Empatia: significado, importância e como
praticar
Empatia é a capacidade
de se colocar no lugar de outra pessoa. Na psicologia positiva, a empatia pode
ser definida como a qualidade de sentir e compreender as perspectivas, ações,
reações, sentimentos e emoções alheias. Ser empático é saber ouvir, refletir
sobre os pontos de vista do outro e ser capaz de entender melhor porque
diferentes pessoas reagem à mesma situação de maneiras tão distintas.
• O que é o sentimento de empatia?
A empatia faz parte de
uma das competências da Inteligência Emocional. Nesse campo, existem quatro
conjuntos (ou clusters) de competências: autoconsciência, autogerenciamento,
consciência social e gestão de relacionamento. A empatia se enquadra no conjunto
da consciência social e consiste na habilidade de se conectar e se relacionar
com outras pessoas.
Ela é um
componente-chave na construção de relacionamentos saudáveis – na escola, no
campo afetivo, no seio familiar, no ambiente de trabalho, na comunidade. Por
isso, desenvolvê-la cedo, de preferência durante a primeira infância, é
fundamental para garantir que o indivíduo tenha resiliência e sabedoria para
administrar a própria vida na fase adulta.
• Por que a empatia é importante?
Cada um de nós tem
perspectivas diferentes sobre os fatos da vida, mas todos experimentamos
alterações no humor, dores, mágoas, alegrias e tristezas. A empatia nos permite
ampliar os horizontes para enxergar a perspectiva do outro. Mas também trocar
experiências e, muitas vezes, aprender a lidar melhor com nossos próprios
medos.
Por outro lado, a
falta de empatia leva a conclusões precipitadas, julgamentos demasiadamente
rígidos e intolerância. Isso acaba se refletindo em conflitos, maus sentimentos
e relações de baixa qualidade.
Para muitos, ver outra
pessoa sofrendo e reagir com indiferença ou até mesmo com hostilidade parece
totalmente incompreensível. O fato de algumas pessoas reagirem dessa forma
demonstra que a empatia não é, necessariamente, uma resposta universal ao sofrimento
dos outros. Entretanto, uma pessoa é capaz de desenvolver a habilidade ao longo
da vida.
• Empatia e meio ambiente
A relação da empatia
com o meio ambiente é algo mais comum do que você imagina. Pesquisas apontam
que se importar com a natureza é algo normal entre os seres humanos, mas nem
todos.
Para tentar
compreender, um estudo, realizado pela University of Michigan, mostrou que
pessoas que não demonstram emoção ao visualizarem imagens de desastres
ambientais são menos empáticas.
Os pesquisadores
notaram que os voluntários que não reagiram às imagens de problemas ambientais
também tinham dificuldade de se emocionar com crianças chorando, trabalhadores
cansados e atletas machucados.
Para os cientistas,
isso aponta o porquê certa parte da sociedade nega apoio às causas ambientais.
Mas isso nem sempre está relacionado ao que o outro sente sobre questões
políticas e sim aos traços de suas personalidades.
• Você é uma pessoa empática?
Existem alguns sinais
que ajudam a identificar uma pessoa empática. Se você se reconhece na maioria
das afirmativas abaixo, é provável que tenha a competência da empatia bem
desenvolvida.
• Você tem interesse genuíno em ouvir o
que os outros têm a dizer
• As pessoas procuram você para desabafar,
pedir conselhos e contar problemas
• Você é bom em perceber como as outras
pessoas estão se sentindo
• Você sempre pensa em como as outras
pessoas se sentem
• Eventos trágicos do mundo ou injustiças
fazem você sofrer
• Sua “missão no mundo” é poder ajudar
pessoas que estão sofrendo
• Você sabe dizer quando as pessoas não
estão sendo honestas
• Às vezes, você se sente esgotado ou
oprimido em situações sociais
• Você se preocupa profundamente com
outras pessoas
Embora a empatia seja
importante e necessária, também é preciso saber dosá-la. Preocupar-se com o
bem-estar dos outros é um sinal de bondade e alta inteligência emocional.
Porém, permitir que essas preocupações tomem conta da sua vida e prejudiquem a
sua saúde mental é perigoso. Busque o equilíbrio sempre!
• Tipos de empatia
Existem mais de três
tipos de empatia. A empatia emocional, também conhecida como empatia afetiva, é
a capacidade de compreender melhor as emoções de outra pessoa e responder de
forma adequada. Essa compreensão emocional pode levar o indivíduo a se preocupar
de maneira saudável com o bem-estar alheio (inclusive com animais). Mas também
pode provocar sentimentos de angústia.
Pessoas muito
empáticas muitas vezes têm dificuldade em lidar com esse sentimento e acabam se
tornando ansiosas ou deprimidas.
A empatia somática
envolve uma espécie de reação física em resposta ao que outra pessoa está
experimentando. Quando você vê outra pessoa se sentindo envergonhada, por
exemplo, pode ficar com as bochechas coradas ou sentir dor de estômago.
Já a empatia cognitiva
envolve ser capaz de compreender o estado mental de outra pessoa. Além do que
ela pode estar pensando em resposta à situação. Isso está relacionado ao que os
psicólogos chamam de teoria da mente, ou pensar sobre o que outras pessoas
estão pensando.
Existe também a
empatia compassiva, caracterizada por ser a capacidade de compreender e
compartilhar as emoções de outra pessoa, mas sem assumi-las como suas. Ou seja,
ela usa da inteligência emocional para responder eficazmente a uma situação sem
ficar sobrecarregado.
Especialistas apontam
que a empatia compassiva seja a forma mais eficaz de empatia, já que junta
aspectos do sentimento em geral, com a compaixão.
“Colocar-nos no lugar
de outra pessoa e olhar o mundo através dos olhos de alguém diferente de nós
cria uma empatia compassiva que inspira as pessoas a quererem agir e constitui
a base da justiça social e da procura do bem maior para todos.” (1)
Embora simpatia e
compaixão estejam relacionadas com a empatia, existem diferenças importantes
entre os conceitos. A compaixão e a simpatia geralmente envolvem uma conexão
mais passiva, enquanto a empatia envolve o esforço ativo de compreender outra
pessoa.
• Obstáculos para desenvolver a empatia
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Vieses cognitivos
A maneira como as
pessoas percebem o mundo ao redor é influenciada por uma série de vieses
cognitivos. Por exemplo, as pessoas muitas vezes atribuem as falhas de outras
pessoas a características internas, enquanto atribuem as próprias falhas a
fatores externos.
Esses preconceitos
podem tornar difícil a observação de todos os fatores que contribuem para uma
situação específica. Assim reduzindo a probabilidade de que um indivíduo
compreenda a perspectiva de outro.
Além disso, as pessoas
tendem a adotar comportamentos por vezes conflitantes com os próprios valores.
Principalmente quando se veem pressionadas pelo grupo social a que pertencem. O
chamado “comportamento de manada” pode
levar um indivíduo empático a agir com hostilidade. Isso em relação a
alguém que está sendo rechaçado pela maioria.
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Desumanização
Muitos também caem na
armadilha de pensar que pessoas diferentes não sentem e/ou não se comportam da
mesma maneira que eles. Afinal são de culturas, gêneros, etnias, vivências e
pontos de vista diferentes. Isso é particularmente comum nos casos que envolvem
distância física.
Por exemplo, ao
assistirem a um documentário sobre desastres e conflitos em países
estrangeiros, as pessoas podem ser menos impelidas a sentir empatia por
acreditarem que aqueles que estão sofrendo são fundamentalmente diferentes de
si mesmas.
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Culpabilização da vítima
Às vezes, quando
alguém passa por uma experiência terrível, as pessoas ao redor cometem o erro
de culpar a vítima por suas circunstâncias. Esta é a razão pela qual as vítimas
de crimes são frequentemente questionadas sobre quais atitudes poderiam ter tomado
para prevenir o crime.
Essa tendência decorre
da necessidade de acreditar que o mundo é um lugar bom e justo. No geral,
queremos crer que as pessoas “plantam aquilo que colhem”. Isso porque esse
pensamento nos leva a pensar que coisas terríveis e cruéis jamais poderiam
acontecer conosco.
<><> Dicas
para praticar empatia
Felizmente, a empatia
é uma habilidade que você pode aprender e fortalecer. Se você quer desenvolver
melhor essa habilidade, confira as dicas a seguir:
• Trabalhe para ouvir as pessoas sem
interromper
• Preste atenção à linguagem corporal e
outros tipos de comunicação não verbal
• Tente entender as pessoas, mesmo que não
concorde com elas
• Faça perguntas às pessoas para saber
mais sobre elas e suas vidas
• Pratique regularmente o exercício de se
colocar no lugar do outro, imaginando como seria estar em sua pele
Existe, também, um
método de desenvolver a empatia pela natureza. Conhecida como hanami, a prática
japonesa se resume na apreciação das flores de cerejeiras e de outras espécies.
• que a empatia tem a ver com a
preocupação ambiental?
Um estudo conduzido
por uma equipe de pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang, em
Singapura, na Malásia, descobriu que os singapurianos com altos níveis de
empatia optam por priorizar o meio ambiente em detrimento da conveniência e do
conforto pessoal. Os resultados foram publicados na Energy Research &
Social Science, uma publicação acadêmica da Elsevier.
Quase oito em cada 10
entrevistados (79%) em uma série de pesquisas disseram que escolheriam comprar
um ar-condicionado com baixo consumo de energia em vez de um convencional,
mesmo que a segunda opção fosse mais acessível.
Para reduzir as
emissões de carbono, mais de oito em cada 10 (82%) afirmaram que optariam por
manter a temperatura ambiente entre 23 a 25 graus Celsius, ainda que seus
filhos ou colegas de trabalho se mostrassem mais confortáveis em um ambiente
mais frio.
Os pesquisadores
apontam que economizar nas contas de serviços públicos é a principal razão pela
qual as pessoas fazem escolhas de economia de energia. No entanto, os
resultados apresentaram um contraponto a essa noção.
Na verdade, a análise
estatística mostrou que as preferências dos entrevistados estavam associadas ao
seu nível de empatia – e que, quanto maior era esse nível, mais dispostos a
gastar dinheiro para reduzir sua pegada de carbono os entrevistados se mostravam.
De acordo com os
autores, as descobertas são importantes para entender as atitudes dos
singapurianos em relação aos esforços do país para reduzir o consumo de energia
nas residências.
Por causa da escassez
de recursos, a cidade-estado embarcou em iniciativas nacionais, como o Plano
Verde de Singapura 2030, que também se concentra na sustentabilidade energética
para um futuro mais habitável e sustentável.
Swati Sharma, aluno do
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar da NTU, que coliderou o estudo,
aponta que a principal força motriz para esse comportamento ecologicamente
correto é a empatia, uma disposição humana básica para sentir amor e
preocupação pelos outros.
Segundo ele, quanto
mais empatia um singapuriano sente pelos outros, maior será a probabilidade de
ele adotar comportamentos que apoiem o bem maior e contribuam para tornar a
sociedade resiliente e sustentável.
Outras ações
englobadas pelo estudo encaradas como amigáveis à economia de energia incluíram
desligar dispositivos elétricos quando não estivessem em uso (89%) e optar por
vegetais cultivados localmente (62%), em vez da Europa ou dos Estados Unidos, a
fim de reduzir a pegada de carbono.
A equipe também
observou que outros fatores sociais podem afetar as preferências por opções de
economia de energia. Singapurianos mais velhos, com qualificações mais altas de
ensino e donos de casa tendiam a preferir particularmente as opções que promoviam
a economia de energia.
Para validar ainda
mais sua pesquisa, a equipe da NTU conduzirá estudos adicionais em um espectro
mais amplo de comportamentos. Além disso, os pesquisadores também exploram a
possibilidade de validar seus resultados em diferentes áreas geográficas e contextos
culturais, incluindo as atitudes das pessoas em relação às medidas para conter
a pandemia de COVID-19.
Fonte: eCycle
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