Fator Kamala Harris 'abala' a corrida
presidencial e mexe com estruturas de Trump, segundo mídia
As pesquisas
recentemente divulgadas, após algumas semanas caóticas na eleição presidencial
de 2024, apontam que o cenário Donald Trump versus Kamala Harris não será tão
fácil quanto se pensava.
Segundo o portal de
notícias Politico, será "uma corrida hipercompetitiva".
A publicação sugere
que a elevação da vice-presidente Kamala Harris a candidata "abalou a
corrida e atenuou o ímpeto que o ex-presidente Donald Trump poderia ter visto
saindo da convenção republicana e da tentativa de assassinato que a precedeu".
O veículo sugere que
embora as pesquisas mostrassem Trump construindo uma liderança sobre o
presidente Joe Biden após seu debate no mês passado, essa vantagem
"praticamente evaporou contra Harris na nova rodada de pesquisas
conduzidas desde que ela se tornou a quase certa indicada democrata".
Segundo o Politico, a
nova pesquisa mostra o quanto o cenário mudou desde que Biden desistiu.
"Durante meses, a
disputa parecia definida, e o modesto déficit de Biden indo para o debate
ameaçava cair ainda mais. Isso agora mudou", escreve o veículo.
¨ "Não podemos ter ilusões com Kamala Harris", diz José
Genoino
Em entrevista ao
programa Bom Dia 247 na última sexta-feira, o ex-presidente do Partido dos
Trabalhadores (PT), José Genoino, compartilhou suas opiniões sobre a atual
situação política nos Estados Unidos e o papel de Kamala Harris nas eleições
presidenciais. Genoino enfatizou a importância de Kamala derrotar Donald Trump,
mas alertou contra a criação de expectativas exageradas em relação à sua
política.
"É importante que
Kamala Harris derrote Trump, porque Trump representa a extrema-direita, mas não
podemos ter ilusões", afirmou Genoino. Ele destacou que, apesar de Kamala
ser uma escolha preferível em comparação com Trump, ela ainda representa
"os grandes interesses imperialistas" e não promoverá nenhuma ruptura
significativa em relação à política de dominação dos EUA. "Não será
nenhuma ruptura em relação à política de dominação do Império. Estamos entrando
no mundo multipolar e os EUA tentarão resistir de todas as maneiras."
Genoino também falou
sobre a necessidade de o Brasil alinhar suas estratégias geopolíticas com os
BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em vez de depender dos
Estados Unidos ou da Europa. "O Brasil deve fazer sua opção pelos BRICS e não
esperar muito nem dos Estados Unidos nem da Europa. O Brasil deve se preparar
para um maior tensionamento internacional." Ele concluiu ressaltando a
importância da luta anti-imperialista na agenda da esquerda brasileira: "A
esquerda deve colocar a luta antiimperialista no centro de sua
estratégia."
As declarações de
Genoino vêm em um momento em que Kamala Harris está ganhando terreno nas
pesquisas eleitorais. De acordo com uma pesquisa Emerson College/The Hill
divulgada na quinta-feira, Kamala está se saindo melhor do que o presidente Joe
Biden nos estados cruciais que devem decidir a eleição de 5 de novembro. A
pesquisa mostrou Trump liderando em quatro desses estados: Arizona (49% a 44%),
Geórgia (48% a 46%), Michigan (46% a 45%) e Pensilvânia (48% a 46%), enquanto
Trump e Kamala estão empatados em 47% em Wisconsin.
Kamala superou o
desempenho de Biden em uma pesquisa anterior da Emerson em cada um desses cinco
estados. Ela entrou na campanha esta semana após o presidente Joe Biden
desistir da disputa no domingo e endossar sua vice-presidente. A pesquisa mais
recente da Emerson com eleitores registrados foi realizada de 22 a 23 de julho
e teve um intervalo de credibilidade para cada estado de mais ou menos 3,4%.
Além disso, uma
pesquisa nacional divulgada pelo New York Times/Siena College também mostrou
Kamala se saindo melhor do que Biden contra Trump, com Trump marcando 48%
contra 46% de Kamala entre os eleitores registrados. A pesquisa nacional
Reuters/Ipsos divulgada na terça-feira indicou uma vantagem de Kamala de 44% a
42% sobre Trump, uma diferença dentro da margem de erro de 3 pontos
percentuais.
Embora essas pesquisas
nacionais ofereçam uma visão importante do apoio dos norte-americanos aos
candidatos, é nos estados competitivos que a balança do Colégio Eleitoral pode
ser desequilibrada, decidindo assim o vencedor da eleição presidencial.
¨ “Kamala Harris não é um mal menor diante de Trump”, diz Rui
Costa Pimenta
Em entrevista ao
jornalista Leonardo Attuch, editor do Brasil 247, o presidente do Partido da
Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, criticou a vice-presidente dos Estados
Unidos e candidata às eleições, Kamala Harris, e sua postura política. Pimenta
destacou que “Kamala Harris apoia Israel da mesma maneira que Joe Biden” e que
“sua política talvez seja até mais agressiva do que a de Donald Trump”.
Para Pimenta, a
maioria do establishment estadunidense rejeita Trump, mas isso não torna Kamala
Harris uma opção melhor. “Kamala Harris não é um mal menor diante de Trump”,
afirmou. Ele argumentou que “a teoria do mal menor não é uma teoria marxista” e
que “o grande problema não é o inimigo declarado, é o falso amigo, o falso
amigo é muito mais perigoso”.
Pimenta comentou sobre
o histórico golpista do Partido Democrata dos EUA, ao qual Harris pertence.
“Kamala Harris é do Partido Democrata, que organizou o golpe de estado em
2016”, disse, referindo-se ao golpe contra a ex-presidente brasileira Dilma
Rousseff. Segundo ele, “a usina que organiza os golpes de estado é dos
democratas”.
¨ "O 'deep state' prefere quem eles possam controlar melhor –
e no caso atual é Kamala", diz Pepe Escobar
Em uma entrevista ao
jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o analista geopolítico Pepe
Escobar destacou os perigos representados tanto por Donald Trump quanto por
Kamala Harris para a humanidade. Escobar enfatizou a influência do "deep
state" e sua preferência por figuras políticas que possam ser facilmente
controladas. "Trump é um sionista. Isso já é extremamente perigoso",
afirmou Escobar. Ele explicou que, embora Trump seja uma escolha preferida por
sionistas, o "deep state" prefere Kamala Harris por ser mais
controlável. "O deep state prefere quem eles possam controlar melhor. No
estágio atual, é a Kamala Harris."
Pepe Escobar destacou
a importância de verificar as fontes de financiamento das campanhas,
mencionando que Kamala Harris arrecadou US$ 100 milhões em um único dia, com
grande parte desse dinheiro vindo do Vale do Silício e dos fundos de hedge.
Embora Trump tenha alguns aspectos menos catastróficos, como sua disposição de
dialogar com a Rússia, o jornalista ressalta que Kamala Harris é extremamente
despreparada para a liderança internacional. "Kamala Harris é
despreparada. É uma pessoa infantil, sem capacidade de raciocínio. Tem zero de
experiência internacional e não sabe como funciona o mundo."
Ele criticou a imagem
construída de Kamala Harris, apontando que ela seria controlada pela máquina do
Partido Democrata, com figuras como Nancy Pelosi e Hillary Clinton
desempenhando papéis fundamentais. Escobar descreveu a situação geopolítica
atual como uma luta intensa entre o sistema dolarizado e o novo mundo
multipolar, liderado por Rússia e China. "A capital diplomática do mundo
hoje é Beijing. Os dias de Zelensky estão contados. Ele pode ser jogado debaixo
de um ônibus, como aconteceu com Biden." Ele destacou que, apesar do
Império não ter capacidade para dominar o Hamas, o Hezbollah ou atacar o Irã,
qualquer conflito envolvendo esses atores resultaria na entrada de Rússia e
China.
"É uma pena que a
desdolarização não caminhe tão rápido quanto deveria. A guerra entre o sistema
dolarizado e o novo mundo será intensa", disse ele. "Geopolítica é a
luta por mercados e recursos naturais", acrescentou. A análise de Pepe
Escobar lança luz sobre a complexidade e os perigos do cenário político global
atual, destacando a influência do "deep state" e os desafios que
tanto Trump quanto Kamala Harris representam para os países do Sul Global.
¨ Apesar dos riscos com Kamala, é preciso evitar a volta de Trump
à Casa Branca
Faz apenas uma semana
que Joe Biden anunciou sua desistência da candidatura à reeleição para a
Presidência dos Estados Unidos.
Para o Brasil, e o
governo Lula, o tema se reveste de grande relevância.
O foco agora está
sobre a provável candidata Kamala Harris, que sai de uma posição de coadjuvante
no fundo do palco para o protagonismo na boca de cena.
Kamala terá que buscar
sua própria voz, se isso é possível no vigiado espaço de liberdade de um
candidato de qualquer partido estadunidense.
Não há que ter
ilusões. A escolha será entre o ruim e o menos pior. Qualquer candidato nos
Estados Unidos deve se apresentar como campeão da defesa dos interesses de uma
potência imperialista e em busca de seu retorno ao domínio exclusivo sobre o
planeta.
Nesse âmbito, não há
uma distinção tão notável entre Kamala e seu adversário, Donald Trump.
Apesar disso, as
poucas diferenças, porém, não são negligenciáveis dada a importância da
potência norte-americana. E isso diz respeito de perto ao Brasil.
De olho nas doações do
lobby sionista, Kamala classifica os manifestantes pelo fim do genocídio na
"execráveis defensores do Hamas". Apesar disso, Kamala sinalizou ser
uma candidata mais explicitamente defensora de um cessar-fogo imediato ao genocídio
perpetrado pelos sionistas em Gaza.
Trata-se também de um
gesto de características eleitorais pelo qual ela apela ao eleitor jovem,
aquele que apoiou as ocupações em dezenas de universidades contra o massacre
israelense. São eleitores que a provável candidata democrata precisa fazer
comparecer às urnas para aumentar suas chances em novembro.
O confronto contra
Trump tem evidente importância para o Brasil. Bolsonaro precisa da vitória do
republicano. Espera que ela de alguma maneira contribua para diminuir as
chances de sua prisão. Quem sabe ela ajude a reenergizar a desalentada base de
apoio do ex-presidente.
A falta de apoio do
governo de Joe Biden à campanha de Bolsonaro para desacreditar o processo
eleitoral brasileiro foi relevante. Da mesma forma, o rápido reconhecimento da
eleição de Lula em 2022 sinalizou que Washington não embarcaria na aventura
golpista que Bolsonaro fazia fermentar.
Sem o beneplácito dos
Estados Unidos, chefes militares encontraram boa desculpa para não apoiar o
golpe, erodindo assim suas chances de sucesso.
O pleito estadunidense
tem impactos globais que não podem ser negligenciados apesar, ou por causa, da
decadência da hegemonia do império. Trump parece mais disposto a se concentrar
nos críticos temas internos dos Estados Unidos e se afastar, ou encerrar como
promete, conflitos como o da Ucrânia, por exemplo. Parece menos disposto a usar
a Otan para submeter a Europa e ser o instrumento de uma guerra mundial contra
russos e mesmo chineses. Trump é mais plutocrata, racista e machista, além de
mentiroso compulsivo.
Para o Brasil e o
governo Lula, o advento de uma candidata com mais chances de impedir o retorno
de Trump e da extrema-direita, com todas os senões que se possam fazer ao
histórico intervencionista do Partido Democrata, se apresenta como
providencial.
O sistema de tensões e
os pontos de equilíbrio da disputa política deslocaram-se para a direita nas
últimas décadas. Reconhecer essa mudança do tabuleiro é forçoso na hora da
tomada de decisões sobre o que fazer e que alianças são necessárias em cada momento
– para evitar o mal maior.
¨ Kamala pressiona Netanyahu a aliviar o sofrimento em Gaza
No encontro que teve
na quinta-feira(25), A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, pressionou o
primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a ajudar a alcançar um acordo
de cessar-fogo em Gaza que alivie o sofrimento dos civis palestinos. Ela
adotou um tom mais duro do que o presidente Joe Biden.
"É hora de esta
guerra acabar", disse Harris em uma declaração televisionada após ter
conversas cara a cara com Netanyahu.
Harris, a provável
candidata presidencial democrata após Biden desistir da corrida eleitoral no
domingo, não mediu palavras sobre a crise humanitária que aflige Gaza após nove
meses de guerra entre Israel e militantes do Hamas.
"Não podemos nos
permitir ficar insensíveis ao sofrimento, e eu não vou me calar", disse
ela.
As declarações de
Harris foram afiadas e sérias em tom e levantaram a questão de se ela seria
mais agressiva em lidar com Netanyahu se eleita presidente em 5 de novembro. No
entanto, analistas não esperam uma mudança significativa na política dos EUA em
relação a Israel, o aliado mais próximo de Washington no Oriente Médio.
O conflito em Gaza
dividiu o Partido Democrata e provocou meses de protestos em eventos de Biden.
Uma queda no apoio entre os árabes americanos pode prejudicar as chances dos
democratas em Michigan, um dos poucos estados que provavelmente decidirão a eleição
de 5 de novembro.
Em um aceno a essas
preocupações, Harris instou os americanos a ajudar a "encorajar esforços
para entender a complexidade, a nuance e a história da região".
¨ UE prepara estratégia comercial de 'punição e recompensa' para
lidar com Trump caso ele vença
O comissário de
comércio da União Europeia (UE), Valdis Dombrovskis, expressou anteriormente a
esperança de que Bruxelas e Washington evitariam uma repetição do
"confronto" passado relacionado à guerra tarifária entre eles durante
o mandato de Donald Trump em 2018.
A União Europeia (UE)
está elaborando um plano comercial de duas etapas para enfrentar Donald Trump
caso ele ganhe um segundo mandato como presidente dos EUA, informou o Financial
Times (FT).
"Temos que
mostrar que somos um parceiro dos EUA, não um problema. Buscaremos acordos, mas
estamos prontos para nos defender se for o caso. Não seremos guiados pelo
medo", disse uma fonte sob condição de anonimato da UE ao FT.
Se Trump prevalecer na
eleição de novembro, os negociadores da UE estão planejando abordar
imediatamente sua equipe para discutir produtos dos EUA que a UE poderia
comprar em maiores quantidades.
Um possível colapso
das negociações e a subsequente imposição de tarifas mais altas por Trump podem
levar o departamento de comércio da Comissão Europeia a elaborar listas de
importações dos EUA para "tarifas retaliatórias de 50% ou mais", de acordo
com a fonte.
Ainda segundo a
apuração, as autoridades da UE "veem a abordagem da 'punição e recompensa'
como a melhor resposta" à promessa anterior de Trump de impor uma tarifa
de pelo menos 10% sobre todos os US$ 3 trilhões (cerca de R$ 16,9 trilhões) em
importações dos EUA no caso de sua vitória em 5 de novembro.
O comissário de
comércio da UE, Valdis Dombrovskis, enfatizou a importância do bloco e dos EUA
trabalharem juntos no comércio, mas acrescentou que Bruxelas "defendeu
nossos interesses com tarifas e estamos prontos para defender nossos interesses
novamente, se necessário".
O então presidente dos
EUA, Trump, iniciou a guerra tarifária de seu país com a UE em março de 2018,
quando anunciou uma taxa de 25% sobre o aço importado e uma tarifa de 10% sobre
o alumínio, o que levou o bloco a retaliar com taxas no valor de cerca de US$ 3
trilhões.
Fonte: Sputnik
Brasil/Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário