sábado, 26 de outubro de 2024

Os sinais das disputas de 2º turno que refletem tendências do cenário nacional

Moradores de 15 capitais voltam às urnas neste domingo (27/10) para o segundo turno das eleições municipais, que refletem algumas tendências do cenário nacional, como confrontos pelo controle da direita e uma posição fragilizada da esquerda.

A disputa entre direita institucionalizada e bolsonarismo radical tem sua expressão mais clara em Curitiba, onde estão no segundo turno Eduardo Pimentel (PSB), com o apoio do PL de Jair Bolsonaro, e Cristina Graeml (PMB), que era praticamente desconhecida e conseguiu cativar a ultradireita se apresentando como "antissistema". 

Algo parecido com o que ocorreu em São Paulo no primeiro turno, onde Pablo Marçal (PRTB) representou o polo radical e por pouco não avançou ao segundo turno. Na capital paulista, a disputa agora está entre um representante da direita tradicional, Ricardo Nunes (MDB), e Guilherme Boulos (PSOL), que mesmo com o apoio enfático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está mais de 10 pontos atrás segundo as últimas pesquisas.

O PT não elegeu nenhum prefeito de capitais no primeiro turno, e está numa disputa acirrada com o PL em Fortaleza, a capital mais importante do Nordeste, onde o lulismo é mais forte. Lá, o petista Evandro Leitão e André Fernandes (PL) estão tecnicamente empatados nas pesquisas.

Porto Alegre, que há seis meses sofreu uma enchente histórica que revelou problemas de gestão em equipamentos e políticas municipais, caminha para reeleger o prefeito Sebastião Melo (MDB), beneficiado por uma divisão na esquerda entre Maria do Rosário (PT), que foi ao segundo turno, e Juliana Brizola (PDT), neta do ex-governador Leonel Brizola.

À DW, os cientistas políticos Carlos Ranulfo, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais e integrante do Observatório das Eleições, e Emerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná, analisaram as disputas nessas quatro capitais.

<><> São Paulo: Direita consolidada apesar de apoio de Lula

A capital paulista viveu no primeiro turno uma das eleições mais acirradas de sua história: Nunes ficou em primeiro com 29,48% dos votos válidos, Boulos, com 29,07% e Marçal, com 28,14% – uma diferença entre eles de menos de 100 mil votos, num universo de cerca de 9 milhões de eleitores.

Para Ranulfo, se o elemento mais claro do primeiro turno foi o "racha do bolsonarismo", quando Marçal "literalmente roubou parte desse eleitorado nas barbas do Bolsonaro", o segundo turno mostra consistência do voto conservador na cidade e um erro de avaliação de Lula, que "entrou de cabeça" em uma campanha que de saída tinha pouca chance de sucesso.

"Sabia-se que seria uma disputa muito difícil para Boulos, e a tendência do eleitorado mais de centro e conservador agora é se unir para a vitória de Nunes. O PT tinha que apoiar o Boulos, pois havia um acordo, mas Lula não precisava ter dito que lá é que estava a polarização nacional e que iriam vencer. Ele avaliou mal a conjuntura e essa derrota vai direto na conta do Lula", afirma.

Segundo a pesquisa Datafolha mais recente, feita em 22 e 23 de outubro, Nunes tem 49% dos votos e Boulos, 35%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Cervi avalia que Nunes, um prefeito até então desconhecido, esperava ter atraído o eleitor bolsonarista já no primeiro turno escolhendo um vice do PL, coronel Mello Araújo –"mas não deu certo, pois apareceu um candidato [Marçal] que atraía mais os votos desse eleitor". Mesmo assim, foi ao segundo ao turno e deve sair vencedor com o apoio expressivo da máquina estadual – o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), é bem avaliado e teve presença constante na sua campanha.

<><> Curitiba: ultradireita antissistema x direita institucional

Na capital paranaense, a maior novidade é a candidata de ultradireita Cristina Graeml (PMB). Filiada a um partido nanico, cuja direção nacional tentou impedir sua candidatura, ela tinha menos de 3% das intenções de voto na largada da eleição, mas disparou na última semana do primeiro turno e terminou com 31,17% dos votos válidos, perto do líder, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), membro de uma tradicional dinastia política do Paraná e que tem o apoio do PL. No primeiro turno, Pimentel teve 33,51% dos votos.

Graeml beneficiou-se da divulgação de uma denúncia contra Pimental feita por um servidor que afirmou ter sido coagido a comprar convites para ajudar a financiar sua campanha, e aproveitou sua primeira participação em um debate – na rede Globo – para apresentar-se como a única candidata antissistema da capital paranaense.

"O PSD [de Pimentel] não é um partido confiável para o bolsonarismo raiz", diz Cervi. A legenda é a mesma do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que vem bloqueando pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, e comanda três ministérios no governo Lula (Minas e Energia, Agricultura e Pecuária e Pesca e Aquicultura).

Após o debate da Globo, e com uso sistemático de redes sociais, os bolsonaristas identificaram em Graeml o nome que melhor os representava e migraram em massa para a candidatura da jornalista, que nos últimos anos se destacou por críticas a vacinas e por defender os golpistas de 8 de janeiro. "Ela ganhou eleitores que vinham declarando voto em Pimentel por falta de conhecimento de alternativa e de outros que estavam indecisos", diz Cervi.

Apesar de o PL ter a vice de Pimentel, após o primeiro turno Bolsonaro telefonou para Graeml, disse que estava torcendo por ela e autorizou a divulgação do áudio da conversa – uma demonstração, diz Cervi, de que Bolsonaro "não tem visão de partido e, apesar de se identificar como líder, não lidera – em vez disso, segue o movimento". Já no primeiro turno, Graeml também recebeu apoio de Marçal.

Ele calcula que, como no Brasil, o "bolsonarismo raiz" represente cerca de 20% do eleitorado total de Curitiba – e, de acordo com o mapa de votação em Graeml, é mais forte nos bairros centrais e de classe média alta da cidade. Já Pimentel foi melhor em bairros mais pobres, onde moram pessoas que "dependem diretamente de políticas públicas" – o atual prefeito, Rafael Greca (PSD), está encerrando o mandato com alta aprovação.

O lavajatismo, que surgiu em Curitiba, fracassou nesta eleição. O ex-juiz Sergio Moro (União), indicou sua mulher, Rosangela, para ser vice de Ney Leprevost, do mesmo partido. Leprevost acabou em quarto lugar, com apenas 6,4% dos votos – e, logo após o pleito, trocou acusações públicas com Moro.

"Não há espaço em Curitiba para duas direitas institucionalizadas e uma direita antipolítica. E a direita institucionalizada ficou com Pimentel", diz Cervi. O segundo turno entre duas direitas, avalia, indica que ambas estarão fortes para as eleições à Câmara e ao Senado em 2026 no estado.

<><> Porto Alegre: Provável reeleição apesar de enchente histórica

A capital gaúcha completa na próxima semana seis meses da enchente histórica, quando falhas de equipamentos públicos e políticas municipais vieram à tona. Isso não impediu o atual prefeito Sebastião Melo (MDB) de quase se reeleger no primeiro turno, com 49,72% dos votos válidos.

Melo, que tem como candidata a vice Betina Worm, do PL, e uma coligação ampla, conseguiu ao longo da campanha defender sua gestão e a reação do governo à enchente, avalia Ranulfo. "Além disso, a oposição achar que pode explorar tragédia é um pouco complicado – como Boulos em São Paulo com o apagão. Tem que fazer a crítica, mas é difícil explorar sem que o eleitor ache meio oportunista."

O atual prefeito também se beneficiou da divisão da esquerda, entre Maria do Rosário (PT), que terminou o primeiro turno com 26,28% dos votos, e Juliana Brizola (PDT), que ficou com 19,69%. "A esquerda ali tinha potencial pra uma campanha unificada, mas acabou se dividindo e facilitando a vida do Sebastião [Melo]", diz Ranulfo.

Cervi lembra que, antes da campanha, o PT já sabia que a taxa de rejeição a Maria do Rosário era alta em Porto Alegre. "E no segundo turno é a rejeição que fala mais alto. Se tivesse ido a Juliana, poderia até ter outro cenário", diz.

<><> Fortaleza: Embate crucial entre PT e PL

Capital mais populosa do Nordeste, Fortaleza protagonizou um primeiro turno que desafiou candidatos tidos como favoritos. O atual prefeito, José Sarto (PDT), apesar de ser de um partido com longa tradição no Ceará, ficou em terceiro lugar. E Capitão Wagner (União), que em 2022 quase foi eleito governador, acabou a disputa em quarto lugar.

Foram ao segundo turno André Fernandes (PL), que recebeu 40,2% dos votos válidos, e Evandro Leitão (PT), que teve 34,33%. No momento ambos estão em empate técnico, segundo as últimas pesquisas.

"A maioria das prefeituras que o PT ganhou fica no Nordeste, mas falta uma capital, e o Bolsonaro adoraria ficar com uma capital importante lá. O PL já venceu em Maceió e deve vencer em Aracaju, mas são de menor expressão", afirma Ranulfo. Por isso, Fortaleza é fundamental para os dois partidos.

Lula inclusive foi a Fortaleza fazer campanha para Leitão após o resultado do primeiro turno, ao lado do petista Camilo Santana, atual ministro da Educação, que já governou o Ceará por dois mandatos.

No segundo turno, o PDT optou por ficar neutro da disputa. Seis dos oito vereadores da legenda apoiaram o PL, enquanto a juventude do PDT e dois vereadores apoiaram o PT. Uma evidência, diz Ranulfo, de como o partido fundado por Brizola "está numa crise ideológica fantástica" – a legenda também discute formar uma federação com o PSDB.

<><> Indefinição na reta final do segundo turno em Natal

O segundo turno em Natal está configurado como uma disputa entre governo e oposição. Nem sempre isso acontece: em 2012, por exemplo, dois oposicionistas disputaram o segundo turno na capital potiguar – Carlos Eduardo Alves (então PDT) e Hermano Morais (MDB).

Na atual disputa, o candidato situacionista, Paulinho Freire (União Brasil), aparece na liderança praticamente em todas as pesquisas realizadas no segundo turno. Uma das exceções é a pesquisa mais recente do instituto Seta, divulgada no dia 23 de outubro, em que Freire seria derrotado por Natália Bonavides (PT) por um placar de 51% a 49%.

Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário

Dizer que Paulinho Freire lidera as pesquisas de segundo turno conta pouco sobre a atual disputa: é mais relevante informar que esta parece ser, como sugerem os dados, a disputa mais acirrada desde 1996.

Em 1996, Wilma de Faria (na época, do PSB) derrotou Fátima Bezerra (PT) por pouco mais de três pontos percentuais. Faria sucedeu o seu afilhado político Aldo Tinoco (na época, do PSB),  de quem posteriormente afastou-se politicamente e a ele fez oposição.

Tinoco, por sua vez, derrotou Henrique Eduardo Alves (MDB) no segundo turno das eleições de 1992 por uma vantagem de 0,4 ponto percentual, ou 961 votos.

Em 1992, o candidato da situação derrotou o candidato da oposição por mínima margem. Já em 1996, duas candidatas de oposição enfrentaram-se em um segundo turno acirrado.

O que há em 2024 é uma disputa entre direita e esquerda, situação e oposição.  A disputa acontece entre o candidato do ex-presidente Bolsonaro e a candidata do presidente Lula. É uma disputa entre um homem maduro e uma mulher jovem.

As regras do segundo turno levam automaticamente a uma polarização entre as candidaturas, mas os perfis dos concorrentes também ressaltam esta situação.

A despeito da configuração atual do segundo turno, parcela do eleitorado parece estar desinteressada: dados da pesquisa Quaest do início do segundo turno apontam que 71%  dos ouvidos se diziam pouco ou totalmente desinteressados pelas eleições. Infelizmente, inexistem dados mais atuais sobre o ânimo do eleitorado.

Um indício de persistência deste desânimo está na trajetória quase linear e equilibrada nos percentuais de intenção de votos de ambos os candidatos, com um discreto crescimento da candidata de oposição nos últimos dias sobre os indecisos.

As campanhas possuem óbvias linhas de comunicação quanto às suas próprias chances de vitória: Paulinho Freire aponta que lidera o segundo turno de ponta a ponta, enquanto  que Natália Bonavides anuncia seu crescimento e eventual virada.

Qualifico a liderança de Paulinho Freire como inercial. O candidato não apresenta crescimento nas suas intenções de votos, mas mantém-se em patamar razoavelmente elevado na maioria das pesquisas. Cabe dizer que Freire obteve 44% dos votos válidos no primeiro turno, a consideráveis 16 pontos percentuais da segunda colocada.

O candidato da situação construiu uma coligação robusta, resultando na utilização de 56% do tempo de rádio e TV disponível para os candidatos no primeiro turno. A Natália Bonavides coube 31% do tempo disponível.

Considerando-se os votos obtidos pelas legendas e pelos candidatos a vereador dos partidos apoiados por Freire, percebemos que seu domínio político foi amplo no primeiro turno: os partidos que formam a coligação de Freire para prefeito obtiveram 54% dos votos sufragados para o Legislativo. Os partidos que formam a coligação de Bonavides, por sua vez, obtiveram distantes 19% dos votos para o Legislativo. Cabe lembrar que as coligações não se estendem às eleições legislativas, mas a somatória permite visualizar o suporte político de cada candidato.

Observa-se com facilidade que Freire desfrutou de uma ampla base de apoio que se refletiu nas urnas, tanto na eleição para o Executivo quanto para o Legislativo, indicando também capilaridade dos seus candidatos a vereador.

No segundo turno, o tempo de rádio e televisão é igualmente distribuído entre os candidatos e pode-se dizer que há mais paridade de armas. É evidente que o empenho político do prefeito por seu candidato oferece vantagens competitivas a Freire, mas também há empenho político da governadora Fátima Bezerra em favor de sua candidata.

Esta talvez seja a mais provável explicação para a liderança inercial de Paulinho Freire, combinada com o desinteresse de parcela da população, sobre o que já me referi anteriormente. Apoiadores de Freire podem alegar que o candidato já está em um patamar elevado, e esta seria a maior razão para a sua estabilidade. Considero este um argumento plausível e amparado por uma parcela de pesquisas eleitorais realizadas no segundo turno.

A propaganda negativa tem sido utilizada pelas duas candidaturas, na perspectiva de aumentar a rejeição do adversário e atrair os indecisos.

Para a atração de indecisos, o Partido dos Trabalhadores também recepcionou o presidente Lula em um comício na Zona Norte da cidade, região com menor renda per capita e de pior desempenho de Natália Bonavides no primeiro turno. Nesta reta final, o PT recepcionará o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), acenando ao eleitorado jovem e, possivelmente, de centro.

Em disputas acirradas, o comparecimento às urnas pode ser decisivo, tanto quanto as tomadas de decisão de última hora. Este será o caso se os candidatos obtiverem índices muito distintos entre segmentos do eleitorado.

Candidatos com maiores intenções de votos entre os segmentos menos escolarizados da população tendem a ser mais afetados pela abstenção. A escolaridade é um importante proxy, pois reflete as condições objetivas de vida, o que inclui a distância entre a residência do eleitor e a seção eleitoral, e se reflete nelas. Um fator importante para a abstenção é o custo associado ao deslocamento até a seção eleitoral – não apenas financeiro, mas também de tempo gasto para a concretização do sufrágio.

Atendendo aos pedidos das autoridades eleitorais, a prefeitura de Natal já assegurou passe-livre e frota regular de ônibus em toda a capital no próximo dia 27 de outubro.

Outro aspecto da abstenção é a desatualização dos cadastros eleitorais, incluindo os eleitores que mudam de residência. Este tende a ser um problema relevante quando recadastramentos e atualizações não são periodicamente realizados.

Especialmente após as eleições de 2022, os institutos de pesquisa tentam desenvolver cálculos de “likely voters”, como o instituto Quaest.

Em Natal, pouco mais de um quarto do eleitorado possui até o ensino fundamental completo. O eleitorado que possui ensino médio completo ou incompleto chega a quase três quintos. A vantagem de um determinado candidato no segundo segmento pode sacramentar a vitória nas urnas, seja pela maioria numérica quanto pela menor taxa de abstenção do segmento, que é quase 50% menor do que o primeiro.

A reta final tem se pautado por mobilizações de rua e por propagandas negativas nas inserções de rádio e TV e nas redes sociais. A última pesquisa DataVero, divulgada no dia 22 de outubro, apresenta uma taxa de rejeição conforme esperado para eleições de segundo turno: rejeição de Bonavides sete pontos percentuais maior que a de Freire (44 a 37%), espelhando a distância na intenção de votos estimulada (47 a 41% em favor de Freire).

A vantagem de Freire é explicada pelo apoio que obtém de uma parcela do segmento que aprova o governo do presidente Lula (17% deste eleitorado, ou 8 pontos percentuais, de acordo com a última pesquisa DataVero). Entre os que reprovam Lula, Freire obtém 80% das intenções de voto, contra 6% de Bonavides.

Este dado está em sintonia com o quadro geral observado em todo o segundo turno: os eleitores que reprovam o governo Lula tendem a aprovar a gestão do prefeito Álvaro Dias, desaprovado em outros segmentos. Na falta de uma categorização melhor, pode-se considerar que Freire capta o voto bolsonarista, que parece ser mais idealista. Pesquisas mais aprofundadas para compreender este comportamento eleitoral são necessárias.

Os últimos dias de campanha já são marcados pelas investidas de ambos os candidatos aos eleitores indecisos. Mais de 90% dos indecisos possuem até o ensino médio completo, de acordo com a pesquisa DataVero.

Reitero que a vantagem entre os mais escolarizados pode ser determinante. Na atual quadra, o candidato da situação está bem posicionado, mas isso pode mudar à medida que o eleitor reflete sobre o seu voto e discute com familiares e amigos. Decisões de última hora acontecem em virtude do número de indecisos, mas também em virtude de um estado anterior de desinteresse do eleitorado, que busca se informar melhor e pode repensar o seu voto.

As pesquisas de véspera podem reiterar o acirramento, a ponto de ser imprevisível o resultado das urnas, como já aconteceu duas vezes nos anos 1990 na capital potiguar.

 

Fonte: DW Brasil/Jornal GGN

 

Nenhum comentário: