sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Economia do Líbano poderá cair 9,2% se os ataques israelenses não pararem

A escalada das hostilidades no Líbano gera um impacto profundo na vida da população, mas também influencia na economia do país, o que conta significativamente, alertou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, na sigla em inglês).

Um relatório publicado pelo PNUD em nesta quarta-feira (23) alerta que a economia libanesa poderá sofrer uma contração de até 9,2% se as hostilidades continuarem até ao final do ano.

"O risco desta queda vertiginosa do Produto Interno Bruto (PIB) soma-se à contração de 28% registrada entre 2018 e 2022 e anularia os avanços na estabilidade econômica alcançados em 2002", alerta a análise feita pelo PNUD.

A avaliação do PNUD ressalta que o conflito tem profundas implicações econômicas a curto prazo, incluindo um encolhimento significativo em setores-chave como turismo, agricultura, indústria transformadora, comércio e outros serviços.

O programa da ONU prevê que mesmo que as hostilidades cessem no final de 2024, a economia poderá encolher em cerca de 2,3% em 2025 e 2,4% em 2026, devido a uma desaceleração da atividade econômica esperada, à recuperação lenta prevista nos esforços para reconstrução e perdas de capital significativas em todos os setores.

"O povo do Líbano enfrenta não só a ameaça imediata à vida, mas também o aumento da pobreza, a crescente instabilidade social e a agitação civil. As repercussões do conflito na economia do Líbano e no desenvolvimento a longo prazo podem ser muito graves. O que é mais necessário agora é um cessar-fogo", disse o administrador do PNUD, Achim Steiner, em um comunicado.

O estudo adverte, ainda, que devido ao contexto geopolítico, o atual cenário de conflito entre o Hezbollah e Israel pode ser mais prejudicial ao Líbano que a escalada envolvendo os dois países em 2006, que causou uma queda do PIB entre 8% e 10%.

¨       Radicais israelenses pregam ocupação de território palestino como suposta solução para acabar com o Hamas

A poucos quilômetros da Faixa de Gaza, no meio do nada, um grupo de colonos israelenses dança, pula e canta em círculo; ao fundo, a artilharia israelense ressoa dentro do devastado território palestino, para onde os judeus ultranacionalistas exigem retornar sob a alegação de que a terra pertence a eles.

"Viemos aqui para dizer ao mundo que precisamos estar em Gaza e permanecer lá para sempre. Ela nos pertence e nós voltaremos para viver lá. É a única maneira de acabar com o Hamas", disse à agência de notícias EFE Yair Maoz, um colono que vive com a esposa e cinco filhos em um assentamento em Hebron, na Cisjordânia ocupada.

Assim como Maoz, muitas outras famílias de colonos e ultradireitistas israelenses não quiseram perder esse evento organizado na segunda-feira (21/10) pela organização radical Nachala, liderada por Daniella Weiss, que promove a expansão dos assentamentos – ilegais de acordo com a lei internacional –, agora também em Gaza.

A manifestação sob o lema "Retornando a Gaza" teve entre seus participantes membros do Likud, o partido do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assim como integrantes de partidos e organizações que são a favor da colonização.

Um porta-voz do Likud deixou claro que o evento não era do Likud, mas sim uma "iniciativa local", como parte do festival religioso de Sukkot, ou Festa dos Tabernáculos.

O festival de peregrinação de uma semana comemora o êxodo bíblico do Egito. Uma das barracas temporárias erguidas para marcar o dia da festa trazia o nome do partido Likud.

<><> "Palestinos perderam direito a Gaza"

"Vou dizer em alto e bom som: os palestinos perderam o direito de permanecer em Gaza depois do que fizeram conosco em 7 de outubro. Nenhum deles permanecerá na Faixa, estamos prontos para voltar o mais rápido possível", grita Weiss eufórica para uma plateia, formada em sua maioria por judeus ortodoxos, que aplaude cada palavra sua.

Muitos participantes carregam adesivos com o slogan "Gaza é nossa para a eternidade". A camiseta de um ativista trazia a frase "Gaza faz parte do Estado de Israel".

Weiss, ex-prefeita do assentamento de Kedumim, defende o retorno dos israelenses a Gaza com o argumento de que isso beneficiará os EUA e a Europa, pois, segundo ela, isso significará o fim do "demônio do Hamas na Faixa de Gaza" e "o fim do Hamas na Faixa de Gaza o mais rápido possível".

"Espero que todos vocês possam aproveitar as praias de Gaza muito em breve", acrescenta Weiss, que foi presa várias vezes por agredir a polícia israelense durante protestos.

<><> Criação de seis assentamentos em Gaza

Israel desmantelou 21 assentamentos israelenses dentro da Faixa de Gaza em 2005, a maioria deles em frente à praia, e forçou a saída de cerca de 8 mil residentes após o plano de retirada unilateral do então primeiro-ministro Ariel Sharon, que pôs fim a uma ocupação direta desde a Guerra dos Seis Dias de 1967.

O projeto que está sendo promovido pelo grupo de Weiss prevê a criação de seis assentamentos em diferentes pontos da Faixa de Gaza, que hoje abriga mais de 2 milhões de palestinos, a maioria deles deslocados após mais de um ano de guerra.

No mapa que a judia ultraortodoxa Orit Rosenfelder, de 23 anos, mostra à EFE, estão marcados esses seis assentamentos. "No norte, em Jabalia, meu primo está lutando contra o Hamas, e o que estamos vendo é que, enquanto continuarmos a permitir que os palestinos vivam lá, haverá mais terrorismo porque a maioria não quer a paz", diz.

"Estamos prontos para voltar a viver em Gaza assim que recebermos o sinal verde do Exército e eles nos disserem que é um lugar seguro. Voltaremos à nossa terra", afirma.

O próprio Netanyahu rejeita o retorno de civis judeus ao território palestino, mas alguns ministros radicais de seu governo não descartam essa possibilidade.

Já em janeiro, em uma reunião em Jerusalém com a presença de até 12 ministros israelenses, os colonos declararam publicamente seus dois principais objetivos, repetidos nesta segunda-feira pelo ministro israelense de Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, líder do partido ultranacionalista Otzma Yehudit e um dos oradores da manifestação.

"Incentivar a imigração e os assentamentos judaicos em Gaza está em nossas mãos", disse Gvir no comício de segunda-feira, ele que é antiárabe e já foi condenado no passado por incitar o racismo e o vandalismo. "A verdade é que essa é a solução mais ética e mais correta”, disse ele, enquanto insiste que os palestinos não devem ser forçados a deixar a Faixa de Gaza.

"Sem os assentamentos não há segurança. Vamos nos estabelecer e fazer Gaza prosperar porque é a nossa terra", reiterou no pódio o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, líder da legenda de ultradireita Sionismo Religioso.

De acordo com o deputado do mesmo partido, Tzvi Sukkot, "retornar" a Gaza significa "fazer com que o Hamas pague um alto preço ideológico pela guerra que desencadeou contra nós".

"Eles devem entender que, nessa guerra, também perderão a Faixa de Gaza", disse ele à agência de notícias AFP.

<><> "Discursos atrasam libertação de reféns"

Nem todos concordam. Ayala Metzger, uma das líderes dos protestos antigovernamentais e cujos sogros são reféns em Gaza, acredita que os discursos a favor da colonização do território "reduzem as chances de libertação" dos 97 reféns que ainda estão lá.

Outros, como Rohi Baruch, que ainda não recuperou o corpo de seu irmão Uriel, dizem que é preciso "retomar a Faixa de Gaza e preparar a instalação de civis" para trazer de volta os reféns.

A guerra em Gaza foi provocada pelo ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em cifras oficiais israelenses e que inclui os reféns mortos em cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque, 97 permanecem em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo Exército.

O ataque desencadeou a guerra em Gaza, que matou mais de 42,6 mil pessoas, em sua maioria civis. Os dados, embora tenham sejam fornecidos pelo Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas, são considerados pela ONU como confiáveis.

¨       Irã afirma direito à autodefesa após 'repetidos ataques de Israel e falta de ação da ONU'

Teerã tem direito à autodefesa, e seus recentes ataques contra Israel mostraram sua determinação em proteger a soberania iraniana, disse Abbas-Ali Kadkhodaei, conselheiro sênior do ministro das Relações Exteriores do Irã.

Kadkhodaei criticou a agressão de Israel nos territórios palestinos, citando resoluções da ONU e decisões do Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), que condenaram repetidamente a ocupação persistente.

"A tomada forçada dos territórios palestinos por Israel não concede soberania à potência ocupante [...] Os Estados não devem reconhecer ou manter esta situação ilegal e devem tomar medidas positivas para acabar com a ocupação", disse Kadkhodaei, instando a comunidade internacional a pressionar Israel para que termine os combates em Gaza e no sul do Líbano.

"Dado os numerosos crimes de guerra cometidos pelos soldados israelenses, a comunidade internacional deve exercer pressão sobre o regime para acabar com a guerra. Isso pode ser conseguido cortando a ajuda militar e financeira a Israel e exigindo um cessar-fogo."

O ataque maciço de mísseis lançado por Teerã em 1º de outubro contra Israel foi executado em total conformidade com o direito internacional e constituiu o "direito inerente ao Irã à autodefesa" exercido na sequência de "repetidos ataques israelenses e da falta de ação do Conselho de Segurança da ONU", frisou o conselheiro sênior.

Os ataques "demonstram o compromisso do Irã com o direito internacional e sua determinação em proteger a sua soberania. Qualquer tentativa de impedir o direito do Irã à autodefesa seria uma violação do direito internacional e teria sérias consequências", alertou Kadkhodaei.

O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel em resposta aos assassinatos de líderes do Hamas e do Hezbollah e de um general iraniano do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC).

<><> Irã planeja realizar exercícios militares conjuntos com Arábia Saudita no mar Vermelho

Em uma mudança na rota geopolítica do Oriente Médio, Irã e Arábia Saudita podem realizar exercícios militares conjuntos no mar Vermelho, revela relatório divulgado nesta terça-feira (22) pelo The Times of Israel. Porém, Riad não confirmou o documento.

Enquanto o Irã é dominado por muçulmanos xiitas e a Arábia Saudita tem maioria sunita, os dois países chegaram a romper relações diplomáticas em 2016. No Oriente Médio, atuaram na maior parte das vezes em lados opostos.

Porém, em um acordo mediado pela China no ano passado que surpreendeu o mundo, Riad e Teerã retomaram os laços na diplomacia. Além disso, passaram a fazer parte do BRICS a partir deste ano.

"A Arábia Saudita pediu que organizássemos exercícios conjuntos no mar Vermelho. A coordenação está em andamento e as delegações de ambos os países realizarão as consultas necessárias sobre como conduzir o exercício", disse o comandante da Marinha do Irã, Almirante Shahram Irani, segundo a agência de notícias iraniana ISNA.

O objetivo da cooperação militar seria reduzir as tensões na região, acrescenta o jornal Tehran Times. "Essa colaboração entre a Arábia Saudita e o Irã pode abrir caminho para mais diálogo e redução das tensões na região, beneficiando ambos os países e a comunidade internacional em geral", finaliza.

 

¨       'Bomba inteligente': Conheça a arma que Israel usou para derrubar prédio em Beirute

Entre os vários bombardeios que Israel tem feito em Beirute, no Líbano, um chamou a atenção nesta semana: um prédio desaba inteiramente após ser atingido por uma bomba israelense.

Em um piscar de olhos, a câmera de um fotógrafo da agência de notícias Associated Press capturou o momento em que o artefato caiu em direção ao prédio de Beirute antes de detonar para derrubar a torre.

O ataque aéreo ocorreu 40 minutos depois de Israel alertar as pessoas para evacuarem dois prédios na área que, segundo o Exército israelense, estavam localizados perto de armazéns e ativos do Hezbollah.

Por isso, jornalistas estavam posicionados na área e captaram um raro vislumbre do uso de uma das bombas mais poderosas do arsenal de Israel.

<><> Que tipo de arma era?

Um exame feito por pesquisadores de armas independentes sugere que a arma era uma bomba guiada, também conhecida como bomba inteligente, lançada de um jato israelense.

As seções da cauda e do nariz indicam que era uma ogiva de 2.000 libras equipada com um kit de orientação israelense conhecido como SPICE, de acordo o pesquisador sênior de conflitos, crises e armas da Human Rights Watch, Richard Weir.

Os sistemas de orientação SPICE — Smart, Precise-Impact and Cost-Effective — são feitos pela Rafael Advanced Defense Systems, de propriedade do governo israelense. Eles são acoplados a uma bomba não guiada padrão para direcionar a arma ao seu alvo.

Minutos antes do ataque derrubar o prédio, houve dois ataques menores, no que os militares israelenses costumam chamar de ataque de alerta de "batida no telhado", de acordo com jornalistas da AP no local.

A prática foi observada na campanha militar de Israel em Gaza. Lá, mais de 40.000 foram mortos, de acordo com autoridades locais que não distinguem entre mortes de civis e combatentes, em um dos conflitos mais destrutivos da história recente.

Os militares israelenses se recusaram a comentar sobre o tipo de arma usada.

<><> Por que Israel usa esse tipo de bomba?

A Rafael anuncia os kits SPICE como capazes de operar dia ou noite, em condições climáticas adversas e em áreas bloqueadas por GPS. Ela diz que as armas oferecem "alta letalidade e baixo dano colateral" e "precisão de acerto preciso".

Ele também mantém a aeronave atacante fora de perigo. A versão de 2.000 libras pode ser lançada a até 60 quilômetros de seu alvo. A Rafael também faz versões menores.

Uma vez lançada por um avião de guerra israelense atacante, como um F-15 ou F-16 de fabricação americana, a bomba desliza em direção ao alvo, ajustando o curso usando aletas móveis.

Joseph Dempsey, analista de defesa e militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, concordou que as fotos indicavam que a arma era uma bomba SPICE de 2.000 libras.

Ele disse que o sistema de orientação é pensado para depender de GPS e do que é conhecido como sistemas de orientação eletro-ópticos, que usam câmeras ou sensores para zerar o alvo da bomba. A natureza destrutiva da arma se resume a muitos fatores, incluindo o tamanho da ogiva e a maneira como ela é fundida.

“Este foi claramente um fusível de ação retardada. Ele enterrou-se no chão (e) detonou, o que tem o efeito de limitar a fragmentação e os danos da explosão deste ataque em particular”, disse Weir.

Isso explica por que a destruição foi limitada quase inteiramente ao edifício alvo. Pessoas que estavam a algumas centenas de metros de distância sentiram pouco ou nada da explosão e não viram muita fragmentação.

<><> Onde essa bomba é feita?

A resposta não é direta.

"Os kits de orientação para o SPICE 2000 são fabricados pela Rafael em Israel, embora o nível de dependência de subcomponentes estrangeiros não esteja claro", disse Dempsey.

Em 2019, a Rafael e a contratada de defesa dos EUA Lockheed Martin assinaram um acordo para trabalhar juntas para construir e vender kits de orientação SPICE nos EUA. À época, as empresas disseram que a produção de mais de 60% do sistema SPICE estava espalhada por oito estados dos EUA.

No final de outubro de 2023, semanas após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, o Departamento de Estado dos EUA emitiu uma carta aprovando a exportação de conjuntos adicionais de bombas SPICE para Israel.

Essa carta, relatada pela primeira vez pelo jornal "The New York Times", Washington notificou o Congresso que a Rafael USA, uma subsidiária americana da empresa de defesa israelense, estava buscando a remessa de US$ 320 milhões.

Essa solicitação foi uma emenda a uma licença anterior de US$ 403 milhões em 2020.

A ogiva explosiva é uma bomba básica, neste caso provavelmente um explosivo estilo MK-84 de 2.000 libras, onde a seção do nariz e da cauda foram trocadas pelo sistema de orientação.

No início deste ano, os EUA interromperam os embarques dessas bombas poderosas para Israel devido a preocupações com vítimas civis, embora se acredite que Israel ainda tenha suprimentos em estoque.

É difícil saber com certeza onde a parte da bomba foi produzida. Israel depende dos EUA para suprimentos de bombas MK-84, mas ele e outros países também produzem armas semelhantes.

Determinar isso com certeza exigiria recuperar restos com marcações, disse Weir.

 

Fonte: Sputnik Brasil/DW Brasil/AFP

 

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