sexta-feira, 29 de setembro de 2023

FMI adverte que medidas econômicas de Massa 'somam desafios' à Argentina

O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu, nesta quinta-feira (28), que as novas medidas do ministro da Economia e candidato presidencial do peronismo, Sergio Massa, para fortalecer o poder aquisitivo "somam desafios" a uma Argentina com inflação "muito alta" e "em aumento". 

A menos de um mês das eleições presidenciais de 22 de outubro, o FMI está preocupado, porque "a situação segue sendo muito difícil e complexa" no país, afirmou Julie Kozack, diretora de comunicação da organização, em entrevista coletiva em Washington. 

Em um país com uma inflação que superou os 120% em 12 meses em agosto, 40,1% dos argentinos estavam na linha da pobreza no fechamento do primeiro semestre de 2023, de acordo com os números oficiais. 

"A inflação é alta, muito alta e está aumentando. As reservas (monetárias) são baixas e as condições sociais são frágeis", descreveu Kozack. 

- Soluções -

Diante desse quadro, os candidatos mais bem posicionados para as eleições, Massa, de centro-esquerda e apadrinhado da ex-presidente Cristina Kirchner, e Javier Milei, economista libertário de extrema direita, propõem soluções diferentes. 

Mas nenhuma delas parece convencer totalmente o Fundo, com o qual o país firmou um programa creditício em virtude do qual recebe 44 bilhões de dólares (quase R$ 223 bilhões) por 30 meses em troca de o Banco Central aumentar suas reservas internacionais e de o governo reduzir o déficit fiscal. 

Massa reclama que o Fundo o obrigou a desvalorizar o peso em 20% frente ao dólar em agosto. 

Em plena campanha eleitoral, o ministro tentou compensar a desvalorização com subsídios e isenções de impostos para os mais pobres e aposentados, medidas que a oposição batizou de "plan platita". 

Segundo Kozack, essas iniciativas "se somam aos desafios da Argentina". 

"Estamos trabalhando para compreender e avaliar melhor o impacto das medidas recentes e a necessidade de ações compensatórias que poderiam ser adotadas para reforçar a estabilidade e proteger os objetivos do programa sem acrescentar futuras vulnerabilidades", acrescentou. 

O Fundo também adverte que uma das principais propostas de Milei, dolarizar a economia, "requer importantes passos preparatórios e não substitui políticas macroeconômicas sólidas". 

Apesar de reconhecer que "determinar um tipo de câmbio é prerrogativa de uma nação soberana", a porta-voz considerou importante garantir dois aspectos: que "as políticas macroeconômicas sejam coerentes com uma transição ordenada" e uma "viabilidade ao longo prazo do sistema" escolhido. 

Milei lidera as pesquisas com entre 32% e 35% das intenções de voto para o primeiro turno, em comparação aos 29% a 32% de Massa. 

As pesquisas, que se equivocaram mais de uma vez no passado, dão entre 25%-28% para a direitista Patricia Bullrich. 

 

Ø  Mercosul está ameaçado por possível eleição de Milei na Argentina, diz Haddad

 

O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, disse nesta segunda-feira (25/09) que a continuidade do Mercosul está ameaçada com a possibilidade da eleição do candidato de extrema-direita, Javier Milei, para a presidência da Argentina.

“O Mercosul está em risco sobretudo pelos eventos próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina”, alertou ao palestrar na Fundação Getulio Vargas, na capital paulista.

Milei foi o candidato mais votado nas eleições primárias argentinas, em agosto, e segue como favorito segundo as pesquisas de opinião divulgadas até o momento. O candidato tem uma plataforma ultraliberal no campo da economia, em que defende até o fim do Banco Central. O candidato deu declarações também contra a continuidade do Mercosul – bloco de integração regional que reúne como membros Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que está suspensa.

União Europeia

Para fazer contraponto a essa movimentação, Haddad acredita que seja importante concretizar o acordo do bloco sul-americano com a União Europeia, que está em negociação.

“O acordo com a União Europeia seria um antídoto, inclusive, contra medidas que pudessem desorganizar a região.”

Apesar de ponderar que existem dificuldades, o ministro afirmou que acredita na possibilidade de que o acordo comercial seja assinado ainda em 2023.

“Há possibilidade de firmar um acordo com a União Europeia ainda este ano. O presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] está pessoalmente empenhado nessa tarefa de firmar o acordo. Há resistência na Europa, sobretudo da França, em relação à abertura do mercado europeu a produtos brasileiros. Mas, eu penso que há também o desejo, até porque não tem muito para onde se caminhar”, contextualizou.

Além da Europa, Haddad avalia que seja de interesse do Brasil estreitar laços com os Estados Unidos, principalmente para o desenvolvimento de tecnologias que reduzam o impacto ambiental da geração de energia.

“Um acordo de cooperação com os Estados Unidos seria um coroamento de uma política multilateral importante.”

O ministro ressaltou que nesta segunda-feira participa de um encontro com 25 empresários norte-americanos, sobre esse tema, organizado pela Câmara de Comércio Americana.

Política verde

Haddad avalia que a retomada das políticas de proteção ao meio ambiente tem ajudado a abrir portas para o país no cenário internacional. “Fomos ajudados pelo trabalho que o Ministério do Meio Ambiente está fazendo, que já reduziu em 40% o desmatamento na Amazônia, em oito meses”, destacou.

Segundo ele, esses avanços acontecem apesar das estruturas de combate a crimes ambientais ainda sofrerem com o desmonte promovido pelo governo anterior: “sem as ferramentas necessárias para promover esse combate. Os órgãos de fiscalização estão muito depauperados ainda. Não foram ainda recuperados”.

Mais do que proteger os recursos naturais, Haddad disse vislumbrar que é preciso que um modelo de produção menos poluente seja o centro das políticas de desenvolvimento econômico.

“Nós queremos nos reindustrializar a partir de uma matriz energética limpa. E queremos atenção do mundo para esse processo de reindustrialização.”

Um processo que, na visão do ministro, deve atrair dinheiro de outras partes do mundo. “Nós temos condições de atrair investimentos para a produção dos chamados produtos verdes, que podem ser produzidos no Brasil. Podem ser manufaturados no Brasil. Na hora que você tiver energia limpa e terras raras, minerais estratégicos em abundância, você vai poder tanto exportar o lítio in natura, o hidrogênio, a amônia, mas você vai poder manufaturar, no Brasil, produtos que tenham baixa pegada de carbono”, exemplificou.

·         Argentina anuncia bônus de apoio para trabalhadores informais

O ministro da Economia da Argentina e candidato presidencial, Sergio Massa, anunciou nesta terça-feira (27/09) a aprovação de um bônus para trabalhadores do setor informal no valor de 94 mil pesos (aproximadamente R$1350) como alternativa contra os efeitos da inflação.

A poucos dias das eleições de 22 de outubro, a medida beneficiará entre dois e três milhões de pessoas e faz parte das decisões do governo do país sul-americano para implementar alívio fiscal em meio à inflação mais alta nos últimos 30 anos.

O bônus anunciado será pago em duas parcelas, em outubro e novembro, e será financiado com o pagamento antecipado de impostos ao setor bancário e financeiro.

 “Tomamos a decisão de cobrar um adiantamento extraordinário de imposto aos setores que foram os grandes vencedores da desvalorização imposta pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), como bancos centrais, financeiras e seguradoras”, explicou o ministro sobre a medida, para que "a ordem fiscal" seja mantida.

Segundo especialistas, o ritmo de aumento de preços na Argentina acelerou após uma desvalorização de 20% decretada em 14 de agosto, um dia após o anúncio dos resultados desfavoráveis ao partido governista nas eleições primárias, classificando-o apenas como a terceira maior força política votada.

Entre janeiro e agosto de 2023, o índice de preços ao consumidor subiu 80,2% e após 12 meses, o processo de inflação ultrapassa os 120%. 

Nas eleições presidenciais de 22 de outubro, os argentinos terão que decidir entre Massa, da coalizão governista Unión por la Patria, que lidera as pesquisas de intenção de voto, e o candidato de extrema direita Javier Milei, que surpreendeu nas primárias ao obter 30% dos votos. 

 

Ø  Embaixador brasileiro na UE pede 'flexibilidade' para acordo com Mercosul

 

O embaixador brasileiro na União Europeia, Pedro Miguel da Costa e Silva, pediu nesta terça-feira (26/09) "flexibilidade" para fechar o acordo entre União Europeia e Mercosul.

"Precisamos ser otimistas e flexíveis, só assim poderemos fechar a negociação sobre o acordo comercial até o fim do ano", declarou, durante a conferência anual sobre o comércio global da Spirits Europe.

"Trocamos os últimos documentos. Agora é o momento de sentar na mesa e concluir a negociação. Há diferenças, mas recentemente, mais que do Mercosul em si, vêm de outras legislações UE, como a do desmatamento", acrescentou. 

As reuniões sobre o acordo comercial, sobre o qual um entendimento inicial foi atingido em 2019 após 20 anos de negociações, e depois bloqueado durante os anos da presidência de Jair Bolsonaro, foram retomadas e estão em andamento.

O presidente do Brasil e do Mercosul, por rotatividade, Luiz Inácio Lula da Silva, tem movimentado esforços para que o acordo seja assinado ainda neste ano, objetivo que também é almejado pela presidência da UE. 

A Espanha, país que ocupa a presidência rotativa da União Europeia, declarou em 18 de setembro, que espera "concluir" o acordo comercial. 

Apesar das declarações de ambos os lados, o tratado ainda é contestado por boa parte da comunidade agrícola europeia e por ambientalistas.

Já o Brasil questiona um documento adicional sobre meio ambiente proposto por Bruxelas e o trecho do acordo que permite a participação de empresas europeias em licitações governamentais no bloco sul-americano.

·         Mercosul ameaçado

O ministro da Fazenda, Fernando Hadadd, disse nesta segunda-feira (25/09) que a continuidade do Mercosul está ameaçada com a possibilidade da eleição do candidato de extrema-direita, Javier Milei, para a presidência da Argentina.

“O Mercosul está em risco sobretudo pelos eventos próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina”, alertou ao palestrar na Fundação Getulio Vargas, na capital paulista.

Milei foi o candidato mais votado nas eleições primárias argentinas, em agosto, e segue como favorito segundo as pesquisas de opinião divulgadas até o momento. O candidato tem uma plataforma ultraliberal no campo da economia, em que defende até o fim do Banco Central. O candidato deu declarações também contra a continuidade do Mercosul – bloco de integração regional que reúne como membros Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que está suspensa.

 

Ø  Argentina desativa radar de empresa do Reino Unido perto das ilhas Malvinas

 

O Ministério da Defesa da Argentina anunciou que um radar supostamente civil da britânica LeoLabs Argentina SRL pode ter consequências para a "segurança nacional" de Buenos Aires.

A empresa britânica LeoLabs começou a desmontar um radar instalado na província de Tierra del Fuego, no sul da Argentina, que, de acordo com o Ministério da Defesa do país, é uma "violação da segurança nacional" do país sul-americano, informou na quarta-feira (27) a agência argentina Télam.

Segundo o ministério argentino, o funcionamento contínuo das instalações da LeoLabs Argentina SRL, uma empresa domiciliada legalmente no Reino Unido, poderia "oferecer informações analisadas para uso militar", dada a sua proximidade com as ilhas Malvinas. A soberania do território é reivindicada pelo país sul-americano desde a ocupação "ilegal" pelo Reino Unido em 1833.

Um relatório de agosto do Ministério da Defesa da Argentina afirma que, embora o "objetivo da instalação da Estação AGSR que a LeoLabs alega ter seja comercial, dadas as características dos sensores de radar instalados, é possível assegurar que ela também pode fornecer informações analisadas para uso militar".

A declaração destaca que a localização geográfica do sistema "dá à empresa acesso privilegiado a dados espaciais globais, que são a matéria-prima para a produção de informações espaciais para uso comercial, mas também para uso de inteligência, com a possibilidade de serem usadas pelo sistema de inteligência dos EUA e, eventualmente, disseminadas para o Reino Unido".

A operação do radar, que está instalado próximo ao município de Tolhuin, foi cancelada ainda em 26 junho, de acordo com a LeoLabs Argentina SRL.

 

Fonte: AFP/Opera Mundi/Sputnik Brasil

 

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