sábado, 30 de setembro de 2023

PF pede registros de visitas de militares ao Alvorada para investigar reuniões sobre golpe

A Polícia Federal solicitou ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que forneça os registros de entrada e saída de militares e outros visitantes no Palácio do Alvorada nos períodos mencionados por Mauro Cid, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, as datas se referem a encontros supostamente realizados para discutir uma trama golpista.

A partir dessas informações, a PF busca confirmar a veracidade do roteiro do golpe descrito no depoimento de Mauro Cid, que ocupava o cargo de ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid passou 116 dias preso e conseguiu a liberdade após a homologação de seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

Os investigadores pretendem comparar as datas de acesso registradas com as informações fornecidas por Cid durante seus depoimentos de delação.

As imagens das entradas e saídas do Palácio do Alvorada são regularmente apagadas, conforme apurado pelo blog. No entanto, o controle de acesso ao prédio continua, embora seja realizado manualmente.

Em delação, Cid afirmou à Polícia Federal que Bolsonaro realizou reuniões no Palácio da Alvorada, nas quais consultou comandantes da Marinha e das Forças Armadas sobre a viabilidade de um golpe de Estado no País.

As investigações têm como foco principal os militares que eram favoráveis ao governo. Na delação de Cid, são mencionados nomes como o do almirante Almir Garnier Santos, que na época comandava a Marinha e teria assegurado a Bolsonaro que sua tropa estaria preparada para seguir um eventual plano golpista.

Além de envolvimento na suposta tentativa de invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Cid é investigado pela participação na venda ilegal de joias recebidas por comitivas presidenciais e por falsificação dos cartões de vacinação da família Bolsonaro.

 

       Atos golpistas: general da reserva alvo da PF tem passaporte, celular e arma apreendidos

 

A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta sexta-feira (29), um mandado de busca e apreensão em Brasília contra o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, acusado de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. A ação ocorre no âmbito da 18ª fase da Operação Lesa Pátria.

A Polícia Federal suspeita que o general  tenha relação com golpistas que abriram acesso ao Congresso Nacional, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

As investigações apontam que o general Ridauto seria um dos denominados “kids pretos” que integravam cargos de alto escalão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ridauto presta depoimento na PF, após ser intimado pela corporação durante as buscas. Durante a ação, os agentes apreenderam um celular, arma e o passaporte do general.

Segundo apuração da TV Globo, o militar se assustou com o cumprimento do mandado, mas não causou dificuldade à equipe de policias federais.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também determinou o bloqueio de ativos e valores do investigado. Para a investigação, o general é considerado executor e possivelmente um dos idealizadores dos atos golpistas.

Ainda de acordo com a apuração da reportagem, no inquérito policial, existem vários depoimentos de vândalos presos relatando a ação de indivíduos de balaclava e luvas ajudando e incentivando os demais a entrarem no Congresso Nacional.

Segundo os depoimentos, eles chamaram os invasores depois de abrirem as escotilhas de acesso ao teto do Congresso Nacional. A subida até lá só teria sido possível por causa de uma escada feita com gradis amarrados.

A TV Globo apurou que os investigadores suspeitam do envolvimento do general da reserva com este grupo "invisível" que abre acessos especiais para a invasão do Congresso.

•        Operação

Os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do general da reserva, na Asa Sul, bairro nobre de Brasília. Durante a ação, os policiais federais apreenderam um celular, arma e o passaporte do general.

O militar se assustou com o cumprimento do mandado, mas não causou dificuldade à equipe de policias federais. Ridauto presta depoimento na PF, após ser intimado pela corporação durante as buscas.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também determinou o bloqueio de ativos e valores do investigado. Para a investigação, o general é considerado executor e possivelmente um dos idealizadores dos atos golpistas.

•        Quem é Ridauto Fernandes, general ligado a Pazuello

O general é ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, ligado ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Ele foi nomeado para o cargo em julho de 2021 e exonerado no dia 31 de dezembro, último dia do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Atualmente, Ridauto atua como professor do Instituto Sagres de Política e Gestão Estratégica Aplicadas, conforme informações disponíveis na página da internet da própria instituição.

Ridauto é considerado um dos “kids pretos” que integravam cargos de alto escalão de Bolsonaro. A nomenclatura — também chamada de “forças especiais” (FE) — definiria militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais.

Os "kids pretos" passam por formação no Comando de Operações Especiais em Goiânia, em Goiás, ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, no Amazonas.

Como parte do treinamento, os militares aprendem a atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência.

Além disso, são preparados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.

•        'Kids pretos'

As investigações apontam que o general Ridauto seria um dos denominados “kids pretos” que integravam cargos de alto escalão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os “kids pretos” — ou “forças especiais” (FE) — seriam militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais. Eles são formados no Comando de Operações Especiais em Goiânia, em Goiás, ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, no Amazonas.

Eles são treinados para a participação em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência —, sendo preparados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.

•        Investigação

Imagens apontariam para a ação de primeiros vândalos, usando balaclava e luvas, abrindo passagem para o restante dos bolsonaristas pelo teto do Congresso Nacional.

Ainda de acordo com a apuração da reportagem, no inquérito policial, existem vários depoimentos de vândalos presos relatando a ação de indivíduos de balaclava e luvas ajudando e incentivando os demais a entrarem no Congresso Nacional.

Segundo os depoimentos, eles chamaram os invasores depois de abrirem as escotilhas de acesso ao teto do Congresso Nacional. A subida até lá só teria sido possível por causa de uma escada feita com gradis amarrados.

A TV Globo apurou ainda que os investigadores suspeitam do envolvimento do general da reserva com este grupo "invisível" que abre acessos especiais para a invasão do Congresso.

A TV apurou que a nova fase da Lesa Pátria faz parte de uma frente da investigação que busca identificar supostos integrantes das Forças Especiais do Exército que teriam dado início às invasões às sedes dos Três Poderes.

Imagens apontariam para a ação de primeiros vândalos, usando balaclava e luvas, abrindo passagem para o restante dos bolsonaristas pelo teto do Congresso Nacional.

Ainda de acordo com a apuração da reportagem, as suspeitas indicam que, durante os ataques, ocorreu uma atuação profissional, por pessoas que conheciam previamente o local e possuíam treinamento.

•        Lesa Pátria

Os mandados desta sexta-feira são cumpridos no âmbito da 18ª fase da Operação Lesa Pátria, que tenta identificar os bolsonaristas que invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

Segundo a PF, os fatos investigados constituem crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

 

       General alvo da PF foi a ato golpista: “Tô arrepiado”

 

O alvo da 18ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (29/9), participou dos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro. O general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes aparece em um vídeo na Praça dos Três Poderes na ocasião.

De blusa do Brasil, Fernandes disse, na época, que estava “arrepiado” com a invasão e criticou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por ter atirado bombas de gás lacrimogêneo nos terroristas. O general também já defendeu, em suas redes sociais, um golpe de Estado e disse que “morreria e mataria” pelo Brasil.

Procurado pelo Metrópoles, o Exército respondeu que o militar encontra-se na reserva e “não ocupa cargo ou desempenha função na Força”, e afirmou que não se manifesta sobre investigações em curso e a cargo de outros órgãos.

<><> Como o Alto Comando do Exército viu a operação da PF contra um general

Generais do Alto Comando do Exército avaliaram, nos bastidores, como “correta” a operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (29/9) contra o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes.

O militar foi alvo da 18ª fase da operação Lesa Pátria, que investiga os responsáveis pelas invasões golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão contra Ridauto. A Justiça também bloqueou ativos e valores do militar.

Segundo generais ouvidos pela coluna sob reserva, a avaliação positiva da operação contra Ridauto é baseada em informações de que há provas da ligação do militar com o “planejamento” dos atos do 8 de janeiro.

General poderá perder o posto

Integrantes do Alto Comando do Exército ressaltam que, mesmo estando na reserva, Ridauto poderá ser alvo da Justiça Militar, se condenado criminalmente pela Justiça comum.

“Caso condenado, mesmo na reserva, ele pode perder o posto. E isso é homologado pela Justiça Militar”, explicou à coluna um general que integra o Alto Comando do Exército.

 

       Golpista que ameaçou 'colapsar o sistema' diz que 'não sabia' que cometia crime ao invadir Planalto

 

Apontada pela Polícia Federal como uma das organizadoras dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo afirmou nesta quinta-feira, 28, que "não sabia" que estava cometendo crime ao invadir o Palácio do Planalto e participar de uma tentativa de golpe de Estado.

Presa desde 10 de janeiro, Ana Priscila ficou conhecida ao publicar um vídeo, antes dos ataques aos prédios dos Três Poderes, anunciando que iria "colapsar o sistema", "sitiar Brasília" e "tomar o poder de assalto". Ela ainda convocou mais de 30 mil pessoas num grupo de Telegram para irem a Brasília. "A Babilônia vai cair", disparou.

"Confesso que não sabia que estava errando, e muito menos poderia imaginar que estava a praticar um crime. Jamais pensei que poderia ser proibida de falar", afirmou Ana Priscila durante depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Em sua fala inicial, ela se autointitulou "patriota", rejeitando rótulo de golpista. "Sou patriota como devem ser todos os parlamentares. Sou patriota como deveriam ser todos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Sou patriota como deveriam ser todos os brasileiros", disse.

A golpista foi desmentida durante o seu depoimento. Ela chegou a afirmar que a manifestação era pacífica e que não participou da depredação. Vídeos publicados pelo Estadão mostram Ana Priscila em meio à invasão do Palácio do Planalto.

Durante a sessão, Ana Priscila também afirmou que acreditava que os "patriotas" seriam bem-vindos nos acampamentos golpistas em frente ao QG do Exército, em Brasília. "Bastaria um soldado raso nos avisar que deveríamos sair, que teríamos ido embora", disse.

Ana Priscila chegou a ser detida já no dia 8 de janeiro pelos militares do Exército que atuavam dentro do Palácio do Planalto, mas conseguiu fugir, como revelou o Estadão. Foi presa, contudo, dois dias depois em uma das fases da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), a mando do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O STF começou a julgar golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. As penas têm variado entre 12 e 17 anos por diversos crimes, entre eles abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

 

Fonte: Terra/g1/Metrópoles

 

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