terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Cuidados com o sol: Dezembro Laranja alerta sobre Vitamina D e os riscos do bronzeamento artificial

O Dezembro Laranja, campanha anual de conscientização sobre o câncer de pele, chama atenção para a importância de aproveitar o sol com responsabilidade. Embora a luz solar seja essencial para a produção de vitamina D, o descuido com a proteção e práticas como o bronzeamento artificial aumentam significativamente o risco de câncer de pele, tipo mais comum no Brasil e que representa cerca de 33% de todos os diagnósticos oncológicos no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Para a dermatologista Louise Chateaubriand, do Hospital Mater Dei EMEC de Feira de Santana, “a exposição solar moderada e protegida é importante para a produção de vitamina D, que auxilia na saúde óssea e imunológica. No entanto, a falta de proteção pode causar danos cumulativos, como envelhecimento precoce e câncer de pele”, alerta. Ela também reforça que o bronzeamento artificial, classificado como cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um dos principais fatores de risco para o melanoma. “O uso de câmaras de bronzeamento antes dos 35 anos aumenta em 75% a chance de desenvolver a forma mais agressiva de câncer de pele”, explica.

Apesar de hoje em dia ainda existirem de forma irregular, o bronzeamento artificial é proibido no Brasil desde 2009. “A Anvisa proibiu porque aumenta muito o risco de carcinoma espinocelular e também de melanoma, que é um câncer de pele que pode ter um prognóstico pior e sofrer metástase. Então comprovadamente esse tipo de bronzeamento é cancerígeno e proibido, mas infelizmente ainda existe”, lamentou a médica.

A especialista conta que para quem deseja muito ter um corpo bronzeado, mas não quer correr riscos, existe um produto autobronzeador que, aplicado na pele, reage com a epiderme e gera um pigmento falso, que dá a sensação de bronze. “Contudo, não existe nenhum tipo de bronzeamento estimulado pelo sol que seja saudável”, completou Chateaubriand.

Segundo o cirurgião oncológico Ramon Macedo, também do EMEC, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para combater o câncer de pele. “Quando identificada nos estágios iniciais, a doença tem altas taxas de cura. O tratamento pode incluir desde a remoção cirúrgica de lesões até terapias avançadas, como imunoterapia, para casos mais graves”, esclarece. Ele acrescenta que os avanços nos tratamentos oferecem novas esperanças para pacientes, inclusive para aqueles com melanoma em estágio avançado.

<><> Prevenção é prioridade

Os especialistas destacam a prevenção como a melhor forma de combater o câncer de pele. O uso diário de protetor solar, roupas que cobrem a pele com proteção UV, chapéus e óculos escuros, além de evitar o sol entre 10h e 16h, são medidas fundamentais. Consultas regulares ao dermatologista também são indispensáveis para identificar lesões suspeitas.

Quanto ao diagnóstico, a atenção a sinais como manchas ou pintas que mudam de cor, forma ou apresentam sangramento é fundamental. A regra do ABCDE pode ajudar os pacientes a desconfiar do problema. “A de assimetria, B de bordas irregulares, C de cores variadas, D de diâmetro acima de 6mm e E de evolução no tamanho ou na aparência. Todas essas são características que podem indicar lesões preocupantes e merecem atenção médica”, explica a Drª Louise.

“Ao notar qualquer alteração, é fundamental procurar um especialista para avaliação”, reforça Ramon Macedo. No diagnóstico precoce, ferramentas como a dermatoscopia e a biópsia são fundamentais para determinar o tipo de lesão e planejar o tratamento mais adequado. 

 

¨      Novo medicamento pode prolongar a vida de pacientes com câncer de mama

O câncer de mama é um dos mais comuns em mulheres no Brasil, embora ele também possa aparecer em homens. “O câncer de mama é causado quando as células da mama sofrem mutações que as fazem se multiplicar de maneira anormal, formando um tumor. Existem diversos tipos de câncer de mama que variam de intensidade, e por conta de fatores genéticos, a doença evoluirá de formas diferentes” explica o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Pós-Doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra). 

Recentemente, um estudo com um novo medicamento, o anticorpo Trastuzumab Deruxtecan, mostrou que pacientes com câncer de mama HER2-positivo podem ter melhor sobrevida.

A medicina moderna divide o câncer de mama em diferentes tipos de acordo com as características biológicas. De acordo com o médico, 50% dos pacientes com câncer de mama avançado e o marcador tecidual HER2 sofrerão de metástases cerebrais, que não foram possíveis de tratar com sucesso com medicamentos até agora, pois a barreira hematoencefálica frequentemente impede que substâncias ativas penetrem no cérebro. Novos medicamentos são, portanto, urgentemente necessários. 

“Quando a metástase cerebral acontece, os pacientes têm poucas chances de sobreviver nos próximos anos com as terapias existentes, como cirurgia e radioterapia. Mas o novo medicamento, testado na fase 3, está apresentando bons resultados”, diz o médico oncologista.

A substância ativa em questão é um conjugado anticorpo-droga (ADC), unindo o anticorpo Trastuzumab que, uma vez injetado no corpo, acopla-se precisamente à proteína HER2, ao ingrediente ativo deruxtecan, que tem a função de matar células cancerígenas. 

“Esse ingrediente é ativo no tecido tumoral e dificilmente em qualquer outro lugar no resto do corpo. Essa seletividade é importante para não lesar células que não estão comprometidas”, explica o médico.

Para determinar o benefício do conjugado anticorpo-droga para câncer de mama HER2-positivo, os investigadores fizeram o estudo Destiny-Breast12, com mais de 500 pacientes com e sem metástases cerebrais, de 78 centros de câncer na Europa Ocidental, Japão, Austrália e Estados Unidos. 

“Os resultados mostraram que, em média, os pacientes – mesmo aqueles com metástases cerebrais - sobreviveram mais de 17 meses sem qualquer progressão do câncer. Mais de 60% dos pacientes sobreviveram 12 meses com estabilização do tumor. Os pesquisadores detectaram regressão das metástases cerebrais em mais de 70% dos participantes e 90% de todos os pacientes estavam vivos um ano após o início do tratamento. Essas descobertas oferecem esperança aos pacientes com metástases cerebrais em particular", diz. 

O medicamento já está aprovado para uso na prática padrão, inclusive no Brasil.

No geral, o oncologista explica que esse conjugado tem "grande potencial para o tratamento do câncer de mama", já que outros estudos também estão em andamento com bons resultados.

Por fim, Ramon ressalta que, embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir sua suscetibilidade. 

“Medidas que podem ajudar a prevenir o câncer de mama, baseado em importantes estudos científicos, incluem: dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e evitando alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans; evitar sobrepeso, já que a obesidade está relacionada ao aumento do risco de vários cânceres, incluindo o de mama; atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, 3 dias por semana; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar. Visitar regularmente o ginecologista e realizar a mamografia periodicamente de acordo com a orientação do médico também são atitudes importantes de prevenção”, finaliza Ramon Andrade de Mello.

 

¨      Sexo oral aumenta risco de câncer na boca, mas vacina protege

Homens correm o risco de contrair formas perigosas de papilomavírus humano (HPV) oral ao longo de suas vidas, de acordo com uma nova pesquisa. Para prevenir a formação de cânceres associados ao HPV na garganta e na boca, os autores do estudo esperam que suas descobertas ajudem a melhorar a cobertura vacinal, não apenas entre homens jovens, mas também entre homens de meia-idade que perderam a oportunidade de se vacinarem anteriormente.

Cânceres orofaríngeos, que ocorrem na garganta e na boca, atingiram níveis epidêmicos em algumas partes do mundo, incluindo os EUA e a Europa, e os homens têm muito mais probabilidade de receber esse diagnóstico do que as mulheres, mesmo se não tiverem outros fatores de risco para câncer, como fumar ou consumir álcool.

As novas evidências dos EUA, Brasil e México sugerem que uma infecção evitável está contribuindo para esse aumento.

Entre 3.137 homens saudáveis, de 18 a 70 anos, os pesquisadores descobriram que o risco de adquirir uma nova cepa de HPV causadora de câncer "não variou com a idade". Em outras palavras, os homens são suscetíveis à infecção ao longo de toda a vida, não apenas na juventude.

O HPV pode ser transmitido sexualmente e, embora nem todas as cepas do vírus causem câncer, as cepas HPV-16 e HPV-18 estão presentes em até 90% dos casos de câncer oral associado ao HPV. A boa notícia é que existe uma vacina, e ela protege contra ambas as cepas.

A má notícia é que jovens do sexo masculino estão recebendo a vacina contra o HPV em taxas muito mais baixas do que jovens do sexo feminino, o que pode explicar por que os cânceres orofaríngeos continuam a aumentar, mesmo enquanto os casos de câncer de colo do útero diminuem.

 

Fonte: Carla Santana – Assessora de Imprensa/Homework

 

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