sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Economia americana se importa com quem seja o presidente?

As eleições presidenciais e nacionais dos Estados Unidos demandam bastante tempo, engajamento e dinheiro, e 2024 não é exceção. 

Apesar disso, a economia do país não parece fazer distinção entre democratas e republicanos. Uma análise de dados de 2009 sugere que, independente de quem estivesse no poder, a economia foi determinada tanto por decisões tomadas na Casa Branca quanto por eventos globais e processos demográficos.

O período de 2009 a 2024 abarca tanto os dois mandatos de Barack Obama como os de Donald Trump e de Joe Biden, o qual chega agora ao fim.

Nestes 15 anos, houve dois fatores disruptivos para a economia: a crise financeira iniciada antes da era Obama e a pandemia de covid-19, durante o governo Trump.

A crise financeira fez muitos temerem o colapso de todo o sistema bancário. Logo em seguida, as montadoras GM e Chrysler declararam falência, com o fim de se reorganizar; e o mercado imobiliário, especificamente as hipotecas, estava saindo de controle.

A pandemia de covid-19 teve um impacto mais imediato nas economias americana e global. Medidas de confinamento e escassez de bens, devido à fragilidade das cadeias de abastecimento e ao fechamento de fronteiras, causaram caos, desemprego em massa e mortes.

Em parte graças a subsídios significativos, os EUA conseguiram sair rapidamente da depressão pandêmica, retomando onde a economia estagnara e criando mecanismos fortes de recuperação.

<><> PIB americano versus outras potências

Um problema ao comparar o impacto de cada presidente e suas políticas é a defasagem até estas começarem a fazer efeito. Investir em infraestrutura ou na fabricação de chips é necessário, mas os benefícios só vão ser sentidos muito mais tarde. Policiar a fronteira com o México pode afastar alguns migrantes, mas o impacto da perda de mão de obra leva algum tempo para se refletir nos preços nos supermercados.

Outro problema é avaliar o impacto dos presidentes isoladamente das decisões tomadas em conjunto com o Congresso ou instituições independentes, como o Federal Reserve (o banco central americano).

Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita americano era superior a 81 mil dólares (R$ 461 mil) por ano. Desde 1990, ele cresceu a cada ano, exceto em 2009, como mais um efeito secundário da crise financeira. Em 2023, o PIB total foi de espantosos 27,36 trilhões de dólares, tornando os EUA, de longe, a maior economia do mundo. A China vinha num distante segundo lugar, com 17,66 trilhões de dólares, seguida pela Alemanha e o Japão.

O PIB per capita dos EUA é três vezes maior do que o da China e oito vezes do que o da Índia. Mas ambas as potências vêm ganhando terreno, com esse índice crescendo num ritmo superior ao americano.

<><> Desemprego moderado

Nos primeiros meses da presidência Obama, o desemprego cresceu, devido à crise financeira: de abril de 2009 a setembro de 2011, chegou a superar os 9%. Em seguida, caiu lentamente, até atingir o nível mais baixo desde a década de 1960. Até que um breve pico durante a pandemia de covid-19 deixou muitos sem trabalho. Em 2024, o desemprego tem se mantido na faixa dos 4%.

Em compensação, os assalariados americanos mostram-se mais produtivos do que os de outros países, em termos de inovação, investimento em pesquisa e desenvolvimento, e da disposição de mudar de emprego ou de endereço.

<><> Desigualdade salarial cresce

Os EUA são o país-membro do G7 mais desigual em termos de remuneração, e essa desigualdade vem aumentando: o 1% dos americanos com salário mais alto detém uma enorme proporção da riqueza nacional. Por definição, nos EUA a categoria é formada pelos que ganham a partir de 1 milhão de dólares por ano, antes da tributação. No Reino Unido, por exemplo, esse 1% mais rico já começa em 250 mil dólares.

Em outubro de 2016, Barack Obama escrevia na revista The Economist que o salário dos diretores de empresas era 250 vezes mais alto do que o do empregado médio. Além disso, em 1979, "as 'top 1%' das famílias americanas recebiam 7% de tudo, descontados os impostos", enquanto "em 2007, essa parcela mais do que dobrara, para 17%". Do lado positivo, caiu o número dos extremamente pobres.

<><> Migração transforma os EUA

Enquanto é difícil aferir os ingressos ilegais nos EUA, um dos indicadores para calcular o volume de imigração é o número de green cards concedidos: entre 2009 e 2022, eles foram 14 milhões.

Nos últimos 50 anos, cresceu consideravelmente a população de origem estrangeira vivendo no país, legal ou ilegalmente, segundo relatório divulgado em abril pelo Departamento do Censo: em 1970, ela somava 9,6 milhões; em 2022, passava de 46 milhões, ou quase 14% da população total.

Dessa percentagem, quase um terço chegou aos EUA depois de 2010, e a metade vive em apenas quatro estados Califórnia, Texas, Flórida e Nova York. Mais da metade dos residentes estrangeiros adotou a cidadania americana.

<><> Alta inflação chega aos EUA

O Índice de Preços ao Consumidor confirma que desde 2009 a inflação disparou nos EUA. Quando Obama assumiu, a taxa estava em zero e entrou no terreno negativo, mas acabou chegando aos 9,1%, em junho de 2022. Em setembro de 2024, ela estava em 2,4%, a cifra mais baixa desde fevereiro de 2021.

Entretanto esse período relativamente breve de pico inflacionário está tendo uma repercussão longa, resultando numa alta considerável do custo de vida para muitos americanos.

Os preços ao consumidor subiram muito, o que desagrada bastante o eleitorado. Trata-se de uma das questões mais importantes em 2024, capaz de decidir o voto nos swing states – os estados em que a opção por democratas ou republicanos não está definida. É também um dos fatores mais difíceis para um presidente controlar.

¨      Kamala Harris chama Trump de fascista e descontrolado

A vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, disse nesta quarta-feira (23/10), em um encontro televisionado com eleitores indecisos, que acredita que seu rival, o ex-presidente Donald Trump, é um fascista e representa um perigo para os Estados Unidos. O comentário foi feito após a divulgação de um relato de um ex-colaborador de Trump que apontou que o republicano elogiou o ditador Adolf Hitler durante uma conversa.

Essa não foi a única crítica que Harris fez a Trump. Ela enfatizou que muitos dos ex-funcionários do magnata "o consideram inadequado e perigoso".

"Eles disseram, em particular, que ele despreza a Constituição dos Estados Unidos. Disseram que ele nunca mais deveria servir como presidente dos Estados Unidos. Sabemos que é por isso que Mike Pence não se candidatou novamente com ele (como vice-presidente)", disse Harris. "Donald Trump está cada vez mais descontrolado e instável."

Durante a sabatina com eleitores na emissora CNN, também lhe perguntaram se ela acreditava que Trump era antissemita, ao que Harris respondeu: "Acho que Donald Trump é um perigo para o bem-estar e a segurança dos Estados Unidos".

<><> "Trump é perigoso"

"Acho que Donald Trump é perigoso. Quando você tem um presidente dos Estados Unidos que disse, acho que muitas vezes no Salão Oval, aos seus generais, em essência, por que eles não podem ser mais como os generais de Hitler?", acrescentou.

Ele também enfatizou que Trump "admira" ditadores e criticou seu relacionamento com líderes como Kim Jong-un, da Coreia do Norte, e Vladimir Putin, da Rússia.

Definir seu oponente como autoritário é uma estratégia recorrente na reta final da campanha de Harris. Na terça-feira, durante sua única entrevista na mídia em espanhol, à emissora Telemundo, ela chamou Trump de "fascista até a medula".

<><> Elogios a Hitler

Os comentários de Harris foram feitos após uma reportagem do jornal The New York Times, segundo a qual o chefe de gabinete mais antigo de Trump, John Kelly, disse que o ex-presidente fez elogios ao ditador nazista Adolf Hitler enquanto estava no cargo.

Kelly disse ao jornal que Trump comentou que "Hitler também fez algumas coisas boas". Para outra publicação, a revista The Atlantic, Kelly relatou ainda que Trump teria ainda afirmado que "queria generais como Adolf Hitler tinha".

Trump negou o relato em uma publicação em sua plataforma de mídia social Truth Social. Ele afirmou que Kelly "inventou uma história".

A equipe de Trump também firmou que Kamala "está cada vez mais desesperada porque está cambaleando e sua campanha está em ruínas".

"Por isso continua espalhando mentiras e falsidades descaradas que são fáceis de refutar", disse o porta-voz Steven Cheung, em comunicado.

¨      Economia forte dos EUA e 'aposta em Trump' impulsionam alta do dólar, diz mídia

O dólar americano subiu para seu nível mais forte desde agosto, impulsionado por uma série recente de dados econômicos fortes e apostas de investidores de que a chance de Donald Trump vencer a eleição presidencial do próximo mês está aumentando.

A moeda norte-americana subiu quase 4% desde o final de setembro em relação a uma cesta de moedas rivais, graças aos resultados da queda do desemprego nos EUA que reduziram as expectativas de corte nas taxas de juros pela Reserva Federal (Fed).

De acordo com o Financial Times (FT), os traders e analistas dizem que probabilidades menores de um segundo governo Trump adicionaram combustível à alta, dado que os planos do ex-presidente de aplicar tarifas sobre importações devem aumentar a inflação e as taxas de juros caso ele vença em 5 de novembro.

"Os mercados estão se movendo para precificar uma maior probabilidade de vitória de Trump", disse o analista sênior de câmbio da MUFG, Lee Hardman, segundo a apuração do FT.

Os mercados de apostas e as pesquisas de opinião de estados indecisos, mostrando o ímpeto do ex-presidente, levaram os investidores a considerar o impacto de mercado das políticas para aumentar tarifas, restringir a imigração e reduzir impostos.

Apesar do desejo de Trump de enfraquecer o dólar, os investidores acreditam que suas políticas econômicas farão o oposto.

Para um especialista do mercado financeiro ouvido pela apuração, as políticas econômicas de Trump "tendem a ser associadas a mais inflação e, como resultado, tendem a ser associadas a um ciclo menos agressivo de flexibilização de taxas do Fed nos próximos anos".

Expectativas de cortes mais lentos nas taxas de juros pelo Fed também alimentaram uma liquidação em títulos do Tesouro dos EUA de longo prazo nas últimas semanas, com o rendimento do título do governo de 10 anos atingindo 4,22% na terça-feira (22), seu maior nível desde julho.

Mesmo com a alta do dólar, os investidores seguem relutantes em apostar todas as suas fichas em um possível resultado para a eleição de novembro nos EUA, mesmo que a data esteja tão próxima.

¨      Presidente cubano após Casa Branca expressar preocupação com crise elétrica: 'retire o embargo'

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, rebateu as críticas feitas pela Casa Branca sobre o impacto humanitário dos apagões em Cuba, pedindo a Washington que suspenda o embargo econômico de décadas, culpado pela situação na visão do chefe do executivo.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse na segunda-feira (20) que o governo Biden estava preocupado com os "potenciais impactos humanitários" dos apagões em Cuba e estava pronto para intervir se sua ajuda fosse necessária. Ela acrescentou, ainda, que Cuba não havia solicitado nenhuma assistência.

"Cerca de 41 países e várias organizações internacionais demonstraram solidariedade com Cuba, que está lidando com o duplo fardo de um ciclone e uma emergência energética com admirável resiliência. Os EUA dizem que não pedimos nada. Aqui está nossa demanda: levante o bloqueio", rebateu Díaz-Canel com uma publicação na rede social X.

O governo cubano disse na última sexta-feira (18) que uma falha na usina elétrica Antonio Guiteras, na província ocidental de Matanzas, havia desligado a rede elétrica, causando um apagão nacional.

Algumas partes da rede foram brevemente restabelecidas no fim de semana, mas voltaram a cair.

A situação se agravou ainda mais pelo furacão Oscar, que atingiu a costa leste de Cuba na noite da segunda-feira, matando pelo menos sete pessoas e causando danos materiais significativos.

Já nesta quarta-feira (23), o Ministério de Minas e Energia cubano afirmou que o fornecimento de eletricidade havia sido restaurado para cerca de 70% dos consumidores.

<><> Itamaraty diz que apagões em Cuba são agravados por embargo dos EUA que 'penalizam povo cubano'

Nos últimos dias, Cuba viveu um apagão quase total em meio à chegada do furacão Oscar, com ventos de até 130 km/h no país. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil manifestou solidariedade ao governo cubano.

O Itamaraty emitiu nota nesta terça-feira (22) sobre a emergência energética vivida em Cuba nos últimos dias. Além de declarar que acompanha a situação com preocupação, o governo brasileiro ainda manifestou solidariedade à população. Conforme a nota, a falta de energia tem como uma das causas o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos há seis décadas.

"A situação é agravada pelo embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, que há seis décadas penaliza diretamente o povo cubano, e pela manutenção de Cuba em sua lista unilateral de Estados patrocinadores do terrorismo, da qual derivam pesadas e injustificadas sanções", enfatizou o Itamaraty em nota.

O Brasil também falou sobre os danos provocados pelo furacão Oscar no país. "A recente passagem, pela região oriental de Cuba, do furacão Oscar, que causou perda de vidas humanas e destruição significativa, impõe dificuldades adicionais a Cuba. O Brasil manifesta condolências ao povo e ao governo cubanos, em particular às famílias das vítimas", acrescenta.

Conforme o governo, mais de 70% do serviço já foi reestabelecido no país. "No relatório da Unión Eléctrica às 06h00 desta manhã (10h00 GMT) 70,89% dos clientes em Cuba têm serviço elétrico. Hoje continua o fortalecimento dos sistemas formados e a expansão da cobertura elétrica no país", publicou o Ministério de Energia e Minas da ilha na rede social X.

Na última semana, uma falha em uma das principais usinas elétricas deixou Cuba mergulhada em um apagão após várias semanas de longas e recorrentes quedas de energia, o que obrigou o governo a declarar emergência nacional.

Cuba não vivia uma situação de produção zero de energia nas suas centrais geradoras desde o furacão Irma, em setembro de 2022, que deixou o país sem eletricidade durante vários dias.

O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Lázaro Guerra, declarou à mídia local que as causas do atual colapso ainda estão sendo investigadas, e anunciou a criação de microssistemas para o reinício da geração, em prazo ainda indefinido.

O sindicato dos eletricistas já havia alertado sobre a necessidade de manutenção na termelétrica após operar durante todo o verão, que foi particularmente quente.

 

Fonte: DW Brasil/Sputnik Brasil

 

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