sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Colômbia: a um mês de eleições regionais, Petro reúne multidão e mostra apoio popular

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram nesta quarta-feira (27/09), em diferentes cidades colombianas, em jornada denominada “Marcha pela Vida”, convocada por diferentes movimentos sociais e apoiada pelo governo colombiano.

As manifestações tinham como intuito defender as reformas sociais e as políticas de pacificação do país impulsionadas desde o início da gestão de Gustavo Petro.

A maior mobilização aconteceu na capital Bogotá, onde uma grande multidão reuniu na Praça Bolívar, no centro da cidade para assistir ao comício encabeçado pelo presidente.

Durante seu discurso, Petro agradeceu o apoio das pessoas que foram às ruas apoiar para defender o governo, que vinha sofrendo ataques por parte da direita devido a um escândalo envolvendo seu filho, acusado de envolvimento com um empresário ligado ao narcotráfico.

A pressão opositora chegou ao ponto de tentar forçar o presidente a renunciar ao seu cargo, e o obrigou a se manifestar mais de uma vez, descartando essa hipótese.

“Queremos um povo organizado, pois se tivermos um povo organizado, mobilizado, não será possível derrubar este governo, não haverá coragem para isso”, bradou o mandatário.

O líder colombiano também enfatizou que a massividade dos atos demonstra um respaldo da sociedade às reformas da saúde e das leis trabalhistas, que permanecem obstruídas no parlamento devido à falta de maioria para sua aprovação.

Apesar da falta de apoio parlamentar, as reformas contam com aprovação popular. Um estudo recente realizado pelo Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag) mostrou que 91,5% dos colombianos acreditam que o país tem experimentado mudanças desde o início do atual governo.

Enquanto isso, a vice-presidente Francia Márquez participou da mobilização realizada no Vale do Cauca pelos movimentos indígenas colombianos, um dos setores que mais têm apoiado o atual governo.

“Nos mobilizamos nesta jornada porque queremos as transformações que nosso país precisa para viver em paz e com condições dignas, para construir oportunidades a partir do amor e da reconciliação”, afirmou a líder política colombiana.

Vale recordar que esta é a segunda grande jornada de manifestações realizada este ano pelos movimentos sociais para apoiar o governo de Gustavo Petro e Francia Márquez. A primeira ocorreu em 7 de junho e também reuniu grandes multidões em diferentes cidades colombianas.

O evento também demonstra a força política da coalizão governista Pacto Histórico a um mês das eleições regionais do país marcadas para o dia 31 de outubro, na qual serão escolhidos 32 governadores e mais de mil prefeitos.

 

Ø  A esperança na mudança na Colômbia. Por Alfredo Serrano

 

Quanto tempo dura a lua de mel entre o eleitorado e seu governo?

Essa é uma pergunta vital para a política e os políticos: saber o grau de sintonia que os eleitores de uma determinada força política ainda mantêm após um período de tempo depois de sua vitória eleitoral.

Para isso, o Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag) realizou uma consulta dirigida exclusivamente aos eleitores mais ativos do Pacto Histórico na Colômbia. Não se trata de uma pesquisa, tampouco é capaz de inferir conclusões estatísticas a nível populacional, mas fornece um termômetro para descobrir como pensa um determinado setor da população, mais militante, mais simpatizante, mais "politicamente intenso".

Com base em 5.023 respostas obtidas entre 5 e 8 de setembro deste ano, podemos destacar as seguintes conclusões: 

A crença na mudança continua entre aqueles que votaram em Gustavo Petro e Francia Márquez depois de mais de um ano no governo. 91,5% acreditam que a Colômbia está mudando (em comparação com 6,9% que acham que está igual a antes). 88,5% consideram que esperança é a melhor palavra para descrever seus sentimentos sobre o governo (decepção é 7,7%).

As expectativas continuam altas de que o presidente Petro resolva a economia (91,8%) e o conflito armado (72%).

Há um compromisso muito forte de sair às ruas no caso de uma tentativa de golpe contra Gustavo Petro (84,1%).

Quase três quartos (73,8%) concordam que o governo deve arriscar tudo para aprovar a reforma trabalhista, pois acreditam que ela é essencial para melhorar as condições de trabalho.

Quanto ao papel da vice-presidente Francia Márquez, quase dois terços (63,6%) consideram que ela está fazendo uma contribuição positiva para este governo (apenas 6,1% acreditam que ela tem um papel negativo).

Há mais divisão sobre a melhor maneira de continuar governando daqui para frente: 54,8% acreditam que é necessário fazer um governo mais amplo para obter consenso, enquanto 41,6% acreditam que é melhor governar com seu próprio povo para realizar as reformas prometidas.

Com relação ao caso Nicolás Petro, quase dois terços (65,3%) acham que isso não afeta a credibilidade do presidente Petro porque é uma questão não relacionada a ele (30,8% acham que isso está afetando sua credibilidade).

A grande mídia e o poder econômico são considerados pela maioria como os principais oponentes desse governo (36,2% e 33,4%, respectivamente). Mais atrás estão o uribismo (12,8%), o judiciário (8,8%) e alguns dos próprios aliados do governo (7,8%).

Em resumo, os dados de nossa pesquisa Celag neste âmbito mais simpático ao Pacto Histórico na Colômbia mostram claramente que a lua de mel continua, apesar das dificuldades.

 

Ø  Mídia: Peru e Chile militarizam fronteiras contra venezuelanos e Brasil teme nova crise migratória

 

 

Em 2022, 3.375 venezuelanos ingressaram no Brasil pela fronteira do Acre com o Peru, um aumento expressivo se comparado a 2021, quando 1.862 entraram e com 2020, quando ocorreram 572 entradas.

Os dados são da Polícia Federal e foram obtidos pela BBC. Segundo especialistas ouvidos pela mídia, o endurecimento das regras da migração no Peru e Chile, incluindo a militarização das fronteiras desses dois países, contribuem para esse aumento de migrantes venezuelanos para o Brasil.

O número crescente de imigrantes já sobrecarrega abrigos e desperta temores de uma nova "crise migratória", como visto no estado em 2013 e 2021, de acordo com autoridades locais.

Ao mesmo tempo, um decreto peruano que entrará em vigor no dia 28 de outubro, o qual pretende expulsar estrangeiros sem documento, aumenta as chances de uma nova onda de crise. Em discurso no Dia da Independência do Peru, em 28 de julho, a presidente Dina Boluarte apelou por uma mudança no código legal nacional para facilitar deportações.

Boluart também reforçou que, quando o atual prazo para solicitar a regularização temporária expirar em 28 de outubro, não haverá mais regularizações, e o país passará a deportar os imigrantes indocumentados.

"Esta nova política do governo peruano nos preocupa muito, porque seremos aquele local para onde os imigrantes vão recorrer na primeira hora […] a expectativa é exatamente essa, que haja uma intensificação dos fluxos aqui pela nossa fronteira, o que é bastante complicado porque hoje já temos um fluxo muito intenso", disse Letícia Mamed, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Acre (Ufac).

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil também reconheceu a gravidade da situação do Acre e afirmou que "a América Latina e o Caribe enfrentam uma crise de deslocamento sem precedentes, tanto em sua complexidade quanto em sua escala", disse o órgão à mídia.

As autoridades do Acre já sentem a pressão migratória. O estado tem três casas de passagem, locais onde os imigrantes podem tomar banho, comer e dormir e depois seguir viagem. A assessora técnica regional da organização humanitária Cáritas no estado, Aurinete Brasil, contou à agência que, quase todos os dias, cada casa está operando perto ou acima da capacidade.

"Infelizmente, as nossas fronteiras, nosso estado, não tem uma política adequada, uma política de acolhimento, integração, proteção ao migrante e refugiado. Assim como a maioria dos estados. O Brasil abre os braços, mas não abraça", afirmou.

Assim como o Peru, o Chile também tem trabalhado para endurecer regras migratórias. Desde fevereiro, o governo enviou tropas ao longo das suas fronteiras com a Bolívia e o Peru, a fim de impedir a entrada de imigrantes sem documentos, na sua maioria venezuelanos, relata a mídia.

Em abril, o governo peruano declarou estado de emergência e ordenou o envio das suas Forças Armadas para sua fronteira com Chile, em uma decisão que foi criticada pela Anistia Internacional, e que deixou centenas de migrantes, em sua maioria venezuelanos, presos no deserto do Atacama.

Na semana passada, a Anistia Internacional lançou o relatório "Regularizar e Proteger: Obrigações internacionais para a proteção dos cidadãos venezuelanos" que destacou o "crescente êxodo de venezuelanos" e "o fracasso da Colômbia, Peru, Equador e Chile em cumprir suas obrigações".

"Diante de uma crise sem precedentes na região, Colômbia, Peru, Equador e Chile não conseguiram ou não quiseram proteger aqueles que fogem da Venezuela. As diversas medidas e programas que estão a implementar para lhes oferecer o estatuto regular de migrantes não cumprem os padrões definidos pelo direito internacional. Estes Estados têm a oportunidade e a obrigação de proteger com urgência os mais de cinco milhões de venezuelanos nos seus territórios", afirmou Ana Piquer, diretora para as Américas da Anistia Internacional, ouvida pela BBC.

De acordo com a Acnur, mais de 7,7 milhões de venezuelanos deixaram o país. O Brasil é o terceiro país que mais recebe refugiados e imigrantes venezuelanos na região (477.493, em agosto de 2023), atrás da Colômbia (2,9 milhões) e do Peru (1,5 milhão), de acordo com a Plataforma de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V).

 

Ø  Viúva de candidato à presidência assassinado é vítima de atentado no Equador

 

A viúva de Fernando Villavicencio, candidato assassinado no Equador dias antes das eleições presidenciais de agosto, foi vítima de um atentado nesta quarta-feira (27), denunciou Christian Zurita, melhor amigo de Villavicencio e seu substituto na chapa presidencial.

"Verónica Sarauz acaba de sofrer um atentado", anunciou Zurita na rede social X, antigo Twitter, sem mencionar se houve vítimas. "Sua cápsula de segurança prendeu um cidadão venezuelano de moto que portava uma arma de fogo e que tentou atacar o carro."

A polícia descreveu o ocorrido em Quito como "um procedimento isolado", embora tenha prendido "um cidadão estrangeiro que circulava de moto em atitude suspeita e que portava uma arma".

Villavicencio foi assassinado em 9 de agosto, quando deixava um comício no norte da capital. Seis colombianos foram presos após o crime, e outro acusado de atirar contra o político morreu no confronto com a segurança de Villavicencio, ex-jornalista investigativo conhecido por suas denúncias de corrupção.

Zurita substituiu o político assassinado e ficou em terceiro lugar nas eleições de 20 de agosto, com 16% dos votos. A esquerdista Luisa González (34%) e o direitista Daniel Noboa (23%) irão disputar o segundo turno, em 15 de outubro.

O Equador enfrenta há anos uma onda de violência ligada ao narcotráfico. "Um país paralisado pelo terror", resumiu Zurita.

 

Fonte: Opera Mundi/Sputnik Brasil/Correio Braziliense

 

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