terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Falar sobre ‘dois Estados’ com Gaza arrasada é impraticável, diz escritor Milton Hatoum

Em meio à grave crise humanitária que se aprofunda no Oriente Médio, materializar o projeto utópico de criação de dois Estados – Israel e Palestina – parece ser impossível para o contexto atual. Essa é a avaliação feita por Milton Hatoum, professor e escritor manauara de descendência libanesa.

Em entrevista ao Programa Bem Viver, o escritor afirma hoje ser inconcebível a formalização de um Estado palestino, cujo território é ocupado por centenas de colônias de judeus sionistas, instaladas tanto em territórios palestinos, como na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

“Falar hoje em dois Estados, com Gaza arrasada, com a Cisjordânia ainda mais ocupada, com centenas de colônias ali instaladas, com tudo que esses sionistas estão cometendo contra aldeias e vilarejos palestinos dentro dos territórios palestinos [...] é quase retórico, porque, do ponto de vista prático, como é que você vai tirar 700 mil colonos [judeus] que vivem em territórios palestinos?”, questiona Hatoum.

Filho de um libanês com uma brasileira, o escritor nasceu em Manaus e se formou em arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP). Autor de obras como Relato de um Certo Oriente (1989) e Dois Irmãos (2000), Hatoum ensinou literatura na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e foi professor visitante na Universidade da Califórnia e na Sorbonne, em Paris. 

<><> Confira, a seguir, trechos da entrevista:

·        Gostaria de te ouvir sobre a origem desse seu sobrenome, Hatoum.

Milton Hatoum: O sobrenome Hatoum é árabe. Existem famílias com o meu sobrenome no Líbano, na Síria, na Palestina. Em Jaffa, por exemplo, há famílias com esse nome. O primeiro imigrante da minha família veio de Beirute, foi meu avô paterno, que eu não conheci. Ele foi para o Acre. Beirute, Recife, Belém, Manaus; ele subiu o rio Amazonas, entrou no [rio] Purus e foi até Rio Branco. Isso foi em 1904. Ele ficou nove anos lá e voltou para o Líbano.

Meu pai não foi um imigrante clássico. Na infância, ele ouvia histórias sobre a Amazônia e quis conhecer a região onde o pai dele tinha vivido e trabalhado durante nove anos. Então, ele veio com um primo e, em Manaus, conheceu minha mãe e se casaram. Eles moraram no Acre durante vários anos, até a Segunda Guerra. Depois voltaram para Manaus, onde minha mãe tinha família. Ela também era filha de libaneses, cristãos e muçulmanos. Meu pai, que era muçulmano, se casou com minha mãe, que era católica.

Eu, por pouco, não nasci acriano. Minha irmã é acriana, mas eu nasci em Manaus. Passei minha infância nesse “pequeno Líbano manauara”, ouvindo histórias do Líbano, histórias de viagens, e também convivendo com amazonenses, manauaras e estrangeiros. Manaus sempre foi uma cidade muito cosmopolita, porque era uma cidade portuária. Foi o maior porto fluvial da América do Sul durante o ciclo da borracha, uma cidade que era, ao mesmo tempo, muito rica e muito pobre, como são essas cidades e sociedades da periferia do mundo.

Aos 15 anos, fui morar em Brasília. Fui sozinho, com dois amigos. Deixei a cidade, a família, porque queria estudar arquitetura. Na época, não havia curso de arquitetura em Manaus, e morei uns três anos em Brasília. Minha escola foi fechada – era um colégio de aplicação ligado à UnB, a Universidade de Brasília, aliás, uma criação do Anísio Teixeira, um dos patronos da educação no Brasil. Depois disso, vim para São Paulo e me formei em arquitetura na USP, onde tive grandes professores. E comecei a escrever. Escrevia, como todo jovem, escrevia poemas e contos. E só depois, quando eu ganhei uma bolsa para morar na Espanha, eu comecei a escrever o primeiro romance. Eu levei sete anos, um livrinho chamado Relato em Um Certo Oriente. 

·        Toda essa migração era algo que já era presente desde a sua infância?

Milton Hatoum: Eu percebi logo de cara, ainda criança, porque meu pai era bilingue, mas eles falavam [português], meus avós maternos não. Quer dizer, eles falavam português, mas sem fluência. E meu pai conversava em árabe com eles e com os amigos deles, fumando narguilé ou jogando gamão. Eles conversavam em árabe, e eu ouvia a língua árabe e música árabe e comia também da culinária ibanesa, síria, que a minha avó preparava, por exemplo, muito misturada. E isso era uma culinária mestiça, vamos dizer assim, como é a do Brasil, como é a nossa literatura também. Todas essas lembranças, das conversas, o som, a melodia da língua, que eu achava claro, achava muito estranha, mas a sonoridade ficou na minha memória. Também, minha avó falava um pouco de francês e tinham várias línguas ali, misturadas, e isso foi importante porque, já na infância, você percebe essas diferenças. Quer dizer, a alteridade já está presente na tua infância. 

·        Gostaria de falar, também, sobre o massacre em curso há mais de um ano no território palestino, especialmente na Faixa de Gaza, falar um pouco sobre a atuação de Israel, essa forma como Israel denomina todos os povos vizinhos como “árabes”. Não necessariamente Israel, mas o próprio Estados Unidos e outros países europeus. Te parece que acaba acontecendo uma generalização e a gente acaba perdendo a identidade de quem é sírio, libanês, palestino, entendendo apenas como “árabes”? Isso te parece um efeito do sionismo? 

É um efeito do colonialismo, na verdade, porque o sionismo é um projeto colonial e racista, e supremacista, de criar um estado etno-religioso no coração do mundo árabe e predominantemente islâmico, porque, antes de 1448, os judeus palestinos, que consistiam entre 5% e 10% da população, naquela época, eles conviviam muito bem, harmoniosamente, com palestinos, cristãos e muçulmanos. Os muçulmanos eram a maioria. Então, a criação de um Estado, vamos dizer, por europeus, um Estado que foi, inclusive, estimulado a ser criado pelo anti-semitismo europeu, cristão, porque não são os árabes anti-semitas. O anti-semitismo surgiu na Europa cristã. A gente tem que lembrar que a Alemanha nazista, a França de Vichir, a Polônia, esses países eram cristãos. São cristãos. Então, acho que a criação de Israel, como foi feita, perturbou o Oriente Médio, porque foi um Estado imposto que os estrangeiros que foram para lá que devastaram centenas de vilarejos e aldeias e cidades da Palestina histórica e está aí o efeito disso, devastador e trágico. Desde então, os árabes palestinos foram vistos como “animais humanos”, como falou esse ministro da Defesa de Israel no começo dos genocídios, no primeiro dia do genocídio, no outubro de 2023. “Animais humanos”. Aliás, essas duas palavras são usadas num conto extraordinário de um escritor, negro e homossexual, James Baldwin. Num conto extraordinário, ele mostra os brancos racistas norte-americanos se referindo aos negros com “animais humanos”.

·        A criação de dois Estados [Israel e Palestina] te parece uma saída possível? 

Eu acho que hoje seria muito difícil a criação de dois Estados. Eu volto ao Edward Said [crítico literário palestino]: até 1992, ele acreditava nessa solução de dois Estados. Mas, quando ele visitou Israel e a Palestina, percebeu que havia centenas de colônias de sionistas, de judeus sionistas, nos territórios palestinos, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Ele percebeu que essa solução de dois Estados era totalmente inócua. Ele sugeriu e percebeu que ali a única saída é um único Estado laico e democrático com direitos civis iguais para palestinos e judeus, e cristãos também, para todas as religiões ali. Então, falar hoje em dois Estados, com Gaza arrasada, com a Cisjordânia ainda mais ocupada, com centenas de colônias ali instaladas, com tudo que esses sionistas estão cometendo contra aldeias e vilarejos palestinos dentro dos territórios palestinos. [...] É quase retórico, porque, do ponto de vista prático, como é que você vai tirar 700 mil colonos [judeus] que vivem em territórios palestinos? Claro, pode haver compensações territoriais na parte de Israel, ser anexado a um estado palestino, ou esses colonos serem integrados a um Estado palestino, mas eu duvido. Como eles vão conseguir conviver depois de tanto ódio, depois de terem saqueado terras, propriedades, matado tanta gente? Eu acho muito difícil. Então você tem que pensar além das questões religiosas, que não são as questões fundamentais. A questão fundamental é a terra. A quem pertence essa terra. Não é o mandato de Deus, não é o cartório divino que deu essas terras para essas terras. Isso tem uma história, os palestinos estão lá há mais de 1500 anos.

 

¨      Chefe de agência humanitária da ONU suspende entrega de ajuda humanitária para Gaza por Kerem Shalom

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) está suspendendo a entrega de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza através da travessia de Kerem Shalom devido a questões de segurança, disse o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, neste domingo (1º).

"Estamos interrompendo a entrega de ajuda por Kerem Shalom, o principal ponto de passagem para ajuda humanitária em Gaza. A estrada que sai dessa passagem não é segura há meses. Em 16 de novembro, um grande comboio de caminhões de ajuda foi roubado por gangues armadas. Ontem, tentamos trazer alguns caminhões de comida pela mesma rota. Todos foram levados", disse Lazzarini em sua conta no X.

O chefe da UNRWA observou que a operação humanitária na Faixa de Gaza havia se tornado "desnecessariamente impossível" devido ao cerco em andamento, "os obstáculos das autoridades israelenses", decisões políticas para restringir as quantidades de ajuda, falta de segurança nas rotas de ajuda e alvos da polícia local.

"Tudo isso levou a uma quebra na lei e na ordem", disse Lazzarini.

Ele pediu a Israel que garantisse a segurança dos fluxos de ajuda para o enclave palestino e se abstivesse de ataques a trabalhadores humanitários.

Em outubro, o então chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que a situação na Faixa de Gaza era tão terrível que o direito humanitário estava "abaixo dos escombros". De acordo com o diplomata, a quantidade de ajuda que chegava à região estava no ponto mais baixo desde o início das hostilidades.

Em 7 de outubro de 2023, Israel foi submetido a um ataque de foguetes sem precedentes da Faixa de Gaza. Além disso, combatentes do Hamas se infiltraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram reféns. Autoridades israelenses dizem que cerca de 1.200 pessoas foram mortas durante o ataque. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram a Operação Espadas de Ferro na Faixa de Gaza e anunciaram um bloqueio completo do enclave. O número de mortos na sequência dos ataques israelenses ultrapassou 44.200 na Faixa de Gaza, de acordo com autoridades de saúde locais.

<><> Israel ataca palestinos desesperados que buscam ajuda alimentar em Gaza e assassina 45, diz mídia

Pelo menos 45 palestinos foram mortos em ataques israelenses em Gaza desde o amanhecer, incluindo 12 pessoas bombardeadas enquanto esperavam por ajuda alimentar na cidade de Khan Younis, no sul, enquanto a fome e o desespero se espalham.

Segundo informações veiculadas pela Al Jazeera, "três trabalhadores humanitários da World Central Kitchen morrem em um ataque aéreo israelense em Khan Younis enquanto a ONG sediada nos EUA suspende toda a distribuição de alimentos em Gaza".

<><> Situação na Faixa de Gaza

Em 7 de outubro de 2023, Israel foi submetido a um ataque de foguete sem precedentes da Faixa de Gaza. Depois disso, militantes do Hamas penetraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram mais de 200 reféns. De acordo com as autoridades, cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas no lado israelense.

Em resposta, as Forças de Defesa de Israel lançaram a Operação Espadas de Ferro, que incluiu ataques a alvos civis, e anunciaram um bloqueio completo da Faixa de Gaza: o fornecimento de água, eletricidade, combustível, alimentos e medicamentos foi interrompido. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 43,5 mil palestinos morreram desde o início do conflito, e mais de 102 mil ficaram feridos.

 

¨      Grupos armados avançam em Aleppo, segunda maior cidade da Síria

Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, é alvo de ataques de grupos armados que, segundo organização de direitos humanos que atua no país, tomaram totalmente o controle do local. O conflito, que escalou desde a última sexta-feira (29), marca uma nova etapa de uma guerra civil em andamento desde 2011.

As milícias que atacaram a cidade são contrárias ao regime chefiado pelo presidente Bashar al-Assad. Os grupos tinham sido expulsos de Aleppo entre 2016 e 2017 pelas forças governistas, que contam com apoio do Irã e da Rússia.

Segundo a organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), citada pela agência de notícias AFP, o ataque foi realizado pelo grupo Hayat Tahrir al Sham, vinculado à Al-Qaeda, com apoio de outras facções rebeldes aliadas.

O SOHR contabiliza mais de 320 mortes desde o início da ofensiva, sendo ao menos 44 civis. Esta é a primeira vez que Aleppo saiu do controle do regime sírio, segundo a organização.

Entre os locais tomados pelos rebeldes estão o aeroporto da cidade e o consulado do Irã. Em comunicados divulgados por seus dirigentes, os rebeldes confirmam a ofensiva. Um dos grupos envolvidos afirma que a ação foi facilitada devido a baixas militares das forças apoiadas pelo Irã em meio a conflitos com Israel.

Rússia respondeu aos ataques rebeldes com o primeiro bombardeio realizado em território Sírio desde 2016. O Kremlin informou que os caças atingiram integrantes dos grupos armados e arsenais.

O Irã, por sua vez, reforçou o apoio ao governo sírio. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, embarcou neste domingo (1º) para a capital da Síria, Damasco, e afirmou que "o exército sírio vencerá novamente esses grupos terroristas, como no passado", segundo a agência de notícias estatal Irna

A guerra civil na Síria não registrava confrontos nesse nível desde 2020, quando foi assinado um cessar-fogo com anuência da Rússia e da Turquia (que apoia parte dos grupos rebeldes). O governo turco pediu, agora, que os ataques sejam interrompidos.

Os episódios tiveram reações, também, de países do Ocidente (opositores de Al-Assad), como a França, que pediu uma trégua; e os Estados Unidos, que afirmaram que a perda do controle de Aleppo aconteceu devido à "dependência" síria da Rússia e do Irã.

¨      Forças sírias repelem ataque terrorista e 'em breve lançarão uma contra-ofensiva'

As Forças Armadas Sírias estão repelindo com sucesso um ataque terrorista e em breve lançarão uma contra-ofensiva para libertar todos os territórios, declarou o comando militar.

"O comando das Forças Armadas confirma que o ataque terrorista está sendo repelido com sucesso e de forma decisiva. A contra-ofensiva será lançada muito em breve para recuperar o controlo de todas as regiões", afirma o comunicado do comando militar local.

<><> Situação na Síria

Rebeldes lançaram um ataque surpresa neste sábado, considerado o maior já realizado na Síria desde 2016, e conseguiram tomar o controle de parte de Aleppo, segunda maior cidade do país, atrás apenas da capital Damasco. A ação veio na esteira de outros ataques realizados ao longo da semana, que reacenderam a violência no país, que vive um conflito armado desde 2011, com vários grupos, incluindo organizações terroristas, em confronto entre si e contra as Forças Armadas Sírias.

O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, e seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi, expressaram preocupação com a escalada de violência no país, em uma conversa telefônica realizada mais cedo.

"Durante a conversa, ambos os lados expressaram extrema preocupação com a perigosa escalada da situação na Síria em conexão com o ataque terrorista por grupos armados nas províncias de Aleppo e Idlib. Forte apoio à soberania e integridade territorial da Síria foi reafirmado", disse o MRE russo em comunicado.

Os chanceleres concordaram sobre a necessidade de intensificar esforços conjuntos visando estabilizar a situação na Síria e revisar urgentemente a situação de forma abrangente dentro da estrutura do formato de Astana.

O formato das negociações de Astana foi lançado em 2017, e inclui Rússia, Irã e Turquia como mediadores da crise síria.

O Ministério das Relações Exteriores iraniano também divulgou um comunicado sobre a conversa telefônica, afirmando que ambos os diplomatas concordaram que a discussão sobre os acontecimentos na Síria deveria ocorrer no formato tripartite de Astana, incluindo a Turquia.

"Na conversa, as partes, expressando forte apoio à soberania nacional e à integridade territorial da Síria e apoiando o governo e o exército desse país na luta contra grupos terroristas, declararam a necessidade de considerar essa questão [a atuação de terroristas na Síria] dentro da estrutura do processo de Astana e a necessidade de coordenação entre Irã, Rússia e Turquia — os três países mediadores [do formato Astana]", disse o ministério iraniano.

Abbas Araghchi afirmou que o aumento da atividade de grupos terroristas na Síria faz parte do plano dos EUA e Israel para desestabilizar a região.

¨      Irã está perto de desenvolver armas nucleares, revela serviço de inteligência da França

O Irã pode adquirir uma arma nuclear dentro de poucos meses, afirmou Nicolas Lerner, chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira francês.

Os comentários foram feitos por Lerner na sexta-feira (29), falando com jornalistas junto com Richard Moore, chefe do Serviço Secreto britânico MI6. Ele qualificou o programa nuclear de Teerã como uma das maiores preocupações para Paris e Londres.

"Nossos serviços estão trabalhando lado a lado para enfrentar o que é, sem dúvida, uma das ameaças, para não dizer a mais crítica, nos próximos meses - a possível proliferação nuclear no Irã", disse ele, citado pela Reuters.

Ressaltando essas preocupações, o chefe da inteligência britânica afirmou que as "ambições nucleares do Irã seguem ameaçando todos nós."

Embora o Irã tenha afirmado por muito tempo que nunca procurou desenvolver armas nucleares, o país aumentou suas atividades nucleares nos últimos anos. A expansão gradual do programa nuclear seguiu a decisão de 2018 do então presidente dos EUA, Donald Trump, de se retirar unilateralmente do acordo nuclear de 2015 com o Irã.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Brasil de Fato

 

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