Turismo de base comunitária valoriza a cultura quilombola do Baixo Sul
da Bahia
Um lugar que reflete as belezas e a história das
comunidades remanescentes de quilombolas do Baixo Sul da Bahia. Esse é o
Quilombo Jatimane, localizado em Nilo Peçanha, um local que hoje oferece um
serviço de turismo de base comunitária com diversos atrativos para uma vivência
completa e enriquecedora do ponto de vista histórico e cultural.
São três roteiros que podem ser vivenciados pelos
turistas, com restaurantes e pousada em uma rede solidária de turismo. O
roteiro ‘Tradição do Quilombo’ traz a história viva do quilombo, a partir do
extrativismo e da transformação da piaçava em biojoas e cestaria, com visita ao
ateliê das artesãs; o roteiro ‘Ecológico’ tem a vivência no Jardim Sensorial,
onde as pessoas são vendadas e estimuladas ao convívio com as plantas através
dos outros sentidos e a trilha ecológica, que conta ainda com banho de
cachoeira; e o roteiro ‘Águas do Quilombo’, que apresenta a tradição local da
pesca com passeios de canoa pelos manguezais.
Toda essa diversidade de atrativos está sendo
oportunizada a partir dos investimentos realizados pelo Governo do Estado, por
meio do projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e
Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento
Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial.
Os recursos do projeto foram destinados à
construção de barragem para o fornecimento de água para toda a comunidade,
equipamentos para a manutenção e o aprimoramento do Jardim Sensorial, na
embarcação para viabilizar o roteiro Águas do Quilombo, equipamentos de
proteção individual (EPI) para os condutores dos roteiros, itens para decoração
do receptivo, construção de ponte para aprimorar a trilha ecológica, além de um
site que está em construção para favorecer a divulgação do turismo em Jatimane.
A reestruturação do turismo de base comunitária, a
partir dessas novas ações, já impacta na renda e na valorização da história das
famílias da comunidade. A presidente da Associação Comunitária do Quilombo
Jatimane, Eleildes Rosário, comenta as mudanças. “O Bahia Produtiva significou
para a gente o avanço do nosso artesanato, do turismo de base comunitária e o
fortalecimento dos empreendimentos da comunidade”, ressalta.
A quilombola Jéssica do Rosário, responsável pelos
contatos com os turistas, comemora os resultados das visitas. “O meu sonho é
levar Jatimane para o mundo sem precisar sair dele, vivendo diretamente com o
turismo e o artesanato da piaçava. A gente já recebeu grupo de 100 pessoas em
um fim de semana. Agora, estamos trabalhando a divulgação com o nosso site, que
é onde vamos comercializar nossos pacotes turísticos e o artesanato”, informa.
A artesã Camila da Luz sonha em viver apenas do
turismo de base comunitária. “O Bahia Produtiva veio para somar ainda mais com
o que a gente já vinha realizando com o artesanato. Hoje, produzo colares e
brincos com o material do coco da piaçava e já dá para complementar a renda”,
analisou.
Temporada:
turistas querem ficar mais tempo em Salvador
Primeira capital do país e berço da cultura
brasileira, Salvador reúne riquezas que atraem pessoas do mundo inteiro:
música, arte, praias, museus, igrejas, festivais, casas culturais e, claro, o
Pelourinho, que de tão importante foi tombado pela Unesco, levando a capital a
ser membro da Organização das Cidades do Patrimônio Mundial.
Todas essas peculiaridades são pensadas na hora de
escolher Salvador como destino, no entanto, uma área que tem crescido bastante
é a de eventos, como congressos e seminários.
Todos esses fatores têm provocado uma mudança no
perfil dos visitantes. De acordo com a
empresa Decolar, a capital baiana está em décimo lugar entre as cidades mais
procuradas para aluguel por temporada no segundo semestre deste ano.
O levantamento, realizado com base na procura por residências de
aluguéis por temporada no site e app da Decolar, aponta que em todo o Brasil
houve um aumento de 190% na procura de aluguel por temporada no segundo
semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2022. O levantamento
considera a procura pela modalidade de hospedagem em suas plataformas de vendas
(site e app) para destinos nacionais e internacionais.
Para o turismólogo Eduardo dias, esse boom não está
restrito apenas à Decolar. Diversas outras plataformas também têm crescido em
relação aos anúncios de aluguel por temporada. Esse crescimento, segundo ele,
se deve a diversos fatores, como preços mais acessíveis e a busca dos
visitantes por uma experiência mais realística da capital baiana. “As pessoas
estão querendo vivenciar a cidade por outra ótica que não seja aquela do
turismo convencional. Elas estão em busca de se sentirem moradoras: ter um
canto para chamar de seu, nem que seja por poucos dias, com a rotina que
costumam ter em suas próprias residências” afirma.
“Limpar a casa, sair para fazer compras no
mercadinho, conversar com a vizinhança. Salvador tem sido uma das cidades mais
paqueradas por pessoas que buscam até mesmo mudar de cidade. Então, um aluguel
por temporada faz com que o visitante perceba se é aquela cidade mesmo onde ela
deseja morar”, acrescenta.
Foi o caso, por exemplo, da antropóloga carioca
Acuçena Alencar. Ela chegou em Salvador em janeiro deste ano para passar uma
temporada de verão.
“Eu sempre
quis morar em Salvador, mas vim com a desculpa de passar só o verão, Aluguei
temporada, e com o passar das semanas, fui tendo certeza de que era aqui que
queria ficar. Se eu viesse com pousada, hotel, essas coisas, provavelmente não
teria vivido o que vivi e que me motivou a residir nesse lugar especial”, conta
ela, que reside no bairro Dois de Julho após convencer o proprietário do
apartamento a alugar o imóvel com contrato anual.
Vice-presidente do departamento de aluguéis por
temporada (Vacation Rentals) da Decolar, Ivan Marenco, afirma que a previsão da
empresa é chegar a 860 mil alugueis por temporada até o fim do ano. "Desde
que lançamos o produto, em 2022, praticamente triplicamos a procura no site e
no app. Por conta desse aumento, investimos no aumento do portfólio, com mais
de 400 mil propriedades em todo mundo e temos como previsão chegar a 860 mil
até o fim deste ano”, diz.
Salvador está em décimo lugar mais procurado, está
atrás de Porto de Galinhas, Fortaleza, Natal, Maceió, Parati, Gramado, Caldas
Novas, Rio de Janeiro e São Paulo, a capital que está em primeiro lugar no
levantamento.
Para a vice-presidente da ABAV-BA (Associação
Brasileira de Agencia de Viagens), Ângela Carvalho, os alugueis por temporada
não prejudicam o turismo convencional, tampouco a indústria hoteleira.
“O perfil da pessoa que procura o aluguel por
temporada é diferente de quem procura por hotel. Quem aluga temporada vai
limpar casa, quem procura agência quer
conforto, qualidade de atendimento. O perfil do hóspede é completamente
diferente e por isso não há uma interferência direta”, atesta.
Segundo a vice-presidente da ABAV, a expectativa do
setor hoteleiro e de agências é alta para o verão 2023-2024. “Salvador está bem
posicionada entre os estados do Nordeste para o verão. A expectativa de demanda
é bem grande, principalmente porque mudou o acesso a cidade. Agora temos muito
mais voos”, destaca. O presidente da Associação Brasileira de Indústria de
Hotéis (ABIH), Luciano Lopes, também afirmou a Tribuna que a tendência é que no
verão Salvador esteja com 100% de taxa de ocupação hoteleira.
• Setur
discute com entidades públicas e privadas ações na temporada de cruzeiros
Uma reunião de alinhamento, realizada nesta
segunda-feira (25), na Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA), em Salvador,
definiu as ações conjuntas, entre instituições públicas e privadas, para a
temporada de cruzeiros marítimos na Bahia, que começa em outubro e segue até
maio de 2024. Coordenado pela Setur-BA, o encontro teve a participação de
representantes da Capitania dos Portos, da Secretaria de Segurança Pública do
Estado (SSP), do Terminal Marítimo de Salvador, da Companhia das Docas
(Codeba), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de entidades
do trade turístico.
“Teremos este ano a maior temporada de cruzeiros da
história, não somente em número de navios, mas também em quantitativo de
cruzeiristas. É extremamente relevante para a nossa economia, mas demanda um
trabalho articulado, coordenado e que possa garantir aos nossos visitantes uma
permanência proveitosa e segura. O próximo passo será a reunião com a
Associação de Cruzeiros Marítimos - Clia”, explicou a chefe de gabinete da
Setur-BA, Giulliana Brito.
“Dialogamos em conjunto para aprimorar as ações
voltadas ao turismo, especialmente, na chegada de navios de cruzeiros. Vamos
fazer uma temporada brilhante”, disse a presidente da Codeba, Gilmara Timóteo.
“Gostaria de parabenizar a Setur-BA por promover
essa reunião tão importante. A Capitania dos Portos está pronta para apoiar e
cumprir sua missão, enquanto autoridade marítima”, completou o comandante da
Capitania, Wellington Gagno.
A titular da Delegacia de Proteção ao Turista
(Deltur), Camila Albuquerque, falou sobre ações para garantir a segurança dos
cruzeiristas. “Vamos realizar uma
operação especial, com a participação de servidores bilíngues, inclusive um
poliglota, para melhor atender o turista estrangeiro. Teremos um papel de
segurança pública, aliado a um trabalho social de acolhimento ao cruzeirista
nacional e internacional”.
De acordo com a Associação Brasileira de Cruzeiros
Marítimos (Clia), a Bahia receberá, nesta temporada, 130 operações de cruzeiros
e mais de 440 mil turistas. Salvador contará com 57 escalas de navios, enquanto
Ilhéus terá 33 escalas, além de operações em Porto Seguro, que ainda estão
sendo contabilizadas. A capital baiana vem se consolidando também como porto de
embarque, o que aumenta o tempo de permanência do cruzeirista na cidade.
Fonte: Tribuna da Bahia
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