sábado, 12 de outubro de 2024

Rússia diz na ONU que conflito em Gaza continua devido à obstinação de Israel e EUA

O conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza continua há mais de um ano diante da obstinação de Israel e seu principal fiador, os Estados Unidos, declarou nesta quarta-feira (9) o embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya.

"Quase 42 mil mortos, a maioria mulheres e crianças. O número de feridos e desaparecidos se aproxima de 100 mil, 2 milhões de deslocados internos. Esse é o resultado da obstinação dos líderes israelenses e do patrocínio por parte dos aliados americanos de Jerusalém Ocidental, que não permitem que o Conselho de Segurança interrompa esse ciclo vicioso de violência", destacou o diplomata russo durante a cúpula do principal órgão da ONU.

Nebenzya acrescentou que a tragédia de 7 de outubro de 2023 tem sido usada ao longo de um ano "para infligir uma punição coletiva maciça e impiedosa aos palestinos".

Além disso, a autoridade russa observou que a população da Faixa de Gaza enfrenta uma catástrofe humanitária sem precedentes "desde a Segunda Guerra Mundial".

Em 7 de outubro de 2023, um ataque coordenado pelo Hamas contra mais de 20 comunidades israelenses resultou em aproximadamente 1.200 mortos, cerca de 5.500 feridos e a captura de 253 reféns, dos quais 100 foram posteriormente liberados em trocas de prisioneiros.

Em represália, Israel declarou guerra ao Hamas e iniciou uma série de bombardeios sobre Gaza.

A Rússia e outros países instam Israel e o Hamas a concordar com um cessar-fogo e defendem uma solução de dois Estados, aprovada pela ONU em 1947, como única via possível para alcançar a paz duradoura na região.

<><> Lobby israelense nos EUA

O economista norte-americano e acadêmico da Universidade de Columbia, Jeffrey Sachs, analisou à Sputnik que a forma de resolver a crise no Oriente Médio é óbvia, mas segue sendo bloqueada pelo poderoso lobby israelense nos EUA.

De acordo com Sachs, a paz no Oriente Médio será possível se os EUA pararem de bloquear a adesão palestina à ONU e começarem a trabalhar com outros membros permanentes do Conselho de Segurança, incluindo a Rússia, para implementar uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.

Nesta semana, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, criticou duramente os governos dos Estados Unidos e da Europa por apoiarem o "selvagem regime sionista" que, segundo ele, "não sente escrúpulos em massacrar pessoas".

<><> Acadêmico dos EUA aponta quem está bloqueando a resolução do conflito no Oriente Médio

A forma de resolver a crise no Oriente Médio é óbvia, mas segue sendo bloqueada pelo poderoso lobby israelense nos EUA, disse à Sputnik o economista norte-americano e acadêmico da Universidade de Columbia Jeffrey Sachs.

"Esta solução é bastante óbvia, mas a vontade política tem sido bloqueada até agora pelo poderoso lobby israelense", disse ele à agência.

De acordo com Sachs, a paz no Oriente Médio será possível se os EUA pararem de bloquear a adesão palestina à ONU e começarem a trabalhar com outros membros permanentes do Conselho de Segurança, incluindo a Rússia, para implementar uma solução de dois Estados para o conflito palestino-israelense.

Ele também admitiu a possibilidade de uma missão de paz da ONU e de outras ações destinadas a garantir a segurança de Israel e da Palestina.

Nesta semana, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, criticou duramente os governos dos Estados Unidos e da Europa por apoiarem o "selvagem regime sionista", que, segundo ele, "não sente escrúpulos em massacrar pessoas".

¨      Israel adverte Irã para ataque 'mortal, preciso e inesperado'

A resposta de Israel ao ataque de mísseis iraniano no início do mês será tão mortal e inesperada que os iranianos nem 'saberão o que e como aconteceu', disse o ministro da Defesa do país hebreu, Yoav Gallant.

O ataque massivo de mísseis de Teerã atingiu Israel em 1º de outubro e teria sido uma represália pelos assassinatos dos chefes do movimento palestino Hamas e do movimento xiita libanês Hezbollah, bem como de um general do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).

"O ataque iraniano foi agressivo, mas impreciso", disse Gallant na quarta-feira (9).

"Ao contrário, nosso ataque será mortal, preciso e mais importante, inesperado – eles não saberão o que aconteceu ou como aconteceu. Eles vão apenas ver os resultados."

Gallant estava falando com a unidade de Inteligência 9900 das Forças de Defesa de Israel (FDI), encarregada da coleta e análise de inteligência visual. Ele destacou o trabalho deles para a "supremacia aérea" de Israel e a capacidade de enxergar "muito precisamente e em todos os lugares que queremos", de acordo com o Jerusalem Post.

As FDI prometeram uma resposta "séria e significativa", embora Teerã tenha advertido tanto Israel quanto os EUA que não mais exerceria "autocontrole unilateral" e, em vez disso, atacaria mais forte ainda.

Na noite de 1º de outubro, o Irã lançou dezenas de mísseis contra o território de Israel, que, segundo os meios iranianos, atingiram vários alvos militares e de segurança. De acordo com o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, o ataque foi uma resposta legítima às ações israelenses, "em prol da paz e da segurança do Irã e da região".

¨      Que consequências poderia Israel enfrentar se ele decidir atingir os locais nucleares do Irã?

Os falcões da guerra em Israel não descartam a possibilidade de lançar um ataque às instalações nucleares do Irã em resposta ao ataque massivo de mísseis de Teerã, segundo afirmou o ministro da Defesa israelense Yoav Gallant, dizendo que "tudo está em cima da mesa".

Israel prometeu retaliação pelo ataque de mísseis iraniano que ocorreu no dia 1º de outubro, com o premiê israelense afirmando que Teerã "pagaria por isso". A declaração desencadeou especulações sobre a escala da resposta de Israel e suas opções.

"No caso de um ataque [israelense] contra [instalações nucleares iranianas], seria, antes de tudo, um desastre para Israel e seus aliados [...]. Eu diria que, em geral, seria uma grande guerra no Oriente Médio [...]. E quando os EUA se afastarem de tudo isso, será um grande problema, que ameaçará a destruição do próprio Israel", disse à Sputnik Yevgeny Mikhailov, observador militar russo e analista político.

O efeito dos explosivos em materiais nucleares armazenados nas instalações do Irã, que provavelmente possuem urânio de baixo teor de enriquecimento, representaria um enorme risco para a saúde pública além das fronteiras do país.

<><> Que outras questões impedem Israel de realizar os ataques?

As munições das Forças de Defesa de Israel (FDI) usadas para atingir os túneis do Hezbollah e do Hamas seriam ineficazes contra as instalações nucleares altamente reforçadas do Irã.

"A única arma convencional que poderia plausivelmente conseguir isso é a bomba antibunker GBU-57A/B, que só pode ser transportada por grandes bombardeiros americanos como o B-2 Spirit", aponta um relatório analítico publicado no Boletim dos Cientistas Atômicos. Desta forma os caças-bombardeiros F-15, F-16 e F-35 de Israel não seriam capazes de transportá-la.

Israel precisaria usar cerca de 100 aeronaves para tal operação (que é quase um terço de suas 340 aeronaves com capacidade de combate), de acordo com um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA (CRS).

Alcançar os locais nucleares do Irã envolveria voar sobre o espaço aéreo soberano da Arábia Saudita, Jordânia, Iraque, Síria e possivelmente da Turquia, colocando obstáculos diplomáticos. A distância até os locais iranianos em questão é de mais de 1.609 km, exigindo um complexo reabastecimento no ar.

¨      Papel dos EUA não muda mesmo proibindo Ucrânia de atacar território russo fora da zona de conflito

A avaliação da Rússia do papel que os EUA desempenham no conflito ucraniano, favorecendo os planos mais destrutivos de Kiev, não mudou após as declarações do Pentágono de que as restrições ao uso de armas dos EUA para ataques no interior do território russo permanecem em vigor para Kiev, disse o vice-ministro da chancelaria russa, Sergei Ryabkov.

Quarta (9), o Pentágono declarou que os EUA não suspendem as restrições de ataques de longo alcance do Exército ucraniano com mísseis ocidentais aos territórios da Rússia que se encontram distantes da zona de conflito, dada a ameaça de escalada.

"Já tem sido repetidamente afirmado que a política de Washington, do ponto de vista do favorecimento dos mais destrutivos, graves projetos e fantasias de Kiev, está em grande parte no centro daquela crise, mas aguda, repleta de riscos elevados e do perigo de cair em um conflito abrangente entre a Rússia e o Ocidente histórico. Consequentemente, os relatórios de ontem não alteram nada na nossa avaliação", disse Ryabkov em resposta a um pedido para comentar as declarações do Pentágono.

"Não precisamos de certos sinais, mas de provas reais de que existe uma compreensão da falta de perspectivas do curso de apoio incondicional ao regime de Kiev e os riscos que se agravam em condições em que este rumo não é revisto", acrescentou o vice-ministro da chancelaria russa.

Moscou advertiu reiteradamente que a OTAN está "brincando com fogo" ao fornecer armas para a Ucrânia, e que os trens com equipamentos militares estrangeiros seriam um "alvo legítimo" para seu Exército assim que cruzassem a fronteira. Segundo o Kremlin, a política ocidental não contribui para as negociações entre Rússia e Ucrânia e tem um efeito muito negativo.

¨      Londres dificilmente autorizará Kiev a atacar Rússia com mísseis sem aprovação dos EUA, diz analista

É pouco provável que o atual líder ucraniano Vladimir Zelensky receba permissão oficial de Londres para lançar ataques com mísseis britânicos contra o território russo em sua próxima reunião com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

A razão é que Londres não pode dispor de suas armas com componentes norte-americanos sem a aprovação de Washington.

A opinião foi expressa à Sputnik pelo professor da Escola Superior de Economia russa Maksim Bratersky.

Recentemente, o jornal The Telegraph informou que Zelensky, após o cancelamento da reunião com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi a Londres para se reunir, quinta-feira (10), com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o novo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, além de reuniões com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz.

"Pode o ministro britânico anunciar algo sem consultar Washington? Em minha opinião, não. Ele não pode. [...] Tenho a sensação de que Biden decidiu claramente não balançar o barco antes dessas eleições [dos EUA] e não vai decidir nada ainda. Depois de novembro, qualquer coisa pode acontecer", disse Bratersky.

Ele disse que os mísseis formalmente produzidos no Reino Unido contêm, na verdade, componentes produzidos nos Estados Unidos, especialmente eletrônicos.

"Como há um interesse norte-americano, esses produtos não podem ser usados sem o consentimento dos EUA", enfatizou.

Anteriormente, Biden decidiu adiar suas visitas à Alemanha e Angola.

Na primeira, Biden devia participar de uma cúpula dos aliados da Ucrânia sobre o apoio militar a Kiev. Por causa disso, toda a cúpula foi adiada e Zelensky, segundo a mídia europeia, começou a viajar separadamente por países aliados europeus.

 

¨      “Vira-Latas” em Riga. Por Marcelo Zero

O famoso escritor de novelas policiais sueco Henning Mankell tem uma obra, bastante conhecida, intitulada “Cães de Riga”.

Lembrei-me da obra porque agora, em 24 de outubro, a Letônia, país báltico, sediará, em Riga, sua capital, a 3ª Cúpula Parlamentar da Plataforma Internacional da Crimeia. A Cúpula é organizada em estreita coordenação com a Verkhovna Rada da Ucrânia, o parlamento desse país.

Segundo o site do evento, “a fim de conscientizar e apoiar a comunidade internacional para a soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente, a Terceira Cúpula Parlamentar da Plataforma Internacional da Crimeia ocorrerá em Riga em 24 de outubro, reunindo delegações de todo o mundo na capital da Letônia. A Cúpula visa destacar o impacto global da agressão da Rússia e continuar a lançar luz no nível internacional sobre os crimes cometidos pelo agressor.”

Obviamente, Zelensky insiste na tese de que a Crimeia foi tomada ilegalmente da Ucrânia pela Rússia e deseja reintegrá-la ao controle de Kiev. Para ele, a Crimeia sempre fez parte da Ucrânia. 

Contudo, a análise histórica mostra um quadro distinto. 

Na realidade, a Crimeia é, há séculos, território russo, habitado majoritariamente por russófonos. A incorporação da Crimeia ao Império Russo deu-se no longínquo ano de 1783, ainda nos tempos de Catarina, a Grande, quando as forças russas derrotaram as forças otomanas na batalha de Kozludzha.

Estratégica para o controle do Mar Negro, a Crimeia sempre despertou a cobiça de potências ocidentais, o que foi um dos fatores para a famosa guerra homônima.

Mas o fato é que a Crimeia é historicamente russa.

A sua transferência administrativa para a então República Soviética da Ucrânia, em 1954, deu-se por motivos políticos um tanto artificiais. Frise-se que, na época, a população da Crimeia já era composta por 75% de russos.

A transferência deu-se por uma decisão de Kruschev, que, objetivando consolidar-se no poder após a morte de Stálin, buscou atrair o apoio de Oleksiy Kyrychenko, que havia se tornado primeiro-secretário do Partido Comunista na Ucrânia.

Essa transferência administrativa, entretanto, não mudou o fato de que a Crimeia permaneceu um território habitado majoritariamente por russos.

Com a dissolução da União Soviética e a independência da Ucrânia, a Crimeia passou a ser considerada território ucraniano, sem perder, no entanto, a sua identidade cultural e demográfica russa. A mesma observação pode ser feita em relação à região do Donbas, acrescente-se.

Enquanto as relações entre Rússia e Ucrânia eram cordiais, houve um equilíbrio entre essas regiões de russos étnicos e o governo central de Kiev.

No entanto, com o golpe contra Yanukovich e o surgimento de governos russofóbicos na Ucrânia, esse equilíbrio rompeu-se e a Crimeia, por meio de plebiscito, incorporou-se de novo à Rússia.

Alguns, evidentemente, contestam a legitimidade desse plebiscito, mas o fato é que a reincorporação à Rússia foi aprovada por mais de 80% da população da Crimeia. Caso se fizesse um novo plebiscito, sob supervisão internacional, é extremamente provável que o resultado fosse o mesmo. 

Também é fato que a Rússia não vai renunciar à Crimeia, um território estratégico, unido ao resto do território russo por uma ponte. 

Portanto, essa reivindicação do governo Zelensky não é realista; e não é capaz de sustentar uma proposta de paz exequível.

Por isso mesmo, a Plataforma “Internacional” da Crimeia, ao contrário do que a propaganda afirma, não tem grande apoio internacional. 

Ela é apoiada, na prática, por apenas cerca de 40 países. Em sua maioria, são países bastante alinhados com interesses geopolíticos dos EUA e que estão empenhados no esforço bélico da Otan. A maior parte do chamado Sul Global não participa da iniciativa. 

Em suma, a Plataforma “Internacional” da Crimeia tem apoio majoritário de países que tem escassa ou nenhuma independência geopolítica.

O que se chama pejorativamente, no Brasil, de “vira-latas”.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Brasil 247

 

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