4 conclusões sobre a participação de Joe Biden no piquete de grevistas
Na terça-feira (26), o presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, se tornou o primeiro ocupante do cargo a se juntar a um piquete
de grevistas. O momento histórico ofereceu uma antevisão da eleição de
2024 no país, em que o democrata deve ser candidato à
reeleição, e sublinhou o compromisso de longo prazo do mandatário com uma
economia centrada no trabalhador.
A visita de Biden antecedeu em um dia a do
ex-presidente Donald
Trump, que deve enfrentá-lo na disputa e espera reduzir
o apoio do atual presidente entre os eleitores operários.
O fato criou um dos contrates mais diretos entre os
prováveis adversários, à medida em que cada um deles olha cada vez menos para
as primárias e mais para as eleições gerais.
Pouco após o anúncio da greve pelo United Auto
Workers (UAW) — sindicato que representa trabalhadores do setor automotivo –,
Biden expressou seu apoio à causa.
Ele também enfrentou pressão de seus colegas de
partido para parecer proativo depois de prever, publicamente, no início de
setembro, que não ocorreriam paralisações.
Apenas quando o presidente do sindicato convidou
publicamente o chefe do Executivo, ele mudou sua agenda de viagens e definiu
uma ida a Michigan.
Nessa altura, Trump já havia anunciado seus
próprios planos de visitar o estado — contrariando a recomendação do UAW.
Usando um
boné do sindicato e um megafone para se pronunciar, Biden demonstrou uma ruptura com as tentativas de neutralidade de
seus antecessores. Ofereceu o exemplo mais explícito de sua premissa econômica,
centrada nos trabalhadores, e não nas corporações.
“Agora eles estão incrivelmente bem”, disse ele,
sobre os lucros das montadoras após receber assistência federal. “E adivinhe:
você também deveria estar incrivelmente bem”.
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Biden vs. Trump no campo
de batalha de Michigan
Pela primeira vez nesta temporada de campanha,
Biden e Trump competem diretamente pelos mesmos eleitores, cada um tentando
apelar aos trabalhadores sindicalizados.
“Vocês merecem um aumento significativo”, disse
Biden na visita. “Nós os salvamos, já é hora de eles nos defenderem.”
As visitas sublinham uma semelhança em identidades
políticas amplamente divergentes: reivindicar a posição de defensor da classe
trabalhadora. O poderoso bloco eleitoral poderá ajudar a decidir as eleições do
próximo ano. Biden venceu Michigan por pouco em 2020, mas Trump conquistou o estado em 2016.
As circunstâncias, contudo, evidenciam diferenças:
enquanto Biden foi convidado, Trump não é “bem-vindo” nos atos, conforme o
presidente do sindicato.
Embora o republicano tenha anunciado seus planos
antes do atual presidente, a Casa
Branca insiste que a visita desta terça não foi
estimulada pelo antecessor.
Trump, que não planeja aderir a um piquete, falará
em um local não sindicalizado. O sindicato não considera o evento na Drake
Enterprises em Clinton Township, Michigan, como uma manifestação de
solidariedade ao UAW, segundo uma fonte sindical.
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Biden anda na linha tênue
com as montadoras
Embora se denomine o “presidente mais pró-sindical
da história”, Joe Biden adota um limite quando se trata de apoio soa
trabalhadores do setor automotivo.
Quando um repórter questionou se um aumento
salarial de 40% para a área deveria ser aplicado, os grevistas gritaram que
“sim”, e foram acompanhados pelo democrata.
Contudo, a Casa Branca alega “não estar envolvida”
nas negociações. Antes da viagem do presidente, a secretária de imprensa Karine
Jean-Pierre afirmou que “é algo para as partes envolvidas decidirem como vai
funcionar”.
Biden manteve contato com executivos da indústria
automotiva, inclusive por telefone, nos dias que antecederam a paralisação, mas
não se reuniu com eles durante a visita a Michigan.
Uma greve prolongada poderá repercutir na economia
do país, o que pode provocar aumento nos preços dos veículos e mudanças na
cadeia de abastecimento.
Ainda que o presidente esteja claramente ao lado do
sindicato, ocupantes de seu cargo habitualmente trabalham pela neutralidade em
disputas trabalhistas. O próprio Biden interviu, no início de seu mandato, para
evitar uma greve no setor ferroviário.
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À procura de apoio
Ao sair do Força Aérea Um, avião oficial da
presidência norte-americana, em Michigan, Joe Biden disse “não estar
preocupado” com o que seria necessário para obter o apoio do sindicato
responsável pelo movimento.
A agremiação tem tradicionalmente apoiado o Partido
Democrata, e é difícil visualizá-la caminhando na direção de
Donald Trump em 2024.
Ainda assim, o UAW tem expressado preocupação com
os esforços do presidente pela transição da frota automotiva norte-americana em
veículos elétricos.
Dadas as atuais negociações contratuais da área,
não surpreende que o sindicato adie o apoio a qualquer candidato, buscando as
melhores condições que conseguir para isso.
O presidente do UAW, Shawn Fain, elogiou Biden por
sua participação no piquete, e falou duramente contra os executivos do setor:
“Eles pensam que são donos do mundo, mas nós é que fazemos ele se movimentar”.
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Aparição histórica
Primeiro presidente em exercício a participar de um
piquete. A Casa Branca procurou realçar o fato realizado por Joe Biden,
retratando-o como um momento em que a história foi escrita.
Em 2019, o democrata esteve em Kansas, onde vestiu
uma camiseta vermelha do UAW e subiu na carroceria de uma caminhonete. No ano
seguinte, se juntou aos trabalhadores de cassinos, em Las Vegas. Em ambos os
casos, ainda não ocupava o cargo atual, que assumiu em 2021.
Embora alguns de seus correligionários na posição
tenham expressado apoio aos sindicatos historicamente, suas posições foram mais
discretas. John F. Kennedy, por exemplo, permitiu aos trabalhadores federais o
direito à negociação coletiva, mas alertou-os sobre os riscos econômicos
envolvidos em uma greve.
Durante seus mandatos, Bill Clinton e Barack Obama
procuraram resolver paralisações que poderiam ter amplas repercussões na
economia local.
Existem razões práticas para que eles tenham
buscado a neutralidade: o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, cujos
membros são nomeados pelo presidente, mas que deve funcionar de forma
independente, tem 28 casos pendentes que foram movidos pelo United Auto
Workers.
Ø Juiz de Nova York declara Trump e filhos responsáveis por fraudes
Um juiz de Nova York decidiu nesta terça-feira
(26/09) que o ex-presidente dos EUA Donald Trump cometeu fraude durante anos
enquanto construía o império imobiliário que o catapultou para a fama e também para a Casa Branca e ordenou que algumas das empresas do político republicano sejam
retiradas de seu controle e dissolvidas.
O juiz Arthur Engoron concordou com a
procuradoria-geral de Nova York, que acusou Trump e diretores da Trump
Organization, incluindo os filhos Donald Jr. e Eric, de inflacionar
artificialmente durante anos o patrimônio da organização para obter melhores
condições em empréstimos e outros benefícios econômicos.
Os imóveis cujos valores foram exagerados incluem a
propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, a cobertura na Trump Tower, em
Manhattan, e vários edifícios de escritórios e campos de golfe, afirma a ação
movida em setembro de 2022.
Na semana passada, os promotores haviam solicitado
um julgamento sumário parcial sobre a principal acusação do caso, a de fraude,
deixando outros seis crimes a serem abordados no julgamento sem júri programado
para a próxima segunda-feira (02/10).
Engoron considerou que a acusação, liderada pela
procuradora-geral Letitia James, demonstrou que há responsabilidade por parte
dos réus e ordenou que as licenças comerciais de todos em Nova York sejam
canceladas.
Conglomerado de várias empresas
Nos próximos 10 dias, os réus devem recomendar até
três pessoas para administrar a dissolução das empresas relacionadas a essas
licenças canceladas, de acordo com a decisão.
O conglomerado empresarial inclui várias empresas,
imóveis residenciais e hotéis de luxo, passando por clubes de golfe.
Engoron avaliou que Trump fez declarações que
triplicavam o tamanho real de seu apartamento na Trump Tower e que uma
"discrepância de tal magnitude, por parte de um promotor imobiliário que
exagera seu próprio espaço de vida por décadas, só pode ser considerada
fraude".
Numa audiência na semana passada, o juiz já parecia
se inclinar para os argumentos dos procuradores, que lembraram que, num único
ano, Trump exagerou seus ativos em 2,2 bilhões de dólares.
Restringir a capacidade de Trump de fazer negócios
no estado de Nova York era um dos objetivos da ação apresentada por James em
2022, que cobra uma multa de 250 milhões de dólares, uma questão que deverá ser
abordada no julgamento da próxima segunda-feira.
Engoron também rejeitou uma moção paralela da
defesa de Trump, que pedia que todas as acusações fossem rejeitadas, e ordenou
multas de 7.500 dólares para cinco advogados do ex-presidente.
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Revés para a candidatura
A decisão representa um duplo revés judicial para
Trump, que apesar de ser o claro favorito para conseguir a candidatura do
Partido Republicano para a próxima eleição presidencial, enfrenta uma longa lista de processos nos próximos meses, o que
pode complicar sua campanha à Casa Branca.
Além desse caso, que será julgado em menos de uma
semana, Trump enfrentará quatro processos criminais separados no próximo ano,
que abrangem 91 acusações criminais.
A maioria desses crimes está relacionada à acusação
de guarda irregular de documentos
confidenciais na mansão de Trump na Flórida (40 acusações)
e a subornos a uma atriz pornô durante a campanha presidencial de 2016 (34
acusações).
Ele também enfrenta 13 acusações sob a lei estadual
de extorsão na Geórgia por tentar reverter ilegalmente os resultados da eleição de 2020 e outras quatro acusações em Washington relacionadas à mesma
questão, por suas falsas alegações de fraude eleitoral.
Ø Congresso dos EUA tem quatro dias para evitar paralisação do governo
A quarta paralisação parcial do governo dos Estados
Unidos em uma década está a quatro dias de distância nesta quarta-feira, com os
republicanos da Câmara dos Deputados do país rejeitando preventivamente um
projeto de lei bipartidário que avançava no Senado e que financiaria as
agências federais norte-americanas até meados de novembro.
Centenas de milhares de funcionários federais
receberão licença de seus postos e uma ampla gama de serviços, desde a
divulgação de dados econômicos até benefícios nutricionais, serão suspensos se
o Congresso não conseguir aprovar uma proposta que o presidente democrata Joe
Biden possa sancionar até a meia-noite de sábado.
O Senado votou por uma esmagadora maioria de 77
votos a 19 na terça-feira para iniciar o debate sobre uma medida que
financiaria o governo até 17 de novembro, além de autorizar cerca de 6 bilhões
de dólares para respostas a desastres domésticos e outros 6 bilhões de dólares
em ajuda à Ucrânia.
Os principais republicanos da Câmara dos Deputados
rejeitaram a medida temporária do Senado, dizendo que qualquer medida de
financiamento de curto prazo a ser aprovada pelo Congresso com o apoio deles
deve abordar o fluxo de imigrantes através da fronteira dos EUA com o México.
"O projeto de lei do Senado continua
financiando o plano de fronteira aberta de Biden. O país quer resolver a
questão da fronteira aberta. Precisamos resolver o problema da fronteira
aberta", disse o líder da maioria na Câmara, Steve Scalise, o segundo republicano
mais importante da Casa.
Mas os republicanos, que controlam a Câmara por uma
margem estreita de 221 a 212, não propuseram sua própria medida para financiar
totalmente o governo e, em vez disso, estão tentando aprovar uma série de
projetos de lei para o ano fiscal completo que começa no domingo.
O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, está
enfrentando ameaças de membros da linha dura de seu próprio partido, que
rejeitaram um acordo que ele negociou com Biden em maio para 1,59 trilhão de
dólares em gastos discricionários no ano fiscal de 2024, exigindo, em vez
disso, outros 120 bilhões de dólares em cortes.
Um pequeno número de membros da linha dura
republicana também ameaçou destituir McCarthy de sua função de presidente da
Casa se ele aprovar um projeto de lei de gastos que exija qualquer voto
democrata para ser aprovado.
McCarthy disse que os republicanos da Câmara
provavelmente apresentarão sua própria medida temporária na sexta-feira.
O impasse ocorre quatro meses depois que Washington
flertou com a possibilidade de não pagar a dívida de mais de 31 trilhões de
dólares do país, uma medida que teria abalado os mercados financeiros em todo o
mundo. A repetição do impasse político tem preocupado as agências de
classificação de crédito, e a Moody's alertou esta semana que uma paralisação
poderia prejudicar a capacidade de crédito do país.
Outro rebaixamento da classificação de crédito dos
EUA poderia elevar ainda mais os custos dos empréstimos - e a dívida do país.
Ø EUA restringem importações de mais empresas chinesas ligadas a trabalho
forçado de uigures
Os Estados Unidos restringiram a entrada de
produtos de mais três empresas chinesas no país nesta terça-feira, como parte
de um esforço para eliminar da cadeia de suprimentos norte-americana produtos
fabricados com o trabalho forçado de minorias uigures.
Xinjiang Tianmian Foundation Textile, Xinjiang
Tianshan Wool Textile e Xinjiang Zhongtai Group foram adicionadas à Lista
de Entidades da Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur (UFLPA, na sigla em
inglês), de acordo com uma publicação do governo, elevando o número total de
entidades na lista para 27.
As três empresas foram sofreram restrição como
resultado de suas práticas comerciais envolvendo minorias uigures e outros
grupos perseguidos, disse o Departamento de Segurança Interna dos Estados
Unidos em comunicado.
"Não toleramos empresas que usam trabalho
forçado, que abusam dos direitos humanos de indivíduos com o objetivo de obter
lucro", disse o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, no comunicado.
As três empresas foram escolhidas por trabalharem
com o governo de Xinjiang para recrutar e transportar, abrigar ou usar o
trabalho forçado de uigures, cazaques, quirguizes ou membros de outros grupos
perseguidos fora da região, disseram os Estados Unidos.
A Xinjiang Tianmian Foundation Textile produz
fios e outros produtos têxteis, segundo o comunicado. A Xinjiang Zhongtai Group
produz e vende policloreto de vinila (PVC) e outros materiais têxteis, químicos
e de construção. A Xinjiang Tianshan Wool Textile vende roupas de
caxemira e lã, entre outros produtos. Todas as três estão sediadas em
Xinjiang.
A UFLPA, promulgada em 2021, proíbe a importação de
produtos que sejam produzidos em Xinjiang ou por empresas identificadas na
lista para os Estados Unidos, a menos que o importador possa provar que os
produtos não foram produzidos com trabalho forçado.
As autoridades norte-americanas acreditam que as
autoridades chinesas têm estabelecido campos de trabalho para uigures e outros
grupos minoritários muçulmanos na região de Xinjiang, no oeste da China. Pequim
nega qualquer abuso.
Alguns grupos e ativistas uigures ficaram
frustrados com o ritmo e a qualidade da aplicação da Lei de Prevenção do
Trabalho Forçado Uigur. O senador norte-americano Marco Rubio, que ajudou a
introduzir a legislação, pediu ao governo Biden que adicione mais empresas à
lista.
"Há potencialmente milhares de empresas e
entidades sediadas na China cúmplices do trabalho escravo", disse Rubio em
comunicado. "O ritmo lento encoraja aqueles que lucram com o trabalho
escravo."
Fonte: CNN Brasil/Deutsche Welle/Reuters
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