30% dos brasileiros sofrem com burnout: entenda como a segurança
psicológica pode reverter o alto índice da doença
A busca por ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis nunca
foi tão urgente. Não à toa, 30% dos brasileiros são vítimas do burnout, segundo
dados da Associação Nacional de Medicina do trabalho (Anamt). Com o aumento de
casos de esgotamento mental no ambiente corporativo, o conceito de segurança
psicológica se torna cada vez mais relevante para empresas que buscam promover
o bem-estar de seus colaboradores. Para a professora da
HumanSA,PatriciaAnsarah, a segurança psicológica é um novo pilar do ambiente
corporativo.
“Segurança psicológica é um fenômeno que se estabelece quando
todos os membros de uma equipe se sentem seguros para serem eles mesmos, expressarem
suas ideias e assumirem riscos, sem medo de punição ou humilhação. É
fundamental para fomentar a diversidade e a inclusão empresarial nas empresas”,
pontua Patricia que é professora do curso de Segurança Psicológica na Human.
Segundo um relatório da Deloitte, funcionários que se sentem à
vontade para serem autênticos, sem medo de retaliação, são 70% mais propensos a
acreditar que suas ideias serão valorizadas. Essa liberdade para se expressar
não apenas aumenta a inovação e a criatividade, mas também contribui para a
retenção de talentos, uma vez que colaboradores satisfeitos tendem a permanecer
na empresa.
Além disso, a segurança psicológica pode servir como um forte
aliado na resolução de conflitos e na melhoria da comunicação interna.
“Ambientes onde os funcionários se sentem seguros são mais propensos a cultivar
um clima de colaboração, onde a crítica construtiva é bem-vinda e as opiniões
são compartilhadas de maneira respeitosa. Isso resulta em equipes mais coesas e
eficientes, capazes de enfrentar desafios com resiliência” ressalta a
professora.
<><>Desafios na implementação da Segurança
Psicológica
Os desafios para implementar a segurança psicológica nas
empresas envolvem mudanças profundas nas estruturas organizacionais, muitas
vezes hierárquicas e rígidas, que não estimulam a abertura e a colaboração.
Ansarah aponta que “superar esses desafios requer uma mudança de mentalidade
tanto da liderança quanto dos colaboradores, e um compromisso contínuo com a
criação de ambientes seguros e propícios ao aprendizado”. Ela destaca ainda que
o sucesso dessas iniciativas está diretamente ligado ao engajamento e à
disposição de líderes e equipes em compartilhar suas experiências e
aprendizados.
¨ Equilíbrio emocional e ambiente saudável refletem em maior
produtividade
Considerando as pressões do mercado de trabalho, manter o
equilíbrio emocional tornou-se uma habilidade essencial para profissionais de
todos os setores. Essa competência, muitas vezes negligenciada, tem impacto
direto na saúde mental e no desempenho profissional. O autoconhecimento e o
autocontrole ajudam o colaborador a lidar com exigências e prazos apertados,
mas também promovem um ambiente mais harmonioso e produtivo.
Estudos recentes demonstram que a inteligência emocional pode
ser um fator determinante para evitar o estresse crônico e o esgotamento
mental, conhecidos como Síndrome de Burnout, condição que já afeta milhões de
trabalhadores globalmente. Ao mesmo tempo, promover um ambiente corporativo
saudável é fundamental.
Segundo dados da Previdência Social, cerca de 30% dos
afastamentos do trabalho no Brasil são causados por transtornos mentais, como
depressão e ansiedade. Profissionais que desenvolvem habilidades para gerir
suas emoções, em geral, conseguem evitar doenças e construir relações
saudáveis. Se o ambiente não é tóxico, ao dominar técnicas de controle
emocional, o profissional se torna mais resiliente, menos propenso a reações
impulsivas e mais focado em soluções.
De acordo com Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional com
quase 30 anos de experiência e embaixadora da orienteme, plataforma que
oferece soluções integradas para promover a saúde, bem-estar e produtividade, a
inteligência emocional é a habilidade de entender as próprias emoções e
trabalhá-las de forma a construir relações mais harmônicas. “Essa prática é
fundamental para enfrentar o estresse diário e alcançar um sucesso genuíno, que
respeita nossos limites e nos aproxima de uma vida equilibrada,” comenta.
<><>Práticas que auxiliam a saúde mental
Além da inteligência emocional, práticas que promovem o
autoconhecimento são extremamente eficazes no desenvolvimento do equilíbrio
emocional. Nesse sentido, terapias e atividades de mindfulness (atenção plena)
são ferramentas amplamente utilizadas para melhorar a gestão das emoções. As
práticas auxiliam o indivíduo a focar no momento presente, evitando que
pensamentos negativos e estressores externos interfiram na produtividade. “A
prática de mindfulness, por exemplo, ajuda os profissionais a observarem suas
próprias emoções e reações, desenvolvendo a capacidade de agir de forma mais
controlada e menos reativa”, pontua.
Outro ponto importante para alcançar o equilíbrio emocional é
incentivar a empatia no ambiente de trabalho. Ela envolve a capacidade de se
colocar no lugar do outro considerando seu contexto e compreender as reais
necessidades e dificuldades a partir de outro ponto de vista, sem julgamentos.
Profissionais empáticos tendem a lidar melhor com conflitos e a construir
relações mais saudáveis e colaborativas.
“Em um ambiente empático, tanto gestores quanto equipes se
sentem mais à vontade para compartilhar suas preocupações e desafios,
contribuindo para um clima organizacional positivo”, completa a especialista. O
autocuidado também é um aspecto indispensável do equilíbrio emocional. Manter
uma rotina de cuidados físicos, como prática regular de exercícios e uma
alimentação balanceada, pode refletir diretamente no bem-estar, já que essas
práticas liberam substâncias como endorfina e serotonina, promovendo
relaxamento.
As empresas têm, também, um papel essencial na promoção da saúde
mental e dos seus colaboradores. Investir em programas, oferecer treinamentos
em inteligência emocional e proporcionar pausas e ambientes de descompressão
são algumas das iniciativas que promovem uma cultura de cuidado e respeito às
necessidades emocionais dos funcionários. Empresas que valorizam a saúde mental
de suas equipes conseguem observar, na prática, uma série de benefícios, como a
redução do turnover, a diminuição do absenteísmo e o aumento da produtividade.
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Maturidade e
experiência faz com que executivos busquem um equilíbrio entre carreira e vida
pessoal
Executivos experientes têm se voltado cada vez mais para uma
reflexão sobre como equilibrar ambição profissional e bem-estar pessoal. Com o
passar dos anos, o questionamento sobre o uso do tempo e a relevância das
motivações pessoais na carreira ganha importância, o que coloca em evidência
uma nova abordagem nos negócios.
Uma pesquisa da Deloitte destaca essa mudança recente, mostrando
que atualmente 61% dos executivos priorizam o bem-estar como um valor central.
Além disso, 84% dos entrevistados afirmaram que melhorar sua saúde mental,
física e financeira é uma prioridade máxima. Esses dados refletem a busca por
uma vida profissional mais integrada, em que o sucesso não está apenas nas
metas atingidas, mas também em uma relação mais harmoniosa com o tempo e com a
própria trajetória.
O cenário contrasta com o de uma década atrás, quando apenas 25%
das empresas tinham programas voltados à saúde integral e a saúde mental
raramente entrava na pauta corporativa. A pandemia acelerou essa mudança,
conectando o desempenho das empresas ao bem-estar dos funcionários.
Andrea Eboli, estrategista de
negócios com mais de 25 anos de experiência, comenta sobre essa mudança de
perspectiva. “O amadurecimento traz uma nova visão sobre o que significa
realmente conquistar. Não é mais só sobre bater metas, mas sobre viver de forma
alinhada aos próprios valores e interesses, mantendo um equilíbrio entre a vida
pessoal e profissional”, afirma Eboli.
<><>Redescobrindo o valor do tempo
A forma como os executivos percebem o tempo também muda com a
maturidade. Para muitos, o conceito vai além das horas de trabalho e passa a
englobar a percepção de oportunidades pessoais deixadas de lado. Esse
entendimento marca o início de uma nova fase, onde se procura valorizar o tempo
de forma mais consciente e estratégica.
Andrea Eboli destaca essa transição como um momento de
reavaliação pessoal. “Essa segunda fase permite aos profissionais resgatarem
partes de si que foram deixadas de lado em prol do trabalho. Esse processo é um
convite à autodescoberta e ao autoconhecimento. As pessoas percebem suas vidas
como uma estrutura de vários pilares e eles precisam estar alinhados para ela
fique de pé da forma adequada”, observa Eboli.
Líderes que abraçam essa visão tendem a repensar suas escolhas e
metas. Muitos que investiram décadas na construção de suas carreiras agora
buscam expandir suas atividades, explorando momentos de lazer ou novos
interesses. Esse equilíbrio gera benefícios tanto na vida pessoal quanto no
ambiente corporativo, em que líderes mais conscientes tendem a trazer estímulos
de qualidade de vida para suas equipes.
<><>Uma vida integral como pilar da liderança
Executivos que atravessam essa transição na carreira relatam uma
mudança em seu estilo de liderar. Andrea Eboli acredita que, ao priorizar o
bem-estar, esses líderes criam uma cultura mais acolhedora e produtiva nas
empresas.
“Liderar a partir de uma visão de vida mais integral, além do
trabalho, gera uma conexão mais humana com a equipe, e esse impacto positivo se
reflete em resultados. É uma liderança que vai além da gestão de processos e
busca uma transformação no dia a dia”, ela explica.
Para que essa abordagem se concretize, os executivos podem
começar revisitando seus valores e identificando quais aspectos da vida
precisam de mais atenção. Priorizar atividades que estejam em sintonia com
essas prioridades é um primeiro passo para manter um equilíbrio saudável.
Incorporar práticas diárias, como meditação, exercícios físicos ou momentos de
reflexão também pode auxiliar a reduzir o estresse e aumentar a capacidade de
liderança, preparando-os para decisões mais conscientes.
Além disso, é importante que os líderes se permitam desenvolver
interesses fora do ambiente de trabalho. Dedicar tempo a hobbies ou atividades
paralelas enriquece sua perspectiva e contribui para um bem-estar mais
completo. Também é benéfico fomentar uma cultura organizacional que valorize o
equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com políticas como horários
flexíveis ou apoio à saúde mental. Essas práticas beneficiam as empresas e
enriquecem a vida dos líderes, que passam a encontrar um novo significado em
suas trajetórias.
“No final, o tempo não é só o que já passou, mas também o que
ainda temos à frente. A maturidade nos ensina a usá-lo com mais consciência, em
busca de uma vida e uma carreira que realmente façam sentido”, conclui Eboli.
¨
Como reduzir o
impacto da tristeza e do estresse no trabalho e na vida pessoal
Um estudo recente da consultoria Gallup, intitulado “Stateofthe
Global Workplace”, revelou um cenário preocupante sobre a saúde emocional dos
trabalhadores brasileiros. De acordo com os dados, 46% dos trabalhadores no
Brasil estão estressados, 25% relatam tristeza frequente e 18% demonstram
raiva. A pesquisa, que entrevistou 128 mil funcionários em mais de 160 países,
também posiciona o Brasil em quarto lugar na América Latina em termos de
sentimentos de tristeza e raiva, e em sétimo lugar quando se trata de estresse.
De acordo com a empresária, especialista em gestão e liderança e
diretora da Febracis Paraná, Daniella Kirsten, as emoções desempenham um papel
central em como interagimos com o mundo ao nosso redor, tanto na esfera pessoal
quanto profissional. “Saber identificar e compreender as emoções é essencial
para melhorar o bem-estar e a qualidade das relações, além de influenciar
diretamente o desempenho no trabalho. Muitas vezes, emoções como tristeza,
raiva e frustração surgem de forma automática, mas quando não são identificadas
e gerenciadas adequadamente, podem escalar e impactar negativamente a vida do
indivíduo”, afirma.
<><>A importância de identificar as emoções
Em um ambiente de alta pressão e desafios constantes, como o
corporativo, emoções não gerenciadas podem levar a conflitos interpessoais,
queda de produtividade, procrastinação e até mesmo à síndrome de burnout. Já
quando conseguimos identificar e dar nome às nossas emoções, abrimos a
possibilidade de lidar com elas de forma consciente e saudável. “A capacidade
de reconhecer os próprios sentimentos é um dos primeiros passos para o
desenvolvimento da inteligência emocional, uma habilidade fundamental para o
equilíbrio nas esferas pessoal e profissional. Reconhecer quando estamos
tristes, frustrados ou estressados nos permite tomar medidas proativas para
equilibrar essas emoções, seja por meio de técnicas de respiração, prática de
mindfulness ou mesmo diálogo com colegas ou superiores. A chave está em não
reprimir os sentimentos, mas sim em reconhecê-los e usá-los como guias para
entender o que está acontecendo em nossa mente e em nosso corpo”, explica a
coach.
Identificar as emoções também contribui para melhorar os
relacionamentos interpessoais, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, pois
quando compreendemos o que estamos sentindo e por que estamos reagindo de
determinada maneira, é mais fácil comunicar essas emoções de forma clara e não
agressiva, evitando mal-entendidos, promovendo a empatia e gerando uma dinâmica
mais positiva com as pessoas ao redor. “A tristeza, por exemplo, pode ser uma
reação a um fracasso ou a um sentimento de estagnação, mas ao reconhecer isso,
o indivíduo pode encontrar formas de dar um novo significado ao seu trabalho ou
à sua vida pessoal, transformando a tristeza em um motor para mudanças e
crescimento. Da mesma forma, emoções como raiva e frustração muitas vezes
indicam que algo está fora de alinhamento, seja um desrespeito a limites
pessoais ou uma desconexão com o propósito profissional”, reforça Daniella.
<><>A influência de fatores externos
Fatores externos, como instabilidade econômica, insegurança no
mercado de trabalho, pressão por resultados e sobrecarga de responsabilidades
afetam significativamente a saúde emocional dos trabalhadores, intensificando
sentimentos de tristeza, estresse e raiva. “Esses fatores geram ansiedade,
frustração e, em casos mais graves, esgotamento emocional, prejudicando o
equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Essas pressões impactam
diretamente a subjetividade do trabalhador, exacerbando emoções pré-existentes
e podendo desencadear condições como depressão e burnout, afetando também as
relações pessoais e a qualidade de vida”, explica a coach.
Nesse cenário, Daniella indica que práticas como mindfulness, a
busca por propósito e inteligência emocional são ferramentas valiosas, pois
ajudam o trabalhador a identificar e compreender os sentimentos e as
influências externas que afetam o bem-estar, possibilitando que a pessoa
recupere o controle sobre suas emoções e suas reações diante de fatores
adversos. “Diante de um cenário onde a tristeza, a raiva e o estresse estão
cada vez mais presentes no cotidiano dos brasileiros, a adoção de práticas que
promovam bem-estar emocional é uma necessidade urgente. Seja no ambiente
corporativo ou na vida pessoal, o equilíbrio emocional é fundamental para um
desempenho mais saudável e produtivo. Entre algumas técnicas, o mindfulness
ajuda as pessoas a focarem no presente, promovendo uma resposta mais
equilibrada aos desafios diários e a inteligência emocional complementa essa
prática ao ensinar a identificar e gerenciar emoções, como raiva e frustração.
Além disso, a busca pelo propósito de vida ajuda a dar significado ao trabalho,
aumentando a resiliência diante de dificuldades”, destaca Daniella.
<><>Técnicas que podem ajudar a reduzir a tristeza e
o estresse no trabalho e na vida pessoal:
1 – Mindfulness (atenção plena): praticar a atenção plena ajuda
a focar no presente, sem julgamentos, o que permite lidar melhor com emoções
negativas e estresse.
2 – Meditação guiada: a meditação regular, mesmo por alguns
minutos ao dia, pode reduzir os níveis de ansiedade e trazer uma sensação de
calma e controle emocional.
3 – Exercícios de respiração: técnicas de respiração profunda
ajudam a reduzir a tensão e promover um estado de relaxamento imediato em
situações de estresse.
4 – Journaling (escrita terapêutica): escrever sobre as próprias
emoções e desafios ajuda a processar sentimentos de tristeza e raiva,
proporcionando clareza mental.
5 – Atividade física regular: praticar exercícios físicos libera
endorfinas, que são hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, além de
reduzir o estresse acumulado.
6 – Gerenciamento de tempo: aprender a organizar o tempo e
definir prioridades ajuda a evitar a sobrecarga de tarefas e a consequente
ansiedade no trabalho.
7 – Pausas programadas: fazer intervalos regulares durante o
trabalho permite descansar a mente e evitar o esgotamento emocional.
8 – Buscar propósito no trabalho: Conectar-se ao significado das
atividades profissionais e compreender o impacto positivo do trabalho na vida
pessoal pode trazer mais motivação e reduzir o desânimo.
9 – Desenvolvimento da inteligência emocional: aprender a
identificar e gerenciar as próprias emoções e a se relacionar melhor com os
outros é uma ferramenta valiosa para lidar com frustrações e tensões.
10 – Limites saudáveis: estabelecer limites claros entre a vida
pessoal e profissional ajuda a evitar a sobrecarga e a manter o equilíbrio
emocional.
Fonte: Saúde &Bem Estar
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