terça-feira, 30 de julho de 2024

Empatia: significado, importância e como praticar

Empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa. Na psicologia positiva, a empatia pode ser definida como a qualidade de sentir e compreender as perspectivas, ações, reações, sentimentos e emoções alheias. Ser empático é saber ouvir, refletir sobre os pontos de vista do outro e ser capaz de entender melhor porque diferentes pessoas reagem à mesma situação de maneiras tão distintas.

•        O que é o sentimento de empatia?

A empatia faz parte de uma das competências da Inteligência Emocional. Nesse campo, existem quatro conjuntos (ou clusters) de competências: autoconsciência, autogerenciamento, consciência social e gestão de relacionamento. A empatia se enquadra no conjunto da consciência social e consiste na habilidade de se conectar e se relacionar com outras pessoas.

Ela é um componente-chave na construção de relacionamentos saudáveis – na escola, no campo afetivo, no seio familiar, no ambiente de trabalho, na comunidade. Por isso, desenvolvê-la cedo, de preferência durante a primeira infância, é fundamental para garantir que o indivíduo tenha resiliência e sabedoria para administrar a própria vida na fase adulta.

•        Por que a empatia é importante?

Cada um de nós tem perspectivas diferentes sobre os fatos da vida, mas todos experimentamos alterações no humor, dores, mágoas, alegrias e tristezas. A empatia nos permite ampliar os horizontes para enxergar a perspectiva do outro. Mas também trocar experiências e, muitas vezes, aprender a lidar melhor com nossos próprios medos.

Por outro lado, a falta de empatia leva a conclusões precipitadas, julgamentos demasiadamente rígidos e intolerância. Isso acaba se refletindo em conflitos, maus sentimentos e relações de baixa qualidade.

Para muitos, ver outra pessoa sofrendo e reagir com indiferença ou até mesmo com hostilidade parece totalmente incompreensível. O fato de algumas pessoas reagirem dessa forma demonstra que a empatia não é, necessariamente, uma resposta universal ao sofrimento dos outros. Entretanto, uma pessoa é capaz de desenvolver a habilidade ao longo da vida.

•        Empatia e meio ambiente

A relação da empatia com o meio ambiente é algo mais comum do que você imagina. Pesquisas apontam que se importar com a natureza é algo normal entre os seres humanos, mas nem todos.

Para tentar compreender, um estudo, realizado pela University of Michigan, mostrou que pessoas que não demonstram emoção ao visualizarem imagens de desastres ambientais são menos empáticas.

Os pesquisadores notaram que os voluntários que não reagiram às imagens de problemas ambientais também tinham dificuldade de se emocionar com crianças chorando, trabalhadores cansados e atletas machucados.

Para os cientistas, isso aponta o porquê certa parte da sociedade nega apoio às causas ambientais. Mas isso nem sempre está relacionado ao que o outro sente sobre questões políticas e sim aos traços de suas personalidades.

•        Você é uma pessoa empática?

Existem alguns sinais que ajudam a identificar uma pessoa empática. Se você se reconhece na maioria das afirmativas abaixo, é provável que tenha a competência da empatia bem desenvolvida.

•        Você tem interesse genuíno em ouvir o que os outros têm a dizer

•        As pessoas procuram você para desabafar, pedir conselhos e contar problemas

•        Você é bom em perceber como as outras pessoas estão se sentindo

•        Você sempre pensa em como as outras pessoas se sentem

•        Eventos trágicos do mundo ou injustiças fazem você sofrer

•        Sua “missão no mundo” é poder ajudar pessoas que estão sofrendo

•        Você sabe dizer quando as pessoas não estão sendo honestas

•        Às vezes, você se sente esgotado ou oprimido em situações sociais

•        Você se preocupa profundamente com outras pessoas

Embora a empatia seja importante e necessária, também é preciso saber dosá-la. Preocupar-se com o bem-estar dos outros é um sinal de bondade e alta inteligência emocional. Porém, permitir que essas preocupações tomem conta da sua vida e prejudiquem a sua saúde mental é perigoso. Busque o equilíbrio sempre!

•        Tipos de empatia

Existem mais de três tipos de empatia. A empatia emocional, também conhecida como empatia afetiva, é a capacidade de compreender melhor as emoções de outra pessoa e responder de forma adequada. Essa compreensão emocional pode levar o indivíduo a se preocupar de maneira saudável com o bem-estar alheio (inclusive com animais). Mas também pode provocar sentimentos de angústia.

Pessoas muito empáticas muitas vezes têm dificuldade em lidar com esse sentimento e acabam se tornando ansiosas ou deprimidas.

A empatia somática envolve uma espécie de reação física em resposta ao que outra pessoa está experimentando. Quando você vê outra pessoa se sentindo envergonhada, por exemplo, pode ficar com as bochechas coradas ou sentir dor de estômago.

Já a empatia cognitiva envolve ser capaz de compreender o estado mental de outra pessoa. Além do que ela pode estar pensando em resposta à situação. Isso está relacionado ao que os psicólogos chamam de teoria da mente, ou pensar sobre o que outras pessoas estão pensando.

Existe também a empatia compassiva, caracterizada por ser a capacidade de compreender e compartilhar as emoções de outra pessoa, mas sem assumi-las como suas. Ou seja, ela usa da inteligência emocional para responder eficazmente a uma situação sem ficar sobrecarregado.

Especialistas apontam que a empatia compassiva seja a forma mais eficaz de empatia, já que junta aspectos do sentimento em geral, com a compaixão.

“Colocar-nos no lugar de outra pessoa e olhar o mundo através dos olhos de alguém diferente de nós cria uma empatia compassiva que inspira as pessoas a quererem agir e constitui a base da justiça social e da procura do bem maior para todos.” (1)

Embora simpatia e compaixão estejam relacionadas com a empatia, existem diferenças importantes entre os conceitos. A compaixão e a simpatia geralmente envolvem uma conexão mais passiva, enquanto a empatia envolve o esforço ativo de compreender outra pessoa.

•        Obstáculos para desenvolver a empatia

<><> Vieses cognitivos

A maneira como as pessoas percebem o mundo ao redor é influenciada por uma série de vieses cognitivos. Por exemplo, as pessoas muitas vezes atribuem as falhas de outras pessoas a características internas, enquanto atribuem as próprias falhas a fatores externos.

Esses preconceitos podem tornar difícil a observação de todos os fatores que contribuem para uma situação específica. Assim reduzindo a probabilidade de que um indivíduo compreenda a perspectiva de outro.

Além disso, as pessoas tendem a adotar comportamentos por vezes conflitantes com os próprios valores. Principalmente quando se veem pressionadas pelo grupo social a que pertencem. O chamado “comportamento de manada” pode  levar um indivíduo empático a agir com hostilidade. Isso em relação a alguém que está sendo rechaçado pela maioria.

<><> Desumanização

Muitos também caem na armadilha de pensar que pessoas diferentes não sentem e/ou não se comportam da mesma maneira que eles. Afinal são de culturas, gêneros, etnias, vivências e pontos de vista diferentes. Isso é particularmente comum nos casos que envolvem distância física.

Por exemplo, ao assistirem a um documentário sobre desastres e conflitos em países estrangeiros, as pessoas podem ser menos impelidas a sentir empatia por acreditarem que aqueles que estão sofrendo são fundamentalmente diferentes de si mesmas.

<><> Culpabilização da vítima

Às vezes, quando alguém passa por uma experiência terrível, as pessoas ao redor cometem o erro de culpar a vítima por suas circunstâncias. Esta é a razão pela qual as vítimas de crimes são frequentemente questionadas sobre quais atitudes poderiam ter tomado para prevenir o crime.

Essa tendência decorre da necessidade de acreditar que o mundo é um lugar bom e justo. No geral, queremos crer que as pessoas “plantam aquilo que colhem”. Isso porque esse pensamento nos leva a pensar que coisas terríveis e cruéis jamais poderiam acontecer conosco.

<><> Dicas para praticar empatia

Felizmente, a empatia é uma habilidade que você pode aprender e fortalecer. Se você quer desenvolver melhor essa habilidade, confira as dicas a seguir:

•        Trabalhe para ouvir as pessoas sem interromper

•        Preste atenção à linguagem corporal e outros tipos de comunicação não verbal

•        Tente entender as pessoas, mesmo que não concorde com elas

•        Faça perguntas às pessoas para saber mais sobre elas e suas vidas

•        Pratique regularmente o exercício de se colocar no lugar do outro, imaginando como seria estar em sua pele

Existe, também, um método de desenvolver a empatia pela natureza. Conhecida como hanami, a prática japonesa se resume na apreciação das flores de cerejeiras e de outras espécies.

 

•        que a empatia tem a ver com a preocupação ambiental?

Um estudo conduzido por uma equipe de pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, na Malásia, descobriu que os singapurianos com altos níveis de empatia optam por priorizar o meio ambiente em detrimento da conveniência e do conforto pessoal. Os resultados foram publicados na Energy Research & Social Science, uma publicação acadêmica da Elsevier.

Quase oito em cada 10 entrevistados (79%) em uma série de pesquisas disseram que escolheriam comprar um ar-condicionado com baixo consumo de energia em vez de um convencional, mesmo que a segunda opção fosse mais acessível.

Para reduzir as emissões de carbono, mais de oito em cada 10 (82%) afirmaram que optariam por manter a temperatura ambiente entre 23 a 25 graus Celsius, ainda que seus filhos ou colegas de trabalho se mostrassem mais confortáveis em um ambiente mais frio.

Os pesquisadores apontam que economizar nas contas de serviços públicos é a principal razão pela qual as pessoas fazem escolhas de economia de energia. No entanto, os resultados apresentaram um contraponto a essa noção.

Na verdade, a análise estatística mostrou que as preferências dos entrevistados estavam associadas ao seu nível de empatia – e que, quanto maior era esse nível, mais dispostos a gastar dinheiro para reduzir sua pegada de carbono os entrevistados se mostravam.

De acordo com os autores, as descobertas são importantes para entender as atitudes dos singapurianos em relação aos esforços do país para reduzir o consumo de energia nas residências.

Por causa da escassez de recursos, a cidade-estado embarcou em iniciativas nacionais, como o Plano Verde de Singapura 2030, que também se concentra na sustentabilidade energética para um futuro mais habitável e sustentável.

Swati Sharma, aluno do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar da NTU, que coliderou o estudo, aponta que a principal força motriz para esse comportamento ecologicamente correto é a empatia, uma disposição humana básica para sentir amor e preocupação pelos outros.

Segundo ele, quanto mais empatia um singapuriano sente pelos outros, maior será a probabilidade de ele adotar comportamentos que apoiem o bem maior e contribuam para tornar a sociedade resiliente e sustentável.

Outras ações englobadas pelo estudo encaradas como amigáveis à economia de energia incluíram desligar dispositivos elétricos quando não estivessem em uso (89%) e optar por vegetais cultivados localmente (62%), em vez da Europa ou dos Estados Unidos, a fim de reduzir a pegada de carbono.

A equipe também observou que outros fatores sociais podem afetar as preferências por opções de economia de energia. Singapurianos mais velhos, com qualificações mais altas de ensino e donos de casa tendiam a preferir particularmente as opções que promoviam a economia de energia.

Para validar ainda mais sua pesquisa, a equipe da NTU conduzirá estudos adicionais em um espectro mais amplo de comportamentos. Além disso, os pesquisadores também exploram a possibilidade de validar seus resultados em diferentes áreas geográficas e contextos culturais, incluindo as atitudes das pessoas em relação às medidas para conter a pandemia de COVID-19.

 

Fonte: eCycle

 

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