segunda-feira, 29 de julho de 2024

Bahia: Prints mostram esquema de propina operado por capitão “Toddy” e esposa

Dezenas de mensagens trocadas por meio do WhatsApp, entre o capitão da Polícia Militar da Bahia (PMBA) Fabrício Carlos Santiago dos Santos e comerciantes que pagavam para escapar de operações da PM baiana, integram a apuração do Ministério Público local (PMBA). Nas conversas, o oficial, que está preso preventivamente, negocia desde a liberação de som alto em eventos até a “vista grossa” para veículos que transitam com irregulares pela cidade de Santa Cruz Cabrália (BA).

Nas conversas, analisadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), foi possível verificar a existência de um “acerto” semanal do capitão com o dono de uma distribuidora de bebidas. Mediante pagamento de propina, o comércio mantinha música alta até por volta das 5h sem ser incomodado por parte da PM baiana.

A prática criminosa do capitão, de acordo com as investigações, era tão banalizada que ele enviava suas próprias “figurinhas” – com sua imagem – para agradecer e ridicularizar a situação, referindo-se constantemente à propina recebida como “Toddy”. Em razão disso, ele passou a ser chamado na região de “capitão Toddy”.

<><> Esposa “coronel”

Presa preventivamente, a companheira do capitão, Fabiane Evangelista dos Santos (foto em destaque), era a responsável por coordenar toda a logística da organização criminosa suspeita de vazar informações sigilosas envolvendo operações desencadeadas pela corporação.

Segundo as apurações do MPBA, Fabiane tinha papel ativo na rede de cobrança de propinas, fazendo a gerência de todo o esquema criminoso. A mulher do oficial controlava o balanço financeiro faturado com as propinas pagas por comerciantes. Ela ainda garantia a realização da segurança dos locais, utilizando a força policial do estado.

Fabiane também cuidava da cobrança após os “clientes” serem informados sobre a deflagração de operações organizadas pela Polícia Militar baiana, bem como repassava detalhes a respeito da localização exata em que havia sido montada alguma blitz.

•        “Me vê um Toddy”: o código usado por PM para cobrar propina na Bahia

Apontado como o “cabeça” de uma organização criminosa especializada em vazar e atrapalhar ações policiais, o capitão da Polícia Militar da Bahia (PMBA) Fabrício Carlos Santiago dos Santos (foto em destaque) tinha uma forma peculiar de pedir propina a empresários, políticos e potenciais clientes. No lugar das palavras “dinheiro” e “grana”, o militar solicitava um “Toddy” em troca de favores.

No decorrer da apuração do caso, os investigadores ouviram o oficial usar o nome da bebida achocolatada diversas vezes. Acusado de vazar informações e atrapar operações policiais, o grupo criminoso agia em Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro e outros municípios baianos da região.

Apontado como líder da organização criminosa, o PM foi preso de forma preventiva nessa quarta-feira (24/7), durante a Operação Sordidae Manus. Além disso, o oficial foi exonerado do comando da 4ª Companhia de Polícia Militar de Santa Cruz Cabrália.

<><> Companheira presa

Presa preventivamente, a companheira do capitão, Fabiane Evangelista dos Santos, era a responsável por coordenar toda a logística da organização criminosa, segundo as investigações.

De acordo com o Ministério Público da Bahia (MPBA), Fabiane tinha papel ativo na rede de cobrança de propinas, fazendo a gerência de todo o esquema criminoso.

A mulher do oficial controlava o balanço financeiro faturado com as propinas pagas por comerciantes. E ainda garantia a realização da segurança dos locais, utilizando a força policial do estado.

Fabiane também cuidava da cobrança após os “clientes” serem informados sobre a deflagração de operações organizadas pela Polícia Militar baiana, bem como repassava detalhes a respeito da localização exata em que havia sido montada alguma blitz.

<><> Combate ao crime

A Operação Sordidae Manus contou com homens do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Sul), da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), da Corregedoria da Polícia Militar da Bahia (Correg) e da Força Correcional Especial Integrada (Force/Coger).

Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália, Eunápolis e Ilhéus, inclusive na residência do PM e em sedes de empresas.

Os mandados foram expedidos pela Vara de Auditoria Militar de Salvador e pela Vara Criminal da Comarca de Santa Cruz de Cabrália.

<><> PM no crime

O procedimento investigatório criminal, instaurado a partir de provocação da própria Polícia Militar, tramita na Promotoria de Justiça de Santa Cruz Cabrália. Conforme as diligências do Gaeco, o oficial seria um dos principais integrantes do bando.

Segundo os investigadores, o PM teria recebido valores indevidos de empresários, comerciantes, pessoas com litígios de terras e políticos locais de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro e outros municípios da região.

Em troca do dinheiro, o oficial teria retardado ou deixado de praticar seu dever funcional de policial, inclusive avisando aos comerciantes locais sobre operações da Polícia Militar, para evitar abordagens e possíveis apreensões e flagrantes contra os transgressores.

<><> Acusações

O capitão é investigado por crimes de prevaricação, associação criminosa, corrupção passiva, concussão (exigir vantagem indevida em razão da função pública), ameaças, receptação, extorsão, lavagem de dinheiro, peculato e outros.

Comerciantes da região também são alvo de investigação, por crime de corrupção ativa. O material apreendido na operação será analisado pelo Ministério Público e, em seguida, enviado para ser periciado.

Com origem no latim, a expressão “sordidae manus” significa “mãos sujas”, em tradução livre. O significado tem relação com a investigação sobre traição e corrupção de PMs.

 

•        Quem é o servidor do TJ comparsa de advogada que vazava dados ao PCC

O técnico judiciário Rigel dos Santos Brito, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), é o servidor preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) no âmbito da Operação Têmis, deflagrada nessa quarta-feira (24/7). Lotado no Núcleo Permanente de Cálculos Judiciais Cíveis, o servidor recebia R$ 50 por cada pesquisa de dados sigilosos da Corte que ajudassem um criminoso da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

O técnico seria viciado em jogos de azar e, por isso, aceitava pequenas quantias como pagamento. A ponte entre o servidor e o faccionado era feita por uma advogada que defendia o integrante da organização criminosa paulista. A advogada brasiliense Carla Rufino Freitas também foi detida na mesma operação. A defensora, de acordo com as investigações da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), tinha o hábito de comprar as informações repassada pelo servidor.

A investigação teve início logo após uma tentativa de homicídio, ocorrida no Assentamento Dorothy, em Sobradinho, no início deste mês. Na data, a advogada teria se dirigido a uma delegacia e apresentado uma pessoa inocente, que assumiria a autoria do crime. A ideia da defensora era justamente livrar o cliente dela, o faccionado do PCC.

<><> A advogada

A advogada se dispôs, inclusive, a negociar a arma da tentativa de homicídio com outros clientes a título de honorários. Durante a apuração do crime, agentes da Polícia Civil do DF também descobriram que a advogada contou com a ajuda do servidor do TJDFT para ter acesso a informações sigilosas contra o faccionado que ela representava. Em troca de informações, ela repassava ao funcionário público a quantia de R$ 50.

•        “Serva de Deus”

“Apesar do baixo valor, os elementos acolhidos apontam que a advogada recorria ao servidor com frequência para consultas sigilosas”, pontuou a PCDF. A corporação informou, ainda, que o servidor já teria sido alvo de outra operação policial, em 2011, pela prática de corrupção.

Os investigadores descobriram que a defensora também era técnica de enfermagem efetiva de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), trabalho cujo horário é incompatível com a advocacia. As investigações prosseguirão para apurar todas as condutas da suspeita presa. Nas redes sociais, Carla Rufino se apresenta como “serva de Deus”, além de “mãe de pet” e “advogada especialista”.

O nome Operação Têmis é uma referência à deusa grega Têmis, que personifica a justiça divina, a ordem e a lei. Representada geralmente com uma balança e uma espada. Têmis simboliza a imparcialidade e a integridade da Justiça. Assim, o nome sugere um esforço para restaurar a ordem e a ética dentro do sistema judicial, afastando de suas atividades aqueles que se desviam de seus princípios.

 

Fonte: Metrópoles

 

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