Ocidente está levando a sério iniciativas
financeiras do BRICS, diz mídia britânica
Os bancos centrais
ocidentais estão levando a sério as iniciativas financeiras no âmbito do BRICS,
informou o jornal britânico The Financial Times.
Segundo as fontes do
jornal, dirigentes de vários bancos centrais que se encontram nas Reuniões
Anuais de 2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Grupo Banco Mundial
(GBM) de 21 de outubro a 26 de outubro expressam preocupações de que o atual
sistema de pagamentos no mundo pode ser fragmentado.
"Já se vê a
Rússia e a China procurando maneiras de fazer mais pagamentos entre si que
evitem completamente o dólar. Portanto, precisamos acelerar o trabalho que
estamos fazendo para melhorar os pagamentos internacionais", disse uma
autoridade sênior de um banco central ocidental ao jornal.
Em particular, o
artigo nota o projeto de sistema de pagamentos BRICS Bridge, que se apresenta
como uma alternativa ao SWIFT.
A representante do
centro de pesquisa Conselho Europeu de Relações Exteriores Agathe Demarais
destacou o fato de que cerca de 80% do comércio da Rússia envolve o uso de
moedas não ocidentais.
"Em longo prazo,
não há dúvida de que mecanismos como o BRICS Bridge podem ser úteis para que a
China, a Rússia ou outros países ocultem transações sensíveis das autoridades
ocidentais", cita o artigo a opinião de Demarais.
Os países como a
China, Índia e Arábia Saudita também têm preocupações que um dia os Estados
Unidos poderão os cancelar do SWIFT, admitiu o especialista chinês do Instituto
de Relações Internacionais da Universidade de Tsinghua Chen Qi.
"Portanto, se
esse sistema de pagamento substituto for lançado no futuro, ele será bem
recebido por esses países", disse ele.
Recentemente, em uma
sessão ampla da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, o presidente russo Vladimir Putin
propôs a criação de uma nova plataforma de investimentos do BRICS que se
tornaria uma ferramenta poderosa para apoiar as economias nacionais e fornecer
recursos financeiros aos países do Sul e do Leste Global.
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Cúpula como culminação da presidência russa no BRICS
O BRICS é uma
associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS
em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai passar da Rússia para o
Brasil.
O ano começou com a
entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e
África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes
Unidos e Arábia Saudita.
A 16ª Cúpula do BRICS
em Kazan, com a participação de representantes de 36 países e seis organizações
internacionais, iniciou em 22 de outubro.
A cúpula é o evento
final da presidência russa na associação, e é realizada sob o lema de
fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global equitativo e a
segurança.
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Ascensão do Sul Global
é sinal claro de mudança significativa no mundo, diz Xi Jinping
A ascensão do Sul
Global é um sinal claro de mudanças significativas no mundo, disse o presidente
chinês Xi Jinping em uma sessão plenária da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan na
quinta-feira (24).
A sessão plenária
ocorreu em um formato BRICS+/Outreach com a participação de 42 delegações de
Estados e de organizações internacionais, como, por exemplo, os presidentes da
Venezuela e da Turquia, Nicolás Maduro e Recep Tayyip Erdogan, ou o
secretário-geral da ONU e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento,
António Guterres e Dilma Rousseff.
"Outreach"
se refere a uma abordagem que envolve convidar para a cúpula líderes de países
geograficamente próximos ao Estado que a preside.
Um dos principais
fatores globais associados à cúpula e à situação no BRICS, em geral, é
considerado por especialistas e políticos de todo o mundo as alterações
importantes no palco mundial.
"A ascensão
coletiva do Sul Global é um sinal claro de mudanças significativas no mundo. O
impulso conjunto do Sul Global para a modernização é um evento importante na
história mundial e uma conquista sem precedentes no processo de desenvolvimento
da civilização humana", disse Xi.
Ao mesmo tempo, ele
destacou que a paz e o desenvolvimento em todo o mundo continuam enfrentando
sérios desafios, e o caminho para à renascença do Sul Global não vai ser
tranquilo.
A China pede que os
países do BRICS fortaleçam o diálogo e apoiem uns aos outros na escolha do
caminho da modernização.
Xi também enfatizou
que os países do BRICS devem ser uma força estabilizadora para manter a paz,
fortalecer a segurança global e encontrar soluções para problemas, abordando
"tanto as causas quanto os sintomas".
O presidente chinês
afirmou que é necessário avançar em um cessar-fogo abrangente na Faixa de Gaza,
realizando o projeto Solução de dois Estados, que se baseia na fórmula aprovada
pelo Conselho de Segurança da ONU em 1967.
Além disso, Xi disse
que é importante reduzir a escalada da situação na Ucrânia o mais rápido
possível e preparar o caminho para uma solução política da crise.
"Independentemente
das mudanças na situação internacional, a China sempre cuidará do Sul
Global", assegurou, acrescentando que Pequim continua apoiando a adesão de
um número cada vez maior de países ao BRICS.
O presidente da China
agradeceu ao seu homólogo russo Vladimir Putin por sediar com sucesso a cúpula
do BRICS.
Cúpula como culminação
da presidência russa no BRICS
O BRICS é uma
associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS
em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai passar da Rússia para o
Brasil.
O ano começou com a
entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e
África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes
Unidos e Arábia Saudita.
A 16ª Cúpula do BRICS
em Kazan, com a participação de representantes de 36 países e seis organizações
internacionais, iniciou em 22 de outubro.
A cúpula é o evento
final da presidência russa na associação, e é realizada sob o lema de
fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global equitativo e a
segurança.
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Putin fala sobre
resultados da Cúpula do BRICS
Mais de 300
jornalistas se reuniram nesta quinta-feira (24), em Kazan, para uma coletiva
com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre os resultados da Cúpula do BRICS,
realizada na cidade russa entre a última terça-feira (22) e hoje.
A Rússia fez todo o
possível para que os novos membros do BRICS se juntassem organicamente "à
família" e isso deu certo, disse Putin.
O presidente russo
declarou que todas as sessões e eventos da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan foram
realizadas de maneira aberta e profissional, em uma atmosfera de compreensão
mútua.
Segundo Putin, durante
o encontro foi formulada uma lista com países que entrarão na categoria de
Parceiro do BRICS, na próxima rodada de expansão do grupo.
Os países do BRICS se
comprometeram a construir uma ordem mundial mais democrática e multipolar e
fortalecer a parceria no setor financeiro, segundo ele.
"A cúpula aprovou
a Declaração de Kazan do BRICS, que resumiu as discussões que ocorreram. Em
nossa opinião, é um documento abrangente e conceitual com uma agenda positiva
com vistas ao futuro. É importante que ele reafirme o compromisso de todos os
nossos Estados com a construção de uma ordem mundial mais democrática,
inclusiva e multipolar baseada no direito internacional e na Carta da
ONU", ressaltou.
<><> 'Que
o Brasil seja o presidente'
Em particular, a
Rússia propôs estender a presidência do Brasil no Novo Banco de Desenvolvimento
do BRICS, chefiado por Dilma Rousseff.
"A Rússia propôs
estender a presidência brasileira desse banco e a da presidente do banco, sra.
Rousseff, tendo em mente que este ano o Brasil está presidindo o Grupo dos 20,
no próximo ano vai assumir de nós o bastão e liderar o BRICS", disse Putin.
Quando perguntado
sobre o desenvolvimento de uma nova arquitetura de pagamentos, Putin afirmou
que o foco atual do BRICS é fortalecer a transação nas moedas nacionais de cada
país e que não está nos planos a criação de uma moeda comum.
Tampouco está sendo
pensada uma alternativa própria para o SWIFT, mas sim está sendo estimulado o
usos de sistemas próprios, como o Sistema de Transferência de Mensagens
Financeiras (SPFS, na sigla em russo).
Segundo o presidente
russo, está sendo pensada a criação de uma estrutura organizacional mais sólida
para diálogos do BRICS. Acima disso, disse Putin, cada país do BRICS é
autossuficiente e sinceramente deseja fortalecer seus laços com o grupo.
<><> Crise
na Ucrânia
Falando da crise
ucraniana, Putin disse que todos os países-membros concordaram em que o
conflito deve terminar pacificamente e o mais rápido possível. Ele lembrou aos
jornalistas presentes que a escalada na Ucrânia começou em 2014, quando um
golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos ocorreu no país.
Neste contexto, muitos
países apoiam a iniciativa de paz do Brasil e China sobre a solução da questão
ucraniana. No entanto, Putin afirmou ser incapaz de precisar o quão provável é
que a iniciativa sino-brasileira seja adotada pela Ucrânia.
A liderança de Kiev é
muito irracional sublinhou o presidente, já tendo abandonado a mesa de
discussões em Istambul e, mais recentemente, recusando uma nova proposta de
mediação feita pela Turquia.
"O início das
negociações de paz levaria à necessidade de suspender a lei marcial e,
imediatamente depois disso, as eleições presidenciais teriam de ser realizadas.
Aparentemente, elas ainda não estão prontas", enfatizou o líder russo.
Por sua vez, o
presidente Putin destacou que está preparado para considerar negociações que
tenham como base as realidades que estão se desenvolvendo no campo de batalha.
Ao mesmo tempo,
segundo ele, o Exército russo está agindo com confiança em todas as direções e
está avançando em todas as zonas da linha de frente.
Na direção de Kursk,
Putin sublinhou que há cerca de 2 mil soldados ucranianos cercados na
província, e que as Forças Armadas da Rússia estão no processo de eliminar esse
agrupamento. Segundo o presidente, a Ucrânia perdeu 26 mil soldados no teatro
de Kursk somente no último mês.
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Oriente Médio
Questionado sobre a
crise no Oriente Médio entre Israel e seus vizinhos, Vladimir Putin destacou
que sua posição é conhecida. O problema na região só pode ser resolvido
"eliminando as causas".
"E a principal
razão é a ausência de um Estado palestino de pleno direito. É necessário
implementar todas as decisões do Conselho de Segurança nesta área."
Para o líder russo, é
necessário "trabalhar com todos os atores" e não permitir em nenhum
caso a escalada do conflito. "Inclusive, precisamos trabalhar com Israel,
que reconhecidamente enfrentou um ato terrorista em outubro do ano passado."
"Na verdade,
ninguém na região, e as minhas conversas à margem da Cúpula dos BRICS mostram
que ninguém na região quer que o conflito se expanda e que algum tipo de grande
guerra. Ninguém."
Já em relação ao Irã,
que participou pela primeira vez da Cúpula do BRICS, Putin disse estar em
contato com a liderança do país para evitar uma intensificação do conflito.
Sobre a Arábia
Saudita, o presidente russo expressou seu desejo pelo aprofundamento da relação
entre os dois países e destacou a presença dos representantes do país nos
trabalhos realizados durante a cúpula.
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Rússia está isolada?
Putin chamou de
mentira as declarações de que ele supostamente se recusa a ter contatos com
parceiros ocidentais, mas lembrou que os países do Ocidente queriam reduzir a
Rússia a um "Estado secundário que realiza exclusivamente a função de
'apêndice' de matéria-prima".
“Recebemos diferentes
sinais de parceiros ocidentais sobre possíveis contatos. Não nos fechamos a
esses contatos”, disse Putin.
O presidente disse que
a Rússia está ciente da situação ao seu redor e não quer transferir todos os
seus problemas para as instituições em cujo desenvolvimento está interessada.
Ele assegurou que Moscou vai lidar com seus problemas por conta própria.
"Pode-se ameaçar
a qualquer um, mas é inútil ameaçar a Rússia, porque isso só nos anima",
afirmou.
Conforme foi dito, o
BRICS não é um formato fechado, mas está aberto a todos os que compartilham
seus valores. A Rússia, disse o presidente russo, sente o apoio dos parceiros
do BRICS, que não termina com a conclusão da cúpula.
Putin ainda destacou
que desde que a Europa cessou de comprar gás russo, sua economia entrou em
recessão, enquanto a Rússia viu seu Produto Interno Bruto crescer 3,59% em
2023, e prevê um crescimento de 4% neste ano.
"Os países
ocidentais e europeus abandonaram as nossas fontes de energia. Mas nós não nos
recusamos [a entregá-los]."
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Relações com a Coreia do Norte
Perguntado se a Coreia
do Norte estaria ajudando a Rússia em sua operação especial com tropas, Putin
afirmou que embora eles tenham assinado um tratado de cooperação estratégica, a
execução do Artigo 4, que trata de auxílio militar em caso de conflito armado,
ainda não foi discutida com a Coreia do Norte.
Ainda assim, o
presidente disse que a Moscou não duvida "de forma alguma que a liderança
norte-coreana leve a sério nossos acordos".
Vale lembrar que a
Rússia possui uma população considerável de cidadãos coreanos, muitos que
fugiram durante a ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial.
<><> Um
novo futuro para a África
Ao perguntar se a
Rússia planeja expandir seu papel na África para além do combate ao terrorismo
na região do Sahel, Putin respondeu a uma jornalista africana afirmando que a
África e a Ásia são pontos focais do BRICS uma vez que experimentarão um crescimento
econômico e populacional muito grande nos próximos anos.
"Tudo isso, assim
como uma série de outros fatores, indicam que o ritmo de crescimento e a
acumulação de capital vão ocorrer, já está ocorrendo, tudo isso indica que
atenção especial deve ser dada a essas regiões do mundo"
Nesse sentido, a
atuação do Ocidente na África não tem se adaptado a nova importância
geopolítica dessas regiões. As nações ocidentais, diz Putin, "estão
impondo ferramentas do neocolonialismo ao forçá-los a depender novamente de
tecnologias e empréstimos".
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Venezuela no BRICS
O presidente russo
destacou que as posições da Rússia e do Brasil se contradizem no que tange a
entrada da Veneuzela no BRICS. Putin lembrou que o país recém passou por
eleições conturbadas, nas quais o opositor se declarou vencedor do pleito.
Contudo, a entrada da
Venezuela no BRICS só acontecerá com o consenso de todos os países, destacou
Putin. "Queremos que o Brasil e a Venezuela, em uma discussão bilateral,
resolvam suas relações."
"Eu conheço o
presidente Lula como um homem muito decente e honesto. E tenho certeza de que,
exatamente a partir dessas posições, de uma posição de natureza objetiva, ele
abordará essa situação."
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Rússia e EUA
Questionado por um
jornalista norte-americano, Putin disse que as acusações de interferir nas
eleições dos Estados Unidos não são verdadeiras, "o próprio Trump foi
acusado de ter conexões com a Rússia e, depois de investigações por autoridades
dos EUA, foi concluído que isso era besteira."
Putin destacou também
que quem quiser encontrar prova de uma interferência basta olhar para Kiev e
sua incursão em Kursk.
"Querem a todo
custo mostrar à atual administração e aos eleitores da atual administração que
os seus investimentos na Ucrânia não foram em vão."
Por outro lado, o
mesmo jornalista disse que o ex-presidente Donald Trump havia dito que
bombardearia o centro de Moscou como forma de estimular o fim do conflito na
Ucrânia. Em resposta, Putin disse que não se lembra dessa fala de Trump, mas
lembrou que os candidatos estão na reta final de suas campanhas e que por isso
não se deve levar tais falas tão a sério.
"O que o Sr.
Trump disse recentemente, o que ouvi - ele falou sobre o desejo de fazer tudo
para acabar com o conflito na Ucrânia - parece-me que ele disse isso com
sinceridade."
Quando a relação dos
dois países, Putin disse que o estado das relações entre ambos dependerá da dos
norte-americanos.
"Se os EUA
estiverem abertos à construção de relações normais com a Rússia, faremos o
mesmo. Se eles não quiserem, então não faça. Mas essa é a escolha da futura
administração."
Fonte: Sputnik Brasil
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