sábado, 26 de outubro de 2024

Governo Bolsonaro gastou R$ 6,1 milhões em 9 mansões para o Exército em Formosa (GO)

As casas foram construídas entre 2019 e 2020, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, como parte de um projeto para oficiais superiores do Exército em Formosa, Goiás. O investimento total consolidado foi de R$ 6.102.143,97, com recursos provenientes do Orçamento da União. As residências, classificadas como Próprios Nacionais Residenciais (PNR), integram o Plano de Implantação do Sistema de Defesa Estratégico ASTROS.

A resposta obtida por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) revela detalhes do projeto, como o cronograma das obras e aditivos contratuais. Dentre as alterações no projeto original, destacam-se a instalação de tapumes, modificações nas alvenarias, forro de gesso acartonado, grades e outras adaptações de segurança e infraestrutura. As casas variam entre 164 m² e 329 m² de área construída, com terrenos entre 360 m² e 900 m².

<><> Detalhes das Residências

As nove residências construídas em Formosa apresentam especificações detalhadas:

•        Casa 01: 329,80 m² de área construída em um terreno de 900 m².

•        Casa 02: 250,96 m² de área construída em um terreno de 700 m².

•        Casa 03: 250,96 m² de área construída em um terreno de 700 m².

•        Casa 04: 250,96 m² de área construída em um terreno de 700 m².

•        Casa 05: 197,27 m² de área construída em um terreno de 600 m².

•        Casa 06: 197,27 m² de área construída em um terreno de 480 m².

•        Casa 07: 164,94 m² de área construída em um terreno de 360 m².

•        Casa 08: 164,94 m² de área construída em um terreno de 360 m².

•        Casa 09: 197,21 m² de área construída em um terreno de 630 m².

Cada uma dessas unidades foi projetada para atender a altos padrões de conforto, incluindo itens adicionais como persianas, portões automatizados, churrasqueiras e coberturas de policarbonato, além de ajustes na estrutura para melhorar a segurança e a habitabilidade das residências.

Essa não é a primeira vez que o Exército é questionado por seus investimentos em residências de alto padrão para oficiais. Em apuração anterior da coluna, foi revelado que o Setor Militar Urbano, em Brasília, abriga oito mansões destinadas a generais, com condições de aluguel semelhantes. A revelação gerou controvérsias quanto ao custo-benefício e à transparência na gestão desses imóveis, destacando um padrão de manutenção elevado e recursos públicos empregados para subsidiar moradias de luxo para militares

Assim como as oito mansões no Setor Militar Urbano, em Brasília, que são alugadas por generais a um valor subsidiado de apenas 6,5% de seus salários, os nove PNRs de Formosa seguem o mesmo modelo de aluguel reduzido. Esse valor é considerado irrisório em comparação ao custo de manutenção das residências, gerando críticas quanto ao uso de recursos públicos para subsidiar moradias de alto padrão para militares.

O Exército defendeu a construção das residências, afirmando que atende às necessidades institucionais de seus oficiais e ao planejamento estratégico. No entanto, o tema segue controverso, especialmente diante de cortes de verbas, quando a manutenção dessas instalações representa um desafio adicional para o orçamento militar

•        8 mansões do exército no Setor Militar Urbano

Residências no Setor Militar Urbano, ocupadas por oficiais de alta patente, são alvo de questionamentos sobre o custo-benefício do uso de recursos públicos. O valor descontado dos militares equivale a apenas 6,5% de seu soldo.

Em um conjunto de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, foi revelado que o Exército Brasileiro disponibiliza ao menos oito mansões de luxo para generais e oficiais de alta patente em Brasília. As residências estão localizadas na exclusiva Quadra Residencial de Generais no Setor Militar Urbano (SMU) e possuem áreas superiores a 500 metros quadrados, contando com vastos jardins, quadras esportivas e outras comodidades.

Os imóveis variam entre 697,00 m² e 790,77 m² e são destinados exclusivamente para oficiais de alto escalão. O Exército, em resposta ao pedido de informações, recusou-se a divulgar os nomes dos residentes, alegando que se trata de dados pessoais protegidos por sigilo, conforme previsto na Lei nº 12.527/2011.

<><> Uso funcional e valor simbólico

Em nota oficial, o Exército argumentou que a destinação dessas propriedades faz parte de um plano de longo prazo, o Sistema Unificado do Processo de Obras, que foi implementado em 2021 para organizar a construção e manutenção de imóveis funcionais. Ainda segundo a nota, as residências são designadas para atender às necessidades institucionais dos oficiais e seguem critérios funcionais estritos.

Apesar do luxo dessas propriedades, o valor pago pelos militares que as ocupam é extremamente baixo: apenas 6,5% do soldo de cada oficial é descontado como taxa de ocupação, o que gerou críticas sobre o uso de dinheiro público para sustentar o conforto de uma elite militar a um custo irrisório. Críticos argumentam que o valor é desproporcional em comparação ao tamanho e ao custo de manutenção das residências, situadas em uma das áreas mais nobres da capital.

<><> Custo-benefício e falta de transparência

Os imóveis, que são de acesso exclusivo a oficiais de alta patente, levantam questionamentos sobre a real necessidade de mantê-los com recursos públicos. A manutenção dessas mansões envolve custos altos, especialmente com segurança, jardinagem e serviços gerais, enquanto os ocupantes pagam uma fração mínima de seus salários.

Apesar de as informações sobre as propriedades em si serem públicas, os detalhes sobre os residentes continuam restritos. O Exército justifica que, por questões de segurança e privacidade, a divulgação dos nomes só pode ser feita em boletins de acesso restrito. Essa prática limita o acesso público e aumenta as suspeitas de que o privilégio oferecido aos oficiais de alta patente carece de justificativas claras.

<><> Plano de expansão e críticas

A revelação das mansões e do custo simbólico gerou discussões não apenas sobre as atuais residências, mas também sobre planos futuros. O Exército indicou que o projeto de construção de novas unidades para oficiais está em andamento, seguindo as diretrizes do sistema unificado de obras. Esse plano visa expandir a oferta de residências deste padrão - atualmente mais 9 casas para oficiais estão em construção em Formosa (GO) - mesmo em meio a uma crescente pressão por austeridade e cortes de gastos.

As críticas se concentram na falta de transparência nos custos envolvidos, desde a construção até a manutenção desses imóveis, e no uso de dinheiro público para subsidiar moradias de alto padrão para uma pequena parcela de militares. Em um momento de instabilidade econômica e de demandas por cortes em várias áreas do governo, a manutenção desse privilégio parece cada vez mais questionável.

O Exército Brasileiro defende que o uso das mansões no Setor Militar Urbano atende a critérios funcionais e está dentro do planejamento previsto. No entanto, o baixo custo de ocupação, aliado à falta de transparência sobre os residentes e os gastos totais, continua a levantar questionamentos. Com as pressões por responsabilidade fiscal aumentando, a manutenção de benefícios dessa magnitude para uma elite militar pode enfrentar críticas mais duras no futuro.

 

¨      Exército gasta 7 vezes mais em casas para militares do que governo em moradias populares

o Exército Brasileiro revelou, em um movimento que destaca prioridades profundamente distorcidas, que entre 2020 e 2023 investiu R$ 547 milhões na construção de 463 residências de luxo para oficiais e praças.

Esse gasto exorbitante coloca em perspectiva a drástica diferença em relação aos investimentos do governo federal em moradias populares: Segundo dados do próprio governo, entre 2023 e abril de 2024, através do FGTS, R$ 105,1 bilhões foram destinados ao programa Minha Casa Minha Vida, resultando na construção de 677,91 mil residências a um custo médio de R$ 154.626,74.por unidade.

<><> Casas milionárias para militares

Os Próprios Nacionais Residenciais (PNRs), como são conhecidas as residências construídas pelo Exército, custaram em média R$ 1,18 milhão por unidade — um custo que pode chegar a R$ 3,88 milhões para as residências destinadas a generais como revelou uma reportagem do site Sociedade Militar. Em contrapartida, as moradias populares do Minha Casa Minha Vida são construídas a um custo médio de R$ 154 mil por unidade. Essa disparidade evidencia um abismo de prioridades: o Exército gasta sete vezes mais em cada casa para militares do que o governo investe para proporcionar moradia digna aos civis.

Enquanto o PAC e o Minha Casa Minha Vida sofrem cortes severos, o Ministério da Defesa permanece praticamente intocado. Menos de 1% do orçamento da Defesa foi congelado, permitindo que o Exército continue a destinar quantias exorbitantes a luxos desnecessários. Em contraste, o PAC, vital para o desenvolvimento nacional, viu R$ 3,2 bilhões serem congelados, interrompendo projetos essenciais nas áreas de transporte, saúde, educação, saneamento e habitação.

<><> Prioridades distorcidas

A justificativa do Exército para esse investimento exorbitante é a necessidade de proporcionar condições dignas para seus militares. Contudo, essa defesa não resiste a uma análise mais profunda. Com o custo de uma única residência para um general, o governo poderia construir dezenas de casas populares para famílias em situação de vulnerabilidade.

A pergunta que fica é: por que o governo privilegia o luxo de uma minoria em detrimento das necessidades básicas de milhões de civis? Em um cenário de cortes e congelamentos, essa escolha parece ir na contramão do compromisso com o bem-estar coletivo pregado pelo presidente Lula e seus apoiadores.

A discrepância nos investimentos expõe uma grave falha na gestão dos recursos públicos. Enquanto milhões de brasileiros enfrentam a luta diária por uma moradia digna e programas como o PAC são estrangulados por cortes orçamentários, o governo se dá ao luxo de investir em residências milionárias para militares. Essa desigualdade não apenas desperdiça recursos, mas também mina a confiança da população nas instituições que deveriam protegê-los. É imperativo que essa alocação de recursos seja revisada urgentemente, com foco nas reais necessidades da população e não nos privilégios de uma elite já favorecida.

 

•        As lições perturbadoras do caso de Fátima de Tubarão. Por Moisés Mendes

Fátima de Tubarão é a figura mais exposta e falada como golpista presa, julgada e condenada até agora. Mas nem a extrema direita quer saber de Maria de Fátima Mendonça Jacinto como exemplo de mártir do que chamam de perseguição do Judiciário aos invasores de Brasília no 8 de janeiro.

Ninguém usa o nome de Fátima para pedir anistia aos golpistas. O bispo goiano Adair José Guimarães, de Formosa, fez uma homilia em defesa dos invasores e citou até a mulher que usou um batom para pichar a estátua da deusa Têmis sentada diante do STF com “perdeu, mané”. Não disse nada sobre Fátima de Tubarão.

Essa semana, o Supremo negou a Fátima, condenada a 17 anos de prisão, os benefícios da não persecução penal, que poderia trocar a prisão por punições mais brandas. Fátima tem 67 anos, pediu clemência e não levou, porque seu caso é grave.

E aí está a mais famosa figura do 8 de janeiro, sem concessões do Judiciário e sem apoio dos fascistas. Supõe-se, por tudo o que aconteceu até agora, que ao pegar Fátima e similares o sistema de Justiça pretendia chegar aos chefes.

Sendo implacável com os manés, o STF daria o exemplo de que não haverá moleza com golpistas e que suas atitudes não podem se repetir. Mas se viu que não é assim que funciona.

Golpistas fugiram para a Argentina, outros candidataram-se nas eleições municipais e alguns até se negaram a assinar o pedido de não persecução, oferecido pelo STF a eles, mas negado pela mesma Corte a Fátima de Tubarão.

Pegar os manés não é garantia de que irão se aquietar. Sabe-se que eles estão se rearticulando. Porque se reproduzem pela incitação dos líderes, pela capacidade de organização e de financiamento. A extrema direita nas bases onde germina é um fenômeno movido pelo poder econômico.

E a prova é a Santa Catarina de Fátima de Tubarão. Os líderes do bolsonarismo no Estado pregaram o golpe em locais públicos, depois da eleição de Lula. Estão livres. Argumentos que se ouvem: são poderosos e seus casos dependem de provas robustas.

Gente com muito dinheiro, que dizia temer a volta do comunismo, apostou tudo na revolta nas estradas contra a posse. O sistema de Justiça, que em oito meses prendeu, julgou e condenou os manés do 8 de janeiro, é lento para os ricaços.

São incitadores, financiadores e comandantes do golpe em suas várias manifestações. Grandes sonegadores, contrabandistas, estelionatários, ou quase todos 171, como já disse Lula.

Parece uma comparação forçada, mas não é. É uma comparação tão simples, tão óbvia, que permite dizer o seguinte sobre o caso de Fátima. É como se, depois da guerra, Nuremberg tivesse julgado os recrutas alemães pelas matanças de Hitler, para só depois, com as provas robustas, tentar chegar aos chefes nazistas.

Fátima foi condenada porque era uma soldada rasa sem força política e econômica. Não tem tudo o que os impunes poderosos têm, em toda parte. E têm muito mais na Santa Catarina de Fátima, o mais bolsonarista de todos os Estados.

O tempo anda de mãos dadas com esses impunes, enquanto a folha corrida de Fátima diz que ela participou de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, de golpe de Estado, de associação criminosa armada, de dano qualificado contra bens públicos e de deterioração de patrimônio tombado.

Durante a invasão, Fátima era uma das figuras mais entusiasmadas. Num vídeo gravado no 8 de janeiro, ela grita: "Vamos para a guerra, é guerra agora. Vamos pegar o Xandão agora".

Os líderes de Fátima estão certos até agora de que, se eles não pegaram todo o sistema que pegou os manés, pelo menos o imobilizaram, ou algo já teria acontecido. Vai acontecer, é o que se ouve, mas fora do tempo? Quantos, de mãos dadas com o vacilo e o tempo amigo, irão escapar por falta de provas robustas?

Fátima de Tubarão pode não ser uma mártir do fascismo, mas seu caso já é quase uma excrescência do que deveria ter sido o cerco aos golpistas. Daqui a pouco o 8 de janeiro faz dois anos. E o golpe vinha sendo articulado muitos anos antes.

 

Fonte: Fórum/O Cafezinho/Brasil 247

 

Nenhum comentário: