Tarifas de
Trump contra BRICS será grande desafio para presidência do Brasil, diz analista
É
pouco provável que as ameaças do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de
impor "tarifas de 100%" aos países do BRICS se concretizem, mas a
questão será um desafio para a presidência do Brasil no BRICS em 2025, disse a
professora de relações internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ) Ana Garcia.
Anteriormente,
Trump ameaçou os países do BRICS de impor "taxas de 100%" sobre seus
produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao dólar
norte-americano.
Ao
mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito
cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.
"[A
ameaça de Trump] vai ser, sem dúvida, um ponto de tensão, mas as iniciativas de
uso de moedas locais ainda são muito limitadas, de modo que a ameaça está mais
no campo do discurso do que de uma possibilidade real", disse Garcia, a
pesquisadora do BRICS Policy Center.
Em
sua opinião, a intenção de Trump é provocar polêmica, mas a imposição de
tarifas não vai ser implementada no curto ou médio prazo, pois a desdolarização
do BRICS está longe de ser concretizada.
De
qualquer forma, observou Garcia, a questão será um claro desafio à presidência
do Brasil no BRICS.
De
outro lado, há uma possibilidade de os EUA desencadearem medidas contra o BRICS
e aqueles que têm laços com a Rússia e a China assim que Trump assumir a
presidência, acredita o presidente do Colégio de Economistas da cidade de
Tarija, a Bolívia, Fernando Romero.
"Há
uma luta geopolítica entre os países do BRICS e o modelo
neoliberal-capitalista, principalmente com os EUA. Portanto, acho que haverá
uma luta muito grande quando Trump assumir o cargo, mas ela será contra os
países que têm uma linha ou são membros ou simpatizantes da China e da
Rússia", destacou o economista boliviano.
Contudo,
Romero aconselha a esperar, não tomar medidas drásticas, porque é possível
trabalhar com os Estados Unidos.
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BRICS em 2024
O
BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a
presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai
passar para o Brasil.
O
ano começou com a entrada de novos membros na associação: além da Rússia,
Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia,
Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
A
16ª Cúpula do BRICS em Kazan, com a participação de representantes de 36 países
e seis organizações internacionais, foi realizada de 22 a 24 de outubro deste
ano.
O
Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira,
pois o presidente Lula da Silva teve que cancelar sua viagem um dia antes
devido a um acidente doméstico.
A
cúpula foi o evento final da presidência russa da associação, e foi realizada
sob o lema de fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global
equitativo e a segurança.
• Brasil e empresa russa
negociam parceria para produção de reatores nucleares
Para
expandir a cadeia de energia nuclear no Brasil, o Ministério de Minas e Energia
recebeu, nesta segunda-feira (2), a maior empresa nuclear da Rússia, a Rosatom,
para o desenvolvimento da parceria.
A
elaboração de uma política para a mineração do urânio e produção de pequenos
reatores nucleares estão entre as prioridades da pasta.
Em
nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o Brasil tem
potencial para alcançar a terceira maior reserva de urânio no mundo e que a
expertise russa no tema pode ajudar no conhecimento do potencial mineral
brasileiro.
"Os
pequenos reatores nucleares podem reduzir o custo com transmissão de energia
elétrica e aumentar a segurança do atendimento em regiões com sistemas
isolados. Para isso, é preciso acelerar a cadeia de mineração de urânio, desde
a pesquisa, lavra e concentração, até o desenvolvimento da cadeia energética
com a produção de combustível nuclear", explicou Silveira.
Durante
a reunião com a Rosatom, foi construído um cronograma de trabalho junto à
empresa. A expectativa é de que, até o final de 2025, o grupo de trabalho
chegue a um acordo final para a cooperação na área nuclear.
"Contamos
com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre
as empresas brasileiras e russas. Que nosso objetivo conjunto gere crescimento
tecnológico robusto e seguro", disse o ministro.
De
acordo com a delegação do país europeu, há potencial de 1,1 Gigawatt (GW) de
geração nuclear no Brasil até 2035, sendo 0,6 GW na modalidade onshore, com 12
reatores, e 0,5 GW offshore, com dez reatores.
Atualmente,
o Brasil possui a sétima maior reserva de urânio no mundo, apesar de conhecer
apenas 26% do seu subsolo, de acordo com Silveira:
"Estamos
dando início ao novo processo de estruturação da energia nuclear brasileira,
uma energia firme e com baixo impacto ambiental. O presidente Lula está liderando,
com firmeza, o renascimento da energia limpa no Brasil. A política pública de
urânio do Brasil fará o mesmo com a energia nuclear, de forma responsável,
segura, sustentável e benéfica para o povo brasileiro."
Em
novembro, a estatal russa firmou com a empresa brasileira Nuclebrás
Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) um acordo de confidencialidade para explorar
soluções para a geração de energia offshore usando tecnologias nucleares.
Haveria
ainda a possibilidade de financiamento por parte da Rosatom, segundo fontes da
Sputnik na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares
(ABDAN).
Além
da Rússia, o governo brasileiro está tendo conversas sobre a energia nuclear
com os Estados Unidos, a Austrália e a Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA).
Atualmente
existem cerca de 60 reatores nucleares em construção no mundo, além de vários
em planejamento. Além disso, na COP28, em Dubai, 22 países se comprometeram a
triplicar a geração nuclear até 2050.
As
Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que detêm o monopólio da exploração de
urânio no país, iniciaram a exploração de urânio em dezembro de 2020 na Mina do
Engenho, na Bahia.
Em
Santa Quitéria, Minas Gerais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda precisa autorizar a exploração da
maior reserva de urânio do país. De acordo com o governo, o projeto tem
potencial estimado de produção de 2 mil toneladas de urânio por ano.
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EUA vão impor mais sanções à Rússia antes que Biden deixe o cargo, diz Casa
Branca
O
conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou nesta
noite de segunda-feira (2) que os EUA vão impor mais sanções à Rússia antes que
o atual presidente, Joe Biden, deixe o cargo.
"Para
interromper a máquina de guerra da Rússia, os Estados Unidos implementaram
grandes sanções contra o setor financeiro da Rússia, com mais sanções a
seguir", disse.
A
fala de Sullivan acontece em meio à transição de governo nos EUA. Em 20 de
janeiro de 2025, o recém-eleito e ex-presidente Donald Trump iniciará seu
segundo mandato à frente do país.
Em
discursos durante a campanha, Trump afirmou que encontrará uma solução para o
conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Analistas apontam que provavelmente Kiev
terá de realizar concessões às demandas russas, que incluem a manutenção do
estatuto neutro e não nuclear da Ucrânia, o reconhecimento das regiões de
Kherson, Zaporozhie, Lugansk e Donetsk como parte da Rússia e o fim das sanções
ao país.
Sullivan
também afirmou que os EUA entregarão "centenas de milhares de cartuchos de
artilharia adicionais, milhares de foguetes adicionais e outras armas" à
Ucrânia, de modo a "colocar as forças ucranianas na posição mais forte
possível antes que o presidente dos EUA, Joe Biden, deixe o cargo".
"Entre
agora e meados de janeiro, entregaremos centenas de milhares de projéteis de
artilharia adicionais, milhares de foguetes adicionais e outras capacidades
críticas para ajudar a Ucrânia a defender sua liberdade e independência",
disse ele.
Mais
cedo, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou um novo
pacote de assistência militar à Ucrânia no valor de US$ 725 milhões (R$ 4,4
bilhões).
Anteriormente,
o Kremlin afirmou que o fornecimento de armas e equipamentos à Ucrânia por
parte dos EUA e seus parceiros na Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) atrasa a resolução do conflito. Segundo o ministro das Relações
Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, cargas contendo armamentos enviados a Kiev
serão consideradas alvos legítimos pelas Forças Armadas da Rússia.
• China seguirá cooperando
com países do BRICS, apesar das ameaças de Trump
A
China seguirá fortalecendo a cooperação dentro da estrutura do BRICS, disse o
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, comentando
as ameaças do presidente eleito dos EUA Donald Trump de impor tarifas a todos
os países-membros do bloco.
Anteriormente,
Trump ameaçou os países do BRICS de impor "tarifas de 100%" sobre
seus produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao
dólar norte-americano.
Ao
mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito
cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.
"A
China está disposta a seguir trabalhando com os parceiros do BRICS para
aprofundar a cooperação comercial em vários campos e dar maiores contribuições
para o crescimento sustentável e estável da economia global", disse Jian.
Ele
enfatizou que os países da associação defendem a abertura, a inclusão, a
cooperação mutuamente vantajosa e não se envolvem em confrontos de blocos.
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Em discurso nada diplomático, Annalena Baerbock diz que Pequim 'contraria
Europa' ao apoiar Rússia
A
ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, chegou à China
para discussões com seu colega, Wang Yi, em 2 e 3 de dezembro, usando tudo,
menos as ferramentas da diplomacia.
Durante
sua viagem aos EUA em setembro de 2023, a principal diplomata alemã reafirmou a
intenção de Berlim de apoiar Kiev "pelo tempo que for preciso". Além
disso, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, gerou
polêmica ao chamar o presidente chinês Xi Jinping de "ditador"
durante uma entrevista na ocasião.
Desta
vez, Baerbock mergulhou em um discurso de acusações, alegando que a Rússia
estava "destruindo nossa ordem de paz europeia" e que "aumentar
o apoio chinês" à Rússia "tem impacto em nossas relações", de
acordo com comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.
"A
China está indo contra nossos principais interesses europeus ao fornecer ajuda
econômica e militar à Rússia", disse Baerbock, e "isso não é do
interesse da China", ela argumentou.
A
principal diplomata da Alemanha, que não escondeu a declaração de que os países
europeus estavam travando uma guerra contra a Rússia em 2023, pedindo que mais
armas fossem enviadas à Ucrânia, agora alegou que estava na China para defender
"um processo de paz justo".
Ao
terminar seu discurso sobre a guerra por procuração da Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia, a segurança entrou em ação e escoltou
membros da mídia alemã para fora da sala, relatou o Handelsblatt. Também não
houve nenhuma declaração conjunta à imprensa com sua contraparte desta vez.
Usando
um tom completamente diferente, Wang Yi respondeu dizendo que a China e a
Alemanha deveriam "superar a interferência, remover obstáculos [...] e
abandonar a velha mentalidade de guerra fria e confronto".
Pequim
condenou consistentemente as sanções ocidentais contra a Rússia, pedindo o fim
dessas medidas ilegais. Enfatizou que seu comércio com a Rússia é conduzido de
forma transparente e é "consistente com as regras da Organização Mundial
do Comércio [OMC] e os princípios de mercado".
O
presidente russo Vladimir Putin descreveu a relação baseada na confiança entre
a Rússia e a China como um dos principais fatores que contribuem para a
estabilidade internacional.
• China apela à Lituânia
para que 'deixe imediatamente de prejudicar sua integridade territorial'
A
China condenou nesta segunda-feira (2) a exigência da Lituânia para que parte
do pessoal diplomático chinês se retirasse do país europeu, como consequência
das tensões diplomáticas entre ambas as nações, originadas pelo corte de cabos
submarinos, no qual estaria supostamente envolvido um navio chinês.
Pequim
condenou "veementemente" a decisão da Lituânia de declarar
"persona non grata" o pessoal diplomático da Embaixada da China na
Lituânia e exigir que deixassem o país, informou o meio de comunicação oficial
chinês, Global Times.
Segundo
Pequim, a Lituânia tem agido em "grave violação" do chamado
"princípio de Uma Só China" em questões relativas à ilha de Taiwan,
violando o compromisso político que a nação europeia assumiu em sua relação
diplomática com o país asiático.
O
governo chinês afirma que isso tem causado dificuldades nas relações
bilaterais:
"A
China faz um apelo à Lituânia para que cesse imediatamente de prejudicar a
soberania e a integridade territorial da China, e de criar dificuldades para as
relações bilaterais. A China se reserva o direito de tomar contramedidas contra
a Lituânia", publicou o Global Times.
As
relações entre China e Lituânia entraram em crise após a abertura de um
escritório de representação de Taiwan na Lituânia em 2021, situação que o país
asiático classificou como "violação flagrante do princípio de Uma Só China
e das normas internacionais".
As
mais recentes divergências bilaterais, pelas quais a Lituânia pediu a saída de
parte do pessoal diplomático chinês, surgiram em meio a uma investigação sobre
a suposta participação de um navio chinês no corte de dois cabos submarinos de
dados no mar Báltico, incluindo um que liga a Lituânia e a Suécia.
Em
maio, os EUA levantaram suspeitas de que cabos submarinos de fibra óptica sejam
vulneráveis a espionagem por navios de reparo chineses.
De
acordo com funcionários do Departamento de Estado norte-americano, a empresa
chinesa S.B. Submarine Systems, que conserta cabos internacionais, supostamente
esconde a localização de suas embarcações do rastreamento por rádio e satélite.
O
departamento afirma que as embarcações desapareciam de tempos em tempos dos
gráficos dos serviços de rastreamento de navios, às vezes por dias seguidos,
enquanto operavam nas costas de Taiwan, Indonésia e outras áreas da Ásia.
A
China nega as alegações de espionagem, pedindo o fim da disseminação de
informações falsas.
Fonte:
Sputnik Brasil
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