quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Tarifas de Trump contra BRICS será grande desafio para presidência do Brasil, diz analista

É pouco provável que as ameaças do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor "tarifas de 100%" aos países do BRICS se concretizem, mas a questão será um desafio para a presidência do Brasil no BRICS em 2025, disse a professora de relações internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Ana Garcia.

Anteriormente, Trump ameaçou os países do BRICS de impor "taxas de 100%" sobre seus produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao dólar norte-americano.

Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.

"[A ameaça de Trump] vai ser, sem dúvida, um ponto de tensão, mas as iniciativas de uso de moedas locais ainda são muito limitadas, de modo que a ameaça está mais no campo do discurso do que de uma possibilidade real", disse Garcia, a pesquisadora do BRICS Policy Center.

Em sua opinião, a intenção de Trump é provocar polêmica, mas a imposição de tarifas não vai ser implementada no curto ou médio prazo, pois a desdolarização do BRICS está longe de ser concretizada.

De qualquer forma, observou Garcia, a questão será um claro desafio à presidência do Brasil no BRICS.

De outro lado, há uma possibilidade de os EUA desencadearem medidas contra o BRICS e aqueles que têm laços com a Rússia e a China assim que Trump assumir a presidência, acredita o presidente do Colégio de Economistas da cidade de Tarija, a Bolívia, Fernando Romero.

"Há uma luta geopolítica entre os países do BRICS e o modelo neoliberal-capitalista, principalmente com os EUA. Portanto, acho que haverá uma luta muito grande quando Trump assumir o cargo, mas ela será contra os países que têm uma linha ou são membros ou simpatizantes da China e da Rússia", destacou o economista boliviano.

Contudo, Romero aconselha a esperar, não tomar medidas drásticas, porque é possível trabalhar com os Estados Unidos.

<><> BRICS em 2024

O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai passar para o Brasil.

O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

A 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, com a participação de representantes de 36 países e seis organizações internacionais, foi realizada de 22 a 24 de outubro deste ano.

O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, pois o presidente Lula da Silva teve que cancelar sua viagem um dia antes devido a um acidente doméstico.

A cúpula foi o evento final da presidência russa da associação, e foi realizada sob o lema de fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global equitativo e a segurança.

•                        Brasil e empresa russa negociam parceria para produção de reatores nucleares

Para expandir a cadeia de energia nuclear no Brasil, o Ministério de Minas e Energia recebeu, nesta segunda-feira (2), a maior empresa nuclear da Rússia, a Rosatom, para o desenvolvimento da parceria.

A elaboração de uma política para a mineração do urânio e produção de pequenos reatores nucleares estão entre as prioridades da pasta.

Em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o Brasil tem potencial para alcançar a terceira maior reserva de urânio no mundo e que a expertise russa no tema pode ajudar no conhecimento do potencial mineral brasileiro.

"Os pequenos reatores nucleares podem reduzir o custo com transmissão de energia elétrica e aumentar a segurança do atendimento em regiões com sistemas isolados. Para isso, é preciso acelerar a cadeia de mineração de urânio, desde a pesquisa, lavra e concentração, até o desenvolvimento da cadeia energética com a produção de combustível nuclear", explicou Silveira.

Durante a reunião com a Rosatom, foi construído um cronograma de trabalho junto à empresa. A expectativa é de que, até o final de 2025, o grupo de trabalho chegue a um acordo final para a cooperação na área nuclear.

"Contamos com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre as empresas brasileiras e russas. Que nosso objetivo conjunto gere crescimento tecnológico robusto e seguro", disse o ministro.

De acordo com a delegação do país europeu, há potencial de 1,1 Gigawatt (GW) de geração nuclear no Brasil até 2035, sendo 0,6 GW na modalidade onshore, com 12 reatores, e 0,5 GW offshore, com dez reatores.

Atualmente, o Brasil possui a sétima maior reserva de urânio no mundo, apesar de conhecer apenas 26% do seu subsolo, de acordo com Silveira:

"Estamos dando início ao novo processo de estruturação da energia nuclear brasileira, uma energia firme e com baixo impacto ambiental. O presidente Lula está liderando, com firmeza, o renascimento da energia limpa no Brasil. A política pública de urânio do Brasil fará o mesmo com a energia nuclear, de forma responsável, segura, sustentável e benéfica para o povo brasileiro."

Em novembro, a estatal russa firmou com a empresa brasileira Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) um acordo de confidencialidade para explorar soluções para a geração de energia offshore usando tecnologias nucleares.

Haveria ainda a possibilidade de financiamento por parte da Rosatom, segundo fontes da Sputnik na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN).

Além da Rússia, o governo brasileiro está tendo conversas sobre a energia nuclear com os Estados Unidos, a Austrália e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Atualmente existem cerca de 60 reatores nucleares em construção no mundo, além de vários em planejamento. Além disso, na COP28, em Dubai, 22 países se comprometeram a triplicar a geração nuclear até 2050.

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que detêm o monopólio da exploração de urânio no país, iniciaram a exploração de urânio em dezembro de 2020 na Mina do Engenho, na Bahia.

Em Santa Quitéria, Minas Gerais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda precisa autorizar a exploração da maior reserva de urânio do país. De acordo com o governo, o projeto tem potencial estimado de produção de 2 mil toneladas de urânio por ano.

<><> EUA vão impor mais sanções à Rússia antes que Biden deixe o cargo, diz Casa Branca

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou nesta noite de segunda-feira (2) que os EUA vão impor mais sanções à Rússia antes que o atual presidente, Joe Biden, deixe o cargo.

"Para interromper a máquina de guerra da Rússia, os Estados Unidos implementaram grandes sanções contra o setor financeiro da Rússia, com mais sanções a seguir", disse.

A fala de Sullivan acontece em meio à transição de governo nos EUA. Em 20 de janeiro de 2025, o recém-eleito e ex-presidente Donald Trump iniciará seu segundo mandato à frente do país.

Em discursos durante a campanha, Trump afirmou que encontrará uma solução para o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Analistas apontam que provavelmente Kiev terá de realizar concessões às demandas russas, que incluem a manutenção do estatuto neutro e não nuclear da Ucrânia, o reconhecimento das regiões de Kherson, Zaporozhie, Lugansk e Donetsk como parte da Rússia e o fim das sanções ao país.

Sullivan também afirmou que os EUA entregarão "centenas de milhares de cartuchos de artilharia adicionais, milhares de foguetes adicionais e outras armas" à Ucrânia, de modo a "colocar as forças ucranianas na posição mais forte possível antes que o presidente dos EUA, Joe Biden, deixe o cargo".

"Entre agora e meados de janeiro, entregaremos centenas de milhares de projéteis de artilharia adicionais, milhares de foguetes adicionais e outras capacidades críticas para ajudar a Ucrânia a defender sua liberdade e independência", disse ele.

Mais cedo, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou um novo pacote de assistência militar à Ucrânia no valor de US$ 725 milhões (R$ 4,4 bilhões).

Anteriormente, o Kremlin afirmou que o fornecimento de armas e equipamentos à Ucrânia por parte dos EUA e seus parceiros na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) atrasa a resolução do conflito. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, cargas contendo armamentos enviados a Kiev serão consideradas alvos legítimos pelas Forças Armadas da Rússia.

•                        China seguirá cooperando com países do BRICS, apesar das ameaças de Trump

A China seguirá fortalecendo a cooperação dentro da estrutura do BRICS, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, comentando as ameaças do presidente eleito dos EUA Donald Trump de impor tarifas a todos os países-membros do bloco.

Anteriormente, Trump ameaçou os países do BRICS de impor "tarifas de 100%" sobre seus produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao dólar norte-americano.

Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.

"A China está disposta a seguir trabalhando com os parceiros do BRICS para aprofundar a cooperação comercial em vários campos e dar maiores contribuições para o crescimento sustentável e estável da economia global", disse Jian.

Ele enfatizou que os países da associação defendem a abertura, a inclusão, a cooperação mutuamente vantajosa e não se envolvem em confrontos de blocos.

<><> Em discurso nada diplomático, Annalena Baerbock diz que Pequim 'contraria Europa' ao apoiar Rússia

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, chegou à China para discussões com seu colega, Wang Yi, em 2 e 3 de dezembro, usando tudo, menos as ferramentas da diplomacia.

Durante sua viagem aos EUA em setembro de 2023, a principal diplomata alemã reafirmou a intenção de Berlim de apoiar Kiev "pelo tempo que for preciso". Além disso, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, gerou polêmica ao chamar o presidente chinês Xi Jinping de "ditador" durante uma entrevista na ocasião.

Desta vez, Baerbock mergulhou em um discurso de acusações, alegando que a Rússia estava "destruindo nossa ordem de paz europeia" e que "aumentar o apoio chinês" à Rússia "tem impacto em nossas relações", de acordo com comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.

"A China está indo contra nossos principais interesses europeus ao fornecer ajuda econômica e militar à Rússia", disse Baerbock, e "isso não é do interesse da China", ela argumentou.

A principal diplomata da Alemanha, que não escondeu a declaração de que os países europeus estavam travando uma guerra contra a Rússia em 2023, pedindo que mais armas fossem enviadas à Ucrânia, agora alegou que estava na China para defender "um processo de paz justo".

Ao terminar seu discurso sobre a guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia, a segurança entrou em ação e escoltou membros da mídia alemã para fora da sala, relatou o Handelsblatt. Também não houve nenhuma declaração conjunta à imprensa com sua contraparte desta vez.

Usando um tom completamente diferente, Wang Yi respondeu dizendo que a China e a Alemanha deveriam "superar a interferência, remover obstáculos [...] e abandonar a velha mentalidade de guerra fria e confronto".

Pequim condenou consistentemente as sanções ocidentais contra a Rússia, pedindo o fim dessas medidas ilegais. Enfatizou que seu comércio com a Rússia é conduzido de forma transparente e é "consistente com as regras da Organização Mundial do Comércio [OMC] e os princípios de mercado".

O presidente russo Vladimir Putin descreveu a relação baseada na confiança entre a Rússia e a China como um dos principais fatores que contribuem para a estabilidade internacional.

•                        China apela à Lituânia para que 'deixe imediatamente de prejudicar sua integridade territorial'

A China condenou nesta segunda-feira (2) a exigência da Lituânia para que parte do pessoal diplomático chinês se retirasse do país europeu, como consequência das tensões diplomáticas entre ambas as nações, originadas pelo corte de cabos submarinos, no qual estaria supostamente envolvido um navio chinês.

Pequim condenou "veementemente" a decisão da Lituânia de declarar "persona non grata" o pessoal diplomático da Embaixada da China na Lituânia e exigir que deixassem o país, informou o meio de comunicação oficial chinês, Global Times.

Segundo Pequim, a Lituânia tem agido em "grave violação" do chamado "princípio de Uma Só China" em questões relativas à ilha de Taiwan, violando o compromisso político que a nação europeia assumiu em sua relação diplomática com o país asiático.

O governo chinês afirma que isso tem causado dificuldades nas relações bilaterais:

"A China faz um apelo à Lituânia para que cesse imediatamente de prejudicar a soberania e a integridade territorial da China, e de criar dificuldades para as relações bilaterais. A China se reserva o direito de tomar contramedidas contra a Lituânia", publicou o Global Times.

As relações entre China e Lituânia entraram em crise após a abertura de um escritório de representação de Taiwan na Lituânia em 2021, situação que o país asiático classificou como "violação flagrante do princípio de Uma Só China e das normas internacionais".

As mais recentes divergências bilaterais, pelas quais a Lituânia pediu a saída de parte do pessoal diplomático chinês, surgiram em meio a uma investigação sobre a suposta participação de um navio chinês no corte de dois cabos submarinos de dados no mar Báltico, incluindo um que liga a Lituânia e a Suécia.

Em maio, os EUA levantaram suspeitas de que cabos submarinos de fibra óptica sejam vulneráveis a espionagem por navios de reparo chineses.

De acordo com funcionários do Departamento de Estado norte-americano, a empresa chinesa S.B. Submarine Systems, que conserta cabos internacionais, supostamente esconde a localização de suas embarcações do rastreamento por rádio e satélite.

O departamento afirma que as embarcações desapareciam de tempos em tempos dos gráficos dos serviços de rastreamento de navios, às vezes por dias seguidos, enquanto operavam nas costas de Taiwan, Indonésia e outras áreas da Ásia.

A China nega as alegações de espionagem, pedindo o fim da disseminação de informações falsas.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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