FMI adverte que medidas econômicas de Massa 'somam desafios' à
Argentina
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu,
nesta quinta-feira (28), que as novas medidas do ministro da Economia e candidato
presidencial do peronismo, Sergio Massa, para fortalecer o poder aquisitivo
"somam desafios" a uma Argentina com inflação "muito alta"
e "em aumento".
A menos de um mês das eleições presidenciais de 22
de outubro, o FMI está preocupado, porque "a situação segue sendo muito
difícil e complexa" no país, afirmou Julie Kozack, diretora de comunicação
da organização, em entrevista coletiva em Washington.
Em um país com uma inflação que superou os 120% em
12 meses em agosto, 40,1% dos argentinos estavam na linha da pobreza no
fechamento do primeiro semestre de 2023, de acordo com os números
oficiais.
"A inflação é alta, muito alta e está
aumentando. As reservas (monetárias) são baixas e as condições sociais são
frágeis", descreveu Kozack.
- Soluções -
Diante desse quadro, os candidatos mais bem
posicionados para as eleições, Massa, de centro-esquerda e apadrinhado da
ex-presidente Cristina Kirchner, e Javier Milei, economista libertário de
extrema direita, propõem soluções diferentes.
Mas nenhuma delas parece convencer totalmente o
Fundo, com o qual o país firmou um programa creditício em virtude do qual
recebe 44 bilhões de dólares (quase R$ 223 bilhões) por 30 meses em troca de o
Banco Central aumentar suas reservas internacionais e de o governo reduzir o
déficit fiscal.
Massa reclama que o Fundo o obrigou a desvalorizar
o peso em 20% frente ao dólar em agosto.
Em plena campanha eleitoral, o ministro tentou
compensar a desvalorização com subsídios e isenções de impostos para os mais
pobres e aposentados, medidas que a oposição batizou de "plan
platita".
Segundo Kozack, essas iniciativas "se somam
aos desafios da Argentina".
"Estamos trabalhando para compreender e
avaliar melhor o impacto das medidas recentes e a necessidade de ações
compensatórias que poderiam ser adotadas para reforçar a estabilidade e
proteger os objetivos do programa sem acrescentar futuras
vulnerabilidades", acrescentou.
O Fundo também adverte que uma das principais
propostas de Milei, dolarizar a economia, "requer importantes passos
preparatórios e não substitui políticas macroeconômicas sólidas".
Apesar de reconhecer que "determinar um tipo
de câmbio é prerrogativa de uma nação soberana", a porta-voz considerou
importante garantir dois aspectos: que "as políticas macroeconômicas sejam
coerentes com uma transição ordenada" e uma "viabilidade ao longo
prazo do sistema" escolhido.
Milei lidera as pesquisas com entre 32% e 35% das
intenções de voto para o primeiro turno, em comparação aos 29% a 32% de
Massa.
As pesquisas, que se equivocaram mais de uma vez no
passado, dão entre 25%-28% para a direitista Patricia Bullrich.
Ø Mercosul está ameaçado por
possível eleição de Milei na Argentina, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, disse nesta
segunda-feira (25/09) que a continuidade do Mercosul está ameaçada
com a possibilidade da eleição do candidato de extrema-direita, Javier Milei, para a
presidência da Argentina.
“O Mercosul está em risco sobretudo pelos eventos
próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o
alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina”, alertou ao
palestrar na Fundação Getulio Vargas, na capital paulista.
Milei foi o candidato
mais votado nas eleições primárias argentinas, em agosto, e segue como favorito
segundo as pesquisas de opinião divulgadas até o momento. O candidato tem uma
plataforma ultraliberal no campo da economia, em que defende até o fim do Banco
Central. O candidato deu declarações também contra a continuidade do Mercosul –
bloco de integração regional que reúne como membros Argentina, Brasil, Paraguai
e Uruguai, além da Venezuela, que está suspensa.
União Europeia
Para fazer contraponto a essa movimentação, Haddad
acredita que seja importante concretizar o acordo do bloco sul-americano com a
União Europeia, que está em negociação.
“O acordo com a União Europeia seria um antídoto,
inclusive, contra medidas que pudessem desorganizar a região.”
Apesar de ponderar que existem dificuldades, o
ministro afirmou que acredita na possibilidade de que o acordo comercial seja
assinado ainda em 2023.
“Há possibilidade de firmar um acordo com a União
Europeia ainda este ano. O presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] está
pessoalmente empenhado nessa tarefa de firmar o acordo. Há resistência na
Europa, sobretudo da França, em relação à abertura do mercado europeu a
produtos brasileiros. Mas, eu penso que há também o desejo, até porque não tem
muito para onde se caminhar”, contextualizou.
Além da Europa, Haddad avalia que seja de interesse
do Brasil estreitar laços com os Estados Unidos, principalmente para o
desenvolvimento de tecnologias que reduzam o impacto ambiental da geração de
energia.
“Um acordo de cooperação com os Estados Unidos
seria um coroamento de uma política multilateral importante.”
O ministro ressaltou que nesta segunda-feira
participa de um encontro com 25 empresários norte-americanos, sobre esse tema,
organizado pela Câmara de Comércio Americana.
Política verde
Haddad avalia que a retomada das políticas de
proteção ao meio ambiente tem ajudado a abrir portas para o país no cenário
internacional. “Fomos ajudados pelo trabalho que o Ministério do Meio Ambiente
está fazendo, que já reduziu em 40% o desmatamento na Amazônia, em oito meses”,
destacou.
Segundo ele, esses avanços acontecem apesar das
estruturas de combate a crimes ambientais ainda sofrerem com o desmonte
promovido pelo governo anterior: “sem as ferramentas necessárias para promover
esse combate. Os órgãos de fiscalização estão muito depauperados ainda. Não
foram ainda recuperados”.
Mais do que proteger os recursos naturais, Haddad
disse vislumbrar que é preciso que um modelo de produção menos poluente seja o
centro das políticas de desenvolvimento econômico.
“Nós queremos nos reindustrializar a partir de uma
matriz energética limpa. E queremos atenção do mundo para esse processo de
reindustrialização.”
Um processo que, na visão do ministro, deve atrair
dinheiro de outras partes do mundo. “Nós temos condições de atrair
investimentos para a produção dos chamados produtos verdes, que podem ser
produzidos no Brasil. Podem ser manufaturados no Brasil. Na hora que você tiver
energia limpa e terras raras, minerais estratégicos em abundância, você vai
poder tanto exportar o lítio in natura, o hidrogênio, a amônia, mas você vai
poder manufaturar, no Brasil, produtos que tenham baixa pegada de carbono”,
exemplificou.
·
Argentina anuncia bônus de apoio para trabalhadores informais
O ministro da Economia da Argentina e candidato
presidencial, Sergio Massa, anunciou nesta terça-feira (27/09) a aprovação de
um bônus para trabalhadores do setor informal no valor de 94 mil pesos
(aproximadamente R$1350) como alternativa contra os efeitos da inflação.
A poucos dias das eleições de 22 de outubro, a medida beneficiará entre dois e três milhões de pessoas e faz parte
das decisões do governo do país sul-americano para implementar alívio fiscal em
meio à inflação mais alta nos últimos 30 anos.
O bônus anunciado será pago em duas parcelas, em
outubro e novembro, e será financiado com o pagamento antecipado de impostos ao
setor bancário e financeiro.
“Tomamos a
decisão de cobrar um adiantamento extraordinário de imposto aos setores que
foram os grandes vencedores da desvalorização imposta pelo FMI (Fundo Monetário
Internacional), como bancos centrais, financeiras e seguradoras”, explicou o
ministro sobre a medida, para que "a ordem fiscal" seja mantida.
Segundo especialistas, o ritmo de aumento de preços
na Argentina acelerou após uma desvalorização de 20% decretada em 14 de agosto,
um dia após o anúncio dos resultados desfavoráveis ao partido governista nas
eleições primárias, classificando-o apenas como a terceira maior força política
votada.
Entre janeiro e agosto de 2023, o índice de preços
ao consumidor subiu 80,2% e após 12 meses, o processo de inflação ultrapassa os
120%.
Nas eleições presidenciais de 22 de outubro, os
argentinos terão que decidir entre Massa, da coalizão governista Unión por la
Patria, que lidera as pesquisas de intenção de voto, e o candidato de extrema
direita Javier Milei, que surpreendeu nas primárias ao obter 30% dos
votos.
Ø Embaixador brasileiro na UE pede 'flexibilidade' para acordo com
Mercosul
O embaixador brasileiro na União Europeia, Pedro
Miguel da Costa e Silva, pediu nesta terça-feira (26/09)
"flexibilidade" para fechar o acordo entre União Europeia e Mercosul.
"Precisamos ser otimistas e flexíveis, só
assim poderemos fechar a negociação sobre o acordo comercial até
o fim do ano", declarou, durante a conferência anual sobre o comércio
global da Spirits Europe.
"Trocamos os últimos documentos. Agora é o
momento de sentar na mesa e concluir a negociação. Há diferenças, mas
recentemente, mais que do Mercosul em si, vêm de outras legislações UE, como a do desmatamento",
acrescentou.
As reuniões sobre o acordo comercial, sobre o qual
um entendimento inicial foi atingido em 2019 após 20 anos de negociações, e
depois bloqueado durante os anos da presidência de Jair Bolsonaro, foram
retomadas e estão em andamento.
O presidente do Brasil e do Mercosul, por
rotatividade, Luiz Inácio Lula da Silva, tem movimentado esforços para que o
acordo seja assinado ainda neste ano, objetivo que também é almejado pela
presidência da UE.
A Espanha, país que ocupa a presidência rotativa da
União Europeia, declarou em 18 de setembro, que espera "concluir" o
acordo comercial.
Apesar das declarações de ambos os lados, o tratado
ainda é contestado por boa parte da comunidade agrícola europeia e por
ambientalistas.
Já o Brasil questiona um documento adicional sobre
meio ambiente proposto por Bruxelas e o trecho do acordo que permite a
participação de empresas europeias em licitações governamentais no bloco
sul-americano.
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Mercosul ameaçado
O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, disse nesta
segunda-feira (25/09) que a continuidade do Mercosul está ameaçada com a possibilidade da eleição do candidato de extrema-direita,
Javier Milei, para a presidência da Argentina.
“O Mercosul está em risco sobretudo pelos eventos
próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o
alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina”,
alertou ao palestrar na Fundação Getulio Vargas, na capital paulista.
Milei foi o candidato mais votado nas eleições
primárias argentinas, em agosto, e segue como favorito segundo as pesquisas de
opinião divulgadas até o momento. O candidato tem uma plataforma ultraliberal
no campo da economia, em que defende até o fim do Banco Central. O candidato
deu declarações também contra a continuidade do Mercosul – bloco de integração
regional que reúne como membros Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além da
Venezuela, que está suspensa.
Ø Argentina desativa radar de empresa do Reino Unido perto das ilhas
Malvinas
O Ministério da Defesa da Argentina anunciou que um
radar supostamente civil da britânica LeoLabs Argentina SRL pode ter
consequências para a "segurança nacional" de Buenos Aires.
A empresa britânica LeoLabs começou a desmontar um
radar instalado na província de Tierra del Fuego, no sul da Argentina, que, de
acordo com o Ministério da Defesa do país, é uma "violação da segurança
nacional" do país sul-americano, informou na quarta-feira (27) a agência
argentina Télam.
Segundo o ministério argentino, o funcionamento
contínuo das instalações da LeoLabs Argentina SRL, uma empresa domiciliada
legalmente no Reino Unido, poderia "oferecer informações analisadas para
uso militar", dada a sua proximidade com as ilhas Malvinas. A soberania do
território é reivindicada pelo país sul-americano desde a ocupação
"ilegal" pelo Reino Unido em 1833.
Um relatório de agosto do Ministério da Defesa da
Argentina afirma que, embora o "objetivo da instalação da Estação AGSR que
a LeoLabs alega ter seja comercial, dadas as características dos sensores de
radar instalados, é possível assegurar que ela também pode fornecer informações
analisadas para uso militar".
A declaração destaca que a localização geográfica
do sistema "dá à empresa acesso privilegiado a dados espaciais globais,
que são a matéria-prima para a produção de informações espaciais para uso
comercial, mas também para uso de inteligência, com a possibilidade de serem
usadas pelo sistema de inteligência dos EUA e, eventualmente, disseminadas para
o Reino Unido".
A operação do radar, que está instalado próximo ao
município de Tolhuin, foi cancelada ainda em 26 junho, de acordo com a LeoLabs
Argentina SRL.
Fonte: AFP/Opera Mundi/Sputnik Brasil
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