terça-feira, 30 de julho de 2024

Moisés Mendes: As Olimpíadas de Ciro Gomes no retorno ao time do bolsonarismo

Ciro Gomes buscou a medalha de ouro em quatro tentativas de chegar à presidência da República, nos mais variados times e com as mais diversas camisetas. Virou um perdedor e tenta agora a repescagem, sem grandes ambições, para o que der e vier, bem acomodado no barco da extrema direita.

Ciro reforça o fenômeno dos que buscam a proteção dos bolsonaristas que antes repeliam. Não é a ilusão do retorno a algo semelhante à velha direita. É pior do que um retorno, mas é o normal hoje.

Ciro sabe que, antes do esgotamento da ditadura, muitos nomes de peso da direita correram para o centro. E o centro ajudava, ao lado das esquerdas consentidas ou clandestinas, a desafiar os ditadores.

Outros correram depois de 1985 para esse centro amplo e acolhedor. Não só por estratégia política e eleitoral, mas também porque se sentiam mais confortáveis com o que de fato eram ou pensavam ser politicamente.

Mas o que prevalecia mesmo era a certeza de que a ditadura havia se esgotado como garantidora de mercado para todos. O espaço a ser ocupado era o ambiente dos que defendiam a redemocratização.

Esse era o mercado. Hoje, o caminho é inverso para gente com perfis semelhantes aos dos velhos arenistas. Ciro Gomes corre em direção à extrema direita, sem saber ao certo de onde sai, porque esse é o nicho a ser disputado.

É uma questão mercadológica. Perde tempo quem tenta ver, no movimento de Ciro ao jogar-se nos braços da extrema direita nordestina, um retorno dele às origens direitistas.

Nada disso. O bolsonarismo, o centrão, as bancadas de balas, bois, garimpeiros, grileiros, biblieiros, nada disso tem relação com o que já foi a direita. Ciro tenta pegar a sua parte no latifúndio do espólio de Bolsonaro.

Não tem ideologia, não tem convicção nesse movimento. Tem senso de oportunismo em busca de redutos que ainda podem ser ocupados nos extremos do ódio, da discriminação, da mentira, da difamação.

É um gesto generalizado, em todas as áreas. Também fazem esse movimento na direção das bases e da audiência bolsonarista os jornalões que, nos anos 70 e 80, alinharam-se ao lado dos que lutavam pelo fim da ditadura.

A luta pela redemocratização era um mercado para os jornais. Era a audiência a ser conquistada. A audiência impositiva hoje, de quem ouve e lê discursos de políticos e consome todo tipo de conteúdo, das notícias dos meios tradicionais e das corporações aos memes dos humoristas amadores da extrema direita, é a do bolsonarismo.

Assim conquistam eleitores, leitores, telespectadores, ouvintes, seguidores em redes ou onde estiverem os que sustentam o extremismo e o antilulismo.

É o que está comprovado por monitoramento do consumidor das antigas mídias analógicas que se adaptam aos novos tempos, e do que é produzido, disseminado e consumido nas redes das big techs. O fascismo dá dinheiro porque tem audiência.

Se tem audiência, tem eleitores, tem mercado. Ciro Gomes acomoda-se nesse nicho, que é o que sobra para todos os que um dia se divertiram como centro e, no caso do próprio Ciro, até como esquerda fake.

Ciro não vai reencontrar sua turma lá da juventude, como alguns dizem, porque ela não existe mais. O mercado que ele pretende ocupar, mesmo que seja regional, é o mesmo que antigos direitistas, como Caiado, e novos direitistas, como Zema, esperam disputar nacionalmente com Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior e Michelle.

A extrema direita acolhe Ciro porque é o ônibus da direita. O resto não existe mais. É mais do que não ter relevância, é não existir mesmo. Ciro encerra a carreira como ajudante do bolsonarismo.

•        Bolsonarista Romeu Zema diz que pode disputar a Presidência da República em 2026

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), revelou em entrevista à CNN Brasil que considera a possibilidade de ser candidato à presidência em 2026 ou de atuar como um “apoiador” ativo. “Esse nome será decidido. Eu posso ser um apoiador, posso ser um candidato. O que quero é contribuir para um país melhor”, disse Zema à CNN Brasil. “Posso ser o candidato a presidente e posso simplesmente ajudar a varrer a sujeira de Brasília. Em ambos os casos, eu quero estar contribuindo”, completou.

Zema, que se descreveu como tendo uma trajetória política “recente”, ressaltou que “participará ativamente da campanha de 2026”. Ainda segundo ele, o ideal seria que Jair Bolsonaro, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pudesse representar a direita na disputa presidencial. “Tudo muda… Aqui no Brasil alguém é condenado e ninguém esperava, alguém é ‘descondenado’ e ninguém esperava. Não é isso? Já tivemos tantos ‘descondenados’ aqui, por que não ele?”, disse o bolsonarista em referência a uma expressão utilizada pela extrema direita para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve as condenações políticas e injustas imposta no âmbito da Operação Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

•        União Brasil lança Rosângela Moro como pré-candidata a vice-prefeita de Curitiba

O União Brasil anunciou nesta segunda-feira (29) a inclusão da deputada federal Rosângela Moro na chapa do deputado estadual Ney Leprevost, que é pré-candidato a prefeito de Curitiba pelo partido. De acordo com a coluna Painel, da Folha de São Paulo, ela será apresentada como pré-candidata a vice-prefeita da capital paranaense durante uma coletiva de imprensa, convocada pelo senador e ex-juiz suspeito Sergio Moro (União Brasil) para declarar apoio a Leprevost.

No início do ano, Rosângela Moro transferiu seu título eleitoral de São Paulo para Curitiba. Inicialmente, essa mudança parecia estar relacionada à possibilidade de uma eleição suplementar para o Senado, decorrente de uma eventual cassação do mandato de Sergio Moro pela Justiça Eleitoral, o que não se concretizou.

Visando as eleições para o governo do Paraná em 2026, Sergio Moro está articulando para colocar aliados em posições de destaque nas principais cidades do estado.

•        PL refaz pesquisa para testar Michelle, Bolsonaro e Tarcísio contra Lula, em 2026

Nesta semana será divulgada uma nova pesquisa encomendada pelo PL, que testa nomes da direita contra Lula na disputa pela Presidência. O levantamento vem sendo feito pela Paraná Pesquisas, que testa cenários com Michelle e Jair Bolsonaro e os governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná), em uma eventual disputa contra Lula.

Na pesquisa feita pelo instituto em maio, a ex-primeira-dama apareceu empatada, tecnicamente, com Lula. Tarcísio ficou cerca de cinco pontos atrás do petista nas intenções de voto.

Integrantes do PL relataram à coluna que o partido chegou a avaliar a suspensão da pesquisa nacional no segundo semestre, devido às eleições municipais, mas a opção foi seguir com os levantamentos. O partido vem fazendo pesquisas de nomes para a Presidência desde janeiro, de olho em 2026.

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NOTA

– A pesquisa é cada vez mais necessária, porque a nova apreensão de documentos de Alexandre Ramagem mostra que ele e Bolsonaro atuavam juntos na campanha contra as urnas eletrônicas, sem haver qualquer prova de que sejam suscetíveis a fraudes. Como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Ramagem se comportava como um espião de péssima categoria, ao conduzir Bolsonaro por caminhos tortuosos, que o levaram a ser inelegível. Agora, é preciso saber qual será melhor substituto para enfrentar Biden da Silva aos 80 anos em 2026, completando 81 anos dias antes do segundo turno.

•        Ramagem mentiu sobre a urna eletrônica e destruiu a carreira de Bolsonaro. Por Carlos Newton

Estamos sempre lembrando aqui na Tribuna da Internet que não existe maior surrealismo do que a política brasileira, capaz de matar de inveja os grandes mestres, como Tristan Tzara, Paul Éluard, André Breton, Hans Arp e Salvador Dali.

Vejam bem o que está acontecendo no Inquérito do Fim do Mundo, aquele que não acaba nunca no Supremo. Há tempos, o ministro Alexandre de Moraes e sua equipe da Polícia Federal tentavam encurralar o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ele sempre escapava, escorregadio como uma enguia.

De repente, com a perfeição de snipers trapalhões, os policiais federais atiraram num alvo e atingiram outro, a centenas de milhas daqui, como diria Djavan. Estavam procurando a “Abin Paralela”, e acabaram achando a “Abin Hospício”, e tiro acertou dois coelhos de uma vez só – o delegado federal Alexandre Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

SURREAL PURO

Quem poderia imaginar que um delegado federal experiente como Alexandre Ramagem, a essa altura do campeonato, iria deixar de bobeira textos importantíssimos, que o incriminam diretamente em atentado contra o Estado Democrático de Direito (Lei nº 14.197), justamente a legislação preferida do ministro Moraes, que revela um prazer inexcedível em aplicá-la, tipo furor uterino, tendo transformado o Supremo numa verdadeira fábrica de falsos “terroristas”

Na condição de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem agiu de forma criminosa e temerária, mostrando ter vocação de terrorista de verdade. Em um dos textos, orienta Bolsonaro a traçar uma estratégia de reforçar politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.

“Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos”, argumentou irresponsavelmente Ramagem, como se tivesse alguma prova de fraude eleitoral. E não tinha nenhuma.

CLARA ORIENTAÇÃO

Portanto, há uma clara orientação de Ramagem para Bolsonaro traçar a estratégia de reforçar politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.

“O argumento na anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. Na realidade, a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente (…) A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente”, aponta o documento.

Assim, fica evidente que foi Ramagem, ao dar a entender que tinha provas da fraude, que induziu Bolsonaro a enfrentar abertamente o TSE, causando aquela confusão toda na campanha eleitoral.

PAPEL RIDÍCULO

Um personagem como Bolsonaro, de baixo nível intelectual, jamais poderia imaginar que o diretor-geral da Abin, um experiente delegado federal, lhe passaria informações inteiramente furadas, sem base em qualquer prova material, instando para que ele as usasse num enfrentamento contra o TSE, o que significaria uma guerra aberta também com o Supremo, é claro.

E Bolsonaro, confiando que Ramagem tinha essas provas, partiu para sua operação suicida, que no ano passado motivou a condenação no TSE, com a inelegibilidade que hoje o imobiliza politicamente.

Tudo isso é surrealismo puro, chega a ser difícil de acreditar que Ramagem e Bolsonaro tenham se incriminado de maneira tão infantil e ridícula.

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P.S.

– O mais surreal é ver agora Bolsonaro tentando eleger Ramagem prefeito do Rio, ao invés de tentar estrangulá-lo com as próprias mãos. Bolsonaro ainda não percebeu que seu maior inimigo foi e ainda é Alexandre Ramagem. E por isso la nave va, cada vez mais fellinianamente.

 

•        Paraná Pesquisas: Lula derrota todos os adversários em projeção para 2026

Levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta segunda-feira (29) mostra que o presidente Lula (PT) venceria todos os outros candidatos em caso de um pleito presidencial hoje. Além de liderar todos os cenários pesquisados de primeiro turno, superando Jair Bolsonaro (PL) - que está inelegível -, Tarcísio de Freitas e outros, o presidente também derrotaria todos os nomes no segundo turno.

Contra Jair Bolsonaro, Lula teria uma vantagem de 2,2 pontos percentuais, com 44,1% dos votos, estando tecnicamente empatados. No entanto, como o ex-mandatário está inelegível, a adversária mais perigosa para o presidente seria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro que, em uma disputa contra Lula, teria 39,1% dos votos, enquanto o petista alcançaria 44,3%. A diferença é de 5,2 pontos percentuais. A pesquisa também mostra que a candidatura de Michelle "com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro" sobe para 40,2%, enquanto Lula teria 43,8%.

Contra Tarcísio, que deverá ser o candidato do mercado financeiro e da grande mídia brasileira, Lula teria uma vantagem mais consolidada. O presidente aparece com 44,4%, enquanto o governador tem 36,2%. Com o apoio de Bolsonaro, Tarcísio sobe para 38,5%, mas Lula mantém a vantagem com 44,2%.

O Paraná Pesquisas ouviu 2.026 eleitores pessoalmente entre 18 e 22 de julho. O grau de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

 

Fonte: Brasil 247/O Globo

 

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