terça-feira, 10 de dezembro de 2024

30% dos brasileiros sofrem com burnout: entenda como a segurança psicológica pode reverter o alto índice da doença

A busca por ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis nunca foi tão urgente. Não à toa, 30% dos brasileiros são vítimas do burnout, segundo dados da Associação Nacional de Medicina do trabalho (Anamt). Com o aumento de casos de esgotamento mental no ambiente corporativo, o conceito de segurança psicológica se torna cada vez mais relevante para empresas que buscam promover o bem-estar de seus colaboradores. Para a professora da HumanSA,PatriciaAnsarah, a segurança psicológica é um novo pilar do ambiente corporativo.

“Segurança psicológica é um fenômeno que se estabelece quando todos os membros de uma equipe se sentem seguros para serem eles mesmos, expressarem suas ideias e assumirem riscos, sem medo de punição ou humilhação. É fundamental para fomentar a diversidade e a inclusão empresarial nas empresas”, pontua Patricia que é professora do curso de Segurança Psicológica na Human.

Segundo um relatório da Deloitte, funcionários que se sentem à vontade para serem autênticos, sem medo de retaliação, são 70% mais propensos a acreditar que suas ideias serão valorizadas. Essa liberdade para se expressar não apenas aumenta a inovação e a criatividade, mas também contribui para a retenção de talentos, uma vez que colaboradores satisfeitos tendem a permanecer na empresa.

Além disso, a segurança psicológica pode servir como um forte aliado na resolução de conflitos e na melhoria da comunicação interna. “Ambientes onde os funcionários se sentem seguros são mais propensos a cultivar um clima de colaboração, onde a crítica construtiva é bem-vinda e as opiniões são compartilhadas de maneira respeitosa. Isso resulta em equipes mais coesas e eficientes, capazes de enfrentar desafios com resiliência” ressalta a professora.

<><>Desafios na implementação da Segurança Psicológica

Os desafios para implementar a segurança psicológica nas empresas envolvem mudanças profundas nas estruturas organizacionais, muitas vezes hierárquicas e rígidas, que não estimulam a abertura e a colaboração. Ansarah aponta que “superar esses desafios requer uma mudança de mentalidade tanto da liderança quanto dos colaboradores, e um compromisso contínuo com a criação de ambientes seguros e propícios ao aprendizado”. Ela destaca ainda que o sucesso dessas iniciativas está diretamente ligado ao engajamento e à disposição de líderes e equipes em compartilhar suas experiências e aprendizados.

 

¨      Equilíbrio emocional e ambiente saudável refletem em maior produtividade

Considerando as pressões do mercado de trabalho, manter o equilíbrio emocional tornou-se uma habilidade essencial para profissionais de todos os setores. Essa competência, muitas vezes negligenciada, tem impacto direto na saúde mental e no desempenho profissional. O autoconhecimento e o autocontrole ajudam o colaborador a lidar com exigências e prazos apertados, mas também promovem um ambiente mais harmonioso e produtivo. 

Estudos recentes demonstram que a inteligência emocional pode ser um fator determinante para evitar o estresse crônico e o esgotamento mental, conhecidos como Síndrome de Burnout, condição que já afeta milhões de trabalhadores globalmente. Ao mesmo tempo, promover um ambiente corporativo saudável é fundamental.

Segundo dados da Previdência Social, cerca de 30% dos afastamentos do trabalho no Brasil são causados por transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Profissionais que desenvolvem habilidades para gerir suas emoções, em geral, conseguem evitar doenças e construir relações saudáveis. Se o ambiente não é tóxico, ao dominar técnicas de controle emocional, o profissional se torna mais resiliente, menos propenso a reações impulsivas e mais focado em soluções.

De acordo com  Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional com quase 30 anos de experiência e embaixadora da orienteme, plataforma que oferece soluções integradas para promover a saúde, bem-estar e produtividade, a inteligência emocional é a habilidade de entender as próprias emoções e trabalhá-las de forma a construir relações mais harmônicas. “Essa prática é fundamental para enfrentar o estresse diário e alcançar um sucesso genuíno, que respeita nossos limites e nos aproxima de uma vida equilibrada,” comenta.

<><>Práticas que auxiliam a saúde mental

Além da inteligência emocional, práticas que promovem o autoconhecimento são extremamente eficazes no desenvolvimento do equilíbrio emocional. Nesse sentido, terapias e atividades de mindfulness (atenção plena) são ferramentas amplamente utilizadas para melhorar a gestão das emoções. As práticas auxiliam o indivíduo a focar no momento presente, evitando que pensamentos negativos e estressores externos interfiram na produtividade. “A prática de mindfulness, por exemplo, ajuda os profissionais a observarem suas próprias emoções e reações, desenvolvendo a capacidade de agir de forma mais controlada e menos reativa”, pontua.

Outro ponto importante para alcançar o equilíbrio emocional é incentivar a empatia no ambiente de trabalho. Ela envolve a capacidade de se colocar no lugar do outro considerando seu contexto e compreender as reais necessidades e dificuldades a partir de outro ponto de vista, sem julgamentos. Profissionais empáticos tendem a lidar melhor com conflitos e a construir relações mais saudáveis e colaborativas.

“Em um ambiente empático, tanto gestores quanto equipes se sentem mais à vontade para compartilhar suas preocupações e desafios, contribuindo para um clima organizacional positivo”, completa a especialista. O autocuidado também é um aspecto indispensável do equilíbrio emocional. Manter uma rotina de cuidados físicos, como prática regular de exercícios e uma alimentação balanceada, pode refletir diretamente no bem-estar, já que essas práticas liberam substâncias como endorfina e serotonina, promovendo relaxamento.

As empresas têm, também, um papel essencial na promoção da saúde mental e dos seus colaboradores. Investir em programas, oferecer treinamentos em inteligência emocional e proporcionar pausas e ambientes de descompressão são algumas das iniciativas que promovem uma cultura de cuidado e respeito às necessidades emocionais dos funcionários. Empresas que valorizam a saúde mental de suas equipes conseguem observar, na prática, uma série de benefícios, como a redução do turnover, a diminuição do absenteísmo e o aumento da produtividade.

 

¨      Maturidade e experiência faz com que executivos busquem um equilíbrio entre carreira e vida pessoal

Executivos experientes têm se voltado cada vez mais para uma reflexão sobre como equilibrar ambição profissional e bem-estar pessoal. Com o passar dos anos, o questionamento sobre o uso do tempo e a relevância das motivações pessoais na carreira ganha importância, o que coloca em evidência uma nova abordagem nos negócios.

Uma pesquisa da Deloitte destaca essa mudança recente, mostrando que atualmente 61% dos executivos priorizam o bem-estar como um valor central. Além disso, 84% dos entrevistados afirmaram que melhorar sua saúde mental, física e financeira é uma prioridade máxima. Esses dados refletem a busca por uma vida profissional mais integrada, em que o sucesso não está apenas nas metas atingidas, mas também em uma relação mais harmoniosa com o tempo e com a própria trajetória.

O cenário contrasta com o de uma década atrás, quando apenas 25% das empresas tinham programas voltados à saúde integral e a saúde mental raramente entrava na pauta corporativa. A pandemia acelerou essa mudança, conectando o desempenho das empresas ao bem-estar dos funcionários.

Andrea Eboli, estrategista de negócios com mais de 25 anos de experiência, comenta sobre essa mudança de perspectiva. “O amadurecimento traz uma nova visão sobre o que significa realmente conquistar. Não é mais só sobre bater metas, mas sobre viver de forma alinhada aos próprios valores e interesses, mantendo um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”, afirma Eboli.

<><>Redescobrindo o valor do tempo

A forma como os executivos percebem o tempo também muda com a maturidade. Para muitos, o conceito vai além das horas de trabalho e passa a englobar a percepção de oportunidades pessoais deixadas de lado. Esse entendimento marca o início de uma nova fase, onde se procura valorizar o tempo de forma mais consciente e estratégica.

Andrea Eboli destaca essa transição como um momento de reavaliação pessoal. “Essa segunda fase permite aos profissionais resgatarem partes de si que foram deixadas de lado em prol do trabalho. Esse processo é um convite à autodescoberta e ao autoconhecimento. As pessoas percebem suas vidas como uma estrutura de vários pilares e eles precisam estar alinhados para ela fique de pé da forma adequada”, observa Eboli.

Líderes que abraçam essa visão tendem a repensar suas escolhas e metas. Muitos que investiram décadas na construção de suas carreiras agora buscam expandir suas atividades, explorando momentos de lazer ou novos interesses. Esse equilíbrio gera benefícios tanto na vida pessoal quanto no ambiente corporativo, em que líderes mais conscientes tendem a trazer estímulos de qualidade de vida para suas equipes.

<><>Uma vida integral como pilar da liderança

Executivos que atravessam essa transição na carreira relatam uma mudança em seu estilo de liderar. Andrea Eboli acredita que, ao priorizar o bem-estar, esses líderes criam uma cultura mais acolhedora e produtiva nas empresas.

“Liderar a partir de uma visão de vida mais integral, além do trabalho, gera uma conexão mais humana com a equipe, e esse impacto positivo se reflete em resultados. É uma liderança que vai além da gestão de processos e busca uma transformação no dia a dia”, ela explica.

Para que essa abordagem se concretize, os executivos podem começar revisitando seus valores e identificando quais aspectos da vida precisam de mais atenção. Priorizar atividades que estejam em sintonia com essas prioridades é um primeiro passo para manter um equilíbrio saudável. Incorporar práticas diárias, como meditação, exercícios físicos ou momentos de reflexão também pode auxiliar a reduzir o estresse e aumentar a capacidade de liderança, preparando-os para decisões mais conscientes.

Além disso, é importante que os líderes se permitam desenvolver interesses fora do ambiente de trabalho. Dedicar tempo a hobbies ou atividades paralelas enriquece sua perspectiva e contribui para um bem-estar mais completo. Também é benéfico fomentar uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com políticas como horários flexíveis ou apoio à saúde mental. Essas práticas beneficiam as empresas e enriquecem a vida dos líderes, que passam a encontrar um novo significado em suas trajetórias.

“No final, o tempo não é só o que já passou, mas também o que ainda temos à frente. A maturidade nos ensina a usá-lo com mais consciência, em busca de uma vida e uma carreira que realmente façam sentido”, conclui Eboli.

 

¨      Como reduzir o impacto da tristeza e do estresse no trabalho e na vida pessoal

Um estudo recente da consultoria Gallup, intitulado “Stateofthe Global Workplace”, revelou um cenário preocupante sobre a saúde emocional dos trabalhadores brasileiros. De acordo com os dados, 46% dos trabalhadores no Brasil estão estressados, 25% relatam tristeza frequente e 18% demonstram raiva. A pesquisa, que entrevistou 128 mil funcionários em mais de 160 países, também posiciona o Brasil em quarto lugar na América Latina em termos de sentimentos de tristeza e raiva, e em sétimo lugar quando se trata de estresse.

De acordo com a empresária, especialista em gestão e liderança e diretora da Febracis Paraná, Daniella Kirsten, as emoções desempenham um papel central em como interagimos com o mundo ao nosso redor, tanto na esfera pessoal quanto profissional. “Saber identificar e compreender as emoções é essencial para melhorar o bem-estar e a qualidade das relações, além de influenciar diretamente o desempenho no trabalho. Muitas vezes, emoções como tristeza, raiva e frustração surgem de forma automática, mas quando não são identificadas e gerenciadas adequadamente, podem escalar e impactar negativamente a vida do indivíduo”, afirma.

<><>A importância de identificar as emoções

Em um ambiente de alta pressão e desafios constantes, como o corporativo, emoções não gerenciadas podem levar a conflitos interpessoais, queda de produtividade, procrastinação e até mesmo à síndrome de burnout. Já quando conseguimos identificar e dar nome às nossas emoções, abrimos a possibilidade de lidar com elas de forma consciente e saudável. “A capacidade de reconhecer os próprios sentimentos é um dos primeiros passos para o desenvolvimento da inteligência emocional, uma habilidade fundamental para o equilíbrio nas esferas pessoal e profissional. Reconhecer quando estamos tristes, frustrados ou estressados nos permite tomar medidas proativas para equilibrar essas emoções, seja por meio de técnicas de respiração, prática de mindfulness ou mesmo diálogo com colegas ou superiores. A chave está em não reprimir os sentimentos, mas sim em reconhecê-los e usá-los como guias para entender o que está acontecendo em nossa mente e em nosso corpo”, explica a coach.

Identificar as emoções também contribui para melhorar os relacionamentos interpessoais, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, pois quando compreendemos o que estamos sentindo e por que estamos reagindo de determinada maneira, é mais fácil comunicar essas emoções de forma clara e não agressiva, evitando mal-entendidos, promovendo a empatia e gerando uma dinâmica mais positiva com as pessoas ao redor. “A tristeza, por exemplo, pode ser uma reação a um fracasso ou a um sentimento de estagnação, mas ao reconhecer isso, o indivíduo pode encontrar formas de dar um novo significado ao seu trabalho ou à sua vida pessoal, transformando a tristeza em um motor para mudanças e crescimento. Da mesma forma, emoções como raiva e frustração muitas vezes indicam que algo está fora de alinhamento, seja um desrespeito a limites pessoais ou uma desconexão com o propósito profissional”, reforça Daniella.

<><>A influência de fatores externos

Fatores externos, como instabilidade econômica, insegurança no mercado de trabalho, pressão por resultados e sobrecarga de responsabilidades afetam significativamente a saúde emocional dos trabalhadores, intensificando sentimentos de tristeza, estresse e raiva. “Esses fatores geram ansiedade, frustração e, em casos mais graves, esgotamento emocional, prejudicando o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Essas pressões impactam diretamente a subjetividade do trabalhador, exacerbando emoções pré-existentes e podendo desencadear condições como depressão e burnout, afetando também as relações pessoais e a qualidade de vida”, explica a coach.

Nesse cenário, Daniella indica que práticas como mindfulness, a busca por propósito e inteligência emocional são ferramentas valiosas, pois ajudam o trabalhador a identificar e compreender os sentimentos e as influências externas que afetam o bem-estar, possibilitando que a pessoa recupere o controle sobre suas emoções e suas reações diante de fatores adversos. “Diante de um cenário onde a tristeza, a raiva e o estresse estão cada vez mais presentes no cotidiano dos brasileiros, a adoção de práticas que promovam bem-estar emocional é uma necessidade urgente. Seja no ambiente corporativo ou na vida pessoal, o equilíbrio emocional é fundamental para um desempenho mais saudável e produtivo. Entre algumas técnicas, o mindfulness ajuda as pessoas a focarem no presente, promovendo uma resposta mais equilibrada aos desafios diários e a inteligência emocional complementa essa prática ao ensinar a identificar e gerenciar emoções, como raiva e frustração. Além disso, a busca pelo propósito de vida ajuda a dar significado ao trabalho, aumentando a resiliência diante de dificuldades”, destaca Daniella.

<><>Técnicas que podem ajudar a reduzir a tristeza e o estresse no trabalho e na vida pessoal:

1 – Mindfulness (atenção plena): praticar a atenção plena ajuda a focar no presente, sem julgamentos, o que permite lidar melhor com emoções negativas e estresse.

2 – Meditação guiada: a meditação regular, mesmo por alguns minutos ao dia, pode reduzir os níveis de ansiedade e trazer uma sensação de calma e controle emocional.

3 – Exercícios de respiração: técnicas de respiração profunda ajudam a reduzir a tensão e promover um estado de relaxamento imediato em situações de estresse.

4 – Journaling (escrita terapêutica): escrever sobre as próprias emoções e desafios ajuda a processar sentimentos de tristeza e raiva, proporcionando clareza mental.

5 – Atividade física regular: praticar exercícios físicos libera endorfinas, que são hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, além de reduzir o estresse acumulado.

6 – Gerenciamento de tempo: aprender a organizar o tempo e definir prioridades ajuda a evitar a sobrecarga de tarefas e a consequente ansiedade no trabalho.

7 – Pausas programadas: fazer intervalos regulares durante o trabalho permite descansar a mente e evitar o esgotamento emocional.

8 – Buscar propósito no trabalho: Conectar-se ao significado das atividades profissionais e compreender o impacto positivo do trabalho na vida pessoal pode trazer mais motivação e reduzir o desânimo.

9 – Desenvolvimento da inteligência emocional: aprender a identificar e gerenciar as próprias emoções e a se relacionar melhor com os outros é uma ferramenta valiosa para lidar com frustrações e tensões.

10 – Limites saudáveis: estabelecer limites claros entre a vida pessoal e profissional ajuda a evitar a sobrecarga e a manter o equilíbrio emocional.

 

Fonte: Saúde &Bem Estar

 

Nenhum comentário: