segunda-feira, 29 de julho de 2024

Dados inéditos revelam estrago causado pelo EaD na educação do Brasil

Dos 47 mil polos de Ensino à Distância (EaD) que existem no Brasil, 46% são terceirizados. Ou seja, além de entregar uma péssima qualidade, essas unidades não são sequer geridas por quem as criou. São outorgadas a terceiros desqualificados, mediante a concessão de aproximadamente 30% do valor arrecadado em mensalidades. Trata-se de um negócio nefasto, que transforma a educação em mera especulação financeira. Os dados são do próprio Ministério da Educação (MEC) e foram levantados pela Folha de S. Paulo.

“O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) é terminantemente contra o EaD para formação de profissionais de Enfermagem. Essa modalidade tem provocado uma verdadeira tragédia no campo da saúde, perpetrando a formação de profissionais de baixíssima qualidade para atender a população brasileira”, diz o presidente do Cofen, Manoel Neri.

Na medida em que autorizou esse tipo de terceirização nos idos de 2017, o MEC também deixou de realizar inspeções presenciais nessas unidades. Desta feita, as instituições passaram a registrar livremente novos polos EaD sem o mínimo controle, transformando o sonho dos alunos em um verdadeiro pesadelo, uma vez que esse tipo de formação é inócua e não atende as necessidades e requisitos mínimos necessários para que os egressos possam ingressar no mercado de trabalho.

“O MEC já proibiu a abertura de novos cursos nessa modalidade e anunciou que vai criar um novo marco regulatório para o setor, mas foram anos de descontrole, que permitiram a proliferação de cursos sem a menor qualidade. No campo da Enfermagem, é improvável que um aluno formado dessa forma consiga exercer a profissão e prestar assistência à população com segurança técnica”, opina Manoel Neri.

Entre 2018 e 2024, os polos EaD saltaram de 15 mil para 47 mil. O atual modelo não agrada nem os representantes do setor. “Tem polo em funerária, no meio da rua, no meio da floresta. Essa bagunça só existe porque lá atrás o MEC determinou que não haveria mais visita a polos. Foi um convite para que o mercado fizesse o que quisesse”, diz a presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), Elizabeth Guedes.

Em 2022, mais de 3,1 milhões de pessoas ingressaram em cursos EaD, enquanto apenas 1,6 milhões ingressaram no ensino presencial. As profissões mais afetadas são a Pedagogia, Administração, Contabilidade, Sistemas de Informação, Gestão de pessoas e Enfermagem. “O que ocorreu foi uma massificação, e não uma democratização do ensino superior”, alerta Julio Bertolin, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo.

De acordo com o último Censo da Educação Superior, o número dos alunos que ingressam na graduação EaD é o dobro dos que ingressam na educação presencial. Atualmente, existem 17,2 milhões de vagas abertas em cursos à distância e apenas 5,6 milhões no ensino presencial. 

“Precisamos reverter esse quadro, principalmente no campo das profissões regulamentadas, como é a Enfermagem. Não é possível formar um profissional que cuida da saúde das pessoas à distância. Esse modelo coloca a vida em risco”, finaliza o presidente do Cofen, Manoel Neri. 

 

•        Flipei anuncia saída de Paraty por conta de ataques bolsonaristas

A organização da Flipei – Festa Literária Pirata das Editoras Independentes – anunciou publicamente que após 6 anos deixará a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e a própria cidade de Paraty (RJ) para fazer o evento em São Paulo. Os organizadores apontam como as principais razões, a falta de apoio do evento principal em relação a ataques sofridos pela Flipei por parte da Prefeitura e da Polícia Militar, a quem qualificam como ‘bolsonaristas’.

Em 2023 a Flipei se consolidou como o espaço principal da Flip, atraindo a atenção e o interesse da maioria dos participantes com suas festas que contaram com grandes artistas e editoras que fogem do convencional.

Dessa vez, na capital paulista, a embarcação da Flipei promete atracar na Central 1926, no Bixiga, bem em frente ao Terminal Bandeira, no centro da cidade. Serão 3 dias de evento, de 2 a 4 de agosto, com acesso gratuito do público a todas as mesas, entrevistas, debates e à feira de livros.

Érika Hilton, Renato Freitas e Bnegão estão entre os convidados, ao lado de mais umas dezenas de nomes da política, da literatura e da música.

Entre os convidados está o jornalista palestino Mohamed Omer, morador de Gaza e autor de “Em Estado de Choque”, sobre bombardeios israelenses de cerca de 10 anos atrás. Sua família inteira foi dizimada nos últimos meses pelo governo de Benjamin Netanyahu e ele só sobreviveu pois havia viajado a Nova York para participar de debates nos EUA.

Na sexta-feira (2), tocam KL Jay, BNegão Bota o Som e DJ Ray. Já no sábado, um line-up 100% trans com talentos que estão despontando no cenário nacional, como a produtora musical e multi-instrumentalista Malka, nome em plena ascensão no cenário eletrônico e underground, a cantora e compositora Sodomita, o maior nome do grime brasileiro e a DJ Bassan, um dos maiores nomes do house-funk que promete não deixar ninguém com o bumbum a menos de 20 cm do chão – aliás, até McKenzie Wark, especializada na confluência entre anti-capitalismo e música eletrônica, deve garantir uma performance literária na noite. Além de Lau e King de Xangô do coletivo Fuleragi, fazendo as pedras tremerem.

LINE UP OFICIAL

Rita Segato, McKenzie Wark, Erika Hilton, Guilherme Boulos, Chavoso da USP, KL Jay, Mohammed Omer, Renato Freitas, João Pedro Stédile, BNegão, Jones Manoel, Juliane Furno, Vivian Mendes, Raquel Rolnik, Matheus Gomes, Soraya Misleh, Luana Alves, Erahsto Felício, Jera Guarani, Neon Cunha, Danilo Pássaro, Pensanuvem, Luka Franca, Sofia Lisboa, Sodomita, Malka, Lau, King de Xangô, Eduarda Camargo, Mariana Félix, Jonas Maria e muito mais!

6 ANOS DE PIRATARIA LITERÁRIA

2023

A maior edição já realizada por nós em Paraty! Tivemos a honra de mediar uma residência artística do KLJay junto ao Quilombo do Campinho e receber a Silvia Federici exclusivamente em nossa programação.

2022

Primeira edição realizada após a abertura relativa dos eventos devido à pandemia de COVID-19, a FLIPEI voltou às margens do Perequê-Açú, homenageando Maria Firmino dos Reis.

2021

Em meio à pandemia, a FLIPEI voltou de forma totalmente virtual. Com o tema “Livros e Comunas para novos Futuros”, homenageamos os 150 anos da Comuna de Paris, com 56 horas de programação e participação de mais de 100 editoras independentes.

2020

Início da pandemia. Neste ano, tivemos participação da Feira do Livro do Porto, no Palácio de Cristal. Essa ação foi realizada em parceria com a Editora Sobinfluencia e Ibi Literário.

2019

Nesta edição memorável, com atos de violência e resistência da FLIPEI, contamos com nomes como Suely Rolnik, Ailton Krenak, Zé Celso, Glenn Greenwald, Christian Dunker, Erika Malunguinho, Vladimir Safatle e muitos outros.

2018

Nosso barco pirata atracou pela primeira vez na margem do Rio Perequê-açu e promoveu debates com Silvio Luis de Almeida, Anielle Franco, Sônia Guajajara, Guilherme Boulos, Djamila Ribeiro e muito mais.

 

Fonte: Ascom Cofen, com informações da Folha de S. Paulo/Fórum

 

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