Moisés Mendes: As Olimpíadas de Ciro Gomes
no retorno ao time do bolsonarismo
Ciro Gomes buscou a
medalha de ouro em quatro tentativas de chegar à presidência da República, nos
mais variados times e com as mais diversas camisetas. Virou um perdedor e tenta
agora a repescagem, sem grandes ambições, para o que der e vier, bem acomodado
no barco da extrema direita.
Ciro reforça o
fenômeno dos que buscam a proteção dos bolsonaristas que antes repeliam. Não é
a ilusão do retorno a algo semelhante à velha direita. É pior do que um
retorno, mas é o normal hoje.
Ciro sabe que, antes
do esgotamento da ditadura, muitos nomes de peso da direita correram para o
centro. E o centro ajudava, ao lado das esquerdas consentidas ou clandestinas,
a desafiar os ditadores.
Outros correram depois
de 1985 para esse centro amplo e acolhedor. Não só por estratégia política e
eleitoral, mas também porque se sentiam mais confortáveis com o que de fato
eram ou pensavam ser politicamente.
Mas o que prevalecia
mesmo era a certeza de que a ditadura havia se esgotado como garantidora de
mercado para todos. O espaço a ser ocupado era o ambiente dos que defendiam a
redemocratização.
Esse era o mercado.
Hoje, o caminho é inverso para gente com perfis semelhantes aos dos velhos
arenistas. Ciro Gomes corre em direção à extrema direita, sem saber ao certo de
onde sai, porque esse é o nicho a ser disputado.
É uma questão
mercadológica. Perde tempo quem tenta ver, no movimento de Ciro ao jogar-se nos
braços da extrema direita nordestina, um retorno dele às origens direitistas.
Nada disso. O
bolsonarismo, o centrão, as bancadas de balas, bois, garimpeiros, grileiros,
biblieiros, nada disso tem relação com o que já foi a direita. Ciro tenta pegar
a sua parte no latifúndio do espólio de Bolsonaro.
Não tem ideologia, não
tem convicção nesse movimento. Tem senso de oportunismo em busca de redutos que
ainda podem ser ocupados nos extremos do ódio, da discriminação, da mentira, da
difamação.
É um gesto
generalizado, em todas as áreas. Também fazem esse movimento na direção das
bases e da audiência bolsonarista os jornalões que, nos anos 70 e 80,
alinharam-se ao lado dos que lutavam pelo fim da ditadura.
A luta pela
redemocratização era um mercado para os jornais. Era a audiência a ser
conquistada. A audiência impositiva hoje, de quem ouve e lê discursos de
políticos e consome todo tipo de conteúdo, das notícias dos meios tradicionais
e das corporações aos memes dos humoristas amadores da extrema direita, é a do
bolsonarismo.
Assim conquistam
eleitores, leitores, telespectadores, ouvintes, seguidores em redes ou onde
estiverem os que sustentam o extremismo e o antilulismo.
É o que está
comprovado por monitoramento do consumidor das antigas mídias analógicas que se
adaptam aos novos tempos, e do que é produzido, disseminado e consumido nas
redes das big techs. O fascismo dá dinheiro porque tem audiência.
Se tem audiência, tem
eleitores, tem mercado. Ciro Gomes acomoda-se nesse nicho, que é o que sobra
para todos os que um dia se divertiram como centro e, no caso do próprio Ciro,
até como esquerda fake.
Ciro não vai
reencontrar sua turma lá da juventude, como alguns dizem, porque ela não existe
mais. O mercado que ele pretende ocupar, mesmo que seja regional, é o mesmo que
antigos direitistas, como Caiado, e novos direitistas, como Zema, esperam
disputar nacionalmente com Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior e Michelle.
A extrema direita
acolhe Ciro porque é o ônibus da direita. O resto não existe mais. É mais do
que não ter relevância, é não existir mesmo. Ciro encerra a carreira como
ajudante do bolsonarismo.
• Bolsonarista Romeu Zema diz que pode
disputar a Presidência da República em 2026
O governador de Minas
Gerais, Romeu Zema (Novo), revelou em entrevista à CNN Brasil que considera a
possibilidade de ser candidato à presidência em 2026 ou de atuar como um
“apoiador” ativo. “Esse nome será decidido. Eu posso ser um apoiador, posso ser
um candidato. O que quero é contribuir para um país melhor”, disse Zema à CNN
Brasil. “Posso ser o candidato a presidente e posso simplesmente ajudar a
varrer a sujeira de Brasília. Em ambos os casos, eu quero estar contribuindo”,
completou.
Zema, que se descreveu
como tendo uma trajetória política “recente”, ressaltou que “participará
ativamente da campanha de 2026”. Ainda segundo ele, o ideal seria que Jair
Bolsonaro, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pudesse
representar a direita na disputa presidencial. “Tudo muda… Aqui no Brasil
alguém é condenado e ninguém esperava, alguém é ‘descondenado’ e ninguém
esperava. Não é isso? Já tivemos tantos ‘descondenados’ aqui, por que não
ele?”, disse o bolsonarista em referência a uma expressão utilizada pela
extrema direita para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que
teve as condenações políticas e injustas imposta no âmbito da Operação Lava
Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
• União Brasil lança Rosângela Moro como
pré-candidata a vice-prefeita de Curitiba
O União Brasil
anunciou nesta segunda-feira (29) a inclusão da deputada federal Rosângela Moro
na chapa do deputado estadual Ney Leprevost, que é pré-candidato a prefeito de
Curitiba pelo partido. De acordo com a coluna Painel, da Folha de São Paulo,
ela será apresentada como pré-candidata a vice-prefeita da capital paranaense
durante uma coletiva de imprensa, convocada pelo senador e ex-juiz suspeito
Sergio Moro (União Brasil) para declarar apoio a Leprevost.
No início do ano,
Rosângela Moro transferiu seu título eleitoral de São Paulo para Curitiba.
Inicialmente, essa mudança parecia estar relacionada à possibilidade de uma
eleição suplementar para o Senado, decorrente de uma eventual cassação do
mandato de Sergio Moro pela Justiça Eleitoral, o que não se concretizou.
Visando as eleições
para o governo do Paraná em 2026, Sergio Moro está articulando para colocar
aliados em posições de destaque nas principais cidades do estado.
• PL refaz pesquisa para testar Michelle,
Bolsonaro e Tarcísio contra Lula, em 2026
Nesta semana será
divulgada uma nova pesquisa encomendada pelo PL, que testa nomes da direita
contra Lula na disputa pela Presidência. O levantamento vem sendo feito pela
Paraná Pesquisas, que testa cenários com Michelle e Jair Bolsonaro e os
governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema
(Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná), em uma
eventual disputa contra Lula.
Na pesquisa feita pelo
instituto em maio, a ex-primeira-dama apareceu empatada, tecnicamente, com
Lula. Tarcísio ficou cerca de cinco pontos atrás do petista nas intenções de
voto.
Integrantes do PL
relataram à coluna que o partido chegou a avaliar a suspensão da pesquisa
nacional no segundo semestre, devido às eleições municipais, mas a opção foi
seguir com os levantamentos. O partido vem fazendo pesquisas de nomes para a
Presidência desde janeiro, de olho em 2026.
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NOTA
– A pesquisa é cada
vez mais necessária, porque a nova apreensão de documentos de Alexandre Ramagem
mostra que ele e Bolsonaro atuavam juntos na campanha contra as urnas
eletrônicas, sem haver qualquer prova de que sejam suscetíveis a fraudes. Como
diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Ramagem se comportava como
um espião de péssima categoria, ao conduzir Bolsonaro por caminhos tortuosos,
que o levaram a ser inelegível. Agora, é preciso saber qual será melhor
substituto para enfrentar Biden da Silva aos 80 anos em 2026, completando 81
anos dias antes do segundo turno.
• Ramagem mentiu sobre a urna eletrônica e
destruiu a carreira de Bolsonaro. Por Carlos Newton
Estamos sempre
lembrando aqui na Tribuna da Internet que não existe maior surrealismo do que a
política brasileira, capaz de matar de inveja os grandes mestres, como Tristan
Tzara, Paul Éluard, André Breton, Hans Arp e Salvador Dali.
Vejam bem o que está
acontecendo no Inquérito do Fim do Mundo, aquele que não acaba nunca no
Supremo. Há tempos, o ministro Alexandre de Moraes e sua equipe da Polícia
Federal tentavam encurralar o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ele sempre
escapava, escorregadio como uma enguia.
De repente, com a
perfeição de snipers trapalhões, os policiais federais atiraram num alvo e
atingiram outro, a centenas de milhas daqui, como diria Djavan. Estavam
procurando a “Abin Paralela”, e acabaram achando a “Abin Hospício”, e tiro
acertou dois coelhos de uma vez só – o delegado federal Alexandre Ramagem e o
ex-presidente Jair Bolsonaro.
SURREAL PURO
Quem poderia imaginar
que um delegado federal experiente como Alexandre Ramagem, a essa altura do
campeonato, iria deixar de bobeira textos importantíssimos, que o incriminam
diretamente em atentado contra o Estado Democrático de Direito (Lei nº 14.197),
justamente a legislação preferida do ministro Moraes, que revela um prazer
inexcedível em aplicá-la, tipo furor uterino, tendo transformado o Supremo numa
verdadeira fábrica de falsos “terroristas”
Na condição de
diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem agiu de
forma criminosa e temerária, mostrando ter vocação de terrorista de verdade. Em
um dos textos, orienta Bolsonaro a traçar uma estratégia de reforçar
politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.
“Por tudo que tenho
pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018,
com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida
na alteração de votos”, argumentou irresponsavelmente Ramagem, como se tivesse
alguma prova de fraude eleitoral. E não tinha nenhuma.
CLARA ORIENTAÇÃO
Portanto, há uma clara
orientação de Ramagem para Bolsonaro traçar a estratégia de reforçar
politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.
“O argumento na
anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de
anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. Na realidade, a
urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer
essa questão já consolidada subjetivamente (…) A prova da vulnerabilidade já
foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e
constantemente”, aponta o documento.
Assim, fica evidente
que foi Ramagem, ao dar a entender que tinha provas da fraude, que induziu
Bolsonaro a enfrentar abertamente o TSE, causando aquela confusão toda na
campanha eleitoral.
PAPEL RIDÍCULO
Um personagem como
Bolsonaro, de baixo nível intelectual, jamais poderia imaginar que o
diretor-geral da Abin, um experiente delegado federal, lhe passaria informações
inteiramente furadas, sem base em qualquer prova material, instando para que
ele as usasse num enfrentamento contra o TSE, o que significaria uma guerra
aberta também com o Supremo, é claro.
E Bolsonaro, confiando
que Ramagem tinha essas provas, partiu para sua operação suicida, que no ano
passado motivou a condenação no TSE, com a inelegibilidade que hoje o imobiliza
politicamente.
Tudo isso é
surrealismo puro, chega a ser difícil de acreditar que Ramagem e Bolsonaro
tenham se incriminado de maneira tão infantil e ridícula.
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P.S.
– O mais surreal é ver
agora Bolsonaro tentando eleger Ramagem prefeito do Rio, ao invés de tentar
estrangulá-lo com as próprias mãos. Bolsonaro ainda não percebeu que seu maior
inimigo foi e ainda é Alexandre Ramagem. E por isso la nave va, cada vez mais
fellinianamente.
• Paraná Pesquisas: Lula derrota todos os
adversários em projeção para 2026
Levantamento do Paraná
Pesquisas divulgado nesta segunda-feira (29) mostra que o presidente Lula (PT)
venceria todos os outros candidatos em caso de um pleito presidencial hoje.
Além de liderar todos os cenários pesquisados de primeiro turno, superando Jair
Bolsonaro (PL) - que está inelegível -, Tarcísio de Freitas e outros, o
presidente também derrotaria todos os nomes no segundo turno.
Contra Jair Bolsonaro,
Lula teria uma vantagem de 2,2 pontos percentuais, com 44,1% dos votos, estando
tecnicamente empatados. No entanto, como o ex-mandatário está inelegível, a
adversária mais perigosa para o presidente seria a ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro que, em uma disputa contra Lula, teria 39,1% dos votos, enquanto o
petista alcançaria 44,3%. A diferença é de 5,2 pontos percentuais. A pesquisa
também mostra que a candidatura de Michelle "com o apoio do ex-presidente
Jair Bolsonaro" sobe para 40,2%, enquanto Lula teria 43,8%.
Contra Tarcísio, que
deverá ser o candidato do mercado financeiro e da grande mídia brasileira, Lula
teria uma vantagem mais consolidada. O presidente aparece com 44,4%, enquanto o
governador tem 36,2%. Com o apoio de Bolsonaro, Tarcísio sobe para 38,5%, mas
Lula mantém a vantagem com 44,2%.
O Paraná Pesquisas
ouviu 2.026 eleitores pessoalmente entre 18 e 22 de julho. O grau de confiança
é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Fonte: Brasil 247/O
Globo
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