El Niño provoca seca e coloca 42 rios na Amazônia e no Pantanal em
estado crítico
O fenômeno climático El Niño tem favorecido a seca
em 38 rios na Amazônia e outros quatro no Pantanal, que devem permanecer com
vazões abaixo da média histórica até pelo menos dezembro. As informações são do
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com
base em medições da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Entre os rios afetados, destacam-se os dois maiores
formadores do Rio Amazonas, o Negro e o Solimões, bem como gigantes como o
Tapajós, Madeira, Juruá, Tocantins, Xingu e Purus, todos na região amazônica. A
seca se estenderá até dezembro, com impactos severos, principalmente no estado
do Amazonas, que deve enfrentar uma seca extrema.
No Pantanal, além do próprio Rio Paraguai, cujo
pulso de inundação é essencial para o bioma, os rios Cuiabá, São Lourenço e
Aquidauana também estão em níveis críticos. O Rio Araguaia, que atravessa as
regiões do Cerrado e da Amazônia, enfrenta uma situação igualmente preocupante.
• Fenômeno
aumentou a seca
Segundo reportagem do jornal O Globo, essa estação
seca, conhecida como verão amazônico, é normal na região, mas este ano, devido
ao El Niño, os níveis de água atingiram patamares críticos para o período. As
previsões indicam que a situação não deve melhorar mesmo com o início do
período chuvoso, que normalmente ocorre entre outubro e novembro,
prolongando-se até dezembro.
Esses 42 rios considerados estratégicos em ambos os
biomas continuarão a apresentar vazões abaixo da média, afetando a navegação, a
pesca, a agricultura e o equilíbrio ambiental.
Nos lagos e rios da Amazônia, a seca está
resultando na morte de peixes e de mamíferos como os botos tucuxi e
cor-de-rosa. A falta de oxigênio e as águas rasas e quentes estão causando a
morte desses botos-cor-de-rosa em locais como o Lago do Piranha, em Manacapuru
(AM).
Os rios são frequentemente a única via de acesso
para cidades e comunidades ribeirinhas nos dois biomas, e em alguns trechos,
como os rios Madeira, Juruá e Purus, por exemplo, as condições de navegação
estão prejudicadas.
• Situação
deve piorar até dezembro
A análise do Cemaden indica que o número de
municípios afetados pela seca severa deve aumentar até dezembro. Atualmente, a
Região Norte conta com 25 municípios em situação de seca severa, a maioria
deles no estado do Amazonas. A seca moderada já afeta a maioria dos municípios.
Até dezembro o número de municípios afetados pela
seca mais intensa deve chegar a 63, com toda a Região Norte enfrentando pelo
menos uma seca moderada. Essa análise abrange o período de 15 de setembro a 25
de dezembro, segundo O Globo.
A situação difere do que pôde ser observado em maio
e junho deste ano, quando o Serviço Geológico do Brasil emitiu um alerta de
cheia para os rios Negro, Solimões e Amazonas, abrangendo os municípios de
Manaus, Manacapuru e Itacoatiara.
• Efeitos
do El Niño
O El Niño é notório por causar secas na Amazônia, e
o evento deste ano começou mais cedo e está se intensificando. O pico de sua
atividade está previsto para dezembro. Se as chuvas ficarem abaixo do normal,
conforme previsto pelas instituições meteorológicas brasileiras, os efeitos da
seca serão ainda mais intensos em 2024.
Embora o Pantanal esteja menos crítico do que a
Região Norte no momento, a situação pode piorar, especialmente no norte do Mato
Grosso, segundo especialistas.
O Rio Paraguai, que é de extrema importância para o
bioma, está muito abaixo do nível na região do Alto Pantanal ou Pantanal Norte,
no Mato Grosso. Dois de seus principais afluentes, os rios Cuiabá e São
Lourenço, também estão num nível crítico, conforme relatou o jornal.
Seca
fora do normal em rios da Amazônia tem relação com El Niño e aquecimento do
Atlântico Norte; entenda
A seca prolongada e "fora do normal" nos
rios da Amazônia, que tem castigado milhares de moradores na região, está
relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a
formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico)
e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte.
⚡ E o cenário não é animador: a previsão é de mais estiagem nos próximos
meses, atrasando o início da estação chuvosa, que começaria a partir de
outubro.
🚨 No estado do Amazonas, por exemplo, a Defesa Civil prevê uma seca
recorde neste ano. Dos 62 municípios, 17 já estão em situação de emergência e
38, em alerta. O governo federal, em parceria com o local, criou uma
força-tarefa para lidar com problemas como a navegação de embarcações
prejudicada pelas áreas rasas dos rios.
Geralmente, setembro é o mês em que a seca é mais
sentida na Bacia Amazônica. No entanto, neste ano, a situação está atípica, de
acordo com os meteorologistas.
A seca está fora do normal e deve piorar nos
próximos meses. O El Niño tem uma grande contribuição nisso, assim como a
distribuição da temperatura das águas do Atlântico Tropical. — Giovanni Dolif,
meteorologista do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden)
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), ligado ao governo federal, explica que, "apesar de o reflexo dos
dois fenômenos ocorrerem em regiões diferentes da Amazônia, o aquecimento das
águas do oceano desencadeia um mecanismo de ação similar sobre a
floresta". Ou seja, ambos reduzem as chuvas na região.
“O evento do Atlântico Tropical Norte está se
somando ao El Niño. Dois eventos ao mesmo tempo são preocupantes. Tivemos isso
entre 2009 e 2010, que foi a maior seca registrada na bacia do rio Negro nos
últimos 120 anos”, afirma o meteorologista Renato Senna, responsável pelo
monitoramento da bacia amazônica no Inpa.
Segundo Dolif, a última seca na região foi em 2016,
justamente em decorrência do último El Niño, registrado em 2015 e 2016.
<<<< O que está acontecendo na Amazônia
🔥🌊 Atuação do El Niño:
• De um
lado, há o El Niño, que aumenta a temperatura das águas do Oceano Pacífico
Equatorial.
• Esse
fenômeno altera os padrões de ventos, umidade, temperatura e chuvas, em
particular em regiões tropicais. No Brasil, se traduz em menos chuvas e aumento
das temperaturas em parte das regiões Norte e Nordeste.
🔥🌊 Aquecimento do Atlântico Tropical Norte:
• De
outro lado do continente, há o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, que
fica logo acima da linha do Equador e também inibe a formação de nuvens,
reduzindo o volume de chuvas na Amazônia.
🚨 Combinação desses dois fatores:
• Com a
água dos oceanos mais quente, as correntes ascendentes carregam ar aquecido
para a atmosfera. Esse ar segue até a Amazônia por meio de duas correntes
descendentes, onde vai diminuir a chuva.
• No
caso do El Niño, o processo ocorre de leste para oeste – a partir do Pacífico.
No caso do Atlântico, do norte para o sul.
“Esse ar mais quente atua inibindo a formação de
nuvens e, por consequência, das chuvas”, afirma Senna, do Inpa.
• Com
isso, os níveis dos rios na região têm baixado de forma muito rápida.
• Em
alguns pontos do Amazonas, os rios estão com bancos de areia, o que dificulta o
trajeto de embarcações, principal meio de locomoção entre comunidades da
região, em velocidade normal e em segurança. Trechos dos rios Solimões e
Amazonas vão receber serviço emergencial de dragagem para abrir caminho para a
navegação, segundo o governo local.
• Algumas
cidades já registram problemas no abastecimento de água e falta de alimentos,
provocada justamente pela dificuldade de locomoção das embarcações.
• Além
do impacto na população, a estiagem deste ano também tem resultado na morte de
peixes, botos e outros animais.
<<< Seca x eventos extremos
Uma nota conjunta do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e Centro Nacional de Gerenciamento
de Riscos e Desastres (Cenad) aponta para um fim de ano (outubro, novembro e
dezembro) mais seco na região Norte.
Segundo os órgãos, "a previsão indica o
predomínio de condições mais secas do que o normal, com destaque para a região
amazônica".
No Sul do país, que tem sofrido com as enchentes, a
expectativa é de chuva acima da média, conforme o mapa abaixo.
O impacto de eventos extremos, como as chuvas no
Sul e, agora, a seca na Bacia Amazônica, foi citado pela ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, ao participar da abertura de uma oficina sobre mudanças
climáticas nesta quinta-feira (28).
"O que está acontecendo no Rio Grande do Sul e
agora no estado do Amazonas é a demonstração em três dimensões de que os
eventos climáticos extremos já estão nos afetando de forma assustadora e
dramática", afirmou.
Sem
água na torneira, comida mais cara: o suplício das famílias em seca histórica
na Amazônia
A Amazônia concentra 20% de toda a água doce do
mundo, mas na casa de Maria, de 63 anos e moradora de Rio Branco, no Acre, não
há água nas torneiras.
Casada e mãe de dois filhos, ela está dependendo da
prefeitura local para receber 3.000 litros de água, entregues de caminhão-pipa
semanalmente.
"Se a gente lava uma roupa, tira a última água
para passar pano na casa, lavar a calçada. Vamos economizando, por que a gente
vive na expectativa – nunca sabe se vai ter água ou não", conta Maria, que
pediu para ter seu sobrenome preservado.
"Às vezes o pipa da prefeitura dá algum
problema e não vem, daí temos que gastar R$ 50 para comprar uma caixa de 1.000
litros. É assim, é muito sofrido."
A família de Maria é uma das mais de 4 mil famílias
que estão sendo abastecidas por caminhões-pipa da Operação Estiagem, iniciada
pela Defesa Civil do Rio Branco em julho e que este ano deve se estender até
meados de dezembro.
Em 2021, a operação atendia 10 comunidades, mas
este ano já são pelo menos 30 – num momento em que o Rio Acre, que abastece a
capital do Estado, chegou a bater no nível de 1,44 metro, apenas 19 cm acima da
mínima histórica de 1,25 metro, registrada em outubro de 2022.
"Estamos com 40% de perda de produção em
culturas como mandioca, banana, café, na piscicultura [criação de peixes] e na
bacia leiteira – isso representa 40% de perda na economia do produtor na zona
rural", estima o tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa
Civil em Rio Branco.
"Na zona urbana, há um aumento das doenças
respiratórias devido às queimadas e alto risco de desabastecimento de água na
capital. Temos nos desdobrado para manter o abastecimento nos bairros onde a
água não tem pressão suficiente, mas os caminhões-pipa já estão sendo
insuficientes para a demanda – lembrando que, com a seca, o consumo de água
aumenta."
Na semana passada, o governo do Acre declarou
estado de emergência, citando a superlotação das unidades de saúde devido à má
qualidade do ar e altas temperaturas.
"Entre 23 de junho e 4 de agosto, passamos 41
dias sem um pingo de chuva e, agora em setembro, a média histórica é de 91 mm e
até agora temos a metade disso", diz Falcão.
• Dois
fenômenos climáticos simultâneos
Num momento em que a região Sul enfrenta enchentes
sem precedentes e as temperaturas em todo o país atingem recordes históricos, a
seca na Amazônia este ano é a segunda mais grave em 13 anos, segundo o
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Os três acontecimentos – chuva em excesso no Sul,
temperaturas acima da média na primavera e seca no Norte – têm uma causa em
comum: o El Niño, aquecimento das águas do Pacífico.
Mas, este ano, o El Niño ocorre simultaneamente a
um aquecimento do Atlântico Tropical Norte.
É a combinação dos dois efeitos que está agravando
a seca na Amazônia e pode atrasar a próxima estação chuvosa na região – que
normalmente começa em meados de outubro – em até 45 dias, afirma o
meteorologista Renato Senna, do Inpa.
"Nesse momento, basicamente toda a Amazônia
Oriental – do Pará até a foz do Amazonas no Oceano Atlântico – já está com
déficit de precipitação bastante marcado. E, na Amazônia Ocidental, o problema
é mais grave na bacia do Negro e do Rio Branco, no Estado de Roraima, onde a
chuva está muito abaixo do que normalmente ocorre nesta época do ano."
Segundo Senna, a ocorrência simultânea do
aquecimento das águas do Pacífico e do Atlântico já aconteceu em 2005 e no
biênio 2009-2010 – neste último episódio, foi registrada a maior seca na bacia
do rio Negro nos últimos 120 anos.
"No rio Negro, estamos observado este ano um
regime de descida do rio muito acentuado e atípico para essa época do
ano", observa Senna.
"Normalmente, [a descida] fica na casa de 15 a
20 cm [por dia]. Em 2005, essas taxas foram maiores, mas ainda dentro desse
limite; em 2010, já ficou acima dos 20 cm por dia no mês de setembro e, em
2023, estamos numa média de quase 30 cm por dia – o que é totalmente fora dos
padrões", destaca o especialista.
Ele observa ainda que alguns dos principais rios
amazônicos já estão em nível abaixo daquele registrado na mesma época em 2010 –
ano da maior seca da história na Amazônia.
"Hoje [terça-feira, 26/9] o nível do rio Negro
em Manaus está em 16,74 m. A mínima histórica foi 13,63 m em 2010 – mas nessa
época aquele ano, o rio estava em 17,2 m. Ou seja, estava 50 cm acima do que
temos hoje", diz Senna, observando que isso indica que a seca esse ano
pode talvez superar aquela histórica de 2010.
José Genivaldo Moreira, doutor em Saneamento, Meio
Ambiente e Recursos Hídricos e professor da Universidade Federal do Acre
(Ufac), observa que, embora os períodos de seca sejam sazonais na Amazônia e o
El Niño seja um fenômeno cíclico, há um aumento da frequência dos eventos
climáticos extremos na região, o que pode estar relacionado com o avanço das
mudanças climáticas – que são agravadas por fatores como o desmatamento.
"Antes víamos eventos extremos acontecerem a
cada 15 anos. Hoje não, vemos acontecer a cada cinco anos e às vezes até
menos", diz Moreira, lembrando que Rio Branco também sofreu com enchentes
sem precedentes no primeiro semestre.
"Esses impactos recorrentes também são
decorrentes de falhas na estrutura de ações – tanto estruturantes, como não
estruturantes – que devem partir do poder público para enfrentamento do impacto
desses eventos."
• Alunos
sem escola e 500 mil sob risco de ficar sem comida e água
No Estado do Amazonas, já são 15 municípios em
situação de emergência em razão da seca severa. Segundo levantamento realizado
pela Defesa Civil do Estado, as cidades mais atingidas pela baixa das águas
estão nas calhas dos rios Juruá e Solimões, nas regiões do Alto e Médio
Solimões. Outros 40 municípios estão em estado de alerta e cinco em atenção.
Em nota divulgada na semana passada, a Secretaria
de Estado de Educação do Amazonas informou que a seca já afetava 355 estudantes
da rede estadual de ensino, impedidos de chegar a suas escolas devido ao baixo
nível dos rios.
"Caso a vazante continue a se acentuar nos
municípios, pelo menos 20 mil alunos podem ser impactados", informou a
pasta, acrescentando que os estudantes já prejudicados terão mudança no
calendário letivo e que os alunos em vulnerabilidade receberão kits de
alimentação.
de chegar a suas escolas devido ao baixo nível dos
rios
Na terça-feira (26/9), o governador do Amazonas,
Wilson Lima (União Brasil), esteve em reunião em Brasília com os ministros da
Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, do Meio Ambiente e
Mudança do Clima, Marina Silva, e representantes de seis órgãos federais.
Após a reunião, foram anunciadas a ampliação da
ajuda humanitária à região, com o envio de itens como cestas básicas e água,
além da intensificação do combate ao desmatamento e aos incêndios,
principalmente no sul do Amazonas.
O governo federal também anunciou a liberação de R$
140 milhões para dragagem nos rios Madeira e Solimões, importantes vias de
escoamento de cargas e produtos da região, inclusive da Zona Franca de Manaus.
Segundo Wilson Lima, mais de 100 mil já são afetados
pela estiagem no Amazonas e o número de atingidos deve aumentar ao longo de
outubro, chegando a 500 mil pessoas que podem ficar sem acesso a alimentos e
água potável.
Além disso, ele acredita que a seca de 2024 na
região amazônica pode ser ainda mais severa do que a atual. Isso porque, por
conta do baixo nível dos rios agora, o próximo período chuvoso pode não ser
suficiente para recuperá-los.
• Alimento
40% mais caro
Vanessa Reis, de 40 anos, é moradora de Benjamin
Constant (AM), um dos municípios mais afetados pela seca no extremo Oeste do
Estado do Amazonas.
Assistente administrativa numa escola indígena e
dona de um pequeno negócio de papelaria personalizada para empreendedores, ela
sente os efeitos da seca extrema na alimentação de sua família e nos custos de
sua pequena empresa.
"Houve uma alta nos preços dos produtos em
torno de 40%, porque as embarcações grandes não estão chegando em Benjamin
Constant. Elas estão chegando apenas na cidade vizinha de Tabatinga",
observa Vanessa, que é casada e mãe de um filho com deficiência.
Segundo ela, isso afetou principalmente os preços
de itens que chegam de fora, como arroz, feijão e óleo, que agora precisam ser
entregues em Tabatinga e então transportados a Benjamin Constant em embarcações
menores, como as canoas e voadeiras.
"Houve um aumento também na passagem – para
sair daqui para Tabatinga, custava R$ 35 nas baleeiras, que são as voadeiras
pequenas. De R$ 35, foi para R$ 70, porque o percurso ficou mais longo. E tem
muita gente que faz esse percurso diariamente, porque mora aqui e trabalha em
Tabatinga, ou vice-versa", relata a moradora.
Com seu pequeno negócio de papelaria, Vanessa
atendia encomendas de cidades do entorno, mas precisou interromper a atividade
devido à alta do frete. Agora, ela apenas cria os produtos e auxilia os
clientes a imprimir por conta própria – mas com isso, perdeu bastante receita.
"Pagamos aluguel, combustível e nosso negócio
ajudava a aliviar o orçamento. Agora estamos fazendo controle de gastos – por
exemplo, a gente não janta mais, só fazemos um lanche à noite, então estamos
aproveitando para equilibrar a balança", afirma, mantendo o bom humor.
Renato Senna, do Inpa, avalia que as regiões
amazônicas não estão preparadas para enfrentar uma seca tão dura como a atual –
apesar dos esforços empreendidos atualmente por prefeituras, governos estaduais
e federal, além das diversas defesas civis da região.
"Os rios são as grandes artérias de tráfego da
população – são as estradas da Amazônia. Quando há uma grande seca, isso
interrompe a chegada de itens de necessidade básica. Cestas básicas não chegam,
combustível não chega para muitas cidades que ainda dependem disso para ter
iluminação, o acesso às escolas e à saúde são interrompidos", exemplifica.
"Com a seca, as distâncias crescem e os barcos
não conseguem navegar. Fica impossível."
Fonte: Terra/g1/BBC News Brasil
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