China rebate comentário dos EUA sobre
Iniciativa do Cinturão e Rota no Brasil: 'País soberano'
A principal
negociadora comercial da administração Biden sugeriu que o Brasil deveria
considerar os riscos de aderir à Iniciativa do Cinturão e Rota da China antes
de tomar qualquer decisão final sobre o enorme programa de infraestrutura do
país asiático.
De acordo com a
Bloomberg, a Representante Comercial dos Estados Unidos, Katherine Tai, disse
que incentivaria nossos amigos no Brasil a olhar para os riscos através de
"uma lente de objetividade, através de uma lente de gestão de risco"
e a "realmente pensar sobre qual é o melhor caminho a seguir para mais
resiliência na economia brasileira".
"Soberania é
fundamental, e essa é uma decisão do governo brasileiro. Mas eu encorajaria
meus amigos no Brasil a olhar a proposta com as lentes da objetividade, com as
lentes da gestão de risco. O Brasil deve se perguntar qual é o caminho que leva
a mais resiliência não só da economia brasileira, mas da economia global",
afirmou.
Tai, que está no
Brasil para reuniões do G20, fez os comentários sobre a iniciativa quando é
esperado um anúncio sobre o tema no mês que vem, quando o líder chinês, Xi
Jinping, visitará o país.
Nesta sexta-feira
(25), em nota assinada por Li Qi, porta-voz da embaixada chinesa, Pequim disse
que o conselho de Tai "carece de respeito ao Brasil, um país soberano, e
despreza o fato de que a cooperação sino-brasileira é igualitária e mutuamente benéfica.
Por este motivo, manifestamos nosso forte descontentamento e veemente
oposição", disse Li.
"O Brasil merece
ser respeitado. É uma grande nação que defende sempre sua independência e tem
grande projeção internacional. O Brasil não precisa que outros venham lhe ditar
com quem deve cooperar ou que tipo de parcerias deve conduzir. A China valoriza
e respeita o Brasil desde sempre", acrescentou a nota da porta-voz citada
pela Folha de S.Paulo.
Pequim ainda diz que
os eventuais riscos mencionados por Tai contraria os fatos, já que a China é o
maior parceiro comercial do Brasil, maior destino das exportações brasileiras e
principal fonte de superávit da balança comercial do país, relata a mídia.
Ainda segundo o
jornal, em Brasília, o governo Lula ainda avalia os frutos da eventual
participação no projeto chinês. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse que a análise deve ser pragmática e defendeu que uma potencial
adesão não afastaria o país dos EUA.
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Novo sistema de pagamento do BRICS pode ser um avanço, acredita especialista
O novo sistema de
pagamento do BRICS poderia ser um avanço, mas ainda precisa ser comprovado,
disse Nelson Wong, vice-presidente do Centro de Estudos Estratégicos e
Internacionais de Xangai, à Sputnik.
Ele também pode
precisar de reformas para se tornar uma alternativa válida ao SWIFT, o sistema
internacional que permite que bancos de diferentes países façam pagamentos
entre si de forma rápida e segura.
"Embora
informações detalhadas sobre o sistema de pagamento do BRICS ainda não tenham
sido divulgadas, o próprio fato de surgimento desse sistema já é um grande
avanço, pois vai criar uma alternativa ao sistema SWIFT existente, que
infelizmente é amplamente utilizado [...] pelo Ocidente [...] como uma
arma", disse.
Wong discordou da
opinião de que o uso de moedas nacionais em acordos comerciais pode ser visto
como um retrocesso.
Contudo, o
especialista acredita que o novo sistema de pagamentos deve "resistir ao
teste do tempo" para que mais agentes comecem a optar por ele.
Os líderes dos
Estados-membros, na 16ª Cúpula do BRICS em Kazan que ocorreu de 22 a 24 de
outubro, concordaram em explorar a possibilidade de criar uma infraestrutura
independente de pagamento e depósito transfronteiriço chamado BRICS Clear.
Recentemente, em uma
sessão ampla da cúpula, o presidente russo Vladimir Putin propôs a criação de
uma nova plataforma de investimentos do BRICS que se tornaria uma ferramenta
poderosa para apoiar as economias nacionais e fornecer recursos financeiros aos
países do Sul e do Leste Global.
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Zelensky rejeita viagem do secretário-geral da ONU à Ucrânia por visita à
cúpula do BRICS, diz mídia
O atual líder
ucraniano Vladimir Zelensky recusou a visita do secretário-geral da ONU,
António Guterres, à Ucrânia por causa de sua viagem à Rússia e participação da
cúpula do BRICS em Kazan, informou a mídia francesa, citando fontes em Kiev.
Anteriormente,
Guterres visitou a 16ª Cúpula do BRICS em Kazan que ocorreu de 22 a 24 de
outubro, onde participou da cúpula dos chefes de Estado do BRICS.
Ele também teve uma
reunião com o presidente russo Vladimir Putin. Guterres visitou a Rússia pela
primeira vez desde 2022.
"Depois de Kazan,
[Guterres] queria vir para a Ucrânia, mas [Zelensky] não aprovou essa visita.
Portanto, Guterres não vai estar aqui", segundo uma fonte da administração
de Zelensky.
Ela também acusou o
secretário-geral da ONU de "insultar o bom senso e a lei
internacional" com sua viagem a Kazan.
As autoridades
ucranianas e o próprio Zelensky já criticaram várias vezes Guterres.
Na última vez, no Dia
das Nações Unidas, o atual líder ucraniano disse que "alguns de seus
funcionários priorizam as tentações de Kazan em detrimento do conteúdo da Carta
da ONU".
Enquanto isso, a
chancelaria ucraniana chamou a escolha de Guterres de ir a Kazan de
"errada", "não conducente à paz" e "minando a
reputação da ONU", dado o fato de que Guterres se recusou a viajar para
uma conferência sobre a Ucrânia realizada na Suíça em junho.
¨ Visita de Biden à África não agrega nada ao continente: 'Relação
parasitária', afirmam analistas
Biden está terminando
seu mandato sem concorrer à reeleição e sem ter pisado uma vez sequer na
África, um dos continentes que mais crescem em termos econômicos e
populacionais. Contudo a ausência norte-americana não é sentida. Pelo
contrário, é preferível, afirmam analistas à Sputnik Brasil.
O presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, estava de viagem marcada a Angola entre os dias 13 e
15 de outubro, logo depois de passar na Alemanha para um encontro do grupo
Ramstein. No entanto, as visitas foram adiadas em decorrência do furacão
Milton.
A ausência de Biden no
continente africano e o histórico dos Estados Unidos na região foram tema do
episódio desta sexta-feira (25) do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil
apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.
<><> Presidentes
dos EUA não visitam a África
Aguinaldo Ramos,
analista internacional baseado em Angola, ressaltou ao programa que já é comum
que os chefes de Estado norte-americanos não visitem o continente africano.
"É uma questão cultural", disse.
Dos 46 presidentes que
os EUA tiveram desde sua independência, apenas 6 visitaram a África, destacou o
especialista. Quem mais foi à região foi George H. W. Bush, "Bush
pai", que foi a 11 países. Em seguida estão Bill Clinton e Barack Obama,
ambos visitando 8 países.
"Isso nos dá uma
compreensão de que a não visitação de África por parte dos líderes
norte-americanos é mais do que uma questão de agenda. É cultural."
A prioridade
estadunidense sempre foi o Atlântico Norte, a Europa, enquanto o interesse na
África sempre foi "estratégico", disse Ramos. Como exemplo dessa
ganância — não só norte-americana, mas do Ocidente como um todo — está o o
urânio disponível no continente.
Foi o urânio saído da
República Democrática do Congo, da mina de Shinkolobwe, que alimentou o Projeto
Manhattan e criou a primeira bomba atômica. Da mesma forma, o urânio do Níger
sustenta 50% das usinas nucleares francesas.
Com uma matriz
elétrica quase 80% nuclear, a França é um dos países mais avançados do mundo
nessa área. Enquanto isso, "o Níger é um dos países menos eletrificados do
mundo".
"A relação com o
Ocidente tem sido parasitária. É uma relação em que o Ocidente tira muito de
África e África não ganha nada."
Além dos interesses
por recursos minerais, os Estados Unidos utilizam diversos países da África
como pontos logísticos em sua campanha de policiamento mundial. São bases e
outras estruturas militares presentes em quase metade dos países africanos.
Era o caso da base
militar de Agadez, descrita pelo especialista como "a base de drones mais
importante dos EUA fora dos EUA". "Nem nos Estados da OTAN
[Organização do Tratado do Atlântico Norte] os Estados Unidos implantaram uma
base de drones tão importante como aquela."
Em março, o novo
governo do Níger cessou a cooperação militar do país com os norte-americanos, e
em agosto os militares estadunidenses devolveram o controle do local às forças
nigerinas.
"Era uma base de
drones que participou de muitos conflitos. Na Ucrânia, no Iêmen. Ou seja, os
EUA tinham naquela base militar a cobertura de todo o Mediterrâneo e parte
significativa do Oriente Médio."
<><> Qual
o histórico dos EUA na África?
A visita de Biden a
Angola, impedida pela chegada do furacão ao estado da Flórida, não foi
cancelada, mas sim adiada para dezembro. Ou seja, após as eleições
presidenciais e a definição de um novo presidente norte-americano.
Em tese, Biden ainda
será presidente dos EUA, mas chega ao país africano durante a fase de transição
de seu governo e dificilmente poderá tomar alguma decisão vinculante.
Orlando Muhongo,
analista internacional e mestre em relações interculturais pela Universidade
Aberta (Portugal), afirmou ao Mundioka que nunca viu algo assim na história.
"Qual a
importância que teria a vinda do presidente Biden a Angola em dezembro, depois
de os Estados Unidos elegerem um novo presidente?"
Essa indiferença
norte-americana em relação à África, destacou também Muhongo, não se resume
apenas ao governo de Joe Biden. Durante a história, os EUA tiveram uma posição
ambígua quanto à África, ora ignorando o continente, ora ressurgindo quando
outra potência passava a ter uma presença ativa.
Foi durante a Guerra
Fria que a maior parte das intervenções norte-americanas aconteceram na África,
sempre buscando "conter as lutas emancipatórias que os vários povos da
África seguiam".
"A União
Soviética representava espírito revolucionário e a emancipação dos povos",
explica o especialista. "Foi assim que muitos dos movimentos que ansiavam
a independência no continente africano viram o comunismo como um exemplo a
seguir."
Diante dessa
admiração, os soviéticos ajudaram a armar vários movimentos, e, para rivalizar,
os EUA e as demais potências coloniais adotaram uma postura "cruel"
no continente africano.
"É daí que eles
participam no assassinato de vários líderes. Em 1961, a CIA participa no
assassinato de Patrice Lumumba e Thomas Sankara. Os EUA participam também no
golpe de Estado contra Kwame Nkrumah e, mais recentemente, de Muammar Kadhafi."
<><> Sem
imperialismo: Rússia e China chegam à África
Dessa forma, a rara
visita de Biden à África, e em especial a Angola, pode ser vista como um
reflexo não só da perda de prestígio norte-americano no continente, mas à luz
da chegada da Rússia e da China à região.
Nos últimos anos,
através da Iniciativa Cinturão e Rota, a China tem realizado investimentos por
todo o continente. Mas, ao contrário do Ocidente, "a estratégia chinesa
tem como base o princípio ganha-ganha", ressaltou Muhongo.
"A China não se
limita em extrair matérias-primas. A China participa em um processo de
desenvolvimento, de criação de infraestruturas e cedência de empréstimos."
Por outro lado, a
Rússia se posiciona no continente combatendo o terrorismo do Norte da África
até o golfo da Guiné, diz Ramos.
Desde as intervenções
norte-americanas no Oriente Médio e o golpe de Estado travado na Líbia, a
região se tornou um caldeirão para o surgimento de milícias fundamentalistas
islâmicas. A Rússia, desde o início da década, tem atuado como uma força de
combate aos terroristas na região do Sahel.
O destaque dado a
Angola por Biden, contudo, tem um foco especial: o corredor de Lobito,
infraestrutura aquática, ferroviária e rodoviária que liga a Zâmbia e a
República Democrática do Congo ao porto de Lobito, em Angola, permitindo o
escoamento de produtos e possivelmente ligar o oceano Índico ao oceano
Atlântico.
Tanto o Congo quanto a
Zâmbia e a Namíbia possuem relações muito estreitas com a China. Isso fez com
que os Estados Unidos, "no afã de tentar fazer renascer sua posição
hegemônica no continente, agendou essa visita eventual a Angola", destacou
Muhongo.
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EUA oferecem garantias defensivas à Arábia Saudita se o Irã atacar, diz mídia
americana
Washington sinalizou à
Arábia Saudita que está prontos para ajudar a defender o reino contra um ataque
do Irã ou de seus representantes.
A oferta tácita feita
nas últimas semanas, escreve a Bloomberg, deu ao príncipe herdeiro saudita
Mohammed bin Salman (MBS) e outros líderes árabes do Golfo algum conforto
enquanto aguardam a resposta de Israel ao ataque de mísseis do Irã em 1º de
outubro, disseram fontes à mídia, pedindo para não serem identificadas.
Teerã alertou que
qualquer país que veja como auxiliando a resposta de Israel — inclusive
permitindo o uso de seu espaço aéreo — pode se tornar um alvo para um
contra-ataque iraniano. Para os EUA, um benefício de proteger o espaço aéreo
saudita é ajudar a defender instalações de petróleo caso sejam atacadas, algo
que pode fazer os preços globais de energia dispararem.
Segundo a agência
norte-americana, os Estados do Golfo temem que qualquer escalada do conflito
possa prejudicar gravemente seus interesses econômicos e de segurança.
Um funcionário dos
Estados Unidos disse que o governo Biden está em conversas próximas com
parceiros, incluindo Riad, enquanto se preparam para vários cenários, incluindo
sistemas defensivos integrados. O funcionário, que pediu para não ser
identificado, enfatizou que os EUA têm capacidades defensivas significativas em
toda a região.
Na quarta-feira (23),
o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se encontrou com MBS em Riad.
Não está claro o que
os EUA fariam especificamente para apoiar a Arábia Saudita no caso de um ataque
iraniano, embora provavelmente isso seria feito por meio do Comando Central dos
EUA (CETCOM, na sigla em inglês), que supervisiona os militares norte-americanos
no Oriente Médio.
No entanto, embora os
EUA possam estar preparados para fazer mais desta vez, é difícil saber
exatamente qual papel Washington desempenharia porque a resposta dependeria da
escala de qualquer ataque, disse uma pessoa familiarizada com a posição
norte-americana.
A Arábia Saudita está
buscando dois objetivos aparentemente contraditórios: preservar ou mesmo
fortalecer o acordo mediado pela China com o Irã em março de 2023, ao mesmo
tempo em que impulsiona a cooperação de defesa com os EUA.
Fonte: Sputnik Brasil
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