Economia do Líbano poderá cair 9,2% se os
ataques israelenses não pararem
A escalada das
hostilidades no Líbano gera um impacto profundo na vida da população, mas
também influencia na economia do país, o que conta significativamente, alertou
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, na sigla em inglês).
Um relatório publicado
pelo PNUD em nesta quarta-feira (23) alerta que a economia libanesa poderá
sofrer uma contração de até 9,2% se as hostilidades continuarem até ao final do
ano.
"O risco desta
queda vertiginosa do Produto Interno Bruto (PIB) soma-se à contração de 28%
registrada entre 2018 e 2022 e anularia os avanços na estabilidade econômica
alcançados em 2002", alerta a análise feita pelo PNUD.
A avaliação do PNUD
ressalta que o conflito tem profundas implicações econômicas a curto prazo,
incluindo um encolhimento significativo em setores-chave como turismo,
agricultura, indústria transformadora, comércio e outros serviços.
O programa da ONU
prevê que mesmo que as hostilidades cessem no final de 2024, a economia poderá
encolher em cerca de 2,3% em 2025 e 2,4% em 2026, devido a uma desaceleração da
atividade econômica esperada, à recuperação lenta prevista nos esforços para reconstrução
e perdas de capital significativas em todos os setores.
"O povo do Líbano
enfrenta não só a ameaça imediata à vida, mas também o aumento da pobreza, a
crescente instabilidade social e a agitação civil. As repercussões do conflito
na economia do Líbano e no desenvolvimento a longo prazo podem ser muito graves.
O que é mais necessário agora é um cessar-fogo", disse o administrador do
PNUD, Achim Steiner, em um comunicado.
O estudo adverte,
ainda, que devido ao contexto geopolítico, o atual cenário de conflito entre o
Hezbollah e Israel pode ser mais prejudicial ao Líbano que a escalada
envolvendo os dois países em 2006, que causou uma queda do PIB entre 8% e 10%.
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Radicais israelenses
pregam ocupação de território palestino como suposta solução para acabar com o
Hamas
A poucos quilômetros
da Faixa de Gaza, no meio
do nada, um grupo de colonos israelenses dança, pula e canta em círculo; ao
fundo, a artilharia israelense ressoa dentro do devastado território palestino,
para onde os judeus ultranacionalistas exigem retornar sob a alegação de
que a terra pertence a eles.
"Viemos aqui para
dizer ao mundo que precisamos estar em Gaza e permanecer lá para sempre. Ela
nos pertence e nós voltaremos para viver lá. É a única maneira de acabar com
o Hamas", disse à agência de notícias EFE
Yair Maoz, um colono que vive com a esposa e cinco filhos em um assentamento em
Hebron, na Cisjordânia ocupada.
Assim como Maoz,
muitas outras famílias de colonos e ultradireitistas israelenses não quiseram
perder esse evento organizado na segunda-feira (21/10) pela
organização radical Nachala, liderada por Daniella Weiss, que promove
a expansão dos assentamentos – ilegais de acordo com a lei
internacional –, agora também em Gaza.
A manifestação sob o
lema "Retornando a Gaza" teve entre seus participantes membros
do Likud, o partido do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu,
assim como integrantes de partidos e organizações que são a favor da
colonização.
Um porta-voz do Likud
deixou claro que o evento não era do Likud, mas sim uma "iniciativa
local", como parte do festival religioso de Sukkot, ou Festa dos
Tabernáculos.
O festival de
peregrinação de uma semana comemora o êxodo bíblico do Egito. Uma das barracas
temporárias erguidas para marcar o dia da festa trazia o nome do partido Likud.
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"Palestinos perderam direito a Gaza"
"Vou dizer em
alto e bom som: os palestinos perderam o direito de permanecer em Gaza depois
do que fizeram conosco em 7 de outubro. Nenhum deles permanecerá na Faixa,
estamos prontos para voltar o mais rápido possível", grita Weiss eufórica
para uma plateia, formada em sua maioria por judeus ortodoxos, que aplaude cada
palavra sua.
Muitos participantes
carregam adesivos com o slogan "Gaza é nossa para a eternidade". A
camiseta de um ativista trazia a frase "Gaza faz parte do Estado de
Israel".
Weiss, ex-prefeita do
assentamento de Kedumim, defende o retorno dos israelenses a Gaza com o
argumento de que isso beneficiará os EUA e a Europa, pois, segundo ela, isso
significará o fim do "demônio do Hamas na Faixa de Gaza" e "o
fim do Hamas na Faixa de Gaza o mais rápido possível".
"Espero que todos
vocês possam aproveitar as praias de Gaza muito em breve", acrescenta
Weiss, que foi presa várias vezes por agredir a polícia israelense durante
protestos.
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Criação de seis assentamentos em Gaza
Israel desmantelou 21
assentamentos israelenses dentro da Faixa de Gaza em 2005, a maioria deles em
frente à praia, e forçou a saída de cerca de 8 mil residentes após o plano de
retirada unilateral do então primeiro-ministro Ariel Sharon, que pôs fim a uma
ocupação direta desde a Guerra dos Seis Dias de 1967.
O projeto que está
sendo promovido pelo grupo de Weiss prevê a criação de seis assentamentos
em diferentes pontos da Faixa de Gaza, que hoje abriga mais de 2 milhões
de palestinos, a maioria deles deslocados após mais de um ano de guerra.
No mapa que a judia
ultraortodoxa Orit Rosenfelder, de 23 anos, mostra à EFE, estão marcados esses
seis assentamentos. "No norte, em Jabalia, meu primo está lutando contra o
Hamas, e o que estamos vendo é que, enquanto continuarmos a permitir que os
palestinos vivam lá, haverá mais terrorismo porque a maioria não quer a
paz", diz.
"Estamos prontos
para voltar a viver em Gaza assim que recebermos o sinal verde do Exército e
eles nos disserem que é um lugar seguro. Voltaremos à nossa terra",
afirma.
O próprio Netanyahu
rejeita o retorno de civis judeus ao território palestino, mas alguns ministros
radicais de seu governo não descartam essa possibilidade.
Já em janeiro, em
uma reunião em Jerusalém com a presença de até 12 ministros israelenses,
os colonos declararam publicamente seus dois principais objetivos, repetidos
nesta segunda-feira pelo ministro israelense de Segurança Nacional, Itamar Ben
Gvir, líder do partido ultranacionalista Otzma Yehudit e um dos oradores da
manifestação.
"Incentivar a
imigração e os assentamentos judaicos em Gaza está em nossas mãos", disse
Gvir no comício de segunda-feira, ele que é antiárabe e já foi condenado no
passado por incitar o racismo e o vandalismo. "A verdade é que essa é a
solução mais ética e mais correta”, disse ele, enquanto insiste que os
palestinos não devem ser forçados a deixar a Faixa de Gaza.
"Sem os
assentamentos não há segurança. Vamos nos estabelecer e fazer Gaza prosperar
porque é a nossa terra", reiterou no pódio o ministro das Finanças,
Bezalel Smotrich, líder da legenda de ultradireita Sionismo
Religioso.
De acordo com o
deputado do mesmo partido, Tzvi Sukkot, "retornar" a Gaza significa
"fazer com que o Hamas pague um alto preço ideológico pela guerra que
desencadeou contra nós".
"Eles devem
entender que, nessa guerra, também perderão a Faixa de Gaza", disse ele à
agência de notícias AFP.
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"Discursos atrasam libertação de reféns"
Nem todos concordam.
Ayala Metzger, uma das líderes dos protestos antigovernamentais e cujos sogros
são reféns em Gaza, acredita que os discursos a favor da colonização do
território "reduzem as chances de libertação" dos 97 reféns que ainda
estão lá.
Outros, como Rohi
Baruch, que ainda não recuperou o corpo de seu irmão Uriel, dizem que é
preciso "retomar a Faixa de Gaza e preparar a instalação de
civis" para trazer de volta os reféns.
A guerra em Gaza foi
provocada pelo ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro
de 2023, que resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo
um levantamento baseado em cifras oficiais israelenses e que inclui os
reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Das 251 pessoas
sequestradas durante o ataque, 97 permanecem em Gaza, das quais 34 foram
declaradas mortas pelo Exército.
O ataque desencadeou a
guerra em Gaza, que matou mais de 42,6 mil pessoas, em sua maioria civis. Os
dados, embora tenham sejam fornecidos pelo Ministério da Saúde do
território controlado pelo Hamas, são considerados pela ONU como
confiáveis.
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Irã afirma direito à
autodefesa após 'repetidos ataques de Israel e falta de ação da ONU'
Teerã tem direito à
autodefesa, e seus recentes ataques contra Israel mostraram sua determinação em
proteger a soberania iraniana, disse Abbas-Ali Kadkhodaei, conselheiro sênior
do ministro das Relações Exteriores do Irã.
Kadkhodaei criticou a
agressão de Israel nos territórios palestinos, citando resoluções da ONU e
decisões do Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), que condenaram
repetidamente a ocupação persistente.
"A tomada forçada
dos territórios palestinos por Israel não concede soberania à potência ocupante
[...] Os Estados não devem reconhecer ou manter esta situação ilegal e devem
tomar medidas positivas para acabar com a ocupação", disse Kadkhodaei,
instando a comunidade internacional a pressionar Israel para que termine os
combates em Gaza e no sul do Líbano.
"Dado os
numerosos crimes de guerra cometidos pelos soldados israelenses, a comunidade
internacional deve exercer pressão sobre o regime para acabar com a guerra.
Isso pode ser conseguido cortando a ajuda militar e financeira a Israel e
exigindo um cessar-fogo."
O ataque maciço de
mísseis lançado por Teerã em 1º de outubro contra Israel foi executado em total
conformidade com o direito internacional e constituiu o "direito inerente
ao Irã à autodefesa" exercido na sequência de "repetidos ataques israelenses
e da falta de ação do Conselho de Segurança da ONU", frisou o conselheiro
sênior.
Os ataques
"demonstram o compromisso do Irã com o direito internacional e sua
determinação em proteger a sua soberania. Qualquer tentativa de impedir o
direito do Irã à autodefesa seria uma violação do direito internacional e teria
sérias consequências", alertou Kadkhodaei.
O Irã disparou cerca
de 200 mísseis balísticos contra Israel em resposta aos assassinatos de líderes
do Hamas e do Hezbollah e de um general iraniano do Corpo de Guardiões da
Revolução Islâmica (IRGC).
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Irã planeja realizar exercícios militares conjuntos com Arábia Saudita no mar
Vermelho
Em uma mudança na rota
geopolítica do Oriente Médio, Irã e Arábia Saudita podem realizar exercícios
militares conjuntos no mar Vermelho, revela relatório divulgado nesta
terça-feira (22) pelo The Times of Israel. Porém, Riad não confirmou o
documento.
Enquanto o Irã é
dominado por muçulmanos xiitas e a Arábia Saudita tem maioria sunita, os dois
países chegaram a romper relações diplomáticas em 2016. No Oriente Médio,
atuaram na maior parte das vezes em lados opostos.
Porém, em um acordo
mediado pela China no ano passado que surpreendeu o mundo, Riad e Teerã
retomaram os laços na diplomacia. Além disso, passaram a fazer parte do BRICS a
partir deste ano.
"A Arábia Saudita
pediu que organizássemos exercícios conjuntos no mar Vermelho. A coordenação
está em andamento e as delegações de ambos os países realizarão as consultas
necessárias sobre como conduzir o exercício", disse o comandante da Marinha
do Irã, Almirante Shahram Irani, segundo a agência de notícias iraniana ISNA.
O objetivo da
cooperação militar seria reduzir as tensões na região, acrescenta o jornal
Tehran Times. "Essa colaboração entre a Arábia Saudita e o Irã pode abrir
caminho para mais diálogo e redução das tensões na região, beneficiando ambos
os países e a comunidade internacional em geral", finaliza.
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'Bomba inteligente':
Conheça a arma que Israel usou para derrubar prédio em Beirute
Entre os vários
bombardeios que Israel tem feito em Beirute, no Líbano, um chamou
a atenção nesta semana: um prédio desaba inteiramente após ser atingido por uma bomba
israelense.
Em um piscar de olhos,
a câmera de um fotógrafo da agência de notícias Associated Press capturou o
momento em que o artefato caiu em direção ao prédio de Beirute antes de detonar
para derrubar a torre.
O ataque aéreo
ocorreu 40 minutos depois de Israel alertar as pessoas para evacuarem dois
prédios na área que, segundo o Exército israelense, estavam localizados
perto de armazéns e ativos do Hezbollah.
Por isso, jornalistas
estavam posicionados na área e captaram um raro vislumbre do uso de uma
das bombas mais poderosas do arsenal de Israel.
<><> Que
tipo de arma era?
Um exame feito por
pesquisadores de armas independentes sugere que a arma era uma bomba
guiada, também conhecida como bomba inteligente, lançada de um jato
israelense.
As seções da cauda e
do nariz indicam que era uma ogiva de 2.000 libras equipada com um kit de
orientação israelense conhecido como SPICE, de acordo o pesquisador sênior de
conflitos, crises e armas da Human Rights Watch, Richard Weir.
Os sistemas de
orientação SPICE — Smart, Precise-Impact and Cost-Effective — são feitos
pela Rafael Advanced Defense Systems, de propriedade do governo israelense.
Eles são acoplados a uma bomba não guiada padrão para direcionar a
arma ao seu alvo.
Minutos antes do
ataque derrubar o prédio, houve dois ataques menores, no que os militares
israelenses costumam chamar de ataque de alerta de "batida no
telhado", de acordo com jornalistas da AP no local.
A prática foi
observada na campanha militar de Israel em Gaza. Lá, mais de 40.000 foram
mortos, de acordo com autoridades locais que não distinguem entre mortes de
civis e combatentes, em um dos conflitos mais destrutivos da história recente.
Os militares
israelenses se recusaram a comentar sobre o tipo de arma usada.
<><> Por
que Israel usa esse tipo de bomba?
A Rafael anuncia os
kits SPICE como capazes de operar dia ou noite, em condições climáticas
adversas e em áreas bloqueadas por GPS. Ela diz que as armas
oferecem "alta letalidade e baixo dano colateral" e
"precisão de acerto preciso".
Ele também mantém a
aeronave atacante fora de perigo. A versão de 2.000 libras pode ser
lançada a até 60 quilômetros de seu alvo. A Rafael também faz versões menores.
Uma vez lançada por um
avião de guerra israelense atacante, como um F-15 ou F-16 de fabricação
americana, a bomba desliza em direção ao alvo, ajustando o curso usando
aletas móveis.
Joseph Dempsey,
analista de defesa e militar do Instituto Internacional de Estudos
Estratégicos, concordou que as fotos indicavam que a arma era uma bomba
SPICE de 2.000 libras.
Ele disse que o
sistema de orientação é pensado para depender de GPS e do que é conhecido como
sistemas de orientação eletro-ópticos, que usam câmeras ou sensores para zerar
o alvo da bomba. A natureza destrutiva da arma se resume a muitos fatores,
incluindo o tamanho da ogiva e a maneira como ela é fundida.
“Este foi claramente
um fusível de ação retardada. Ele enterrou-se no chão (e) detonou, o que tem o
efeito de limitar a fragmentação e os danos da explosão deste ataque em
particular”, disse Weir.
Isso explica por que a
destruição foi limitada quase inteiramente ao edifício alvo. Pessoas que
estavam a algumas centenas de metros de distância sentiram pouco ou nada da
explosão e não viram muita fragmentação.
<><> Onde
essa bomba é feita?
A resposta não é
direta.
"Os kits de
orientação para o SPICE 2000 são fabricados pela Rafael em Israel, embora o
nível de dependência de subcomponentes estrangeiros não esteja claro",
disse Dempsey.
Em 2019, a Rafael e a
contratada de defesa dos EUA Lockheed Martin assinaram um acordo para trabalhar
juntas para construir e vender kits de orientação SPICE nos EUA. À época, as
empresas disseram que a produção de mais de 60% do sistema SPICE estava espalhada
por oito estados dos EUA.
No final de outubro de
2023, semanas após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro,
o Departamento de Estado dos EUA emitiu uma carta aprovando a exportação
de conjuntos adicionais de bombas SPICE para Israel.
Essa carta, relatada
pela primeira vez pelo jornal "The New York Times", Washington
notificou o Congresso que a Rafael USA, uma subsidiária americana da empresa de
defesa israelense, estava buscando a remessa de US$ 320 milhões.
Essa solicitação foi
uma emenda a uma licença anterior de US$ 403 milhões em 2020.
A ogiva explosiva é
uma bomba básica, neste caso provavelmente um explosivo estilo MK-84 de 2.000
libras, onde a seção do nariz e da cauda foram trocadas pelo sistema de
orientação.
No início deste ano,
os EUA interromperam os embarques dessas bombas poderosas para Israel devido a
preocupações com vítimas civis, embora se acredite que Israel ainda tenha
suprimentos em estoque.
É difícil saber com
certeza onde a parte da bomba foi produzida. Israel depende dos EUA para
suprimentos de bombas MK-84, mas ele e outros países também produzem armas
semelhantes.
Determinar isso com
certeza exigiria recuperar restos com marcações, disse Weir.
Fonte: Sputnik Brasil/DW
Brasil/AFP
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