quem
nem fuma!
Quais as principais
causas do câncer de pulmão?
Segundo a Sociedade
Americana de Câncer (ACS), cerca de 80% das mortes por câncer de pulmão nos
Estados Unidos são causadas pelo tabagismo. Por aqui, o número também é bem
próximo. Mas, conforme aponta reportagem do USA Today, embora a maioria das
fatalidades se deva ao cigarro, nem todos os fumantes desenvolvem a doença.
Isso significa que
provavelmente a genética e a exposição a outros fatores de risco também tenham
parcela de culpa. Sobretudo, em quem nunca colocou um cigarro sequer na boca.
Ok, mas então, o que causa câncer de pulmão em não-fumantes?
Especialistas ouvidos
pelo canal de notícias estadunidense apontam que a pessoa não precisa fumar
para desenvolver câncer de pulmão. A princípio, somente a exposição ao fumo
passivo já a coloca em risco. No entanto, também contam fatores externos, por
exemplo:
• poluição do ar
• amianto
• escape de combustíveis fósseis
Entretanto, médicos e
cientistas ainda não conhecem todos os fatores que contam entre as causas do
câncer de pulmão. Por isso, a ACS observa que outras pessoas tenham a doença
por motivos aleatórios sem qualquer causa externa. Até mesmo, a genética.
<><> Quais
são principais sintomas do câncer pulmonar?
Diante das
possibilidades até desconhecidas de desenvolver a doença, vale ficar de olho em
sinais que podem indicá-las. Entre os mais comuns, estão:
• Uma tosse persistente ou que piora
• Tosse com sangue ou catarro cor de
ferrugem
• Infecções contínuas ou recorrentes, como
bronquite e pneumonia
• Dor no peito que piora com respiração
profunda, riso ou tosse
• Perda de peso inexplicável e/ou perda de
apetite
• Sensação de cansaço, fraqueza ou falta
de ar
• Chiado ou rouquidão
Claro que estes
sintomas nem sempre configuram algum câncer. Mas, de qualquer forma, a
recomendação é consultar um médico imediatamente tão logo eles apareçam. Sempre
há uma chance de que venham por outros motivos.
Porém, como todo mundo
sabe, o diagnóstico precoce só amplia as chances de cura em casos de tumores
malignos, né? Ademais, fumantes devem ter cuidado redobrado, inclusive se
submeter a exames periódicos, mesmo sem qualquer sintoma.
<><> Por
que não parar de fumar?
De fato, nem precisa
ser especialista para saber que os riscos de câncer de pulmão diminuem
drasticamente se você parar de fumar. Logo, por que não tentar? É claro que
parar de fumar não se trata apenas de uma decisão, pois existe a questão da
dependência química e emocional. Por exemplo, muitas vezes é comum que o
fumante faça associações e fume sempre ao tomar um café, ou ao acordar, ou para
aliviar a ansiedade.
Porém, é importante
saber que já diversos centros e grupos que para ajudar nesse processo.
Inclusive, há medicamentos que podem ser prescritos por profissional habilitado
que tornarão essa tarefa mais leve.
Por isso, o mais
importante é tomar a decisão de cessar com esse hábito tão prejudicial e
procurar ajuda.
• Ozempic pode ajudar a parar de fumar,
diz estudo
A semaglutida,
princípio ativo de medicamentos como o Ozempic e o Wegovy, pode reduzir a
necessidade de tratamento médico para o tabagismo em fumantes com diabetes tipo
2, em comparação com outros sete remédios antidiabéticos. A descoberta é de
estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine na segunda-feira (29).
A semaglutida é um
agonista do receptor de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) que atua na
regulação do nível de glicemia e a promover maior sensação de saciedade. Ela é
a molécula presente no Ozempic, medicamento para diabetes tipo 2, e no Wegovy,
para obesidade e sobrepeso.
Segundo o estudo, os
participantes que utilizaram semaglutida tiveram menor probabilidade de serem
diagnosticados com transtorno do uso de tabaco (TUD, na sigla em inglês), de
precisar de medicamentos para cessação do tabagismo ou de aconselhamento para tratar
o vício. Essas descobertas sugerem a necessidade de ensaios clínicos para
avaliar o potencial da semaglutida no tratamento do tabagismo.
Estudos anteriores já
haviam mostrado que o uso de medicamento poderia reduzir o desejo de fumar. Uma
pesquisa realizada pela Universidade de Oxford e publicada no dia 10 de julho
deste ano mostrou que remédios como o Ozempic estão relacionados a um menor
risco de demência e a menor dependência de nicotina.
Para realizar a atual
pesquisa, cientistas do National Institute on Drug Abuse, National Institutes
of Health e Case Western Reserve University School of Medicine, avaliaram a
eficácia da semaglutida em comparação com outros sete medicamentos antidiabéticos.
Os participantes do estudo foram divididos em três grupos: aqueles que tinham
diabetes tipo 2 e TUD; aqueles que tinham diabetes tipo 2, TUD e obesidade, e
aqueles que não tinham obesidade.
Os pesquisadores
descobriram que a semaglutida estava associado a uma menor necessidade de
cuidados de saúde relacionados ao tabagismo. Efeitos semelhantes foram
observados nos participantes com e sem obesidade e os resultados foram vistos
dentro de 30 dias da prescrição do medicamento.
Apesar das
descobertas, os autores reforçam que existem limitações no estudo que impedem
conclusões concretas sobre a eficácia da semaglutida no tratamento do tabagismo
e o uso off-label para cessar o transtorno não deve ser indicado. Por isso,
mais estudos clínicos devem ser feitos.
• Dietanolamina: conheça esse possível
cancerígeno e seus derivados
Talvez você nunca
tenha ouvido falar dela, mas é muito provável que seu organismo já tenha
entrado em contato com essa substância. A dietanolamina, frequentemente
abreviada como DEA, é um composto químico orgânico resultante da junção de uma amina com um diálcool,
produzida a partir da mistura entre óxido de etileno e amônia. Pouco volátil à
temperatura ambiente, ela está presente, principalmente, na indústria
metalúrgica (como lubrificantes para máquinas) e na indústria de produtos de
limpeza, detergentes, shampoos e cosméticos. É justamente nesses produtos que
mora o perigo da dietanolamina.
Nos detergentes,
shampoos e cosméticos, a dietanolamina é usada para criar uma textura de creme,
além de proporcionar ação espumante. Ela também serve, nas suas mais diversas
aplicações, para a neutralização de ácidos.
Dificilmente a
dietanolamina é usada “pura” em produtos de limpeza, cosméticos ou outros.
Existem diversas variações. O problema é que, apesar de não ser considerado um
composto diretamente cancerígeno para humanos, a dietanolamina é classificada
como “possivelmente cancerígena para humanos” pela Agência Internacional de
Pesquisa sobre Câncer (IARC). Uma de suas variações mais comuns é a
dietanolamina de ácido graxo de coco, também conhecida como cocamida DEA.
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Cocamida DEA
A dietanolamina de
ácido graxo de coco (ou cocamida DEA) é um mistura de amidos produzidos pela
reação de ácidos graxos de óleo de coco com dietanolamina. Essa substância é
utilizada na fabricação de barras de sabão, detergentes, shampoos, entre outros
itens bem comuns em nossa casa, para criar uma textura cremosa nesses produtos.
No mercado brasileiro, o composto é bastante usado devido ao baixo custo e à
disponibilidade local das matérias-primas.
Ainda não há
evidências de que a dietanolamina de ácido graxo de coco possa causar câncer em
seres humanos. No entanto, diversos testes (veja mais) a relacionam ao
desenvolvimento de câncer em animais que foram submetidos a algumas doses da
substância. Numa pesquisa, grupos de 50 camundongos do sexo masculino e 50 do
sexo feminino, com seis semanas de idade, receberam aplicações dérmicas de 0,
100 mg/kg ou 200 mg/kg de óleo de dietanolamida de ácido graxo de coco por
cinco dias na semana, durante dois anos.
Os pesquisadores
constataram que os animais de ambos os sexos submetidos a essas aplicações
tiveram uma ocorrência maior de algum tipo de câncer em relação aos que não
receberam a aplicação. Entre os tipos de câncer observados estão: adenoma
hepatocelular (tumor benigno e raro que afeta os rins), carcinoma hepatocelular
(tumor primário do fígado, ou seja, originário desse órgão), adenoma renal e
hepatoblastoma.
Os autores da pesquisa
ressaltam que os animais utilizados em experimentos raramente desenvolvem
tumores do rim e hepatoblastoma, que se caracterizam pela proliferação anormal
de células, acontecendo de maneira espontânea.
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Outros estudos
Já um estudo sobre a
penetração da dietanolamina (utilizada na obtenção da cocamida DEA) no corpo
humano por meio de formulações de cosméticos (shampoo, cremes para o corpo e
outros) indicou que cerca de 0,1% da formulação da dose aplicada de shampoo foi
absorvida depois de um intervalo entre cinco e 30 minutos; em outro estudo, uma
loção com essa substância foi aplicada no corpo com intervalo de 72 horas.
Cerca de 30% de dietanolamina aplicada ficou acumulada na pele e
aproximadamente 1% foi absorvida no fluido receptor.
Esses estudos foram
levados em conta pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC)
para classificar a dietanolamina de ácido graxo de coco como “possivelmente
cancerígena para humanos“.
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Outros derivados da dietanolamina
Um produto leva em sua
fórmula, normalmente, diversas substâncias químicas, que podem reagir entre si.
No Canadá, por exemplo, há algumas limitações na utilização da dietanolamina de
ácido graxo de coco em cosméticos, mas apenas quando é utilizada com outros
agentes, o que, dependendo do agente, pode causar a formação das seguintes
substâncias, que também podem ser prejudiciais à saúde, como apontam alguns
estudos:
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Nitrosina
É usada na fabricação
de cosméticos, pesticidas, produtos de borracha e outros.
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Trietanolamina (TEA)
É resultante da reação
da dietanolamina com o óxido de etileno. Essa substância é utilizada para
balancear o pH de produtos cosméticos, de higiene e de limpeza.
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Cocamida MEA
A Ccocamida MEA,
semelhante à cocamida DEA, é um composto químico com propriedade espessante e
de aumento da viscosidade. Segundo a Food and Drugs Administration (FDA), órgão
governamental norte-americano semelhante à Anvisa, “é um dos ingredientes mais usados
que podem conter a [cocamida] DEA”.
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Lauramida DEA
É um estabilizador de
espuma e contribui para o aumento da viscosidade. Em um estudo em que essa
substância foi administrada por via oral e dérmica em ratos e camundongos, a
lauramida DEA foi eliminada rapidamente por todos os tecidos, exceto pelo
adiposo. Os pesquisadores desse estudo explicam que a possibilidade de
desenvolver câncer está relacionada à quantidade dos resquícios da substância
DEA que permanecem no corpo. Mas, ao contrário da dietanolamina, a lauramida
dietanolamina não ficou acumulada nos tecidos dos ratos usados no experimento
após repetidas aplicações dérmicas.
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Preste atenção aos rótulos
Essas pesquisas
mostram, portanto, que, além de conhecer a especificidade dos produtos
comprados, é importante também atentar à composição química de suas fórmulas.
Não deixe também de reconhecer que além de eventuais problemas à sua saúde, os
resíduos destas substâncias escoarão pelo ralo de seu banheiro e a ausência de
tratamento adequado poderá oferecer riscos de contaminação à fauna e à flora de
rios e oceanos. Por uma pegada mais leve, fique ligado nos efeitos de suas
escolhas e pratique o consumo consciente.
Fonte: Mundo em
Revista/CNN Brasil/eCycle
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