As
tradições alemãs que influenciaram o Natal no Brasil
Em dezembro, a atmosfera
natalina decora, embeleza e envolve as cidades do
Brasil, da Alemanha e de vários países. Enfeites, guirlandas, sinos, músicas,
luzes, comidas e presentes são alguns dos símbolos compartilhados entre aqueles
que comemoram a festa cristã litúrgica do nascimento de Jesus.
Curiosamente, há várias
tradições natalinas oriundas da Alemanha que se inseriram ou foram apropriadas
pelos brasileiros, mas que hoje não são mais conhecidas pela origem alemã. O
símbolo mais óbvio é a árvore de Natal. De acordo com
o livro A invenção da árvore de Natal,
do escritor Bernd Brunner, a primeira aparição do ícone teria sido em Freiburg,
no sul da Alemanha, no ano de 1419.
O livro relata que padeiros
enfeitaram com pães-de-mel e nozes uma árvore em um hospital da cidade. A
história, porém, não tem comprovação em documentos.
O primeiro registro oficial
veio em 1535, quando foi montada uma árvore de Natal na cidade de Schlettstadt,
na região da Alsácia. Em 1611, houve o primeiro registro de uma árvore de Natal
iluminada, quando um pinheiro foi enfeitado com velas por Dorothea Sibylle da
Silésia, uma duquesa nascida em Berlim em 1590.
O pinheiro é um dos
protagonistas na tradição natalina alemã. Enquanto a maioria das árvores perde
a folhagem durante o outono e passa o inverno com galhos secos, algumas espécies,
como os pinheiros, se mantêm verdes o ano inteiro — o que simboliza fertilidade
e prosperidade diante do frio e da neve.
As famílias alemãs dão
continuidade até hoje à tradição de usar pinheiros naturais como árvore de
Natal. Já no Brasil, as árvores artificiais são bastante populares.
Carioca e de avô alemão, a
professora do Departamento de Línguas Modernas da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) Karen Pupp Spinassé mora desde 2006 em Porto Alegre e
recorda uma particularidade da decoração natalina: "Meu avô era de Dresden
e migrou para o Brasil na década de 1920. Ele conheceu minha avó no Rio de
Janeiro. Não havia árvore nos primeiros natais que ele celebrou com a família
dela. Foi ele quem introduziu a tradição."
"Lembro que tínhamos uma
árvore pequena e era comum colocar chumacinhos de algodão para simular os
flocos de neve. Esse detalhe sempre me chamava atenção", afirma. "Meu
avô fazia isso porque o Natal é uma festividade de inverno no continente
europeu. O contexto do Rio de Janeiro é bem diferente, então o algodão era uma
marca de nostalgia e remetia à maneira como se celebrava a ocasião no
Hemisfério Norte."
·
Práticas e ritos de dimensão nacional
Devido à migração alemã para o
território brasileiro durante o século 19, muitas famílias do sul do Brasil dão
continuidade até hoje aos costumes e hábitos dos antepassados europeus. Ir à
igreja e entoar cânticos natalinos são exemplos disso.
"Concertos de música
com composições natalinas são organizados para elevar o espírito e trazem uma
mensagem de esperança e união. Grupos de corais cantam em eventos durante o mês
de dezembro e isso não se restringe à região do Sul do Brasil. Acontece no país
inteiro. Eis, portanto, um traço cultural oriundo da Alemanha e de outras
regiões da Europa que está fortemente inserido na sociedade brasileira",
afirma Lissi Bender, professora aposentada e doutora em Ciências Sociais pela
Universidade Eberhard Karls de Tübingen.
Talvez o exemplo mais
clássico, memorável e onipresente do Natal do Brasil seja a
canção Noite Feliz.
Trata-se da tradução de Stille Nacht. A
melodia é de autoria do organista austríaco Franz Xaver Gruber e a letra é
composta por um padre também nascido na Áustria chamado Joseph Mohr.
Stille
Nacht foi apresentada pela primeira vez na véspera
de Natal de 1818, na Igreja de São Nicolau, em Oberndorf, uma pequena cidade na
Áustria, próxima à fronteira com a Alemanha. A tradução do alemão para o
português foi feita pelo Frei Pedro Sinzig, um frade franciscano nascido na
Alemanha em 1876 que se naturalizou brasileiro em 1898.
·
Biscoitinhos de Natal
No quesito culinária, Brasil
e Alemanha não compartilham semelhanças em relação a pratos e receitas que são
preparados na época do Natal. Apesar disso, um item em comum se destaca entre
as duas culturas: os biscoitinhos natalinos.
Durante as festas de final
de ano, mercearias, padarias e supermercados brasileiros comercializam
biscoitos amanteigados que são produzidos industrialmente. É fácil encontrar à
venda nesses estabelecimentos latas coloridas ou potes decorados com desenhos
de Papai Noel, renas, pinguins, bonecos de neve e presentes.
Há brasileiros que
presenteiam amigos e familiares com as latas de biscoitos ou usam esses
quitutes na ceia de Natal. Apesar de não haver consenso sobre a real origem do
alimento, o hábito de confeccionar e assar biscoitos natalinos é uma tradição
que remonta aos conventos e mosteiros da Alemanha na Idade Média.
De acordo com o historiador
e pastor luterano Martin Norberto Dreher, é muito comum as famílias do Sul do
Brasil seguirem a tradição alemã do Calendário do Advento, que
conta com um momento em que os biscoitos entram em cena. "Um dos
acontecimentos mais especiais do Weihnachtskalendar é
o Dia de São Nicolau, em 6 de
dezembro. Nessa ocasião, as crianças recebem os primeiros biscoitos natalinos.
Isso é uma característica bem típica da região e mobiliza tantos os adultos
como as crianças", conta.
"Há uma grande
variedade de Weihnachtsgebäck [bolachinhas
tradicionais de Natal], mas a maioria tem ingredientes como farinha e mel, além
de merengue ou glasura com confeitos em cima. A indústria de alimentos se
apropriou disso e hoje podemos encontrar esses doces nos supermercados",
acrescenta Dreher.
Na casa do historiador, em
São Leopoldo (RS), a tradição natalina contava também com outros doces caseiros
inspirados nas receitas alemãs: "Tenho recordações do tempo de minha
infância quando havia uma adaptação do Obstkuchen [bolo
de frutas] feito com frutas cristalizadas. Minha mãe colhia figos verdes,
preparava em compotas e utilizava pêssegos. Figos e pêssegos era o que havia
disponível para substituir as frutas europeias."
·
E no Norte do Brasil?
A herança da imigração alemã
para o Sul do Brasil, iniciada em 1824, tem influência bem marcante nas
festividades natalinas da região. Mas também é possível identificar traços de
aspectos culturais alemães em elementos natalinos fora dessa localização
geográfica.
Segundo a professora do
Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Zaira Nascimento da
França, as famílias do Nordeste, em especial da Bahia, preservam um costume que
perdeu espaço para os modernos recursos tecnológicos: o envio e a troca de
cartões de Natal.
"Apesar de ser
originalmente uma tradição inglesa iniciada em meados do século 19, o ato de
escrever cartões natalinos é bastante popular e difundido na Alemanha. Os
alemães mantêm essa prática e até hoje enviam os cartões por correio — mesmo em
tempos de computadores, tablets e smartphones", diz a baiana.
Ela recorda um episódio
emocionante envolvendo cartões natalinos que vivenciou em 2004, quando estava
na Alemanha. "Em Prien am Chiemsee, eu comprei e distribuí cartões de
Natal para funcionários do Instituto Goethe. Um deles ficou muito tocado pelo
gesto e começou a chorar. Ele agradeceu e me abraçou. Eu também fiquei em
lágrimas. Não sei ao certo o que ele sentiu naquele momento e quais foram as
lembranças que foram ali suscitadas, mas houve uma quebra de paradigma em
relação ao estrangeiro e ao estereótipo de que os alemães costumam ser frios e formais."
O encontro comovente em
Prien am Chiemsee é lembrado por França com afeto e ela estabelece uma
associação entre o episódio e a forma como os baianos prosseguem com a tradição
da troca de cartões durante as festas de fim de ano. "Na minha vizinhança,
aqui em Salvador, ainda há pessoas que escrevem esses cartões com mensagens de
prosperidade e esperança. Ou seja, é uma tradição que não caiu em desuso."
França aponta ainda a
semelhança entre os ornamentos natalinos da Alemanha e os adornos que enfeitam
as casas no Nordeste brasileiro. "Tenho uma vizinha católica que dispõe
sob a mesa de Natal uma guirlanda com flores e velas. Eis um item de decoração
que pode ser diretamente inspirado no Adventskranz —
a coroa de galhos de pinheiro decorada com quatro velas durante o período do
Advento alemão", afirma.
França indica outro ponto em
comum entre as duas culturas. "Sempre me perguntei se o quentão que
bebemos aqui no Brasil é inspirado no Glühwein da
Alemanha. Ambas as bebidas são apropriadas para a estação do inverno, ou seja,
o Natal na Alemanha e a Festa de São João no Brasil. Nós, brasileiros, bebemos
quentão feito com vinho ou cachaça. Já na Alemanha é somente o vinho. Mas tanto
no Brasil como na Alemanha a receita é preparada com pedaços de maçã e cascas
de limão ou laranja. No Brasil, a bebida também leva canela, cravo e fica em
infusão. Será que o quentão é o Glühwein brasileiro?",
indaga a professora.
¨ A história
do alemão que educou indígena como "experimento"
Korikrã era uma menina de 12
ou 13 anos quando viu sua mãe ser degolada, seu irmão completamente retalhado
e, conduzida pelo pai – que possivelmente também seria morto –, fugiu pela
mata. Ela acabaria sendo adotada por uma família de imigrantes alemães que
morava em Blumenau, Santa Catarina, e ganharia o novo nome de Maria
Gensch.
Seu caso se tornou
emblemático na série de conflitos entre povos indígenas que habitavam o sul do
país e os colonos, sobretudo germanófilos, que chegaram à região a partir de
200 anos atrás. Isto porque diante de uma mentalidade que costumava defender –
e muitas vezes praticar – o genocídio de populações nativas, os imigrantes que
a adotaram tinham uma outra ideia: em vez de exterminar, educar.
O pai adotivo de Korikrã,
Hugo Gensch, era um médico alemão nascido em 1861 que havia emigrado para o
Brasil aos 35 anos – morreria em Blumenau, em 1922. Humanista, ele foi uma
influente voz contrária às sistemáticas contratações de profissionais, chamados
de "bugreiros", para caçar e executar os indígenas da região.
Em 1905, quando soube que um
grupo de crianças indígenas órfãs – depois que seus pais foram massacrados por bugreiros – estava abrigado no colégio das freiras da Divina
Providência, em Blumenau, decidiu adotar uma delas. Mais do que ganhar uma
família, Korikrã fez parte de um experimento social, conduzido pelo
médico.
Em 1908 Gensch publicou, na
Alemanha, um livro relatando o sucesso de sua empreitada. A educação de uma criança índia acaba
de ser disponibilizado em português – a edição bilíngue, em português e
alemão, foi lançada este ano. No fim do mês, essa história foi tema de uma
palestra do Seminário Internacional Brasil-Alemanha, promovido no Rio de
Janeiro pela Fundação Oswaldo Cruz, proferida pelos historiadores alemães
Stefan Rinke e Karina Kriegesmann, ambos da Universidade Livre de Berlim.
<><> Conflitos e
uma visão diferenciada
Embora com a ótica
contemporânea esse experimento social possa ser interpretado com estranheza e
crítica, é preciso destacar que o pensamento de Gensch destoava do vigente
naquele início do século 20. "Seu projeto diferia claramente das visões de
outros, que viam a violência e o extermínio dos indígenas como solução",
pontua Kriegesmann.
A historiadora ressalta que
o alemão também estava preocupado em "civilizar" os indígenas,
considerando-os "selvagens". "Mas por vias diferentes daquelas
que tinham sido predominantemente utilizadas até então."
"Naquele momento,
grande parte da sociedade brasileira parecia ter aceitado a violência contra os
indígenas como algo inevitável para se alcançar o progresso",
contextualiza Rinke.
Quando a família de Gensch
chegou ao Brasil, o conflito de imigrantes alemães com indígenas estava
consolidado no sul do país. O historiador explica que ali os principais povos
eram os xokleng, também chamados de botocudos, e os kainkang, conhecido como
coroados. Os nativos resistiam à expansão das fronteiras da colonização. "A agressividade se tornou crescente devido ao contato com os
colonos, que invadiram seus ambientes de vida", ressalta.
De acordo com Rinke, havia
naquela época cerca de 1,5 mil xokleng e 10 mil kaingang. Os alemães e seus
descendentes já beiravam os 400 mil nos primeiros anos do século 20. "Essa
coexistência nunca foi harmônica", diz ele, enfatizando que a situação era
especialmente tensa no Vale do Itajaí. "Foram numerosos enfrentamentos,
num claro fracasso de intercâmbio e respeito mútuo."
Os colonos costumavam
contratar os chamados "bugreiros" – bugre é um termo pejorativo que
era utilizado para se referir aos indígenas – com o objetivo de dizimar os
nativos que estivessem atravancando o que viam como "caminho do
progresso". Esses mercenários costumavam agir em grupos de oito a 15
pessoas.
"Desenvolveu-se no sul
do Brasil uma situação típica do imperialismo colonizador, que pode ser
considerada genocídio", argumenta o historiador.
Na imprensa regional de
língua alemã, havia debates sobre como resolver a questão indígena. E Gensch
costumava defender seus pontos de vista mais humanistas. Segundo Rinke, tais
debates "comoveram não somente indígenas e colonos do sul do Brasil, mas
também políticos e pessoas interessadas, especialmente dos círculos
científicos". A questão era: como tratar adequadamente os povos nativos.
Era a "cultura"
dos colonos versus a "selvageria" dos indígenas – para usar a
definição vigente na época. O historiador lembra que havia teóricos que diziam
"que não havia alternativa ao extermínio". Gensch acreditava no contrário.
<><> Educação
Conforme conta o livro do
médico, a menina Kokikrã perdeu a família de forma trágica em uma dessas
caçadas. Assim como outras crianças, ela foi enviada aos cuidados de religiosas
católicas. Sabe-se que pelo menos oito crianças indígenas estiveram abrigadas pelas
freiras da Divina Providência de Blumenau em 1905.
Não foi fácil para os Gensch
adotarem a menina Kokikrã. De acordo com a historiadora Silvia Fávero Arend,
professora na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e autora de
artigo acadêmico sobre o caso, os fatos de o médico ser cidadão estrangeiro e
não professar nenhuma religião complicaram os trâmites. Tanto que,
oficialmente, um amigo brasileiro da família se tornou o tutor da menina.
Gensch acreditava que se seu
método de "educação" desse certo, ele conseguiria provar que as
perseguições aos indígenas não eram necessárias. Imbuído dessa meta, ele passou
a implementar seu projeto na sua filha adotiva.
Segundo Kriegesmann, o
processo durou 16 meses. Arend conta que no início houve resistência da menina,
que gritava e chorava muito. Depois, ela entrou em um estágio de melancolia,
ficando em profundo silêncio.
Ela voltou a interagir com a
família adotiva depois de uma noite em que dramatizou, depois do jantar, o
ataque que havia matado sua família. Foi quando Gensch, enfim, conseguiu
começar o processo que tinha em mente.
Consistia no seguinte
método: ele fazia com que a menina observasse práticas que eram inerentes à sua
cultura. E depois, quando ela era instada a repeti-los, aprovava ou reprovava a
ação conforme o desempenho. Sua pedagogia surtia efeito mas, ao mesmo tempo,
desqualificava a cultura xokleng e valorizava a cultura alemã.
Em seu livro, ele destaca
que também se surpreendia com a menina. Considerava-a inteligente e elogiava
seus hábitos de "asseio corporal". Aos poucos, a menina aprendeu a
usar talheres, a falar alemão e a querer se vestir como os europeus.
Segundo o livro do médico, a
menina passou a gostar da nova vida. "Mais tarde, quando ela já falava
alemão, ela costumava dizer à minha esposa: ‘mamãe, não pensem que eu vim de
bom grado para cá, não! Mas vocês são tão bondosos comigo'", escreveu. A
garota teria acrescentado que tinha visões de sua mãe "com o pescoço
cortado" e de seu irmãozinho "todo cortado em pedaços". E completado
que não tinha "mais nada além de vocês".
"A garota reconheceu
rapidamente as vantagens da vida aculturada em relação à vida inculta e
nômade", argumentou Gensch.
Pouco se sabe sobre a vida
adulta de Kokikrã. A versão mais aceita é a de que ela tenha morrido de
tuberculose em 1936, com cerca de 43 anos. Ela teria permanecido solteira e
ainda vivendo no círculo familiar que a adotara. Com seus pais adotivos sabe-se
que ela esteve por duas vezes na Alemanha. Na vida adulta, ela chegou a visitar
seus parentes indígenas remanescentes.
<><> Pensamento
da época
Tanto o método quanto a obra
de Gensch precisam ser analisados com cuidado, para evitar anacronismos.
"[Ele] é para ser entendido no contexto do debate dos prós e contra o
extermínio da população indígena", salienta Kriegesmann. "O médico
foi um dos cidadãos mais respeitados de Blumenau e estava convencido de que
teria sucesso, mesmo se fosse ridicularizado por seus planos."
"Diferentes ideários
estavam em disputa em relação às populações consideradas não civilizadas",
comenta a professora Arend. "A filiação adotiva estava sendo
utilizada em diferentes partes do globo no intuito de civilizar os
considerados não civilizados."
A historiadora lembra que no
caso brasileiro até então "a regra era o etnocídio". Em geral, ao
contrário do caso de Gensch, as adoções que aconteciam eram motivadas pelo
plano de ter uma mão de obra dentro de casa – a criança adotada se tornava uma
espécie de serviçal.
Ela reconhece que faltam
informações sobre o que ocorreu com outros indígenas adotados, mas que o caso
Kokikrã "foi uma exceção".
No livro, o médico comentou
que o que fez era uma "pesquisa laboratorial" e observou que os
resultados "poderão ser interessantes para outros meios científicos".
Argumentou que faltavam estudos sobre os indígenas brasileiros, dizendo que se
encontrava "em meio a uma selva científica".
Ele ainda lamentou "a
perda dos tesouros intelectuais adormecidos dentro desse seres" e "a
perda sofrida pela ciência e pela cultura em decorrência desses extermínios".
Kriegesmann diz que o médico
"estava orgulhoso de sua pesquisa" e que via "como sucesso"
a educação da menina "seguindo os princípios básicos do
evolucionismo".
"Ele mencionou que era
dever humano […] acabar com os ataques aos povos indígenas e que era necessário
conviver com eles em vez de matá-los", observa a historiadora.
Não há como mensurar o
impacto dos estudos e da publicação de Hugo Gensch para a sociedade brasileira
daquela época, mas especialistas reconhecem alguns de seus princípios no modus operandi do Serviço de Proteção
aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais, órgão criado pelo governo
federal em 1910.
"Deem a essas pessoas o
direito a um lar dentro de suas próprias terras, reservas, deixem-nas viver ali
e, gradualmente, entrarem em contato com a civilização", escreveu Gensch.
O médico ainda pontuou que
via "o resultado extraordinário que alcancei diante da crítica pública da
educação prática de uma índia, que me foi entregue" e que ficava
"cheio de grande satisfação também devido ao fato de que através de minha
argumentação o assassinato de indígenas finalmente teve um fim aqui em
Blumenau".
Fonte: DW Brasil
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