quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Em plena era da IA, Bolsonarista propõe PL que determina voto impresso e contagem pública nas eleições

O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) protocolou nesta segunda-feira, 25, um projeto de lei que implementa o voto impresso e a contagem pública nas eleições, referendos e plebiscitos brasileiros. O parlamentar defende que cada voto seja "lido cuidadosamente em voz alta" em cada local de votação no momento da apuração. Os temas foram amplamente defendidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no qual Pollon é aliado.

A proposta do deputado defende o fim da apuração eletrônica dos votos e impressão de um comprovante que deverá ser conferido pelo eleitor e armazenada em uma caixa ao lado da urna de votação. Depois, cada urna deveria ser lacrada e assinada pelos representantes partidários, do Ministério Público Eleitoral, um cidadão voluntário e pelos presidentes das seções eleitorais.

O parlamentar propõe que os votos deverão ser lidos em voz alta em cada sessão eleitoral. No final do novo método de apuração proposto por Pollon, os papéis deverão ser guardados por um ano em uma urna lacrada, para que possam ser feitas "eventuais recontagens".

"A urna será examinada pela mesa receptora diante dos fiscais e aberta possibilitando que cada voto seja retirado individualmente do repositório e lido cuidadosamente em voz alta, e, em seguida, apresentado pelo membro da mesa ao exame visual dos fiscais com subsequente registro no boletim de urna. Não havendo qualquer dúvida, proceder-se-á à retirada do próximo voto e repetir-se-á o mesmo procedimento, sucessivamente, até o último voto", descreve o projeto do parlamentar sul-matogrossense.

Segundo o professor de direito eleitoral Alberto Rollo, da Escola Paulista de Direito (EPD), a leitura dos votos é uma prática ultrapassada que foi substituída por etapas de apuração que garantem uma confiabilidade aos resultados. "Não cabe mais voltar para trás, e sim avançar para frente. Cantar o voto não precisa mais", afirmou.

A proposta de Pollon também inclui regulamentações que já existem no sistema eleitoral, como a fiscalização do processo de votação por partidos e coligações. Atualmente, a Justiça Eleitoral permite que dois delegados de cada sigla ou federação sejam fiscais de cada mesa receptora dos votos.

Para virar uma lei, é necessário que o projeto seja analisado por comissões da Câmara dos Deputados e aprovada pela maioria dos parlamentares. Depois dessa etapa, é preciso que o projeto seja avaliado e aprovado pelo Senado Federal. Passada essa fase, o texto irá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Porém, caso se torne uma lei, há a possibilidade de que a proposta de Pollon seja derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro de 2020, a Corte declarou inconstitucional a impressão do voto eletrônico, ao considerar que esse método coloca em risco o sigilo e a liberdade do voto.

•        Deputado usa argumento que resultou na inelegibilidade de Bolsonaro

Pollon justifica que o direito de votar somente seria "efetivamente exercido" com um procedimento de contagem pública de votos que, de acordo com o parlamentar, "não apenas assegura que o processo eleitoral seja público, mas também oferece aos cidadãos a certeza de que seus votos são computados com precisão".

"Nesse contexto, a publicidade, a justiça e a acessibilidade do escrutínio dos votos são de importância vital para garantir que a vontade do povo seja respeitada e protegida", argumenta Pollon.

O ceticismo diante da precisão dos votos eletrônicos foi uma pauta explorada por Bolsonaro que, ao longo do seu mandato, questionou sem apresentar provas a confiabilidade do sistema de votação brasileiro. A defesa do voto impresso foi um dos temas abordados na reunião que o ex-presidente teve com embaixadores em julho de 2022, que resultou na sua inelegibilidade por oito anos, após um julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho deste ano.

De acordo com o TSE, não há registros de fraude nas eleições brasileiras desde que as urnas eletrônicas foram implantadas, em 1996. Esse sistema de votação foi criado para substituir as cédulas de papel, que tinha a sua contagem dos votos demorada e passível de erros.

 

       Câmara deve rejeitar projeto homofóbico

 

Um PL (projeto de lei) que proíbe o casamento homoafetivo deve ser votado nesta semana na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara. A proposta, que tramita na Casa há 16 anos, é apoiada pela bancada evangélica em reação ao STF e a propostas do governo Lula (PT), mas sofre forte oposição.

Parlamentares ouvidos pelo UOL avaliam que dificilmente conseguirão impedir a aprovação do projeto no colegiado, em sua maioria formado por conservadores e deputados do centrão. Só o Pastor Eurico manifestou interesse em ser relator. O deputado Fernando Rodolfo (PL-PE) Mas, na avaliação de Rodolfo, não há garantia de que o projeto seja aprovado depois da repercussão dos últimos dias.

O colegiado tem um quórum pequeno, de apenas 18 deputados, e para aprovar são necessários metade dos votos dos deputados presentes. Se passar na comissão, o projeto será analisado ainda na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, que tem maioria governista, e depois na CCJ (Comissão de Constituição de Justiça), presidida por Rui Falcão, do PT, o que deve criar alguns obstáculos para o tema avançar.

Pelo regime de tramitação, a proposta não tem necessidade de passar pelo plenário da Câmara e poderá ser encaminhada para o Senado se receber a aprovação nos dois colegiados.

 

       MPE pede investigação do deputado Pastor Isidório por falas transfóbicas

 

O Ministério Público Eleitoral encaminhou nesta segunda-feira, 25, um ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que o deputado federal Pastor Isidorio (Avante-BA) seja investigado pelo crime de violência política de gênero contra a colega de Casa Erika Hilton (PSOL-SP), devido a falas de tom transfóbico proferidas na Câmara na terça passada, 19.

“Homem nasce como homem, com ‘binga’, portanto, com ‘pinto’, com pênis, mulher nasce com sua cocota, sua ‘tcheca’, portanto sua vagina. Mesmo com as suas fantasias, homem, mesmo cortando a ‘binga’, não vai ser mulher. Mulher, tapando a cocota, se for possível, não será homem”, afirmou Isidório.

De acordo com a representação que Hilton apresentou ao MP, o deputado se referiu a ela usando o pronome masculino. A deputada é uma mulher trans e o gesto de Isidório é considerado uma grave ofensa às pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Na ocasião, a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família debatia um projeto de lei que pretende vetar o casamento homoafetivo. Hoje, ele é permitido por um entendimento jurisprudencial, consolidado pelo STF em 2011, e regulamentado administrativamente em todos os cartórios de registro civil do País. O casamento homoafetivo não está previsto na lei, mas é um consenso na jurisprudência das Cortes nacionais por causa do entendimento do STF.

A sessão teve vários embates entre parlamentares progressistas e conservadores – contrários ao casamento de pessoas do mesmo gênero. A base do governo conseguiu adiar a votação e a sessão foi encerrada devido aos conflitos entre os deputados.

O projeto em discussão resgata uma proposta apresentada em 2007 pelo então deputado Clodovil Hernandez, já falecido. Parlamentares conservadores ressuscitaram o texto, mudando o objetivo da proposta para proibir, ao invés de legalizar, o casamento entre pessoas do mesmo gênero.

Na terça passada, Isidório também usou argumentos religiosos para fundamentar a sua posição. “Deus criou naturalmente homem e mulher. Não adianta, pode botar dois homens em uma ilha, duas mulheres na próxima ilha, que você chegando lá vai encontrar a mesma coisa. Coloque-se homem e mulher numa ilha separada que, ao chegar, vai encontrar a procriação, vai encontrar a família. Então homem com homem não procria, essa é a nossa constituição (…)”, disse o parlamentar na última terça.

De acordo com o ofício enviado à PGR, ao qual o Estadão teve acesso, o foro para investigar eventuais crimes cometidos por parlamentares do Legislativo Federal é o Supremo, por isso a investigação foi encaminhada para a PGR. O crime de violência política de gênero tem como pena um a quatro anos de reclusão e multa.

A reportagem entrou em contato com o deputado Pastor Isidório através do seu gabinete e também por e-mail, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.

 

       Cassado, Dallagnol não pode se filiar ao Novo

 

O Partido Novo terá de alterar seu estatuto para poder filiar o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal cassado Deltan Dallagnol.

O ex-procurador já comunicou ao Podemos que deixará a legenda e se filiará ao Novo em um evento do partido marcado para o sábado (30/9).

Para efetivar a filiação de Dallagnol, o Novo precisará antes mudar o artigo 4º de seu estatuto, datado de junho de 2017, quando a sigla foi criada.

O artigo em questão prevê que só poderão ser admitidos no Novo “todo brasileiro eleitor no pleno gozo dos direitos políticos”.

Dallagnol, no entanto, não está no pleno gozo dos direitos políticos. O ex-procurador está inelegível por oito anos após ter tido o mandato cassado, em junho.

Procurados por meio de suas assessorias, tanto a direção do Novo quanto o ex-procurador da Lava Jato não se pronunciaram.

 

       Justiça condena pastor que associou símbolos religiosos de matriz africana a demônios

 

O Poder Judiciário de Pernambuco condenou a dois anos e meio de prisão, em primeira instância, o pastor evangélico Aijalon Heleno Berto Florêncio pelo crime de discrimação por religiosa. A decisão é da Vara Criminal da Comarca de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

De acordo com a decisão da juíza Ana Cecília Toscano Vieira Pinto, o religioso foi condenado por praticar discurso de ódio contra religiões de matriz africanas. Ele também deverá pagar R$ 100 mil de multa. A condenação saiu este mês e foi divulgada no site Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).  O pastor ainda pode recorrer ao próprio TJPE.

O crime aconteceu em 2021. Na época, o pastor Aijalon usou as redes sociais para publicar um vídeo com ataques discriminatórios a um painel grafitado no Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife.

O painel estampava símbolos de religiões de matriz africana. Na época, o pastor afirmou: “Há uma esperança para vocês. É se arrepender, abandonar as entidades que vocês reverenciam que não são forças da natureza, são demônios…”. Segundo a decisão da justiça, o pastor  cometeu “discurso de ódio contra as pessoas de religião de matriz africana, praticando e incitando terceiros à discriminação, conduta que se enquadra no tipo penal previsto no art. 20 da Lei nº 7.716/89”.

De acordo com a sentença, a multa arbitrada é referente a danos morais coletivos. Quando ele pagar, o dinheiro será usado para a produção e divulgação de vídeo educativo para o enfrentamento da intolerância contra as religiões afro-brasileiras, por meio de projeto a ser selecionado pelo Conselho Estadual da Promoção de Igualdade Racial de Pernambuco (Coepir) ou pela Comissão Deliberativa da Funcultura ou Fundarpe.

Ainda segundo a decisão da magistrada, as provas documentais e testemunhais foram suficientes para condenar o réu pelos crimes de discriminação proferidos pelo mesmo à época do delito. “Uma agressão calcada no ódio e no preconceito que viola gravemente os direitos fundamentais”, diz um trecho da decisão judicial.

•        O que diz o pastor

Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o pastor Aijalon Berto disse que discorda totalmente da decisão que o condenou e, que, se diz vítima de perseguição por expressar seus valores cristãos. “Obviamente, discordamos da ação da Justiça. O que foi falado é que extrapolei a minha liberdade de expressão religiosa, mas tudo aquilo que falei está fundamentado no meu arcabouço de fé. E até o presente momento, não é crime pregar a Bíblia no Brasil. Portanto, fiquei espantado com a decisão, pois a liberdade de expressão não se restringe somente à minha fé, e sim se estende para as demais religiões no país”, comentou o religioso.

Antes da condenação, Berto ficou por cinco meses preso preventivamente no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande. Contudo ele agora responde ao processo em liberdade. Ainda segundo ele, o seu advogado irá recorrer da sentença para provar que o mesmo está sendo vítima de perseguição política.

 “O que fica claro pra mim é uma perseguição religiosa, infelizmente, pela via jurídica. O que fiz foi usar a liberdade religiosa para consubstanciar e pregar aquilo que a Bíblia diz sobre os mais variados temas, inclusive sobre a idolatria”, enfatizou.

O Diario procurou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que por meio de nota disse que a Vara Criminal da Comarca de Igarassu acolheu os pleitos na ação penal número 0000176-80.2022.8.17.2710 e condenou um líder religioso pela prática de discriminação racial.

O órgão ainda informou que na decisão a juíza ressalta que o réu excedeu os limites da liberdade de expressão e de crença ao postar no seu perfil do Instagram, no mês de julho de 2021,cujo conteúdo viola o princípio da dignidade da pessoa humana.

 

Fonte: Agencia Estado/Metrópoles/UOL/Diário de Pernambuco

 

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