quarta-feira, 31 de julho de 2024

O que são disruptores endócrinos e como evitá-los

Você já ouviu falar em disruptores endócrinos? O nome parece ser difícil, mas todos nós estamos em contato com eles durante o dia a dia. Essas substâncias nocivas vêm ganhando cada vez mais destaque em pesquisas nos últimos anos.

A preocupação tende a aumentar. Isso porque a cada dia vemos vários estudos apontarem os danos que esses organismos fazem à saúde e ao meio ambiente,

Os disruptores endócrinos (DEs) (endocrine disruptors chemicals, em inglês) são uma gama de substâncias químicas que podem interferir no sistema hormonal. Assim, alterando a forma natural de comunicação do sistema endócrino. E, logo, causando distúrbios na vida selvagem e também afetando a saúde do próprio ser humano.

<><> Como agem os disruptores endócrinos no organismo humano

Os DEs atuam no organismo humano por meio da imitação dos hormônios naturais (como o estrogênio). Dessa forma, pode ocorrer um bloqueio da ação hormonal natural e uma alteração dos níveis de hormônios endógenos.

Já existem na natureza muitas substâncias similares, como os fitoestrógenos presentes na soja. Porém, os artificiais supõem um perigo muito maior que os compostos naturais. Isso porque eles persistem no corpo durante anos, enquanto os estrógenos naturais podem ser eliminados em poucos dias.

Nosso organismo é capaz de eliminar os estrógenos naturais por já estarmos adaptados a eles. Mas muitos dos compostos artificiais resistem aos processos de excreção. Além disso, se acumulam no organismo, submetendo animais e humanos a uma contaminação de baixo nível, mas de longa duração. Essa forma de exposição crônica por substâncias hormonais sintéticas não tem precedentes em nossa história evolutiva.

<><> Em que produtos podemos encontrar disruptores endócrinos?

Os primeiros relatos de substâncias químicas que agiam como disruptores endócrinos apontavam para o dietilestilbestrol. Esse é um medicamento usado por mulheres entre os anos 50 e 70, o qual apresentou resultados desastrosos. Como câncer de vagina e infertilidade nas filhas nascidas de mães que o usaram, além de deformações irreversíveis do útero.

Os filhos também podem ser afetados através da exposição aos desreguladores endócrinos no leite materno. Experimentos em animais já mostraram que a exposição a disruptores endócrinos influência no desenvolvimento do sistema reprodutivo masculino.

Um estudo constatou que fetos expostos a produtos desreguladores endócrinos possuem duas vezes mais probabilidade de ter volume de sêmen abaixo dos valores de referências estabelecidos pela OMS. Esses volumes são 2 ml de sêmen e 40 milhões de espermatozoides. Isso explica, em parte, a baixa qualidade do sêmen de alguns jovens suíços. Nesse estudo, os produtos mais associados foram pesticidas, ftalatos e metais pesados.

Outros inúmeros prejuízos foram causados por pesticidas como o DDT, inicialmente considerado como “milagroso” pelo controle de pragas na lavoura. Ele provocou vários problemas na saúde da população no mundo todo, inclusive no Brasil, principalmente na região de Cubatão.

Esses compostos sintéticos são originários de diferentes tipos de indústrias, destacadamente a química. Anualmente são lançadas novas substâncias no mercado sem o devido estudo prévio em relação aos efeitos nos organismos e no meio ambiente. Portanto, estamos constantemente entrando em contato com novas substâncias que podem atuar como desreguladores hormonais.

Além disso, outros produtos encontrados em casa também são fontes de disruptores endócrinos, como os produtos de higiene pessoal, cosméticos, aditivos alimentares, embalagens, recipientes de plástico e contaminantes. Para entendermos melhor, devemos conhecer alguns grupos de disruptores endócrinos mais comuns e com os quais entramos em contato todos os dias.

•        Exemplos de disruptores endócrinos a serem evitados

Confira algumas matérias que explicam de forma mais detalhada como agem, onde são encontrados e como evitar alguns disruptores endócrinos:

•        Ftalatos;

•        Bisfenol F;

•        Benzeno;

•        Bisfenol A;

•        Parabenos;

•        Bisfenol S;

•        Chumbo;

•        Triclosan;

•        Tolueno.

Além desses compostos, um relatório demonstrou que diversos tipos de plástico se comportam como disruptores endócrinos. Desse modo, podendo causar esterilização, problemas comportamentais, diminuição da população e outros danos à saúde.

<><> Perigo em baixa doses

Ainda não se sabe qual a quantidade necessária de disruptores endócrinos para causar danos à saúde humana. Entretanto, estudos epidemiológicos apontam que quantidades ínfimas já teriam a capacidade de serem perigosas, oferecendo efeitos adversos ao funcionamento do sistema endócrino.

Os disruptores endócrinos podem interagir e produzir efeitos significativos, mesmo quando combinados em baixas doses, as quais individualmente não produziram efeitos observáveis.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há indícios de que a exposição aos disruptores endócrinos ao longo do tempo aumentam algumas doenças, como:

•        Reprodutivas/endócrinas: câncer de mama, câncer de próstata, endometriose, infertilidade, obesidade, diabetes;

•        Imunes/autoimunes: suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes;

•        Cardiopulmonares: asma, doenças cardíacas, hipertensão, infarto;

•        Cerebrais/nervosas: mal de Parkinson, mal de Alzheimer, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dificuldades de aprendizado e outras condições que afetam o sistema nervoso.

Outro problema relacionado aos disruptores endócrinos é a obesidade. Acredita-se que a principal ação dos disruptores endócrinos relacione-se à interferência na diferenciação do adipócito e nos mecanismos de homeostase do peso. No Brasil, as maiores prevalências de obesidade são encontradas nas regiões mais industrializadas do país, portanto, onde potencialmente ocorre maior exposição da população aos disruptores endócrinos.

Embora haja alguns esforços no sentido de barrar os disruptores endócrinos, existe uma infinidade de produtos químicos sintéticos que ainda não foram avaliados quanto à atividade de desregulação hormonal e muitos não são identificados pelo fabricante no produtos.

Por conta disso, estamos olhando apenas a ponta do iceberg, ainda há perguntas a serem respondidas, como:

•        Quantos disruptores endócrinos existem?

•        De onde eles vêm?

•        Quais os seus efeitos a longo prazo?

•        Quais seus mecanismos de ação?

 Todas essas perguntas precisam de respostas.

Enquanto isso, temos que nos precaver e buscar novas informações para sabermos como evitar os disruptores endócrinos e outras substâncias nocivas.

 

•        Quem usa batom, brilho ou protetor labial pode estar ingerindo, aos poucos, metais pesados

Além das cores, os batons proporcionam hidratação, proteção solar e antienvelhecimento aos lábios. Eles também protegem a pele labial contra a poluição do ar, pois formam uma camada que impede o contágio de alergias provocadas por partículas presentes no ar ou veiculadas pelas próprias mãos. Acontece que alguns desses cosméticos podem conter substâncias tóxicas, como metais pesados, e até componentes cancerígenos. Porém, essas informações não são tão difundidas e, quando chegam ao conhecimento dos usuários, são subestimadas porque tais produtos normalmente não são ingeridos, e sim aplicados sobre a pele ou cabelo. Mas esse fato não exclui riscos associados aos tóxicos, ao contrário do que muita gente pensa. Com os batons coloridos ou sem cor, brilhos e protetores labiais, a história é outra, pois esses produtos são aplicados diretamente nos lábios e acabam sendo ingeridos em pequenas porções. Quem usa batom regularmente pode chegar a comer mais de dois batons inteiros por ano! É importante ficar ligado nos componentes do batom que você usa.

<><> Preocupação

Os riscos associados ao uso de itens labiais estão relacionados aos padrões de exposição tóxica presente nesses produtos (geralmente metais pesados). O uso do batom é diário e sua reaplicação ocorre, em média, 20 vezes por dia, segundo uma pesquisa. Levando isso em consideração, um estudo revelou que é possível ingerir de 24 a 87 miligramas de produto por dia. Se considerarmos uma aplicação ao longo dos 365 dias do ano, isso resulta na ingestão de mais de oito gramas de batom por ano. Para se ter uma ideia, uma embalagem comum de batom possui aproximadamente 3,5 gramas de produto, e oito gramas de batom correspondem a mais de dois batons inteiros ingeridos por ano.

Assim como a maioria dos artigos de beleza vendidos comercialmente, os batons podem conter parabenos, fragrâncias e corantes. Outras pesquisas revelaram ainda mais problemas à saúde ocasionados por certas substâncias presentes em cosméticos, como esmaltes, batons e outros itens de maquiagem.

<><> Chumbo

Pesquisadores da Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de alimentos e medicamentos nos EUA, encontraram presença de chumbo em 400 amostras de batons de marcas amplamente disponíveis no mercado. A FDA regula apenas as concentrações de chumbo presentes nos corantes dos batons, estabelecendo um limite de 20 partes por milhão (ppm) de chumbo. Essa regulação da FDA é muito permissiva e vai contra estudos que apontam a não existência de níveis seguros de exposição ao chumbo. No Brasil, o acetato de chumbo é regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e só pode estar presente em tintura capilar com limite de 0,6% contendo não mais que três ppm de arsênio e uma ppm de mercúrio. No Canadá e na Europa, o chumbo foi banido.

Mas “só” identificar chumbo na composição dos batons não é a pior parte. Foram encontradas concentrações de chumbo muito acima dos níveis identificados por pesquisas anteriores. Resumindo, algumas marcas elevaram o nível de chumbo presente nos seus batons em até dez vezes, por isso é tão importante verificar os componentes do batom que você usa.

<><> Outros tóxicos

Os alertas em muitos meios de comunicação enfocam, na maioria das vezes, a presença de chumbo nos produtos para lábios. Porém, em pesquisas conduzidas por pesquisadores da Environmental Health Perspectives e do Instituto Politécnico de Lisboa foram detectadas a presença de outros metais pesados como o níquel, crômio, alumínio, cádmio, cobalto, cobre, manganês e titânio em produtos labiais em geral e também em outros itens cosméticos, tais como lápis para olhos e hidratantes, e até em protetores solares. Sucede que essas substâncias químicas elencadas acima também fazem mal à saúde.

<><> Efeitos

O chumbo está associado à ocorrência de demência, depressão, agitação, agressão, perda de concentração, déficit de QI, hiperatividade, desregulação do ciclo menstrual, nascimento prematuro, Alzheimer, Parkinson, redução das capacidades cognitivas, entre outros distúrbios e doenças. Quando ingerido, os efeitos tóxicos principais do chumbo atingem o cérebro e o sistema nervoso. Altas concentrações de chumbo no corpo podem causar danos ao fígado, danos aos ossos, danos ao sistema reprodutivo e aumentar a pressão sanguínea. Segundo a Internacional Agency for on Cancer (IARC), que regula os riscos de determinados produtos causarem câncer, os compostos de chumbo inorgânico são classificados como possivelmente carcinogênicos para humanos. A Environmental Protection Agency (EPA), agência ambiental americana, classifica o chumbo e os seus compostos orgânicos como provavelmente cancerígenos.

O níquel pode ser considerado o campeão de alergias na pele. Em 2008, a União Europeia baniu o níquel na composição de cosméticos e estabeleceu restritas recomendações para produtos com este metal pesado que ficam em contato prolongado com a pele, como os brincos (veja sobre os possíveis problemas que a junção substâncias químicas mais joias podem provocar à saúde). Há estudos que comprovam problemas de dermatite alérgica até mesmo pelo uso de celulares que possuem em sua composição o metal em contato direto com a pele:

O cromo foi banido nos cosméticos pela União Europeia, Canadá, Indonésia, Filipinas, Tailândia, Camboja, Mianmar e Malásia. A substância pode provocar ao longo da vida problemas de pele como a dermatite. O cádmio, por sua vez, está relacionado a problemas nos rins, ossos e pulmões.

Saiba mais sobre os problemas que envolvem os cosméticos em um vídeo produzido pelo The Story of Stuff Project, curtindo o vídeo.

<><> Cuidados e reciclagem

Evite comprar de marcas que estejam associadas à presença de chumbo e de outros metais tóxicos. Procure produtos livres de substâncias químicas nocivas à saúde. E continue atento aos rótulos para evitar o contato com outras substâncias perigosas, como as fragrâncias, corantes e parabenos.

Além desses cuidados, é importante também verificar a data de validade desses produtos. Quando vencidos, a eficiência deles diminui e os riscos de surgir alergia, irritações e herpes (no caso dos batons) aumentam, uma vez que são maiores as chances de ocorrer oxidação e decomposição dos ingredientes presentes na fórmula, incluindo aí as substâncias tóxicas. Sendo assim, se você perceber que a cor do batom mudou e ele estiver seco e exalando um cheiro diferente e desconfortável, saiba que esses são sinais de que está na hora de descartá-lo.

Pelo fato de alguns itens de beleza conterem em sua fórmula substâncias prejudiciais à saúde, como já dito, é importante descartar esses produtos de forma adequada. Pois, caso contrário, eles podem ocasionar a contaminação de solos e lençóis freáticos, por exemplo. Para dar um fim sustentável ao seu produto cosmético, você pode levá-lo até a loja em que o comprou – algumas empresas de cosméticos recolhem uma quantidade mínima de produtos vazios e, em troca, oferece ao cliente um novo produto da marca; e outras possibilitam que o cliente deixe o produto de beleza em agências dos Correios (veja como descartar corretamente cosméticos vencidos). Mas antes de levá-los a esses locais, para que sejam reciclados, não se esqueça de limpar antes o recipiente com um pano úmido.

No caso dos batons que não agradam mais a você, uma dica é transformá-los em um novo batom. Nesse caso, tire-os do invólucro e os coloque em uma vasilha. Leve a vasilha ao fogo em banho maria, e mexa os batons com um palito. Quando eles começarem a derreter, a cores vão se misturar, formando uma nova. Depois de derretidos, transfira o seu novo batom para um recipiente, espere esfriar e depois é só testá-lo. Outra opção é trocar com as amigas ou doar para alguém.

 

Fonte: eCycle

 

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