quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Economia Social: características e contexto

A economia social é um conceito de desenvolvimento social que surgiu em 1830, com a publicação de um tratado na Universidade de Lovaina, em Paris, por Charles Dunoyer.

O termo é usado para descrever as atividades empresariais impulsionadas por missões sociais e destinadas a serem economicamente viáveis. Isso inclui o trabalho de cooperativas, associações sem fins lucrativos, fundações e locais de empreendedorismo social.

·         Contexto histórico

O conceito de economia social surgiu no contexto da Revolução Industrial, com a influência do pensamento socialista do século XIX. A ideia era formar práticas de solidariedade, ajuda mútua e segurança social entre as classes trabalhadoras, dando origem a novas formas de organização, como as cooperativas — uma cooperativa é uma sociedade civil, formada por no mínimo 20 pessoas, gerida de forma democrática e participativa, com objetivos econômicos e sociais comuns.

Apesar de ser marcada por este tratado, a economia social também começou a ser gestada por conta dos ideais da Revolução Francesa e do idealista francês Louis Blanc, que incluíam liberdade, fraternidade e igualdade. Nesse período, começaram a surgir cooperativas de trabalhadores, produção de bens e serviços, que aumentavam as potencialidades do emprego e reduziam as desigualdades sociais e a exclusão social em geral.

Mas a economia social possui diferentes escolas teóricas. Entre elas, estão a socialista, social-cristã reformista, a escola liberal e a escola solidária.

·         Quais as características da Economia Social?

A conscientização dos problemas gerados pela desigualdade social, como produto da economia capitalista, tem um potencial de reorientar os mercados. Parte dos atores políticos sabe da importância de atender as necessidades sociais. Dessa forma, a economia social é um elemento legítimo no contexto do empreendedorismo ético.

Algumas previsões sugerem que o futuro capitalismo pode acomodar, talvez até mesmo exigir, à medida que a recessão se aprofunda, as energias da economia social para criar novos mercados e atender às necessidades de bem-estar, além do terceiro setor.

Um corpo de pesquisa surgiu examinando as características econômicas das empresas sociais, associações e fundações. Também foi observado como elas conseguem ou não gerenciar a interface entre o mercado e as prioridades éticas. Entretanto, pouco se sabe sobre o que é estar envolvido na economia social ou sobre quais diferenças sociais atores ganham com a experiência.

No entanto, a maior parte do pensamento acadêmico e político presume que a prática da economia social é recompensadora e empoderadora.

·         Qual a finalidade da economia social?

Uma empresa pautada nos moldes da economia social, precisa ser autônoma em relação ao Estado. Dentre outros objetivos dessa empresa, destacam-se:

  • A propriedade é institucional e não é objeto de repartição entre os participantes;
  • São organizações que não têm como principal finalidade maximizar lucros, manter relações económicas individuais, prevendo em alguns casos restrições à distribuição dos excedentes (o mais usado é a ausência de relação entre o capital e a participação nos lucros);
  • Têm gestão democrática e participativa;
  • O objetivo fundamental da organização é a manutenção do bem–estar ou do equilíbrio social.

 

Ø  Economia afetiva: o que é e o que propõe?

 

A economia afetiva, em 2008, foi descrita no livro Convergence culture: where old and new media collide, de autoria do pensador norte-americano Henry Jenkins, como “uma nova configuração da teoria do marketing, ainda um pouco à margem, mas que vem ganhando terreno na indústria da mídia. Ela busca compreender os fundamentos emocionais da tomada de decisão do consumidor como uma força motriz por trás das decisões de visualização e compra”.

Na área de marketing, é uma teoria baseada no impulso emocional para atrair as pessoas e influenciar o consumo por meio de uma conexão mais profunda e emocional entre consumidor e novos produtos.

·         Conceito

Para Jenkins, o modelo de economia afetiva enfatiza a identificação e a relação emocional que os consumidores estabelecem com suas marcas preferidas como fator decisivo nas suas decisões de compra. Em um contexto de grandes transformações no mundo dos negócios, motivadas pelas mudanças nas necessidades das pessoas e na crescente presença digital de empresas e clientes, a economia afetiva propõe o abandono dos velhos hábitos de manufatura e consumo para dar lugar a novas formas de produzir e comprar.

A economia afetiva é um conceito que integra a participação do público com a economia tradicional, buscando encontrar e entender os fundamentos emocionais dos consumidores, gerando um maior conhecimento dos públicos finais e proporcionando soluções criativas para uma vivência de compra mais completa e satisfatória. 

O funcionamento emocional das pessoas em relação às marcas aparece como elemento catalisador nas decisões de audiência e compra. Portanto, merece papel de destaque dentro da sociedade de consumo atual.

·         Cenário brasileiro

No Brasil, o conceito tomou rumos um pouco diferentes em 2014, quando o comunicólogo Jackson Araujo, diretor criativo do projeto Trama Afetiva, deu novo fôlego e significado à economia afetiva. O Trama Afetiva é uma iniciativa da Fundação Hermann Hering que reúne grandes consultores criativos do país em torno de um objetivo comum: repensar o consumo e questionar os padrões econômicos vigentes, utilizando arte, design e moda como ferramentas de transformação social.

O modelo de produção e consumo defendido pela Trama se volta para a geração de valor e para a responsabilidade socioambiental em toda a cadeia produtiva, propondo um diálogo entre empreendedores, sociedade, trabalhadores e setor público, em sintonia com o bem-estar social, o respeito aos direitos humanos e a saúde do meio ambiente. Na indústria da moda, por exemplo, a economia afetiva está diretamente ligada aos impactos ambientais da produção e da comercialização de roupas.

·         Meio ambiente e moda

O relatório A new textiles economy: Redesigning fashion’s future, lançado em 2017 pela Ellen MacArthur Foundation, com o apoio da estilista Stella McCartney, revela que, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecido é queimado ou descartado em aterros sanitários. Segundo a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), a indústria têxtil é uma das quatro que mais consomem recursos naturais e uma das mais poluentes do mundo.

Por isso, faz parte dos propósitos da economia afetiva buscar soluções cada vez mais criativas e sustentáveis para conciliar produção, economia, consumo e preservação ambiental. Pautas como consumo consciente de roupaseconomia circular e upcycling, para citar somente algumas, estão conquistando espaço no dia a dia das pessoas, levando-as a questionar o ciclo de produção daquilo que consomem e seus impactos no meio ambiente.

Diante disso, a economia afetiva surge como um convite às pessoas e às marcas para repensar hábitos de consumo e de descarte dos produtos, aderindo a iniciativas criativas e ecológicas como o upcycling e a economia criativa. Ainda dentro do campo da moda, o movimento slow fashion tem se popularizado com o incentivo à valorização de guarda-roupas reduzido, composto por poucas peças atemporais, que podem ser usadas por muito anos e que ajudam a evitar o descarte sistemático de roupas.

Na produção, a economia afetiva propõe economia de recursos, com utilização de luz e ventilação natural nas empresas, e reuso de água em processos industriais. A tecnologia também pode ser uma grande aliada nesse caminho, aliando qualidade, redução de impactos e reciclagem de tecidos. Em última análise, a economia afetiva pode ser o primeiro passo para desenvolver modelos de negócios e cadeias produtivas mais justas para empreendedores, público e planeta, priorizando o afeto pelas pessoas, pelos recursos naturais e pela natureza.

 

Fonte: eCycle

 

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