Paraguai dá ultimato à UE: 'Ou acordo com Mercosul sai até dezembro ou
vamos negociar com a Ásia'
Paraguai assumirá a presidência do Mercosul após o
Brasil em dezembro, e segundo seu líder, "ou o acordo é fechado agora, ou
não vai acontecer" durante sua gestão no bloco. Santiago Peña também
destacou as parcerias do Mercosul com os Emirados Árabes Unidos e Cingapura.
Em entrevista ao The Financial Times, o presidente
paraguaio, Santiago Peña, disse que o bloco europeu deve finalizar o tratado
comercial até 6 de dezembro ou países-membros do Mercosul "vão embora e
negociarão com os países asiáticos".
"Ou fechamos até 6 de dezembro ou não
fechamos. Quem vai assumir a presidência [do Mercosul] depois sou eu e falei
para [o presidente do Brasil] Lula: 'Basta'. Se tem alguém que pode fechar esse
negócio é o Lula […] será este ano ou, se não, não vai acontecer", disse
Peña acrescentando que "estou super firme quanto a isso. Super firme. Ou
fazemos isso agora ou não fazemos nada".
O líder paraguaio enfatizou que o Mercosul tem
outros acordos comerciais em preparação com os Emirados Árabes Unidos e
Cingapura. "Com Cingapura fecharemos um acordo em dois meses […] posso
garantir que será muito rápido", afirmou.
Entretanto, as declarações convictas do chefe de
Estado paraguaio não foram ensaiadas com outros paíse-membros do bloco,
incluindo o Brasil, de acordo com a coluna de Assis Moreira no jornal Valor
Econômico.
Segundo o colunista, em Brasília, a assessoria de
imprensa da presidência da República disse que "não houve combinação"
para Peña dar essa declaração. Mas observou que, em todo o caso, Lula tem dito
publicamente que gostaria de fechar o tratado com a UE durante a presidência do
Brasil no Mercosul, que vai até dezembro.
Ainda de acordo com a mídia, em círculos de
negociações birregionais, a declaração de Peña foi considerada positiva para
insistir que o momento é agora, ou seja, o ultimato paraguaio é visto como
sendo mais uma expressão de uma vontade de finalmente concluir o acordo do que
uma ameaça para valer.
Um porta-voz do comércio da Comissão Europeia,
ouvido pelo colunista, deu a posição oficial da UE ao ultimato paraguaio,
reiterando o objetivo de concluir as negociações ainda em 2023.
"A UE e o Mercosul continuam a manter um
intercâmbio regular, tanto pessoal quanto virtualmente, seguindo o compromisso
assumido em nível presidencial de concluir as negociações antes do final do
ano. A mais recente reunião construtiva em nível de negociadores-chefes foi
realizada em 14 de setembro. Também recebemos anteriormente um documento do
Mercosul que estamos usando como base para um maior engajamento",
acrescentou o porta-voz em referência à contraproposta do Mercosul a exigências
ambientais adicionais feitas por Bruxelas.
Apesar do forte desejo europeu de fechar o acordo,
também ressaltado na visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, a Brasília em junho deste ano, a posição de alguns países membros da UE,
como França e Áustria, continua não ajudando ao avanço nas negociações.
Tanto especialistas quanto o governo brasileiro já
classificaram a resistência e novas exigências de alguns membros como
"protecionismo de seu mercado agrícola" e não por ser integralmente
uma preocupação ambiental.
O Acordo de Associação Mercosul-União Europeia teve
suas negociações concluídas em 28 de junho de 2019, mas ainda dependente do
processo de revisão, assinatura e ratificação. Os dois blocos estão em diálogo
há mais de 20 anos sobre o acordo.
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Paraguai e Taiwan
Ainda em sua entrevista para o jornal britânico,
falando agora especificamente sobre Assunção, Santiago Peña disse que "o
futuro do Paraguai não é a comida. O futuro do Paraguai é a indústria" e
que nessa dinâmica a parceria com Taiwan precisa ainda mais ser reforçada, e
com a China, analisada de perto.
"[…] Temos que pensar como vamos nos
desenvolver industrialmente. Quem vai nos ajudar a chegar mais perto de um
futuro industrial: um gigante que só nos comprará alimentos […] ou Taiwan, que
nos vai ajudar a melhorar, tal como eles próprios fizeram?", indagou.
Entretanto, o líder vem enfrentando críticas dos
agricultores paraguaios, os quais questionaram a aliança com Taipé, uma vez que
ela impede as exportações para o vasto mercado chinês.
Ainda segundo a mídia, o Paraguai enviou cerca de
600 engenheiros a Taiwan para estudar eletrônica avançada e Taipé ajudou a
estabelecer uma universidade técnica em Assunção.
Peña quer aproveitar a enorme oferta de
eletricidade renovável barata proveniente da gigantesca barragem de Itaipú, na
fronteira com o Brasil, para abastecer um crescente setor industrial para
exportação.
Ø EUA não deixaram pistas de
seu envolvimento nas explosões dos Nord Stream, afirma jornalista Hersh
Os americanos que estavam por trás de ato de
sabotagem dos gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) não deixaram vestígios,
não tendo nenhuma informação significativa sobre a missão nos EUA sido inserida
nos computadores, afirmou o jornalista norte-americano Seymour Hersh na
plataforma Substack.
"Os homens e mulheres americanos que se mudaram,
disfarçados, para dentro e para fora da Noruega [...] não são um indício da
existência da equipe, além do sucesso de sua missão", escreve Hersh.
Além disso, o autor também destacou que nenhuma
informação importante foi registrada em um computador, mas foi impressa em uma
máquina de escrever Royal ou Smith Corona.
"Uma vez que a missão foi concluída, os papéis
digitados e cópias foram destruídos, não deixando vestígios físicos, nenhuma
evidência a ser desenterrada mais tarde por um promotor especial ou um
historiador presidencial. Pode chamar de crime perfeito", continuou ele.
Assim, segundo Hersh todos os relatórios chegaram
diretamente ao diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), William Burns,
que "era o único elo entre os planejadores [das explosões] e o presidente
[Joe Biden]".
Ao mesmo tempo, de acordo com o jornalista, os
preparativos para a destruição dos gasodutos Nord Stream no mar Báltico levaram
vários meses de especialistas da Marinha dos EUA.
Falando sobre motivos dos Estados Unidos de fazer
este ato de sabotagem, Seymour Hersh acredita que esses eram os únicos
gasodutos que poderiam atacar e facilmente negá-lo.
Acrescentando que isso (explosões dos gasodutos
Nord Stream) foi uma consequência do medo básico "de que os EUA perderiam
sua superioridade há muito estabelecida na Europa Ocidental", escreveu
ele.
Por sua vez, a representante oficial do Ministério
das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentado novo artigo de
Hersh do aniversário das explosões dos gasodutos, afirmou que a administração
Biden deve responder às conclusões da investigação do jornalista americano.
As autoridades suecas e dinamarquesas, que até
agora afirmam não ter tido conhecimento dos gasodutos Nord Stream explodidos
nas suas águas, fecharam os olhos às ações dos Estados Unidos e da Noruega,
enfatizou Hersh.
Ele também observou que uma equipe de mergulhadores
americanos e pessoal de apoio no navio da missão, um cargueiro norueguês,
seriam difíceis de esconder enquanto os mergulhadores estavam fazendo seu
trabalho.
Três dos quatro gasodutos submarinos que compõem os
projetos Nord Stream 1 e 2 que conectam a Rússia e a Alemanha através do mar
Báltico foram severamente danificados por uma série de poderosas explosões em
setembro de 2022.
Embora não tenha ficado imediatamente claro quem
estava por trás desse ato de sabotagem, o jornalista investigativo Seymour
Hersh nomeou o governo dos Estados Unidos como o mentor em fevereiro deste ano.
Citando fontes familiarizadas com o planejamento
desta operação, Hersh afirmou que mergulhadores da Marinha dos EUA plantaram os
explosivos nos gasodutos no verão de 2022 com a ajuda da Noruega e que as
cargas foram detonadas remotamente três meses depois para evitar suspeitas.
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Diplomata russo acusa Dinamarca, Suécia e Alemanha
de proteger os EUA no atentado contra Nord Stream
Na ONU, o representante permanente da Federação da
Rússia, Vasily Nebenzya, acusa Dinamarca, Suécia e Alemanha de proteger os EUA
em relação a atentado contra Nord Stream.
Durante discurso na reunião do Conselho de
Segurança da ONU, Nebenzya alegou que o país insistirá em levar à justiça os
responsáveis pela sabotagem do Nord Stream.
"[A Rússia] insistirá em levar à justiça
aqueles que ordenaram e executaram este ato de sabotagem", disse Nebenzya
na reunião do Conselho de Segurança da ONU.
O representante permanente adjunto da China na ONU,
Geng Shuang, também apelou à Dinamarca, à Suécia e à Alemanha que não atrasem
as investigações sobre as circunstâncias que levaram à explosão do Nord Stream.
"Os países relevantes têm realizado
investigações nacionais já há algum tempo. Mas os resultados permanecem
ilusórios. Quanto mais demorarem, mais difícil será recolher provas e revelar a
verdade, mais dúvidas e especulações irão levantar, e menos confiáveis serão os resultados da investigação", alega.
Shuang enfatizou também que, até o momento, não há
nenhuma conclusão clara e oficial sobre as apurações realizadas pelos três
países. "Esperamos que os países envolvidos respondam ativamente às
preocupações da comunidade internacional e anunciem o progresso nas
investigações em tempo hábil", afirma.
Ataques a gasodutos ocorreram com apoio estatal
Responsáveis por levar gás natural da Rússia para a
Europa, os gasodutos Nord Strem foram alvo de sabotagem em setembro do ano
passado. Para o Kremlin, não há duvida de que os ataques tiveram apoio de um
Estado. Já as autoridades americanas defendem que um grupo não governamental
pró-Ucrânia provocou as explosões.
"Era uma tarefa muito difícil, da qual
provavelmente apenas um serviço especial de Estado bem treinado era capaz, e
não há muitos deles em nosso mundo", disse Dmitry Peskov, porta-voz do
Kremlin.
Nord Stream é um gasoduto de exportação de gás da
Rússia que atravessa o mar Báltico. Sua rota passa pelas zonas econômicas
exclusivas da Rússia, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Alemanha, além das águas
territoriais da Rússia, Dinamarca e Alemanha. O incidente ocorreu na zona
econômica exclusiva da Dinamarca, a sudeste da ilha de Bornholm.
Ø Comércio de petróleo sancionado está crescendo enquanto EUA fazem vista
grossa, relata mídia
Analistas dizem que o aumento do movimento do
petróleo em contravenção às sanções ocidentais está frequentemente acontecendo
com o pleno conhecimento do governo dos EUA, escreve o jornal The Guardian.
Escondido dentro dos registros sólidos dos
relatórios de comércio internacional da China, uma aparente anomalia se revelou
no final de 2022.
Assim, analistas examinando o movimento do petróleo
em todo o mundo localizaram um desequilíbrio extraordinário nas contas do país;
uma aberração branda que ajudou a revelar o jogo arriscado que está sendo
jogado pelos EUA e seus aliados para manter uma alta oferta de petróleo em todo
o mundo.
De acordo com a Administração de Informação de
Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês), a verdade é chocantemente descarada
e cada vez mais comum; o petróleo originário de países atualmente sancionados
pelos EUA e seus aliados está sendo sistematicamente relacionado como
proveniente de países terceiros, como a Malásia, Omã e os Emirados Árabes
Unidos, a fim de contornar embargos internacionais.
Sob este processo agora bem reconhecido, o petróleo
é retirado de Rússia, Irã ou Venezuela para pontos de encontro no Sudeste
Asiático e transferido de petroleiro para petroleiro, onde é então rotulado
outra vez como vindo de um produtor de petróleo nas proximidades, antes de ser
enviado para a China, observa publicação.
Estas transferências de petróleo entre navios são
altamente arriscadas, ameaçando tanto o ambiente como a segurança das
tripulações envolvidas.
Além disso, elas ocorrem com pouca supervisão e
muitas vezes em condições perigosas no alto mar. Apesar disso, essas
transferências estão sendo realizadas diariamente, enquanto autoridades locais
e governos ocidentais fecham os olhos.
Apesar desses esforços, o comércio de petróleo
sancionado de países como Rússia e Irã cresceu no último ano e segundo o grupo
de vigilância União contra um Irã Nuclear (UANI, na sigla em inglês), 91% desse
petróleo foi importado pela China.
Analistas enfatizam que esse comércio está
acontecendo com o pleno conhecimento do governo Biden, que priorizou aberturas
diplomáticas com o Irã sobre a aplicação de suas próprias sanções.
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China critica 'expansão desenfreada de alianças
militares' e negocia com Seul e Tóquio visando EUA
A chancelaria dos três países concordou em reviver
negociações trilaterais após um hiato de quatro anos, sob o qual se observa o
aumento das tensões na região Ásia-Pacífico e o aumento da presença
norte-americana na área.
Discursando em uma conferência de imprensa em
Pequim nesta terça-feira (26), o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang
Yi, prometeu que seu país se opõe à "expansão desenfreada de alianças
militares e à compressão do espaço de segurança de outros países".
Wang Yi também acrescentou que a China procurará
"resolver diferenças e disputas entre países através do diálogo e da
consulta", entretanto, não nomeou as nações em questão em um dos casos.
Um desses movimentos é o acordo feito também hoje
(26) entre China, Japão e Coreia do Sul para acalmar temores sobre as relações
com os Estados Unidos e os outros dois países mencionados.
Os líderes manterão diálogos a três "o mais
rapidamente possível", após uma reunião destinada a aliviar as
preocupações chinesas sobre a presença de segurança mais forte de Washington na
região, relata o The Guardian.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores
da Coreia do Sul, Lim Soo-suk, disse que a cúpula dos líderes seria realizada
"no momento mais cedo e mutuamente conveniente", segundo a agência de
notícias Yonhap citada pelo jornal britânico.
A chanceler japonesa, Yoko Kamikawa, disse que os
três países compartilham a necessidade de reiniciar os diálogos de alto nível,
incluindo cúpulas, "rapidamente".
"Acredito que é muito valioso discutir os
vários desafios que a região enfrenta", disse ela em um briefing em
Tóquio.
A China manifestou preocupação com o aprofundamento
dos laços entre Washington e os seus dois aliados no nordeste da Ásia, que
albergam dezenas de milhares de soldados norte-americanos.
Anteriormente, Pequim alertou que qualquer
tentativa de estabelecer uma aliança militar semelhante à OTAN na Ásia-Pacífico
mergulharia a região em um "redemoinho de conflitos", conforme
noticiado.
Fonte: Sputnik Brasil
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