quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Paulo Klias: ‘Não ao pacote de maldades!’

 O enredo já é bastante conhecido de todos nós. O governo apresenta um conjunto de medidas que afeta negativamente as condições de vida da grande maioria de nossa população. E o Palácio do Planalto monta uma tremenda operação abafa para conseguir sua aprovação no interior do legislativo. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, não estamos falando do mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC), de Michel Temer ou de Jair Bolsonaro. A referência aqui lembra mais o período em que Antonio Palocci ocupou a Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Lula (2003 a 2005), assim como o tempo em que Joaquim Levy atuou como chefe da pasta no segundo mandato de Dilma (2015).

Vamos combinar que fazer oposição à política econômica de FHC, Temer ou Bolsonaro era mais fácil. Era só bater no Malan, no Meirelles e no Paulo Guedes e tudo estava resolvido. Ocorre que, a partir de 2003, a coisa ficou mais complexa. Afinal, o austericídio tem início justamente a partir de medidas de inspiração integralmente ortodoxa e conservadora encaminhadas pela dupla dinâmica composta por Antonio Palocci e Henrique Meirelles. Ou seja, eram os primeiros meses da primeira experiência do Partido dos Trabalhadores (PT) no poder federal. Além dos equívocos na condução da política monetária (SELIC na estratosfera) e fiscal (austeridade, superávit primário i otras cositas más), é importante lembrar que naquele momento o governo enviou também ao Congresso Nacional uma proposta de Reforma da Previdência carregada de perversidades, capaz de fazer inveja aos dirigentes políticos à frente do neoliberalismo.

Esse movimento deixou as forças progressistas em uma situação de desconforto e sem capacidade de iniciativa política. Afinal, ninguém poderia imaginar que viria das mãos do governo Lula propostas tão contraditórias com tudo aquilo que o PT sempre havia defendido ao longo de sua história. É bem verdade que durante a campanha eleitoral de 2002 foi divulgada a “Carta ao Povo Brasileiro”, onde Lula deixava a entender que adotaria um comportamento um pouco menos “radical” do que se poderia imaginar. De qualquer maneira, as propostas adotadas pelo governo caíram como uma verdadeira ducha de água fria sobre todos os que acreditávamos em uma mudança de fato na política econômica. A perplexidade inicial que acometeu também a maior parte dos parlamentares do PT e da base aliada foi aos poucos se transformando em conformismo e resignação. Um grupo optou por se distanciar de fato desta orientação e se reuniu em torno da alternativa do PSOL.

·        Lembremos de Palocci e Levy!

Mas o fato é que as medidas de austericídio terminaram por serem aceitas sem a resistência que se fazia necessária e o neoconservadorismo na política econômica em um governo de esquerda converteu-se em realidade também no Brasil. O fenômeno do assim chamado social-liberalismo que havia caracterizado a experiência desastrosa de governos “socialistas” na Europa ao longo das décadas de 1980 e 1990 pareceu ter atravessado o Atlântico e se instalou entre nós. Mais à frente, no início de seu segundo mandato, Dilma Roussef promove um impressionante estelionato eleitoral e convoca um representante do Bradesco para chefiar a área econômica de seu governo. Levy também apresenta um conjunto de medidas impopulares e baseadas em uma perspectiva de austeridade fiscal extremada. Mais uma vez o PT e a base aliada são pegos de surpresa e os representantes no Congresso Nacional também encontravam dificuldades para exercitar seu contorcionismo verbal e defender o indefensável.

Pois para quem achava que as duas experiências anteriores haviam funcionado como antídoto para tentativas futuras, eis que o Presidente Lula lança mão novamente do expediente de medidas impopulares e que vão contra a sua própria base política e eleitoral. De forma bastante polêmica, e até mesmo incompreensível, ele cede aos argumentos de Haddad e se compromete com um pacote de maldades na esfera dos cortes de despesas. O argumento refere-se à necessidade e cumprir as determinações do Novo Arcabouço Fiscal (NAF), armadilha que foi apresentada a ele pelo Ministro da Fazenda ainda em 2023. Além disso, o clima catastrofista envolvendo a necessidade de passar a tesoura em rubricas de natureza social tem por base a verdadeira obsessão com que Haddad se agarra à sua meta de zerar o déficit fiscal primário.

Na apresentação que fez no horário nobre na TV no final de novembro, o professor do INSPER estabeleceu a estratégia de operar o conjunto das medidas em duas trilhas distintas. A primeira contém proposições que cortam gastos, quase todas afetando a imensa maioria dos muito pobres e miseráveis de nossa sociedade. Já a segunda trilha contempla a promessa de Lula de elevar a faixa de isenção de Imposto de Renda (IR) até R$ 5 mil. Junto com ela, foi apresentada a intenção de tributar aqueles que ganham mais de R$ 50 mil mensais. O detalhe da perversidade é que o corte de despesas já entraria em vigor a partir de 2025, ao passo que as medidas que poderiam contribuir para reduzir um pouco a enormidade da desigualdade social e econômica que nos caracteriza como sociedade ficaria para 2026 ou ainda mais tarde.

·        Corta, cortar e cortar. Sempre no lombo dos mais pobres.

O foco no corte de despesas segue a lógica do mantra da austeridade fiscal, mas se restringe exclusivamente à dimensão “primária” da abordagem a contas orçamentárias. Ou seja, as despesas de natureza financeira seguem deixadas à parte, sem teto, sem limite, sem contingenciamento.  Todo esse esforço se concentra na busca quase desesperada de aproximadamente R$ 70 bilhões de saldo nas contas públicas em 2025. Assim, não há uma única menção aos R$ 870 bilhões que foram subtraídos dos recursos do Tesouro Nacional para cumprir o pagamento de juros da dívida pública ao longo dos últimos 12 meses. Além disso, Haddad segue fazendo ouvidos moucos à proposta de eliminar a isenção tributária para lucros e dividendos. Para tanto, bastaria uma simples Medida Provisória e os valores arrecadados com a alteração mais do que compensariam todas as tentativas de cortar gastos em setores de levada sensibilidade social. Ou ainda a edição de uma norma interna do Ministério da Fazenda determinando a incidência do Imposto de Exportações (tributo já existente) nas vendas externas de soja, minério de ferro e petróleo, por exemplo.

Mas não foi esse o caminho escolhido por Haddad. A opção foi por aprofundar a  busca do equilíbrio fiscal primário por meio de medidas como: i) redução do direito ao mecanismo do abono salarial, que beneficia todos os trabalhadores com vencimento igual ou inferior a 2 salários mínimos; ii) redução do acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), que se destina aos mais miseráveis de nossa pirâmide da desigualdade; iii) redução nos índices de reajuste do salário mínimo, contrariando as reiteradas promessas de Lula ao longo dos últimos anos. Com exceção dos economistas a soldo do financismo, a grande maioria dos analistas e especialistas no assunto apontam para as consequências negativas da adoção de tais medidas. É o caso do excelente artigo de Miguel Bruno, Denise Gentil Lobato e Sérgio Lucena, que salienta:

(…) “Esses direitos sociais e trabalhistas são despesas obrigatórias que têm importante participação no orçamento […] Se para o governo são um custo a ser cortado, para a ampla maioria da população representam a própria sobrevivência.” (…)

·        O tempo passa e a mudança é urgente!

Um dos aspectos que mais chamam a atenção dos analistas refere-se à atitude passiva de Lula no quesito da austeridade fiscal. Desde o início de 2023 ele tem sido alertado para os riscos envolvidos a partir da adoção de tal estratégia sugerida por Haddad. Tais observações foram feitas quando da apresentação das primeiras versões do NAF e mesmo mais tarde, quando a meta de zerar o déficit primário surgiu no cardápio haddadiano. As propostas que o Congresso Nacional passa a analisar agora em dezembro, com a urgência da patrolagem articulada com as lideranças no Parlamento, contrariam na essência os interesses dos poucos setores que ainda oferecem apoio a Lula e ao governo.

Além de se caracterizarem como uma guinada à direita e em direção de um neoliberalismo mais raiz, aceitar a ideia de que os mais pobres devem ser responsabilizados, mais uma vez, pelo sacrifício da austeridade fiscal é um absurdo político e eleitoral. Esperamos que os dias de restabelecimento da cirurgia também sirvam ao Presidente para que ele se permita o exercício de uma necessária reflexão a respeito dos equívocos cometidos até o momento em termos de política econômica, em especial na política fiscal. Já estamos nos aproximando do fim da primeira metade do terceiro mandato. Mas apesar do tempo perdido, ainda há espaço para uma mudança nesta rota do conservadorismo proposto por Haddad. Caso contrário, o cenário para as eleições de 2026 pode vir a se tornar cada vez mais incerto.

 

¨      Bianka Valoski: Cortes no BPC e limitação do Salário Mínimo, não passam de retrocesso implementado por Lula

No dia 27 de novembro o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o pacote de cortes de gastos do governo federal e alterações no Imposto de Renda. Mas de fato o que foi encaminhado para a Câmara dos Deputados em regime de urgência foram o PLP 210/24 e o PL 4.614/24. O primeiro altera o Novo Arcabouço Fiscal (NAF) e o segundo é um pacote que ajusta o crescimento do salário mínimo, estipula cortes (o governo está chamando de “pente fino”, um eufemismo) no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diminui o acesso ao Abono Salarial e ao Seguro Desemprego. Sobre os cortes nos super salários do funcionalismo público e as modificações no Imposto de Renda, medidas positivas e interessantes para combater a desigualdade no Brasil, ficou uma espécie de “na volta a gente compra”: não há previsão exata de quando essas medidas serão propostas no legislativo, o que é lamentável, a julgar que estes foram os únicos aspectos positivos do pronunciamento do ministro.

Quando o NAF foi criado – e aqui é importante destacar que o governo poderia ter feito qualquer modelo de ferramenta de balizamento do gasto público, uma vez que era de sua competência a concepção de um mecanismo que substituísse o Teto de Gastos do Temer – optou-se por apresentar ao legislativo um arcabouço agressivo e que atende muito mais aos interesses da Faria Lima de um Estado completamente limitado do que qualquer outra coisa. Para se ter uma ideia, o próprio Temer elogiou o NAF. Além disso, desde a aprovação do NAF, já se sabia que ele é aritmeticamente incompatível com a política de valorização do salário mínimo e com os pisos constitucionais de saúde e educação. Isto é, o governo concebeu um instrumento de enquadramento da política fiscal que vai contra aquilo que já foi a principal marca dos governos petistas: apreciação do salário mínimo e investimentos em saúde e educação.

Mas voltando aos PLP 210/24 e PL 4.614/24, quero focar na questão da revisão sobre o crescimento do salário mínimo e o suposto “pente fino” no BPC. A principal proposta do pacote é limitar o reajuste do salário mínimo às regras do arcabouço fiscal, com aumentos entre 0,6% e 2,5% ao ano. Em 2023, o governo Lula retomou a política de ajuste do mínimo baseado na inflação do ano anterior e no crescimento do PIB de dois anos antes. Para 2025, o PIB de 2023 (2,9%) seria usado no cálculo, mas o teto do arcabouço fiscal restringe esse aumento a 2,5%, reduzindo o potencial de valorização do salário mínimo. Se essa regra de limitação para o crescimento do salário mínimo estivesse valendo desde 2003, ele seria cerca de 25% menor do que é hoje – R$1.412,00 –, isto é, inferior a R$1.000,00. Em seis anos dos primeiros governos de Lula, o salário mínimo teve aumentos reais (acima da inflação) de 8,23%, 13,04%, 5,10%, 4,03%, 5,79% e 6,02%. Restringir o ganho real do salário mínimo ao NAF (2,5%) é ir contra o que já foi uma política petista e, pior ainda, submeter a um estrangulamento à renda de 60% dos brasileiros que ganham até um salário mínimo, além de limitar este instrumento de desenvolvimento e distribuição de renda, uma vez que ele também serve como referência para diversos benefícios, tais como abono salarial, BPC e seguro-desemprego.

Mas o mais perverso de todo o pacote é o suposto “pente fino” no BPC, que podemos aqui chamar de cortes mesmo. Esses cortes no BPC impactam cerca de 1,2 milhão de beneficiários, sendo eles idosos e pessoas com deficiência cuja renda familiar per capita não ultrapasse um quarto do salário mínimo (R$353,00). Além da revisão nos cadastros, o governo estabeleceu novos critérios para o acesso ao benefício, como a exigência de registro biométrico e o inominável retrocesso que é fazer o BPC voltar a contar como renda dentro de um mesmo domicílio, isto é, em um lar com dois idosos que recebam o benefício, apenas um poderá ter BPC. Uma idosa com um filho com deficiência só poderá contar com um BPC. Importante destacar que o “pente fino” já começou e tem dificultado o acesso ao BPC, tendo bloqueado 300 mil pessoas pelo Brasil. Sob o argumento de prevenir fraudes, o governo iniciou uma revisão detalhada, exigindo atualização no Cadastro Único (CadÚnico). Essa medida bloqueou o acesso de milhares de beneficiários, especialmente os mais vulneráveis, como analfabetos ou pessoas sem acesso à internet e mobilidade limitada. Apenas 60,3% dos 505,1 mil beneficiários obrigados a atualizar seus dados conseguiram cumprir as exigências. A suspensão do BPC afeta drasticamente a qualidade de vida dessas famílias, que dependem dele para necessidades básicas como alimentação e moradia.

Em uma Nota Pública sobre as medidas anunciadas por Haddad e os seus impactos na população mais pobre e vulnerável, o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS) declara que o “Pente Fino”, “remete a uma prática fiscalizatória e persecutória de criminalização da população mais pobre e que vive do trabalho, impactando especialmente nas mulheres, crianças, população negra, pessoas com deficiência e idosas. Outro ponto de preocupação é o fato de as mudanças anunciadas terem o nítido objetivo de limitar o acesso ao benefício e reduzir sua cobertura, representando mais uma barreira para que pessoas idosas e com deficiência acessem um direito conquistado através de lutas coletivas. Lutas essas também personalizadas através das mulheres cuidadoras”. O Conselho Federal de Assistência Social também se manifestou contra o pacote do Ministério da Fazenda, alertando que cortes no BPC geram fome. Interessante que em 2019 o PT também se colocou contra este tipo de medida. O que mudou de lá para cá?

A Faria Lima grita que sem ajustes atrás de ajustes fiscais a economia vai quebrar, enquanto que não se pronuncia sobre as inúmeras renúncias e benefícios fiscais que as grandes indústrias e o agronegócio têm, e muito menos sobre os altíssimos juros da dívida pública. Esse pacote anunciado por Haddad faz coro ao que a Faria Lima quer e esmaga a camada mais vulnerável da população, além de que, como o próprio ministro afirmou, se forem necessários mais cortes, serão feitos. E enquanto o NAF perdurar, acreditem, isso vai acontecer, pois o governo enfrenta um dilema ao tentar conciliar duas agendas econômicas contraditórias: uma voltada para distribuição de renda e estímulo ao crescimento, e outra que busca reduzir a presença do Estado na economia, como exigido pelo arcabouço fiscal e a Faria Lima. A desigualdade é intrínseca ao sistema capitalista, mas pode ser atenuada com escolhas orçamentárias que priorizem as políticas públicas, o que não é o caso do pacote anunciado por Haddad.

 

¨      Cortes de militares são somente 2,8% do total do pacote

Na contramão do vídeo que satirizou os “privilégios” das Forças Armadas em meio à inclusão deles nos cortes de gastos do governo, as reduções para os militares representam somente 2,8% do total que o país iria cortar em todos os benefícios.

No início do mês, a Marinha divulgou um vídeo no qual fazia uma sátira às críticas de que os militares recebiam privilégios. Em imagens que intercalavam militares trabalhando e se esforçando em comparação a civis descansando e em festas, uma militar questiona, ao final do vídeo: “Privilégios? Vem pra Marinha!”.

O vídeo foi transmitido na Praça dos Três Poderes, durante a cerimônia militar de troca do Pavilhão, que substitui a bandeira, e é realizada uma vez por mês. Também foi divulgado nas redes sociais. E foi produzido diante dos questionamentos de benefícios obtidos por militares, sobretudo em relação às aposentadorias.

Os militares têm, por exemplo, uma aposentadoria de 35 anos de serviço, independentemente da idade que começa a prestar serviço. Além disso, pensões dadas a familiares de militares na reserva e outros benefícios são distoantes de qualquer trabalhador civil, até mesmo os funcionários públicos, que já são apontados por receber mais benefícios que trabalhadores CLT.

Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário

No pacote de cortes enviado ao Congresso, a equipe econômica de Fernando Haddad, ministro da Fazenda de Lula, incluiu a idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares, que passam à reserva, e uma taxa de 9% sobre o tempo de serviço restante.

Além disso, a proposta coloca fim ao pagamento da pensão para os “mortos fictícios”, que são pensões pagas a familiares de militares que foram expulsos das Forças Armadas por crimes e infrações. Essa remuneração ultrapassa R$ 20 milhões ao ano, somente no Exército.

Ainda, cônjuges ou filhos de um militar falecido recebem pensões, mas elas ainda poderiam ser transferidas a outros parentes mais distantes, em caso de mortes dos mesmos. O pacote do governo também cancela essa transferência de pensão a dependentes.

Por último, a equipe econômica decidiu incluir um desconto de 3,5% da remuneração dos militares que será destinado ao fundo de saúde militar.

As medidas incomodaram militares, que decidiram produzir o vídeo e transmiti-lo na cerimônia na frente da Praça dos Três Poderes, no dia 1º de dezembro.

O gesto foi mal visto por membros do governo, uma vez que o presidente usou as semanas prévias para articular junto a ministros de governo, lideranças partidárias e oposição no Congresso, membros do Judiciário e as próprias Forças Armadas para chegar a consensos nos cortes de gastos.

Mas, conforme levantamento do Uol, os cortes que os militares sofrerão no pacote enviado ao Congresso, caso aprovado em seu texto, são mínimos em comparação a outros setores e categorias.

Do total de R$ 70 bilhões calculados de cortes que serão economizados nos próximos 2 anos, somente R$ 2 bilhões se referem aos ajustes envolvendo as Forças Armadas.

 

Fonte: Outras Palavras

 

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