'Coalizão do
extermínio': apoio dos EUA a Israel é incondicional e bipartidário, diz
analista
A Casa Branca se
prepara para receber o governo republicano do presidente Donald Trump enquanto
se despede da administração democrata de Joe Biden. Em meio às expectativas
envoltas na transição, o futuro, no que diz respeito às relações com Israel,
deve ser previsível, haja vista a parceria histórica entre os países.
Em entrevista
ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, especialistas comentaram a
perspectiva para o governo Trump em relação ao apoio a Israel no conflito na
Faixa de Gaza, que já dura mais de 400 dias desde a escalada em 7 de outubro de
2023.
Para Marcos Feres,
brasileiro-palestino e secretário de Comunicação da Federação Árabe Palestina
do Brasil (Fepal), o apoio dos Estados Unidos a Israel é "incondicional,
bipartidário e mais antigo do que a própria autoproclamação de Israel, como
projeto colonial e genocida na Palestina em 1948".
Segundo o analista,
assim como os EUA foram "a primeira potência a reconhecer a
autoproclamação de Israel em maio de 1948", durante a campanha para as
últimas eleições presidenciais norte-americanas, o que se viu foi
"uma disputa entre Kamala Harris e Trump para ver quem era mais
sionista, quem apoiava mais o genocídio e quem
mandaria mais armas",
diz.
<><> De
Biden para Trump, de democrata para republicano: o que muda?
Embora sejam
partidos de oposição, democratas e republicanos servem ao apoio irrestrito dos
EUA a Israel, mudando um pouco a "roupagem", acredita Feres.
Karina Calandrin,
professora de relações internacionais do Ibmec São Paulo, afirma que ambos os
partidos apoiam Israel, mas há "um apoio retórico maior dos
republicanos e um apoio financeiro maior dos democratas".
O governo do
ex-presidente democrata Barack Obama, por exemplo, foi responsável por aprovar
o maior aporte financeiro a Israel. Esse acordo, que já atravessou governos de
ambas as legendas, prevê o envio de US$ 38 bilhões (R$ 231,3 bilhões)
até 2028.
"O presidente
Obama era muito crítico às ações de Israel, mas foi no seu governo que foi
aprovado o número maior de ajuda financeira da história dos Estados Unidos para
uma nação estrangeira", explica.
O eminente
apoio financeiro
ao parceiro do Oriente Médio acontece desde 1970, ou seja, segundo a
professora, isso mostra que essa ajuda aconteceria independentemente da guerra.
Sobre o discurso
republicano mais acintoso em relação aos democratas que, segundo os analistas,
costumam adotar um tom mais crítico nas palavras, Feres acredita, tratando-se
de Trump, ser uma marca para mostrar à sua base que apoia
mais as ações israelenses do que a oposição.
"O Trump,
quando dá esse tipo de discurso, eu entendo que ele radicaliza muito mais para
a própria base para se mostrar, como eu falei um pouco antes, quem é mais
genocida. Ele quer criar uma ideia de que os democratas não apoiam o suficiente
o genocídio, que não estão ajudando o suficiente, o que é uma mentira", afirma.
Já no que diz
respeito às ações, às práticas, Feres recorda que "este é um
genocídio até o momento democrata" e que, pela postura dura, acabou
angariando apoio do ex-vice-presidente Dick Cheney, republicano e vice de
George W. Bush. "Isso nos dá um pouco essa percepção de um imbricamento
entre essas duas correntes, que são, na verdade, muito parecidas quando o
assunto é a política externa e a política imperialista dos Estados
Unidos".
"Os
democratas, no contexto do genocídio que acontece em Gaza, fizeram talvez um
grande favor a figuras como Dick Cheney, a figuras que representam esse
establishment republicano mais intervencionista, mais violento, que é
naturalizar para o mundo e para a própria base democrata — que teoricamente
seria mais antiguerra — um padrão genocidário que agora será aplicado em outras
guerras genocidas que os Estados Unidos vão conduzir ou financiar",
acrescenta.
Ao fio e ao cabo,
portanto, segundo o secretário de comunicação, trata-se de "uma grande
coalizão do extermínio".
"Ambos se
complementam no fazer crescer uma forma mais violenta e mais genocida a cada
processo de extermínio que conduzem pelo mundo", finaliza Feres.
¨ Netanyahu começa a depor em julgamento que o investiga
por corrupção
O primeiro-ministro
de Israel, Benjamin Netanyahu, compareceu ao Tribunal em Tel Aviv nesta
terça-feira (10/12) para começar a depor em julgamento
que o investiga por corrupção, que já se arrasta desde 2020.
Com isso, ele se
tornou o primeiro dirigente do país a se sentar no banco dos réus.
Além desse
processo, há duas semanas, Netanyahu tem um mandado
internacional de prisão emitido pelo Tribunal
Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra em Gaza.
O premiê responde a
acusações por fraude, quebra de confiança e aceitação de subornos em três casos
separados, conhecidos como Casos 1.000, 2.000 e 4.000.
Comprando cobertura
favorável da mídia
No caso 4000, os
promotores alegam que Netanyahu concedeu favores regulatórios no valor de cerca
de 500 milhões de dólares à Bezeq Telecom Israel.
A concessão foi em
troca de cobertura favorável para si e sua esposa em um site noticioso
controlado pelo ex-presidente da empresa, Shaul Elovitch.
Já na investigação
1000, Netanyahu é acusado de receber quase 120 mil dólares em presentes, como
charutos e champanhe de Arnon Milchan, de um produtor de Hollywood e cidadão
israelense, e do empresário bilionário australiano James Packer.
Em troca, ele
ajudou ambos em seus interesses comerciais.
Por fim, no caso
2.000, ele é acusado de ter negociado com Arnon Mozes, dono do jornal
israelense Yedioth Ahronoth, um acordo para obter uma cobertura favorável
em troca de leis que desacelerassem o crescimento de um jornal rival.
<><> Sem
renúncia no horizonte
Apesar das
evidências, Netanyahu não terá que renunciar porque, em Israel, um
primeiro-ministro só precisa reiniciar se for condenado.
Seu julgamento deve levar
meses e, caso condenado, ainda poderá apelar e manter o cargo enquanto o
processo é decidido.
Em Israel, suborno
acarreta penas de até 10 anos de prisão. E fraude e perda de confiança de até
três anos.
Ele nega todas as
acusações dizendo que são estratégias de perseguição orquestrada por uma mídia
e um sistema judicial tendenciosos.
Mas nos três
processos foram incluídas evidências de 120 testemunhas de acusação.
<><> 18
horas semanais de depoimento
Para responder a
essas evidências, Netanyahu será interrogado em primeira instância durante
dezenas de horas por seu advogado de defesa, Amit Hadad.
A previsão é que
seu depoimento ocorra durante seis horas por dia, três vezes na semana.
Diante desse
panorama, muitos questionam se Netanyahu conseguirá conduzir um país que está
em guerra em várias frentes e ainda administrar potenciais novas ameaças
regionais.
Após diversos
adiamentos – o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 tirou o
julgamento da agenda – o Tribunal israelense rejeitou o pedido dos advogados
para reduzir o horário de depoimento
Embora na noite
anterior Netanyahu tenha divulgado um vídeo em que se dizia muito satisfeito em
depor, ele tentou ao máximo evitar esse momento e, até a véspera, seus aliados
políticos pressionavam para adiar seu depoimento.
<><> Campanha
para desacreditar o Judiciário
Depois da vitória
de Netanyahu nas eleições de 2022, seu partido lançou uma campanha para
restringir os poderes do Tribunal, o que desencadeou protestos em massa no
país.
Com a guerra, o
julgamento saiu da agenda e Netanyahu abandonou a retórica contra o Judiciário,
mas retomou-a nas últimas semanas ante a iminência do seu depoimento.
Dezenas de
manifestantes estiveram reunidos nas portas do Tribunal.
Alguns protestavam
contra ele, incluindo familiares dos reféns mantidos em Gaza, enquanto outros
prestavam seu apoio a Netanyahu.
¨ Rússia não entende qual parte das Colinas de Golã
Israel considera sua, diz enviado russo na ONU
A Rússia está
registrando declarações contraditórias de Israel sobre o status das Colinas de
Golã e não entende qual parte deste território Israel considera sua parte
integral, disse o embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU),
Vasily Nebenzia.
"Ouvimos
mensagens conflitantes vindas de Israel. [...]O embaixador israelense enviou
uma carta dizendo que essas são decisões temporárias, dado o vácuo que ocorreu
lá. E então [o primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu na entrevista
coletiva apontou as Colinas de Golã como parte integral de Israel. Mas
agora não sabemos qual parte das Colinas de Golã ele considera parte integral
de Israel, com elas violando a zona tampão", disse Nebenzia aos
repórteres.
No domingo (8),
Netanyahu disse que o acordo alcançado logo após a Guerra do Yom Kippur de 1973
(também conhecida como Guerra do Ramadã) não era mais válido porque as
forças sírias haviam deixado suas posições. Netanyahu ordenou que as Forças de
Defesa de Israel (FDI) assumissem
"temporariamente" uma zona tampão nas Colinas de Golã.
O Conselho de
Segurança das Nações Unidas (CSNU) estava "mais ou menos" unido sobre
a necessidade de preservar a integridade territorial da Síria e garantir
a segurança dos civis,
bem como o fluxo de ajuda humanitária para os necessitados, disse Vasily
Nebenzia.
"E o Conselho,
eu acho, estava mais ou menos unido sobre a necessidade de preservar a
integridade territorial e a unidade da Síria, para garantir a proteção dos
civis, para garantir que a ajuda humanitária esteja chegando à população
necessitada", disse Nebenzia aos repórteres, acrescentando que as
consultas do CSNU sobre a Síria foram positivas.
Ele também observou
que todos, incluindo os membros do Conselho, ficaram surpresos com os
eventos na Síria. Ao mesmo tempo, Nebenzia disse que é necessário
esperar,
observar e avaliar como a situação no país se desenvolverá.
O
CSNU discutiu a necessidade de criar um documento sobre a situação na
Síria, e sua publicação pode ocorrer nos próximos dias, disse Nebenzia.
"Estávamos
falando sobre a necessidade de elaborar um documento pelo Conselho, não hoje.
Quero dizer, ninguém estava pronto para isso hoje, mas acho que nos
próximos dias, espero que mais cedo ou mais tarde, veremos um", disse
Nebenzia aos repórteres.
Grupos
armados de oposição sírios dominaram Damasco no domingo (8). O
primeiro-ministro sírio Mohammad Ghazi al-Jalali disse que ele e outros 18
ministros decidiram permanecer na capital. Al-Jalali também disse
que estava em contato com os líderes de grupos militantes que
entraram na cidade. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que o
presidente sírio Bashar al-Assad renunciou e deixou a Síria após negociações
com alguns participantes do conflito sírio.
¨ Israel reavalia seu papel regional após queda de Assad
Desde a queda do ditador
Bashar al Assad,
Israel está observando de perto o que ocorre na Síria. Como frisam
analistas, as mudanças no país em revolução apresentam tanto oportunidades
quanto riscos.
Nesta terça-feira
(10/12), o país informou que já atingiu mais de 350 alvos da
infraestrutura militar síria nos últimos dois dias, inclusive bases aéreas, a
frota naval de guerra e presumíveis locais de desenvolvimento de foguetes de
longo alcance e de armazenamento de armas químicas. Um dos alvos se localiza na
capital Damasco.
Segundo o ministro
israelense do Exterior, Gideon Saar, o objetivo foi evitar que os armamentos
caiam em mãos de terroristas. As forças de Israel se deslocaram para uma
zona-tampão desmilitarizada que separa os dois países, patrulhada por tropas de
paz das Nações Unidas.
Depois, os soldados
atravessaram essa zona-tampão, que fica a cerca de 40 quilômetros de Damasco,
ou seja: penetraram mais fundo na Síria do que em qualquer ocasião desde 1974,
quando os dois países assinaram o Acordo de Desengajamento. Na manhã desta
terça-feira, as tropas israelenses estavam a apenas 25 quilômetros da capital
Síria, segundo a agência de notícias Reuters.
O primeiro-ministro
de Israel, Benjamin Netanyahu, explicou que a
operação era necessária, porque as Forças Armadas sírias – expressamente leais
a Assad – haviam se retirado da área, o que significou "o colapso do
acordo de 1974".
Ele acrescentou que
a medida era temporária, só sendo mantida até que haja um novo pacto.
"Estabelecer relações de vizinhança pacíficas com as novas forças
emergindo na Síria é o nosso desejo. Mas se não for possível, faremos todo o
necessário para defender o Estado de Israel e suas fronteiras."
Contudo Netanyahu
ressalvou que "Golã será parte do Estado de Israel por toda a
eternidade". Os israelenses ocuparam as Colinas de Golã em 1967,
anexando-as em 1981. Com exceção dos Estados Unidos, a comunidade internacional
considera a região síria, e sua ocupação, ilegal.
<><> Críticas
crescentes a avanço israelense na Síria
A penetração de
Israel na Síria tem sido alvo de críticas internacionais: para a Organização
das Nações Unidas, ela viola o Acordo de Desengajamento. Até mesmo os EUA, o
aliado mais ferrenho do país, insiste que a operação seja apenas temporária. O
Ministério do Exterior da vizinha ao norte Jordânia condenou a mobilização;
enquanto para o da Arábia Saudita, as operações militares israelenses levam a
crer que o país está determinado a "sabotar as chances da Síria de
recuperar sua segurança, estabilidade e integridade territorial".
"Mesmo que
seja temporário, qual é o propósito?", questiona o reitor da Universidade
de Tel Aviv, Eyal Zisser, especialista em assuntos sírios. "Posso entender
por que se bombardeie e destrua armamentos químicos que foram abandonados pelo
regime da Síria, mas não seguir adiante com as tropas. O clima na Síria não é
contra Israel, não é voltado em absoluto na sua direção, ninguém o menciona.
Então, por que forçar sua presença nesse quadro?"
"A queda de
Assad é, para o Oriente Médio, o equivalente à queda do Muro de Berlim",
resumiu Nadav Eyal no jornal Yedioth Ahronoth de domingo. "Não
por causa dele, um ditador fraco e fracassado, mas por aquilo que ele emblema.
O Hezbollah foi duramente
derrotado por Israel, e os iranianos também levaram uma surra – e eles temiam
uma derrota humilhante na Síria."
O jornalista frisou
que grande parte dos serviços de inteligência israelenses, inclusive o militar,
foram surpreendidos pela velocidade com que o regime sírio caiu: "Foi uma
surpresa para todo mundo, especialmente para Bashar al Assad, os iranianos, a Rússia
e o Hezbollah", confirma o analista Zisser.
"Eu gostaria
de enfatizar que não foi uma revolução, protesto ou revolta. Foi a invasão por
um exército formado por [líder rebelde Abu Mohammed] al Golani, sob os
auspícios da Turquia." O "lado positivo" para Israel seria que
"Bashar al Assad era um elo crítico entre o Irã e o Hezbollah, e agora o
Irã não tem mais respaldo sírio. Então é uma evolução importante."
<><> Sem
Assad, Israel diante de uma incógnita
Uma opinião
corrente em Israel é que os avanços do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) de Golani e
de outros grupos aliados não teriam acontecido sem apoio israelense. Segundo
Netanyahu, desde que o grupo militante Hamas, sediado na Faixa de Gaza, atacou
seu país, em 7 de outubro de
2023,
Tel Aviv tem trabalhado "de modo sistemático, calculado e organizado"
para desmembrar os aliados do Hamas no eixo iraniano.
O chefe de governo
repetiu sua afirmativa de que a queda de Assad foi "o resultado direto dos
pesados golpes que demos no Hamas, Hezbollah e Irã", e que Israel está
"transformando a fisionomia do Oriente Médio". "Isso não teria
acontecido sem a derrota do Irã e do Hezbollah no Líbano", escreveu Amos
Harel no diário israelense Haaretz. "Os rebeldes da Síria
identificaram a debilidade e confusão do eixo iraniano, e se apressaram para
atingir seu elo fraco."
Analistas atribuem
o fim extraordinariamente sumário do regime Assad não apenas ao enfraquecimento
dos grupos associados ao Irã: a Rússia também tem sido aliada da família Assad
há anos, mantém uma importante base naval na Síria, e em 2015 interveio na
guerra civil local com maciças ofensivas aéreas.
Entretanto no
momento os russos estão sobrecarregados com
a Ucrânia,
tendo devolvido ao Leste da Europa grande parte de seus aviões de combate. E
aparentemente não estavam dispostos a intervir mais uma vez. Em compensação,
ofereceram asilo a Assad e família, os quais atualmente, ao que tudo indica, se
encontram em Moscou.
Embora por enquanto
os perigos representados pelo Irã e o Hezbollah possam ter diminuído, no longo
prazo o próximo governo sírio ainda pode impor uma série de ameaças a Israel.
Grupos como o HTS são têm raízes profundas na ideologia extremista, sendo
difícil prever seu comportamento no curto prazo.
"No longo
prazo, com Bashar al Assad a gente sabia exatamente o que estava ocorrendo,
pelo menos nas Colinas de Golã", observa Zisser. "Agora é uma
incógnita. E o povo de Israel está preocupado, exatamente como a Jordânia e
outros países."
· Israel
chega a 25km de Damasco, na Síria, sem resposta dos mercenários que tomaram o
país
Tanques, caminhões e tropas
de infantaria sionistas já chegaram a 25 quilômetros (km) de Damasco,
capital síria, como resultado da invasão iniciada no dia 8 de dezembro após
a ofensiva mercenária do grupo Tahrir al-Sham (HTS) no país árabe. Aviões
israelenses bombardearam o país 480 vezes entre os dias 8 e 11 de dezembro como
parte do assalto israelense que ocorre sem resposta dos mercenários.
Os ataques destruíram várias
instalações militares, com o objetivo central de obliterar a capacidade militar
e bélica de defesa do país árabe e facilitar a ocupação e anexação dos
territórios por parte do Estado sionista.
Até a Marinha sionista está envolvida na invasão.
Navios israelenses destruíram, no dia 10/12, duas instalações navais sírias
onde 15 embarcações estavam estacionadas e dezenas de mísseis mar-a-mar estavam
depositados.
A invasão sionista na Síria existia desde 1967, quando
as tropas invasoras tomaram as Colinas de Golã. Depois da ofensiva mercenária,
as forças de ocupação avançaram contra a zona de tampão desmilitarizada entre
as Colinas de Golã e o território sírio, criada em 1974, por um acordo mediado
pela Organização das Nações Unidas (ONU). Agora, elas avançam em direção à
Damasco. Nas redes sociais, circulam vídeos em que soldados israelenses
debocham da facilidade com que invadem o território. “Damasco? Quero ir para
Damasco!”, diz um soldado, enquanto finge que pede carona para outros dois
militares em um caminhão militar. “Claro! Pode subir!”, responde o carona.
O primeiro-ministro
sionita, Benjamin Netanyahu, afirmou que a queda de
Assad foi resultado das ações de Israel contra o “Eixo do Mal” (forma como
Israel chama o Eixo da Resistência, aliança informal do Irã, Hezbollah, Hamas e
movimento Ansarallah) e que Israel está “mudando a cara do Oriente Médio”.
Apesar disso, as tropas do
HTS não realizaram movimentos contra Israel, uma prova de que a ofensiva
mercenária, apesar de ter usado de interesses populares contra o regime
reacionário de Bashar Al-Assad para se alçar, não
atende os interesses do povo e da Nação síria e está servindo principalmente
aos interesses do Estado sionista e do Estados Unidos, que querem retalhar a
Síria. A Turquia também é beneficiada, uma vez que as tropas do Exército Nacional Sírio (ENS), apoiado pelo
regime turco, estão massacrando os curdos na Síria – o que interesse à Turquia
porque os curdos, na luta pela proclamação do Curdistão entre o Iraque, Turquia
e Síria, usam as bases que tem na Síria para potenciar a luta armada na
Turquia.
No primeiro discurso após a
derrubada de Assad, o líder do HTS, Abu Mohammed al-Julani disse que quer minar
a influência iraniana e do Hezbollah na Síria, apesar de nem o Irã e nem o
Hezbollah terem interesse em ocupar, retalhar e anexar o território sírio, como
faz Israel.
O Hezbollah classificou o
que ocorreu na Síria como uma ação “perigosa” e denunciou o “apoio
incondicional do EUA” à ofensiva mercenária. Em denúncia às ações imperialistas
e colonialistas na Síria, o líder do partido patriótico libanês, Naim Qassem,
exigiu medidas decisivas para bloquear as ambições israelenses e afirmou que
“os acontecimentos na Síria hoje – tanto políticos quanto populares – e as
decisões resultantes, interna e externamente, são exclusivamente direito do
povo sírio, livre de pressões e influências externas”.
Fonte: Sputnik
Brasil/Opera Mundi/A Nova Democracia/DW Brasil
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