Colômbia: a um mês de eleições regionais, Petro reúne multidão e mostra
apoio popular
Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram
nesta quarta-feira (27/09), em diferentes cidades colombianas, em jornada
denominada “Marcha pela Vida”, convocada por diferentes movimentos sociais e
apoiada pelo governo colombiano.
As manifestações tinham como intuito defender as reformas sociais e as políticas de pacificação do país impulsionadas desde o início da gestão de Gustavo Petro.
A maior mobilização aconteceu na capital Bogotá,
onde uma grande multidão reuniu na Praça Bolívar, no centro da cidade para
assistir ao comício encabeçado pelo presidente.
Durante seu discurso, Petro agradeceu o apoio das
pessoas que foram às ruas apoiar para defender o governo, que vinha sofrendo
ataques por parte da direita devido a um escândalo envolvendo seu filho, acusado de envolvimento com um empresário ligado ao narcotráfico.
A pressão opositora chegou ao ponto de tentar forçar o presidente a renunciar ao seu cargo, e o obrigou a se manifestar mais de uma vez, descartando essa
hipótese.
“Queremos um povo organizado, pois se tivermos um
povo organizado, mobilizado, não será possível derrubar este governo, não haverá
coragem para isso”, bradou o mandatário.
O líder colombiano também enfatizou que a
massividade dos atos demonstra um respaldo da sociedade às reformas da saúde e
das leis trabalhistas, que permanecem obstruídas no parlamento devido à falta
de maioria para sua aprovação.
Apesar da falta de apoio parlamentar, as reformas
contam com aprovação popular. Um estudo recente realizado pelo Centro Estratégico
Latino-Americano de Geopolítica (Celag) mostrou
que 91,5% dos colombianos acreditam que o país tem experimentado mudanças desde
o início do atual governo.
Enquanto isso, a vice-presidente Francia Márquez
participou da mobilização realizada no Vale do Cauca pelos movimentos indígenas
colombianos, um dos setores que mais têm apoiado o atual governo.
“Nos mobilizamos nesta jornada porque queremos as
transformações que nosso país precisa para viver em paz e com condições dignas,
para construir oportunidades a partir do amor e da reconciliação”, afirmou a
líder política colombiana.
Vale recordar que esta é a segunda grande jornada
de manifestações realizada este ano pelos movimentos sociais para apoiar o
governo de Gustavo Petro e Francia Márquez. A primeira ocorreu em 7 de junho e também reuniu grandes multidões em diferentes cidades
colombianas.
O evento também demonstra a força política da
coalizão governista Pacto Histórico a um mês das eleições regionais do país
marcadas para o dia 31 de outubro, na qual serão escolhidos 32 governadores e
mais de mil prefeitos.
Ø A esperança na mudança na Colômbia. Por Alfredo Serrano
Quanto tempo dura a lua de mel entre o eleitorado e
seu governo?
Essa é uma pergunta vital para a política e os
políticos: saber o grau de sintonia que os eleitores de uma determinada força
política ainda mantêm após um período de tempo depois de sua vitória eleitoral.
Para isso, o Centro Estratégico Latino-Americano de
Geopolítica (Celag) realizou uma consulta dirigida exclusivamente aos eleitores
mais ativos do Pacto Histórico na Colômbia. Não se trata de uma pesquisa,
tampouco é capaz de inferir conclusões estatísticas a nível populacional, mas
fornece um termômetro para descobrir como pensa um determinado setor da
população, mais militante, mais simpatizante, mais "politicamente
intenso".
Com base em 5.023 respostas obtidas entre 5 e 8 de
setembro deste ano, podemos destacar as seguintes conclusões:
A crença na mudança continua entre aqueles que
votaram em Gustavo Petro e Francia Márquez depois de mais de um ano no governo.
91,5% acreditam que a Colômbia está mudando (em comparação com 6,9% que acham
que está igual a antes). 88,5% consideram que esperança é a melhor palavra para
descrever seus sentimentos sobre o governo (decepção é 7,7%).
As expectativas continuam altas de que o presidente
Petro resolva a economia (91,8%) e o conflito armado (72%).
Há um compromisso muito forte de sair às ruas no
caso de uma tentativa de golpe contra Gustavo Petro (84,1%).
Quase três quartos (73,8%) concordam que o governo
deve arriscar tudo para aprovar a reforma trabalhista, pois acreditam que ela é
essencial para melhorar as condições de trabalho.
Quanto ao papel da vice-presidente Francia Márquez,
quase dois terços (63,6%) consideram que ela está fazendo uma contribuição
positiva para este governo (apenas 6,1% acreditam que ela tem um papel
negativo).
Há mais divisão sobre a melhor maneira de continuar
governando daqui para frente: 54,8% acreditam que é necessário fazer um governo
mais amplo para obter consenso, enquanto 41,6% acreditam que é melhor governar
com seu próprio povo para realizar as reformas prometidas.
Com relação ao caso Nicolás Petro, quase dois
terços (65,3%) acham que isso não afeta a credibilidade do presidente Petro
porque é uma questão não relacionada a ele (30,8% acham que isso está afetando
sua credibilidade).
A grande mídia e o poder econômico são considerados
pela maioria como os principais oponentes desse governo (36,2% e 33,4%,
respectivamente). Mais atrás estão o uribismo (12,8%), o judiciário (8,8%) e
alguns dos próprios aliados do governo (7,8%).
Em resumo, os dados de nossa pesquisa Celag neste
âmbito mais simpático ao Pacto Histórico na Colômbia mostram claramente que a
lua de mel continua, apesar das dificuldades.
Ø Mídia: Peru e Chile militarizam fronteiras contra venezuelanos e Brasil
teme nova crise migratória
Em 2022, 3.375 venezuelanos ingressaram no Brasil
pela fronteira do Acre com o Peru, um aumento expressivo se comparado a 2021,
quando 1.862 entraram e com 2020, quando ocorreram 572 entradas.
Os dados são da Polícia Federal e foram obtidos
pela BBC. Segundo especialistas ouvidos pela mídia, o endurecimento das regras
da migração no Peru e Chile, incluindo a militarização das fronteiras desses
dois países, contribuem para esse aumento de migrantes venezuelanos para o
Brasil.
O número crescente de imigrantes já sobrecarrega
abrigos e desperta temores de uma nova "crise migratória", como visto
no estado em 2013 e 2021, de acordo com autoridades locais.
Ao mesmo tempo, um decreto peruano que entrará em
vigor no dia 28 de outubro, o qual pretende expulsar estrangeiros sem
documento, aumenta as chances de uma nova onda de crise. Em discurso no Dia da
Independência do Peru, em 28 de julho, a presidente Dina Boluarte apelou por
uma mudança no código legal nacional para facilitar deportações.
Boluart também reforçou que, quando o atual prazo
para solicitar a regularização temporária expirar em 28 de outubro, não haverá
mais regularizações, e o país passará a deportar os imigrantes indocumentados.
"Esta nova política do governo peruano nos
preocupa muito, porque seremos aquele local para onde os imigrantes vão
recorrer na primeira hora […] a expectativa é exatamente essa, que haja uma
intensificação dos fluxos aqui pela nossa fronteira, o que é bastante
complicado porque hoje já temos um fluxo muito intenso", disse Letícia
Mamed, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (Acnur) no Brasil também reconheceu a gravidade da situação do Acre
e afirmou que "a América Latina e o Caribe enfrentam uma crise de
deslocamento sem precedentes, tanto em sua complexidade quanto em sua
escala", disse o órgão à mídia.
As autoridades do Acre já sentem a pressão
migratória. O estado tem três casas de passagem, locais onde os imigrantes
podem tomar banho, comer e dormir e depois seguir viagem. A assessora técnica
regional da organização humanitária Cáritas no estado, Aurinete Brasil, contou
à agência que, quase todos os dias, cada casa está operando perto ou acima da
capacidade.
"Infelizmente, as nossas fronteiras, nosso
estado, não tem uma política adequada, uma política de acolhimento, integração,
proteção ao migrante e refugiado. Assim como a maioria dos estados. O Brasil
abre os braços, mas não abraça", afirmou.
Assim como o Peru, o Chile também tem trabalhado
para endurecer regras migratórias. Desde fevereiro, o governo enviou tropas ao
longo das suas fronteiras com a Bolívia e o Peru, a fim de impedir a entrada de
imigrantes sem documentos, na sua maioria venezuelanos, relata a mídia.
Em abril, o governo peruano declarou estado de
emergência e ordenou o envio das suas Forças Armadas para sua fronteira com
Chile, em uma decisão que foi criticada pela Anistia Internacional, e que
deixou centenas de migrantes, em sua maioria venezuelanos, presos no deserto do
Atacama.
Na semana passada, a Anistia Internacional lançou o
relatório "Regularizar e Proteger: Obrigações internacionais para a
proteção dos cidadãos venezuelanos" que destacou o "crescente êxodo
de venezuelanos" e "o fracasso da Colômbia, Peru, Equador e Chile em
cumprir suas obrigações".
"Diante de uma crise sem precedentes na
região, Colômbia, Peru, Equador e Chile não conseguiram ou não quiseram
proteger aqueles que fogem da Venezuela. As diversas medidas e programas que
estão a implementar para lhes oferecer o estatuto regular de migrantes não
cumprem os padrões definidos pelo direito internacional. Estes Estados têm a
oportunidade e a obrigação de proteger com urgência os mais de cinco milhões de
venezuelanos nos seus territórios", afirmou Ana Piquer, diretora para as
Américas da Anistia Internacional, ouvida pela BBC.
De acordo com a Acnur, mais de 7,7 milhões de
venezuelanos deixaram o país. O Brasil é o terceiro país que mais recebe
refugiados e imigrantes venezuelanos na região (477.493, em agosto de 2023),
atrás da Colômbia (2,9 milhões) e do Peru (1,5 milhão), de acordo com a
Plataforma de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes da
Venezuela (R4V).
Ø Viúva de candidato à presidência assassinado é vítima de atentado no
Equador
A viúva de Fernando Villavicencio, candidato
assassinado no Equador dias antes das eleições presidenciais de agosto, foi
vítima de um atentado nesta quarta-feira (27), denunciou Christian Zurita,
melhor amigo de Villavicencio e seu substituto na chapa presidencial.
"Verónica Sarauz acaba de sofrer um
atentado", anunciou Zurita na rede social X, antigo Twitter, sem mencionar
se houve vítimas. "Sua cápsula de segurança prendeu um cidadão venezuelano
de moto que portava uma arma de fogo e que tentou atacar o carro."
A polícia descreveu o ocorrido em Quito como
"um procedimento isolado", embora tenha prendido "um cidadão
estrangeiro que circulava de moto em atitude suspeita e que portava uma
arma".
Villavicencio foi assassinado em 9 de agosto,
quando deixava um comício no norte da capital. Seis colombianos foram presos
após o crime, e outro acusado de atirar contra o político morreu no confronto
com a segurança de Villavicencio, ex-jornalista investigativo conhecido por
suas denúncias de corrupção.
Zurita substituiu o político assassinado e ficou em
terceiro lugar nas eleições de 20 de agosto, com 16% dos votos. A esquerdista
Luisa González (34%) e o direitista Daniel Noboa (23%) irão disputar o segundo
turno, em 15 de outubro.
O Equador enfrenta há anos uma onda de violência
ligada ao narcotráfico. "Um país paralisado pelo terror", resumiu
Zurita.
Fonte: Opera Mundi/Sputnik Brasil/Correio
Braziliense
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