Fixação bolsonarista por banheiro unissex “desafia a psicanálise”, diz
Silvio Almeida
Perguntado se é contra ou a favor do famoso
banheiro unissex, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, esclareceu
que isso é “uma criação fantasiosa” por parte dos bolsonaristas e que essa
fixação pelo assunto “desafia a psicanálise”.
O ministro foi questionado durante sessão da
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, nesta
terça-feira (26), onde foi chamado para falar sobre declarações em que disse
que “os adversários da democracia e da República não terão um dia de paz”, durante
discurso em que debateu a escalada do discurso de ódio contra os militantes de
esquerda e ao governo Lula.
“Banheiro virou um assunto nacional”, disse o
ministro após a pergunta de deputado bolsonarista, e afirmou que até imagina o
motivo devido à natureza do período anterior, durante o governo Bolsonaro, onde
o assunto foi inflamado junto a outras fake news.
• Entenda
a discussão
O tópico “banheiro unissex” voltou à tona no último
sábado (23), quando o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou uma nota,
tirada de contexto, e afirmou que o governo Lula estaria criando o banheiro
unissex.
O documento, porém, faz parte de uma Resolução do
Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, “órgão autônomo em suas
decisões, sobre a qual nem o Ministro dos Direitos Humanos nem o Presidente da
República tiveram participação ou influência na sua produção", esclareceu
a Secretaria de Comunicação do Governo Federal.
No caso, o Conselho Nacional dos Direitos das
Pessoas LGBTQIA+ também não instituiu banheiros unissex, e sim individuais.
Após a postagem e repercussão da mentira, o
ministro Silvio Almeida acionou a Advocacia Geral da União para apurar a
propagação da desinformação e Nikolas o acusou de perseguição.
Silvio
Almeida dá aula a Nikolas Ferreira sobre fake de "banheiro unissex"
O Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida,
que é professor de Direito, deu uma aula ao deputado bolsonarista Nikolas
Ferreira (PL-MG) no primeiro encontro entre os dois após o parlamentar propagar
fake news sobre a "obrigatoriedade de banheiros unissex" em escolas
públicas.
Durante depoimento na Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle da Câmara nesta quarta-feira (26), afirmou que a mentira
propagada por Ferreira "demonstra que estamos mergulhados num mar de
mentiras sistemáticas, do uso de funções públicas para espalhar o ódio contra
minorias que já sofrem ódio".
Ao debater com o deputado bolsonarista, Almeida
afirmou que Nikolas "se coloca como um garoto, mas que é um homem que sabe
muito bem o que se faz" e comentou dos equívocos do parlamentar, que é
formado em Direito, em interpretar uma resolução do Conselho Nacional dos
Direitos das Pessoas LGBTQIA+, órgão autônomo em suas decisões, para criar a
mentira sobre os "banheiros unissex".
"Chamá-lo de menino, moleque, apenas ajuda o
senhor nessa postura que parece ser de um garoto, mas na verdade é de um homem
que deve arcar com o que faz. Eu entendo que o senhor deve estar um pouco
assustado por conta dos processos que já vem respondendo por transfobia e uma
série de acusações", disse Almeida.
"Eu não tenho problema nenhum. O senhor disse
aqui que vai tomar providências em relação a isso (ação do ministério contra a
fake news), nós temos, então, um encontro marcado nos tribunais e a Justiça
brasileira vai mostrar quem tem razão", disse Almeida.
Na sequência, o ministro afirmou que viu que
Nikolas é formado em Direito.
"Eu sou professor de Direito há muitos anos e
custo a acreditar porque poucas vezes eu ouvi tantas coisas absurdas, tantas
coisas erradas sobre Direito Administrativo [...]. Primeiro a pessoa afirma que
decisões de um Conselho podem ter forma normativa. Isso é errado em tantos
níveis, é tão absurdo, que não faz o menor sentido", disse Almeida.
"O que acho estranho nessa coisa é que: não
era para o Conselho existir? Não era para ter Conselho? Até porque o texto
dessa resolução que retiraram do Conselho é um texto que é reproduzido de uma
resolução de 2015, que atravessou o governo que o senhor apoia. Eu não entendo
porque então se criou essa fantasia delirante, que os senhores chamam de
'banheiro unissex' se existe uma resolução de 2015", emendou.
Ao final, Nikolas retormou a palavra e sem
argumentos disse que "não adianta tentar me descredibilizar... isso não cola"
e foi humilhado pelo ministro.
"Deputado, minha intenção não é
descredibilizar o senhor porque parece que o senhor não tem nenhuma
credibilidade".
Michelle
Bolsonaro propaga fake news sobre "banheiro trans" e pode virar alvo
da AGU
Horas após o ministro Silvio Almeida, dos Direitos
Humanos e Cidadania, acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) contra os
deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR), Michelle Bolsonaro
foi às redes compartilhar um vídeo com clara conotação transfóbica em que a
deputada federal Priscila Costa (PL-CE) baixa mais o nível e diz que o governo
Lula quer "instituir oficialmente o banheiro tran".
"Agora sua filha ainda que menor de idade não
poderá ter o direito de entrar no banheiro e se sentir segura porque lá dentro
pode ter um marmanjo barbado esperando por ela justificando a sua presença lá
pelo simples fato de que ele naquele dia se sente mulher", diz a deputada
extremista cearense, num claro ataque às pessoas trans.
A publicação foi compartilhada por Michelle nos
Stories do Instagram, onde a ex-primeira-dama também publicou um vídeo da
campanha de 2022 em que Lula diz "não apoiar banheiro único para meninas e
meninas" dizendo que saiu da "cabeça de satanás".
A incitação ao ódio e a propagação de fake news
pode fazer com que a Michelle e Priscila Costa também sejam investigadas pela
AGU, assim como o senador Sergio Moro (União-PR), que também compartilhou a fake
news em suas redes sociais.
Silvio Almeida encaminhou ofício à AGU para
desmentir a divulgação falsa: “Ao contrário do que alegam os parlamentares, não
há banheiros unissex; há, sim, banheiros individuais”, diz o documento.
“Trata-se de divulgação de fake news que claramente
tem como objetivo provocar o pânico moral e expor ainda mais as pessoas
LGBTQIA+ ao ódio e à repulsa social provocada pelo preconceito e pela
discriminação”, destacou o ministro.
• Governo
desmente fake
O governo Lula também foi para a web para desmentir
a fake news. Em sequência de publicações na rede X, antigo Twitter, a Secom
afirma que "Governo Federal NÃO DECRETOU a instalação de banheiros Unissex
em escolas de todo o país".
"Repudiamos veementemente as campanhas de
desinformação para confundir a população", diz a nota na rede.
Segundo o governo, "a campanha de
desinformação em curso partiu de uma Resolução do Conselho Nacional dos
Direitos das Pessoas LGBTQIA+, órgão autônomo em suas decisões, sobre a qual
nem o Ministro dos Direitos Humanos nem o Presidente da República tiveram
participação ou influência na sua produção".
"Tal resolução sequer trata da obrigatoriedade
de banheiros Unissex em escolas do país. O ministro dos Direitos Humanos já
acionou a Advocacia Geral da União para apurar a propagação da desinformação, e
os divulgadores serão responsabilizados de acordo com a lei", diz o texto.
A Secom ainda afirma que a fake news são propagadas
"contra pessoas trans e toda a comunidade LGBTQIA+, tentando justificar
que todo o ódio e preconceito são válidos, desde que praticados em defesa das
crianças".
"Este é um argumento sórdido de pessoas que
não têm coragem de defender em aberto suas bandeiras reacionárias e
preconceituosas. A defesa das crianças não pode ser feita em abstrato, e nem
deve ser usada como desculpa para a propagação do ódio e ataques a direitos
humanos de minorias", diz o texto.
"A
fake news do banheiro unissex mostra que oposição não consegue debater os
grandes temas do País", diz Paulo Pimenta
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação
Social, Paulo Pimenta, repercutiu a ação do ministro dos Direitos Humanos e da
Cidadania, Silvio Almeida, que irá enquadrar os deputados Felipe Barros,
Nikolas Ferreira, além do senador e ex- juiz suspeito Sergio Moro e o
ex-deputado Arthur do Val na Advocacia Geral da União (AGU), por propagação de
notícias mentirosas ligadas ao governo sobre a criação de banheiros unissex nas
escolas.
“O grande desafio hoje é encontrar um equilíbrio
entre a liberdade de expressão e a integridade da informação. No G20, vamos
defender que o Brasil lidere um grande esforço internacional pela integridade
da informação e da democracia”, iniciou.
“Há determinados temas que indicam desespero da
oposição. É o caso do banheiro unissex, que envolveu até o ex-juiz Sergio Moro.
Isso mostra que a oposição tem grande dificuldade para discutir grandes temas”.
Deputado
bolsonarista minimiza estupro de menores
Repercute nas redes sociais um vídeo no qual o
deputado federal Abilio Brunini (PL-MT), aliado de Jair Bolsonaro, minimiza e
relativiza o crime de estupro de vulnerável durante sua participação no podcast
“Tudo Menos Política” em outubro de 2022.
Em suas declarações, o extremista disse o seguinte:
“Quantas mães já não tiveram um filho aos 13 anos e hoje são adultos
responsáveis, tocando suas vidas?”
Ainda nas redes sociais, o bolsonarista enfrentou
críticas de internautas que expressaram seu descontentamento com suas
declarações: “Isso é o que os conservadores brasileiros defendem, lamentável!”;
“Defender Deus, pátria e família, mesmo que isso envolva pedofilia?”.
Alunos
acusados de “punhetaço” voltam às aulas após decisão da Justiça. Isso eles
aplaudem
Alunos de medicina da Universidade Santo Amaro
(Unisa) que haviam sido expulsos acusados de mostrar o pênis durante jogo de
vôlei feminino em abril deste ano, em São Carlos, retomaram as aulas nesta
segunda-feira (27/9), após decisão da Justiça Federal.
Pelo menos 10 estudantes expulsos apresentaram
recursos pedindo que seus casos fossem revertidos. A Unisa disse que ia rever
as expulsões, para avaliar se havia cometido algum erro.
Antes disso, a juíza Denise Aparecida Avelar, 6ª
Vara Federal de São Paulo, emitiu uma liminar determinando a reintegração dos
alunos. A magistrada afirmou que eles não tiveram direito ao contraditório e à
ampla defesa.
O advogado Marco Aurélio de Carvalho disse que a
Unisa decidiu não recorrer da decisão.
Além da reintegração dos alunos, a juíza determinou
que a Unisa instaure um procedimento disciplinar para apurar o envolvimento de
estudantes no episódio.
Segundo a magistrada, “não cabe à Instituição de
Ensino Superior, sob a alegação de fato público e notório, proceder à expulsão”
dos estudantes, “especialmente porque expressamente declara que os alunos
possuíam os rostos e corpos pintados de preto para dificultar a identificação”.
• Investigação
policial
A Polícia Civil de São Paulo trabalha para
identificar os estudantes envolvidos no episódio. Segundo o delegado João
Fernando Baptista, da Delegacia de Investigações Criminais de São Carlos, ao
menos 15 estudantes foram identificados. Eles estão sendo intimados e devem ser
ouvidos nos próximos dias.
“Ainda não temos previsão para as oitivas. Em
virtude da distância da capital, estamos encontrando dificuldades de intimar
todos os estudantes”, diz ele.
Professora
é demitida após ensinar linguagem neutra em sala de aula
O Colégio Salvatoriano Imaculada Conceição, uma
instituição de ensino católica em Santa Catarina, demitiu uma professora de
língua portuguesa, que ministrava aulas para turmas de 6º e 7º ano do ensino
fundamental, após um estudante gravá-la em sala de aula ensinando linguagem
neutra aos alunos.
Veja:
No vídeo, a educadora explicava o uso de termos
como “todes” e argumentava sobre a importância de considerar a perspectiva de
pessoas não binárias que se sentem ofendidas ao serem chamadas de “todos”.
“Se você
fosse uma pessoa não binária, uma pessoa que é homossexual, e se sentisse
ofendida com o ‘todos’, porque o ‘todos’ não abrange o seu tipo de gênero.
Então você teria que engolir o ‘todos’. A gente tem que entender pela ótica de
uma pessoa que não é heterossexual”, diz a professora na gravação.
• Professora
e a “agenda antinatural”
A denúncia foi feita pelo deputado estadual Jessé
Lopes (PL-SC). Ele alega que a escola e a professora estariam seguindo uma
“agenda antinatural” e política ao ensinarem linguagem neutra. O deputado
argumenta que a inclusão já está implicitamente presente na língua, uma vez que
o gênero masculino é utilizado como genérico.
Diante da repercussão do vídeo, a instituição
decidiu desligar a docente.
Influenciador
que Lula fez subir rampa consigo o ataca
Influenciador digital que subiu a rampa ao lado do
Lula (PT) no dia da posse, Ivan Baron usou as redes sociais nesta quarta-feira
para criticar uma fala do presidente que foi considerada capacitista.
Referência na luta contra o preconceito aos deficientes, Baron afirmou que o
petista reproduziu um pensamento “desnecessário” ao vincular beleza ao não uso
de andador e muletas.
“E essa fala desnecessária que o Presidente Lula
reproduziu? É nítido que ele não falou por mal, mas ao mesmo tempo não podemos
deixar esse erro Capacitista passar despercebido”, escreveu no Twitter (antigo
X).
Em sua live semanal, o “Conversa com o Presidente”,
Lula fez um comentário que rendeu críticas. Na transmissão, o petista comentava
o período pós-operatório que terá de enfrentar após se submeter a uma cirurgia
no quadril, marcada para a próxima sexta-feira.
— Até lá vou ficar aqui em Brasília, não vou poder
pegar avião. Vou trabalhar normalmente. O (Ricardo) Stuckert (fotógrafo do
presidente) não quer que eu ande de andador. Ele já falou: “Não vou filmar você
de andador”. Então significa que vocês não vão me ver de andador ou de muleta.
Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado.
O influenciador Ivan Baron afirmou que o pensamento
reproduzido por Lula também já fez parte de sua realidade: “Durante grande
parte da minha vida eu não quis usar muleta ou andador após crescer vendo as
pessoas associarem esse tipo de tecnologia assistiva como algo feio e que
explicitaria a minha deficiência. A vergonha era grande. Só na fase adulta eu
puder perceber o tempo perdido”, disse.
O potiguar continuou: “Ressignifiquei todo o
sentido de usar a bengala, até mesmo como um símbolo de empoderamento, para que
outras pessoas com deficiência não tivessem essa vergonha”, afirmou.
Para ele, associar a tecnologia assistiva à falta
de beleza é problemático e reforça o capacitismo. Por fim, o influenciador
desejou uma boa recuperação a Lula e se ofereceu para dar dicas de pose com
muletas para que o presidente pudesse fazer um ensaio de fotos.
Fonte: Fórum/O Cafezinho/Metrópoles/O Globo
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