quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Paraguai dá ultimato à UE: 'Ou acordo com Mercosul sai até dezembro ou vamos negociar com a Ásia'

Paraguai assumirá a presidência do Mercosul após o Brasil em dezembro, e segundo seu líder, "ou o acordo é fechado agora, ou não vai acontecer" durante sua gestão no bloco. Santiago Peña também destacou as parcerias do Mercosul com os Emirados Árabes Unidos e Cingapura.

Em entrevista ao The Financial Times, o presidente paraguaio, Santiago Peña, disse que o bloco europeu deve finalizar o tratado comercial até 6 de dezembro ou países-membros do Mercosul "vão embora e negociarão com os países asiáticos".

"Ou fechamos até 6 de dezembro ou não fechamos. Quem vai assumir a presidência [do Mercosul] depois sou eu e falei para [o presidente do Brasil] Lula: 'Basta'. Se tem alguém que pode fechar esse negócio é o Lula […] será este ano ou, se não, não vai acontecer", disse Peña acrescentando que "estou super firme quanto a isso. Super firme. Ou fazemos isso agora ou não fazemos nada".

O líder paraguaio enfatizou que o Mercosul tem outros acordos comerciais em preparação com os Emirados Árabes Unidos e Cingapura. "Com Cingapura fecharemos um acordo em dois meses […] posso garantir que será muito rápido", afirmou.

Entretanto, as declarações convictas do chefe de Estado paraguaio não foram ensaiadas com outros paíse-membros do bloco, incluindo o Brasil, de acordo com a coluna de Assis Moreira no jornal Valor Econômico.

Segundo o colunista, em Brasília, a assessoria de imprensa da presidência da República disse que "não houve combinação" para Peña dar essa declaração. Mas observou que, em todo o caso, Lula tem dito publicamente que gostaria de fechar o tratado com a UE durante a presidência do Brasil no Mercosul, que vai até dezembro.

Ainda de acordo com a mídia, em círculos de negociações birregionais, a declaração de Peña foi considerada positiva para insistir que o momento é agora, ou seja, o ultimato paraguaio é visto como sendo mais uma expressão de uma vontade de finalmente concluir o acordo do que uma ameaça para valer.

Um porta-voz do comércio da Comissão Europeia, ouvido pelo colunista, deu a posição oficial da UE ao ultimato paraguaio, reiterando o objetivo de concluir as negociações ainda em 2023.

"A UE e o Mercosul continuam a manter um intercâmbio regular, tanto pessoal quanto virtualmente, seguindo o compromisso assumido em nível presidencial de concluir as negociações antes do final do ano. A mais recente reunião construtiva em nível de negociadores-chefes foi realizada em 14 de setembro. Também recebemos anteriormente um documento do Mercosul que estamos usando como base para um maior engajamento", acrescentou o porta-voz em referência à contraproposta do Mercosul a exigências ambientais adicionais feitas por Bruxelas.

Apesar do forte desejo europeu de fechar o acordo, também ressaltado na visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a Brasília em junho deste ano, a posição de alguns países membros da UE, como França e Áustria, continua não ajudando ao avanço nas negociações.

Tanto especialistas quanto o governo brasileiro já classificaram a resistência e novas exigências de alguns membros como "protecionismo de seu mercado agrícola" e não por ser integralmente uma preocupação ambiental.

O Acordo de Associação Mercosul-União Europeia teve suas negociações concluídas em 28 de junho de 2019, mas ainda dependente do processo de revisão, assinatura e ratificação. Os dois blocos estão em diálogo há mais de 20 anos sobre o acordo.

·         Paraguai e Taiwan

Ainda em sua entrevista para o jornal britânico, falando agora especificamente sobre Assunção, Santiago Peña disse que "o futuro do Paraguai não é a comida. O futuro do Paraguai é a indústria" e que nessa dinâmica a parceria com Taiwan precisa ainda mais ser reforçada, e com a China, analisada de perto.

"[…] Temos que pensar como vamos nos desenvolver industrialmente. Quem vai nos ajudar a chegar mais perto de um futuro industrial: um gigante que só nos comprará alimentos […] ou Taiwan, que nos vai ajudar a melhorar, tal como eles próprios fizeram?", indagou.

Entretanto, o líder vem enfrentando críticas dos agricultores paraguaios, os quais questionaram a aliança com Taipé, uma vez que ela impede as exportações para o vasto mercado chinês.

Ainda segundo a mídia, o Paraguai enviou cerca de 600 engenheiros a Taiwan para estudar eletrônica avançada e Taipé ajudou a estabelecer uma universidade técnica em Assunção.

Peña quer aproveitar a enorme oferta de eletricidade renovável barata proveniente da gigantesca barragem de Itaipú, na fronteira com o Brasil, para abastecer um crescente setor industrial para exportação.

 

Ø  EUA não deixaram pistas de seu envolvimento nas explosões dos Nord Stream, afirma jornalista Hersh

 

Os americanos que estavam por trás de ato de sabotagem dos gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) não deixaram vestígios, não tendo nenhuma informação significativa sobre a missão nos EUA sido inserida nos computadores, afirmou o jornalista norte-americano Seymour Hersh na plataforma Substack.

"Os homens e mulheres americanos que se mudaram, disfarçados, para dentro e para fora da Noruega [...] não são um indício da existência da equipe, além do sucesso de sua missão", escreve Hersh.

Além disso, o autor também destacou que nenhuma informação importante foi registrada em um computador, mas foi impressa em uma máquina de escrever Royal ou Smith Corona.

"Uma vez que a missão foi concluída, os papéis digitados e cópias foram destruídos, não deixando vestígios físicos, nenhuma evidência a ser desenterrada mais tarde por um promotor especial ou um historiador presidencial. Pode chamar de crime perfeito", continuou ele.

Assim, segundo Hersh todos os relatórios chegaram diretamente ao diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), William Burns, que "era o único elo entre os planejadores [das explosões] e o presidente [Joe Biden]".

Ao mesmo tempo, de acordo com o jornalista, os preparativos para a destruição dos gasodutos Nord Stream no mar Báltico levaram vários meses de especialistas da Marinha dos EUA.

Falando sobre motivos dos Estados Unidos de fazer este ato de sabotagem, Seymour Hersh acredita que esses eram os únicos gasodutos que poderiam atacar e facilmente negá-lo.

Acrescentando que isso (explosões dos gasodutos Nord Stream) foi uma consequência do medo básico "de que os EUA perderiam sua superioridade há muito estabelecida na Europa Ocidental", escreveu ele.

Por sua vez, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentado novo artigo de Hersh do aniversário das explosões dos gasodutos, afirmou que a administração Biden deve responder às conclusões da investigação do jornalista americano.

As autoridades suecas e dinamarquesas, que até agora afirmam não ter tido conhecimento dos gasodutos Nord Stream explodidos nas suas águas, fecharam os olhos às ações dos Estados Unidos e da Noruega, enfatizou Hersh.

Ele também observou que uma equipe de mergulhadores americanos e pessoal de apoio no navio da missão, um cargueiro norueguês, seriam difíceis de esconder enquanto os mergulhadores estavam fazendo seu trabalho.

Três dos quatro gasodutos submarinos que compõem os projetos Nord Stream 1 e 2 que conectam a Rússia e a Alemanha através do mar Báltico foram severamente danificados por uma série de poderosas explosões em setembro de 2022.

Embora não tenha ficado imediatamente claro quem estava por trás desse ato de sabotagem, o jornalista investigativo Seymour Hersh nomeou o governo dos Estados Unidos como o mentor em fevereiro deste ano.

Citando fontes familiarizadas com o planejamento desta operação, Hersh afirmou que mergulhadores da Marinha dos EUA plantaram os explosivos nos gasodutos no verão de 2022 com a ajuda da Noruega e que as cargas foram detonadas remotamente três meses depois para evitar suspeitas.

·         Diplomata russo acusa Dinamarca, Suécia e Alemanha de proteger os EUA no atentado contra Nord Stream

Na ONU, o representante permanente da Federação da Rússia, Vasily Nebenzya, acusa Dinamarca, Suécia e Alemanha de proteger os EUA em relação a atentado contra Nord Stream.

Durante discurso na reunião do Conselho de Segurança da ONU, Nebenzya alegou que o país insistirá em levar à justiça os responsáveis pela sabotagem do Nord Stream.

"[A Rússia] insistirá em levar à justiça aqueles que ordenaram e executaram este ato de sabotagem", disse Nebenzya na reunião do Conselho de Segurança da ONU.

O representante permanente adjunto da China na ONU, Geng Shuang, também apelou à Dinamarca, à Suécia e à Alemanha que não atrasem as investigações sobre as circunstâncias que levaram à explosão do Nord Stream.

"Os países relevantes têm realizado investigações nacionais já há algum tempo. Mas os resultados permanecem ilusórios. Quanto mais demorarem, mais difícil será recolher provas e revelar a verdade, mais dúvidas e especulações irão levantar, e menos confiáveis ​​serão os resultados da investigação", alega.

Shuang enfatizou também que, até o momento, não há nenhuma conclusão clara e oficial sobre as apurações realizadas pelos três países. "Esperamos que os países envolvidos respondam ativamente às preocupações da comunidade internacional e anunciem o progresso nas investigações em tempo hábil", afirma.

Ataques a gasodutos ocorreram com apoio estatal

Responsáveis por levar gás natural da Rússia para a Europa, os gasodutos Nord Strem foram alvo de sabotagem em setembro do ano passado. Para o Kremlin, não há duvida de que os ataques tiveram apoio de um Estado. Já as autoridades americanas defendem que um grupo não governamental pró-Ucrânia provocou as explosões.

"Era uma tarefa muito difícil, da qual provavelmente apenas um serviço especial de Estado bem treinado era capaz, e não há muitos deles em nosso mundo", disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.

Nord Stream é um gasoduto de exportação de gás da Rússia que atravessa o mar Báltico. Sua rota passa pelas zonas econômicas exclusivas da Rússia, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Alemanha, além das águas territoriais da Rússia, Dinamarca e Alemanha. O incidente ocorreu na zona econômica exclusiva da Dinamarca, a sudeste da ilha de Bornholm.

 

Ø  Comércio de petróleo sancionado está crescendo enquanto EUA fazem vista grossa, relata mídia

 

Analistas dizem que o aumento do movimento do petróleo em contravenção às sanções ocidentais está frequentemente acontecendo com o pleno conhecimento do governo dos EUA, escreve o jornal The Guardian.

Escondido dentro dos registros sólidos dos relatórios de comércio internacional da China, uma aparente anomalia se revelou no final de 2022.

Assim, analistas examinando o movimento do petróleo em todo o mundo localizaram um desequilíbrio extraordinário nas contas do país; uma aberração branda que ajudou a revelar o jogo arriscado que está sendo jogado pelos EUA e seus aliados para manter uma alta oferta de petróleo em todo o mundo.

De acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês), a verdade é chocantemente descarada e cada vez mais comum; o petróleo originário de países atualmente sancionados pelos EUA e seus aliados está sendo sistematicamente relacionado como proveniente de países terceiros, como a Malásia, Omã e os Emirados Árabes Unidos, a fim de contornar embargos internacionais.

Sob este processo agora bem reconhecido, o petróleo é retirado de Rússia, Irã ou Venezuela para pontos de encontro no Sudeste Asiático e transferido de petroleiro para petroleiro, onde é então rotulado outra vez como vindo de um produtor de petróleo nas proximidades, antes de ser enviado para a China, observa publicação.

Estas transferências de petróleo entre navios são altamente arriscadas, ameaçando tanto o ambiente como a segurança das tripulações envolvidas.

Além disso, elas ocorrem com pouca supervisão e muitas vezes em condições perigosas no alto mar. Apesar disso, essas transferências estão sendo realizadas diariamente, enquanto autoridades locais e governos ocidentais fecham os olhos.

Apesar desses esforços, o comércio de petróleo sancionado de países como Rússia e Irã cresceu no último ano e segundo o grupo de vigilância União contra um Irã Nuclear (UANI, na sigla em inglês), 91% desse petróleo foi importado pela China.

Analistas enfatizam que esse comércio está acontecendo com o pleno conhecimento do governo Biden, que priorizou aberturas diplomáticas com o Irã sobre a aplicação de suas próprias sanções.

·         China critica 'expansão desenfreada de alianças militares' e negocia com Seul e Tóquio visando EUA

A chancelaria dos três países concordou em reviver negociações trilaterais após um hiato de quatro anos, sob o qual se observa o aumento das tensões na região Ásia-Pacífico e o aumento da presença norte-americana na área.

Discursando em uma conferência de imprensa em Pequim nesta terça-feira (26), o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, prometeu que seu país se opõe à "expansão desenfreada de alianças militares e à compressão do espaço de segurança de outros países".

Wang Yi também acrescentou que a China procurará "resolver diferenças e disputas entre países através do diálogo e da consulta", entretanto, não nomeou as nações em questão em um dos casos.

Um desses movimentos é o acordo feito também hoje (26) entre China, Japão e Coreia do Sul para acalmar temores sobre as relações com os Estados Unidos e os outros dois países mencionados.

Os líderes manterão diálogos a três "o mais rapidamente possível", após uma reunião destinada a aliviar as preocupações chinesas sobre a presença de segurança mais forte de Washington na região, relata o The Guardian.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Lim Soo-suk, disse que a cúpula dos líderes seria realizada "no momento mais cedo e mutuamente conveniente", segundo a agência de notícias Yonhap citada pelo jornal britânico.

A chanceler japonesa, Yoko Kamikawa, disse que os três países compartilham a necessidade de reiniciar os diálogos de alto nível, incluindo cúpulas, "rapidamente".

"Acredito que é muito valioso discutir os vários desafios que a região enfrenta", disse ela em um briefing em Tóquio.

A China manifestou preocupação com o aprofundamento dos laços entre Washington e os seus dois aliados no nordeste da Ásia, que albergam dezenas de milhares de soldados norte-americanos.

Anteriormente, Pequim alertou que qualquer tentativa de estabelecer uma aliança militar semelhante à OTAN na Ásia-Pacífico mergulharia a região em um "redemoinho de conflitos", conforme noticiado.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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