sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Eleições 2024: Prefeito de São Paulo diz que mais da metade da cidade são áreas verdes. É verdade?

Pouco mais da metade do território de São Paulo, a maior cidade da América Latina, com 11,4 milhões de habitantes, são áreas verdes. É isso que o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), tem repetido durante sua campanha pela reeleição.

"Inaugurei dez parques, aumentei a área de cobertura vegetal de 48 para 54% (...), fiz as ações da Secretaria de Mudanças Climáticas, temos nosso Plano Municipal do Clima, fiz 620 mil podas [de árvores]", ele afirmou no primeiro debate deste segundo turno, quando travava um embate com o oponente, Guilherme Boulos (PSOL), sobre as responsabilidades pela crise da Enel após o apagão de 11 de outubro.

A presença de áreas remanescentes de florestas nos extremos de São Paulo — uma fatia do Parque Estadual da Cantareira no norte e do Parque Estadual da Serra do Mar no sul — faz com que a cidade tenha um percentual relativamente alto de áreas verdes para uma metrópole de suas proporções. Outra das muitas peculiaridades da capital paulista, que entre outros apelidos é conhecida como "selva de pedra". Não há como checar a veracidade do número que vem sendo repetido pelo prefeito, entretanto, porque o estudo no qual ele se baseia até hoje não foi divulgado.

Quando anunciou, em junho de 2023, que a extensão das áreas verdes da capital havia chegado a 54%, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) afirmou que os dados técnicos do levantamento seriam compartilhados "em breve". Um ano e quatro meses depois, a secretaria comunicou à BBC News Brasil que os dados devem ser publicados até o fim de 2024, mas não deu motivo para a demora.

Segundo a Rede Nossa São Paulo, organização da sociedade civil que há dez anos divulga o Mapa da Desigualdade, a cobertura vegetal da cidade atualmente é de 48% do território, contabilizando desde áreas de reserva e protegidas até parques, canteiros e gramados. Ou seja, dos cerca de 1.527 km² da capital paulista, 735,99 km² são áreas verdes.

O percentual coincide com a conclusão de um estudo divulgado pela SVMA em 2020, fruto de um mapeamento minucioso feito em 2017 com laser LiDAR (Light Detection And Ranging) a partir de sobrevoos por toda a extensão de São Paulo, uma metodologia com grau elevado de confiabilidade, avalia Mayumi Hirye, coordenadora do MapBiomas Urbano e membro do LabQuapá da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

"Eles fizeram uma interpretação visual dos dados de LiDAR com as ortofotos [imagens georreferenciadas sem distorções], é o máximo de acurácia que a gente pode ter, porque são pessoas de fato olhando as imagens e interpretando os vários tipos de vegetação", argumenta.

O sensoriamento com LiDAR tem uma resolução bastante alta, de 50 cm, o que permite mapear áreas muito pequenas de vegetação. Para efeito de comparação, a resolução da metodologia usada pelo MapBiomas, baseada em imagens de satélite, é de 30 metros. A vantagem, nesse último caso, é que o custo, significativamente menor, que permite o acompanhamento contínuo das áreas monitoradas. A série histórica de cobertura e uso da terra do Brasil do MapBiomas vai de 1985 a 2023.

E é com base na tendência sinalizada por essas imagens da cidade de São Paulo - que apontam que a cidade segue crescendo, com perda de vegetação florestal e aumento das áreas impermeabilizadas - que Hirye olha com ceticismo para a expansão da cobertura vegetal anunciada pela prefeitura, de 48% para 54%, seis pontos percentuais em quatro anos.

"Acho pouco provável que esse aumento tenha existido. Tem uma diferença metodológica entre o nosso levantamento e o deles, mas, na tendência, o que a gente vê é uma pequena diminuição dessa vegetação mais significativa e um pequeno aumento da área urbanizada."

De um lado, ela prossegue, há uma pequena diminuição da vegetação nas beiradas da Serra da Cantareira, atravessada em diferentes trechos pelo Rodoanel, e da Serra do Mar, além de um avanço da urbanização sobre áreas de vegetação rala, que até então funcionavam como uma espécie de pasto.

·        Distribuição desigual do verde

As áreas verdes de São Paulo estão distribuídas de forma bastante desigual no mapa da cidade. Boa parte delas, aliás, não está concentrada na mancha urbana. De acordo com o estudo divulgado em 2020 pela SVMA, que aponta cobertura vegetal em 48% do município, a parte rural (31,78% do território) possuía 79,37% de cobertura vegetal, enquanto a urbana (os 68,22% restantes), concentrava apenas 33,65%. A discrepância, segundo o texto, explica "o provável impacto na percepção de parte dos munícipes de que São Paulo é uma cidade onde predomina o concreto".

A cobertura vegetal na capital paulista não é só baixa, ela é extremamente mal distribuída. Em 46 dos 96 distritos da cidade, a área verde é menor do que 20%, conforme o Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa São Paulo. Essa assimetria tem uma série de consequências negativas para a cidade e impactam desde a sensação de bem-estar dos paulistanos à resiliência da cidade a eventos climáticos extremos.

A arborização arrefece as ilhas de calor, fenômeno que eleva as temperaturas em áreas urbanizadas, e funciona como uma espécie de esponja para a água da chuva. Nesse sentido, São Paulo tem um sério problema de escassez de vegetação ao longo dos cursos de rios, o que aumenta a probabilidade de enchentes em temporais. "Se o fundo do vale é impermeabilizado, a água que chega ali sobe rapidamente, porque ela não tem por onde sair. Quando existe vegetação, ela funciona como uma espécie de esponja, a água vai sendo absorvida", diz Hirye, do MapBiomas.

"Não basta só ter um percentual de vegetação, a gente tem que distribuir isso de forma mais inteligente pela cidade, para que de fato essa vegetação possa fazer o seu papel em termos de microclima, de absorção de água e até pela questão de ela ser capaz de reter um pouco do material particulado que circula na cidade", emenda a especialista.

Pode parecer contraintuitivo, mas um aumento da arborização também reduziria o número de quedas de árvores durante temporais, acrescenta Marcos Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e estudioso de arborização urbana. "Numa tempestade, o vento se dissipa na copa das árvores. Quanto mais árvores, menor a probabilidade de queda, porque uma protege a outra", diz Buckeridge, que é um dos colaboradores do Plano Municipal de Arborização Urbana de São Paulo.

·        Florestas e árvores paulistanas

Ambos os especialistas concordam que as áreas remanescentes de floresta dos extremos de São Paulo são muito importantes do ponto de vista da mitigação climática, como é conhecida a atuação para reduzir os efeitos das mudanças climáticas.

Essas áreas verdes removem grande quantidade de gás carbônico da atmosfera e produzem um alto volume de vapor d’água, que tem a capacidade de tornar o ar na cidade mais fresco, mais úmido e menos poluído, diz Buckeridge.

"Manter as florestas periurbanas é superimportante. Elas são uma vantagem que a Região Metropolitana de São Paulo tem em relação a outras cidades do mundo. Los Angeles, por exemplo, fica numa região muito seca", diz o professor da USP.

Em relação à arborização, ele acrescenta, é preciso aumentar a cobertura vegetal nas regiões da cidade em que ela é escassa, como na zona leste, e melhorar o manejo onde ela tem maior penetração, como na zona oeste. Nesse sentido, a prioridade deveria ser podar melhor as árvores e monitorá-las para evitar que elas prejudiquem a fiação elétrica.

A avalição faz eco à declaração que o botânico Ricardo Cardim deu à BBC News Brasil logo depois do apagão de outubro, quando as quedas de árvores foram apontadas como culpadas pela crise por diferentes vozes, da Enel ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. "O problema é a falta de manutenção, de cuidado. As árvores caem de doentes, de sofridas, independentemente de evento climático", afirmou.

Esse é um dos temas aos quais o grupo de pesquisa de Buckeridge tem se dedicado, desenvolvendo softwares que possam ajudar nessas tarefas com a ajuda da inteligência artificial. Um dos projetos mais avançados é de um ultrassom capaz de aferir o estado de saúde das raízes.

O professor faz parte de um grupo de cientistas que há anos colabora com a prefeitura de São Paulo e desenvolve um trabalho que, em sua opinião, é positivo e não tem sido "atrapalhado" pela política. "São Paulo tem uma força científica razoável para trabalhar com a arborização."

·        O que propõem Nunes e Boulos

As propostas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) para a gestão do verde e a construção de resiliência climática na cidade são, de forma geral, parecidas.

plano de governo do atual prefeito prevê a criação de novos parques, a revitalização dos existentes e a expansão da arborização, a criação de áreas verdes estratégicas para enfrentar ondas de calor e a proteção e recuperação de áreas de manancial.

O do candidato do PSOL, por sua vez, planeja obras de drenagem contra enchentes que associem infraestruturas tradicionais com outras “verdes”, com a expansão de áreas permeáveis, a criação de corredores verdes, especialmente nas ilhas de calor, e um programa de recuperação de áreas de mananciais.

 

¨       Porto Alegre: qual peso das enchentes na capital que ficou submersa?

Sistema antienchente, casas de bombas, desassoreamento, cidade-esponja...

Até maio passado, palavras como essas deixariam a maioria dos porto-alegrenses atônitos. Mas as inundações que afetaram fortemente a capital gaúcha e o Rio Grande do Sul naquele mês causaram uma reviravolta no cotidiano e no vocabulário da população, desejosa de soluções contra eventuais novas enchentes.

A catástrofe de maio afetou mais de 160 mil pessoas, 39 mil edificações, 5,4 mil indústrias, 160 estabelecimentos de ensino e 31 de saúde na cidade. Poucos meses depois, foi a vez de o assunto dominar as campanhas de candidatos a prefeito e vereador nas eleições municipais.

No segundo turno da disputa pela Prefeitura, a pauta tem oposto Sebastião Melo (MDB), candidato à reeleição, e Maria do Rosário (PT).

Um dos principais pontos de discordância diz respeito ao chamado Sistema de Proteção contra Inundações, concluído nos anos 1970 após o trauma de 1941, quando o Lago Guaíba inundou parte da cidade e deixou 70 mil desabrigados. O sistema tem mais de 60 quilômetros de diques externos (em vias como a rodovia Oswaldo Aranha e avenida Castello Branco) e internos (em cursos d’água que deságuam no lago).

O Centro Histórico passou a ser guarnecido pelo Muro da Mauá, uma estrutura de seis metros que se estende ao longo de 2,6 quilômetros. Essa é a barreira mais visível contra as cheias aos olhos da população. O muro e os diques foram dotados de 14 comportas que podem ser fechadas em caso de risco. A fim de resolver o problema das inundações no interior da cidade a partir dos arroios, foi concebido também um sistema de drenagem composto por 23 casas de bombas encarregadas de devolver a água ao Guaíba.

O prefeito Sebastião Melo, que teve 345.420 dos votos (49,72%) no primeiro turno, afirma desde maio que o complexo de proteção concebido entre as décadas de 1960 e 1970 tem de ser "revisitado". Nos debates, o prefeito disse que o sistema “se mostrou insuficiente para a quantidade de cheias que enfrentamos”.

Com 182.583 votos (26,28%) no primeiro turno, Rosário diz que o sistema anticheia é eficiente, mas que a gestão de Melo tornou a cidade vulnerável ao descuidar de vistorias, da reposição de peças, da transparência e da comunicação adequada. A petista criticou também a terceirização e a privatização de órgãos públicos. "A crise que vivemos não é um acaso, não é uma fatalidade. De um lado ela foi construída pelo negacionismo e imobilismo diante das mudanças climáticas, de outro pelo desmonte da gestão pública, desvalorização de seus peritos, técnicos e engenheiros”, afirma a petista no primeiro parágrafo de seu plano de governo.

Em vez de mudanças climáticas, o atual prefeito costuma falar em "adaptação climática" e "governança climática".

Até a Justiça Eleitoral foi chamada a decidir sobre representação de Melo que pedia remoção de um grafite no qual é retratado submerso na água da enchente – o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recusou a demanda.

O prefeito argumenta que a prevenção de desastres naturais é responsabilidade do governo federal, que construiu o sistema de proteção de 1970 por meio do Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). No primeiro debate do segundo turno, na Rádio Gaúcha, o prefeito chegou a ler o artigo 21 da Constituição Federal, segundo o qual compete à União “planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações”.

Melo acusa os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, de não investir na manutenção do sistema. Ele também defende que a responsabilidade por eventuais falhas tem de ser dividida entre todos, incluindo prefeitos do PT que administraram Porto Alegre por quatro mandatos (1989-2004).

Rosário afirma que a União cumpriu o seu papel ao construir na capital gaúcha um sistema contra as cheias, mas diz que a responsabilidade de zelar pelo patrimônio, que é da prefeitura, foi negligenciada. “Não é o presidente Lula que tem de cuidar o assoreamento de bueiro e fazer hidrojateamento”, rebateu no debate da Rádio Gaúcha.

Um terceiro ponto de diferença entre os candidatos está relacionado à necessidade de recriação do antigo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Essa autarquia, concebida nos anos 1970 para operar o sistema de drenagem da cidade, foi extinta em 2019 na gestão do prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e teve suas funções absorvidas pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Eram técnicos e operários do DEP que mantinham e supervisionavam as casas de bombas, equipamentos responsáveis pela devolução ao Guaíba da água acumulada na rede pluvial.

Enquanto Rosário prega a recriação e o fortalecimento do DEP, Melo diz que a autarquia não fez nada pelo município e não merece nova chance.

<><> Reconstrução de áreas afetadas

Para o prefeito, a reconstrução já começou por meio da reabertura de espaços públicos, do apoio ao empreendedorismo, das “parcerias” (transferência à iniciativa privada de ampla parcela de serviços municipais) e dos reparos em diques e outras estruturas. A candidata do PT, por seu lado, diz que o emedebista privilegia os interesses dos grandes grupos econômicos e pinta um quadro irreal da cidade. “Eu queria viver na Porto Alegre da propaganda do Melo”, dizia um locutor em uma propaganda de Rosário no primeiro turno. Ela se apresenta como mais capacitada para reerguer a cidade por conta de sua proximidade com Lula e por conta de suas experiências no Legislativo e no governo federal.

Designado pela campanha de Rosário para falar sobre o assunto, o engenheiro eletricista e ex-diretor do DEP Vicente Rauber diz que o atual sistema de proteção de Porto Alegre, desenvolvido por técnicos alemães, é “suficiente, atual e robusto desde que tenha manutenção necessária e operação adequada”. “Os alemães sugeriram um sistema muito simples, semelhante ao da Holanda, que poderia ter evitado em 90% a inundação de Porto Alegre”, sustenta. “Por que não se evitou? Porque não há manutenção das 14 comportas externas ao longo do Muro da Mauá e da avenida Castello Branco. Além disso, as comportas das casas de bombas, que estão em sua maioria na mesma cota [nível] do Guaíba, também não receberam manutenção, no mínimo, desde 2020”, diz o ex-diretor do DEP.

Rauber discorda de Melo no que toca à responsabilidade da União. “Quando a União contratou engenheiros alemães através do DNOS e construiu o sistema, fez a sua parte. O acompanhamento e a prevenção é atividade de saneamento, e saneamento é atribuição constitucional dos municípios”, defende.

O representante da campanha de Rosário diz que as obras necessárias, como conserto das comportas externas das casas de bombas e reconstrução do dique que protege o bairro Sarandi, destinam-se a reforçar o sistema e não abandoná-lo.

Ele não acredita na viabilidade e na eficácia de uma reforma das casas de bombas para elevar a altura dos motores, uma das soluções que têm sido defendidas desde a enchente. "Que bobagem [levantar os motores]. Não vai ser feito. Cada motor, cada bomba tem seu encaixe. Teriam de ser desmontados. O sistema foi construído para proteger a cidade, não para limpar a cidade”, destaca.

O professor do Instituto de Pesquisas Hidrológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Dornelles diz que, em vez de desenvolver percepções de ocasião sobre o problema das enchentes, Porto Alegre necessita de “uma política de prevenção dissociada das marés políticas”.

O pesquisador diz que o sistema atual é falho e precisa ser revisto. "Não tem como dizer que foi um sucesso. Fracassou miseravelmente", garante. O problema, na visão de Dornelles, é que, mesmo que a cota de seis metros para a qual a estrutura foi projetada não tenha sido atingida, as casas de bombas foram inundadas. “O projeto original não previa casas de bombas que trabalhassem com sistema inundado”, argumenta. Dornelles expressa ceticismo em relação a duas medidas que têm sido defendidas com frequência.

A primeira é a prioridade para o desassoreamento (retirada de sedimentos como areia e cascalho) do Guaíba e dos rios que compõem sua bacia hidrográfica. “Desassoreamento depende de estudo que estabeleça quanto as obras vão conseguir baixar da linha d’água, qual será o custo e a periodicidade do serviço. Tirar sedimentos vai provocar movimentações no curso dos rios. O orçamento ficará na casa dos bilhões. Vale a pena investir tanto?”, questiona.

A ideia das cidades-esponja, por sua vez, é vista pelo professor como apropriada para áreas urbanas, mas incapaz de livrar as cidades da bacia do Guaíba de uma inundação como a de maio. “O conceito de cidade-esponja depende de escala e de tamanho de bacia. A área urbana da bacia do Guaíba equivale a cerca de 3%. Nessa proporção, não há esponja capaz de absorver o volume d’água que se fez presente”, afirma.

<><> Possível reeleição indica que enchentes ficaram no segundo plano?

O cientista político Carlos Borenstein, da consultoria Arko Advice, afirma que o fato de Melo ter vencido o primeiro turno e ser favorito no segundo turno, de acordo com as pesquisas, não significa que a enchente não teve importância no pleito. "A enchente foi tema dominante na propaganda e nos debates desde o primeiro turno", argumenta.

A questão não é saber se o eleitor levou ou não em consideração a catástrofe climática na hora de votar, e sim levar em conta as diferentes abordagens do assunto pelos candidatos. "A campanha de Melo teve um grande acerto estratégico: o de afirmar que diferentes cidades do mundo sofreram com enchentes e que, portanto, o prefeito não é o culpado", assinala Borenstein.

Até maio, quando ocorreram as enchentes, Melo já aparecia como favorito nas pesquisas de intenção de voto e sua administração era bem avaliada pelos porto-alegrenses, lembra Borenstein. "Se não tivesse ocorrido enchente, a reeleição de Melo em primeiro turno seria muito provável. Mesmo com a enchente, ele quase se reelegeu no primeiro turno, o que significa que, para o eleitorado, o balanço de seus quatro anos de governo é positivo", explica. O próprio slogan do prefeito dialoga com esse estado de espírito, diz o cientista político, ao utilizar o mote "Porto Alegre melhorou". "É claro que o prefeito se aproveita dessa situação para se eximir da própria responsabilidade pelas falhas de sua gestão, mas, no final das contas, consegue impor o conceito de que melhorou a cidade", conclui o cientista político

 

Fonte: BBC News Brasil

 

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