sábado, 26 de outubro de 2024

CNDH pede responsabilização criminal de Bolsonaro por gestão da pandemia

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) a responsabilização criminal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, da Saúde, e Walter Braga, da Defesa, pela gestão durante a pandemia de Covid-19.

O pedido também é assinado pelo Conselho Nacional de Saúde. Os dois órgãos apontam que o governo Bolsonaro teria “sabotado” as estratégias de enfrentamento à crise sanitária ao adotar posturas contrárias às orientações científicas e da própria Organização Mundial da Saúde (OMS).

Durante a pandemia, o governo Bolsonaro resistiu em adotar medidas como o uso de máscaras e o distanciamento social, além de incitar a população a descumprir as medidas sanitárias. Desse modo, os órgãos argumentam que as ações e omissões do ex-presidente e seus ministros contribuíram para a propagação do vírus e, consequentemente, para centenas de milhares de mortes, de acordo com os órgãos.

“O número exorbitante de casos e óbitos por Covid-19 notificados, sem contar aqueles que não o foram, é notoriamente o resultado da política sanitária adotada pelo governo do ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro que se posicionou na contramão das orientações da comunidade científica, da OMS, e mesmo da mais singela razoabilidade, participando de forma decisiva, por atos e omissões, da propagação do vírus no território nacional, que resultou na morte de centenas de milhares de brasileiros e brasileiras”, diz o documento.

O CNDH é composto por 11 membros da sociedade civil e 11 membros do poder público e atua em prol da defesa dos direitos humanos no Brasil.

O documento também critica a estratégia de “imunidade de rebanho por contágio”, defendida por Bolsonaro, e aponta que a postura foi um fator significativo para o aumento de mortes no país, que registrou uma taxa quatro a cinco vezes maior que a média mundial. Entre 2020 e 2022, foram identificados 36 milhões de casos da doença.

“Apesar do número inacreditável e da farta documentação desses e outros atos e omissões perpetrados pelo ex-Presidente e por membros de seu governo, ora Representados, até o momento do protocolo desta Representação, estes sofreram nenhuma responsabilização criminal pelos crimes cometidos contra a população brasileira, a saúde pública e a Administração Pública”, diz outro trecho do documento.

A CPI da Covid, criada em 2022, chegou a apontar nove crimes cometidos por Bolsonaro durante a pandemia. No entanto, o relatório final foi arquivado pela própria PGR. A vice-procuradora-geral do órgão à época, Lindôra Araújo, argumentou que as conclusões da CPI  não forneceram indícios que justificassem a abertura de inquéritos para apurar os crimes de “causar epidemia” e infração de medida sanitária preventiva.

<><> Pedido do CNDH aponta quatro crimes cometidos por Bolsonaro e ex-ministros

•        Infração de medida sanitária preventiva;

•        Crime de epidemia;

•        Charlatanismo;

•        Incitação ao crime.

“A impunidade pelos crimes cometidos por membros da Administração federal anterior é especialmente preocupante, porque pode produzir uma “naturalização” de atos e omissões criminosos em contextos de emergência sanitária, e comprometer sobremaneira o futuro da saúde pública no Brasil”, alerta o documento.

 

•        ELEIÇÕES 2026: Valdemar Costa Neto já fala em Bolsonaro "preso" e projeta lançar "poste" em 2026

Em rota de colisão com Jair Bolsonaro (PL), em uma disputa pelo fundo milionário da sigla, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, falou em prisão do ex-presidente, em entrevista a Letícia Casado e Carla Araújo divulgada nesta quinta-feira (24) pelo portal Uol, e projeta o lançamento de um "poste" do ex-presidente em 2026, desde que não seja a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Mesmo diante da denúncia iminente do ex-presidente em três investigações conduzidas pela Polícia Federal - contrabando de joias, falsificação do cartão de vacinas e tentativa de golpe -, Costa Neto afirma que o PL ainda trabalha com a hipótese de reversão da inelegibilidade, mas sinaliza que outros caminhos para 2026 já são debatidos.

"O Bolsonaro vai ser candidato. Sabe por quê? Se prenderem o Bolsonaro e ele lançar de candidato um poste para Presidente da República?", disse o cacique do PL.

Em nova declaração machista, Costa Neto descartou, segundo ele a mando de Bolsonaro, que Michelle assuma o posto e seja colocada como "poste" do ex-presidente na disputa contra Lula.

"Ele não quer a Michelle em cargo executivo. Ele já falou pra mim. Porque ela não tem experiência de administração pública, de lidar com as coisas de pessoal difícil, coisas de político e tal. E é verdade", disse o "boy", considerando política coisa de homem.

Já em relação ao governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que vem sendo assediado pela sigla para deixar o Republicanos, de Edir Macedo, Costa Neto se empolga, em alinhamento com o projeto da Globo e do Centrão, que querem o ex-ministro como candidato da terceira via.

"Tarcísio é aliado 100%. Não tem problema nenhum, ele é Bolsonaro roxo", respondeu.

 

•        Duelo entre Bolsonaro e Caiado em Goiânia vira "questão de honra" que mira 2026

A disputa pela prefeitura de Goiânia ganhou contornos nacionais por marcar um racha no campo da direita e extrema direita com os olhos voltados para as eleições de 2026.

De um lado, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que não esconde sua pretensão presidencial. De outro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que alimenta a esperança de se candidatar, ainda que esteja inelegível, e, caso não consiga concorrer, pretende bancar alguém que esteja sob sua órbita.

O segundo turno na capital goiana tem o empresário Sandro Mabel (União Brasil), apoiado por Caiado, e o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), apadrinhado do deputado federal Gustavo Gayer (PL), que conta com o suporte do ex-presidente. Segundo levantamento da AtlasIntel divulgado na terça-feira (22), Mabel tem 50,7% das intenções de voto e Rodrigues aparece com 46,6%. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais.

Para se ter uma noção da importância do pleito, o Poder360 informa que Bolsonaro vai acompanhar a apuração na cidade ao lado do candidato do PL. Aliados apontam que ele tem tratado a eleição, especialmente após o acirramento com o ex-presidente, como se fosse sua própria disputa.

<><> Pandemia e eleições presidenciais

O clima entre Bolsonaro e Caiado azedou de vez durante a campanha do primeiro turno. Em 25 de setembro, durante um comício em Goiânia, o ex-presidente não citou nominalmente o governador, mas retornou a uma rusga entre ambos ocorrida na pandemia da covid-19, em 2020. Os dois, na ocasião, chegaram a romper por discordarem sobre as medidas para conter a disseminação do coronavírus no início da crise sanitária.

"Nós, na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam ‘fiquem em casa, a economia a gente vê depois’. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus", disse Bolsonaro em um palanque que tinha Gayer e Rodrigues. Parte do público gritou o nome de Caiado quando foi feita a referência ao "governador covarde".

Em entrevista à Folha concedida na semana seguinte, o governador goiano voltou à carga, rebatendo o (ex?) aliado falando de si na terceira pessoa. "Ronaldo Caiado é um homem que Deus o poupou do sentimento do medo", bradou, assumindo sua pré-candidatura à presidência da República.

"Sou candidato em 2026 até porque colhi uma experiência muito grande com cinco mandatos de deputado federal, um mandato do senador e, agora, dois mandatos de governador", disse ele.

<<> PT e Romeu Zema

Apesar de não mencionar o PT, Caiado fala sobre a importância de unir forças contra a suposta inexperiência de Rodrigues, buscando cativar o eleitorado da Delegada Adriana Accorsi, candidata petista que ficou na terceira colocação. Em nota, o partido afirmou haver um "dever cívico de derrotar a extrema-direita" representada por Fred Rodrigues. Mesmo assim, é improvável a formação de uma aliança na formação de um eventual governo de Sandro Mabel.

Obviamente isso tem sido explorado por Bolsonaro. “O que nos surpreendeu, segundo eu vi em vários órgãos de imprensa, o Caiado acertou, aceitou o apoio do PT ao Sandro Mabel. Ou seja, quem diria o Caiado da UDR [União Democrática Ruralista], que fala grosso, gosta de ranger os dentes, mas aceitou o apoio do PT. Agora, o PT não apoia de graça. Alguma coisa foi acertada", disse o ex-presidente após participar de um almoço em prol da reeleição de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo.

Quem tentou entrar na briga em apoio a Bolsonaro foi o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Em 15 de outubro, ele foi a Goiânia participar da campanha do candidato do PL e sua presença foi ironizada pelos aliados do governador goiano já que o candidato apoiado por Zema em Belo Horizonte, o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) sequer foi para o segundo turno. É uma tentativa do mineiro de se cacifar perante o bolsonarismo, buscando formar chapa ou mesmo ser o presidenciável ungido pelo ex-presidente hoje inelegível.

Tudo indica que os interesses do campo que vai da direita à extrema direita serão mais difíceis de conciliar em 2026, ainda mais com Bolsonaro fora da disputa, mas querendo manter sua influência e ditar sua agenda. Os resultados em Goiânia apontarão um vencedor e um derrotado no domingo (27), dado o envolvimento direto tanto do ex-presidente quanto do governador na disputa.

•        Magnata do agro detona bolsonarista e pede voto no PT em Cuiabá

O segundo turno da disputa pela prefeitura da cidade de Cuiabá, capital do Mato Grosso, está sendo disputado entre o bolsonarista Abilio Brunini (PL) e o petista Lúdio Cabral, que acaba de ganhar um apoio de peso.

Vídeo que circula pelas redes mostra o bilionário do agronegócio Elusmar Maggi Scheffer declarando apoio ao candidato do PT e detonando o representante do bolsonarismo.

A posição de Maggi, que faz parte de uma das famílias mais ricas do Brasil e líder no agronegócio brasileiro, causou espanto no meio político e no setor, que costuma ser mais conservador e apoiar candidatos vinculados ao bolsonarismo.

"Pessoal, para quem vota aqui em Cuiabá, segundo turno... Elusmar Maggi, do Grupo Bom Futuro, é Lúdio, é 13 na cabeça. Eu quero o voto de vocês todos, de cada um. Peçam voto para vizinhos, parentes, namorada, namorado, amigo, amiga, pai, mãe, filho, sobrinho, tio, avô e neto. E o vizinho da direita, da esquerda, da frente e de trás. Vamos eleger Lúdio! Muito obrigado a todos vocês, até a vitória", disparou Elusmar Maggi.

Essa não é a primeira vez que Elusmar Maggi declara apoio ao PT. Na eleição de 2022, o empresário pediu votos para o então candidato e hoje presidente da República, Lula (PT).

"Rapaz, que fria esse presidente. Se esse presidente fosse bom, ele teria dado uma verba como o PT deu para fazer armazéns. Treze anos para pagar, com três anos de carência. Aí esse milho não estaria na rua. Esse presidente é muito ruim de serviço. Esse armazém que está aí do lado é dinheiro que o PT deu para fazer. Jurinho de 2,5% e carência de três anos e treze anos para pagar. Agora, esse motoqueiro, esse presidente motoqueiro, que não passa de um simples motoqueiro e que ainda dá mau exemplo para a nação", declarou Elusmar Maggi.

A família Maggi aparece na lista da Forbes como a mais rica do agronegócio brasileiro e hoje soma mais de R$ 42 bilhões.

 

Fonte: Fórum

 

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