Lana de
Holanda: A eleição de Yamandú Orsi é um sopro de esperança para a
América Latina
Talvez
o pessimismo tenha se tornado um lugar comum na maioria das análises políticas
dos últimos anos. E talvez isso tenha razão de ser, já que vivemos uma época de
profundas incertezas e grandes retrocessos, seja na promoção dos direitos
humanos, na garantia de mínima estabilidade entre países inimigos e nas
questões climáticas. Estamos num interregno, onde monstros estão soltos, nos
atormentando e ameaçando nosso futuro.
Porém,
a História não é feita de caminhos únicos e de uniformidade. A História é
construída com sustos e sobressaltos, com avanços e também retornos. E a
América Latina é esse lugar, onde o lusco-fusco da História e da Política são
tão bem representados, com altos e baixos que se alternam numa frequência que
testa qualquer capacidade cardíaca.
A
eleição de Yamandú Orsi para a presidência do Uruguai, no último domingo, é um
alimento de esperança, praticamente um ano após a escassez de alegria causada
pela eleição de Javier Milei na Argentina. E, entre os dois, também
tivemos Claudia Sheinbaum, eleita presidenta do México. Sheinbaum merece,
futuramente, uma análise própria, pois o início de sua gestão já tem dado
ótimos direcionamentos para a esquerda latino-americana.
O
uruguaio Orsi é um professor de História, vejam só. Nos últimos dias fiquei
pensando na pouca probabilidade de alguém com essa formação ser eleito para o
maior cargo executivo do Brasil. Aqui, certamente e infelizmente, choveriam
fake news sobre “doutrinação” e “ideologia de gênero”. E essa improbabilidade
de um historiador ser Presidente do Brasil, e também a tranquilidade com que
isso ocorreu no Uruguai, deixam minhas elaborações com um sabor agridoce. O
Uruguai, mais uma vez, aponta como um farol de luz progressista no meio das
trevas conservadoras da nossa região.
Em
2012, o Uruguai se tornou o primeiro país da América do Sul a legalizar o
direito ao aborto. Nesta semana, em Brasília, deputados bolsonaristas aprovaram
na Comissão de Constituição e Justiça um parecer favorável à PEC 164, que acaba
com a possibilidade de interrupção legal da gravidez, mesmo em casos de estupro
e de risco para a pessoa gestante. É impossível não traçar paralelos entre a
situação dos dois países, principalmente quando lembramos que a PEC 164 foi
protocolada em 2012, pelo golpista Eduardo Cunha. Enquanto o paisito avançava,
nós retrocedíamos.
A
História é feita de ganhos e perdas. E é inegável que o Brasil tem perdido
muito, há muito tempo. E são evidentes os ganhos do Uruguai.
Nosso
pequeno vizinho passou por 5 anos de um governo de direita, conservador em
alguns aspectos, liberal em outros, mas não fascista. A sensação de
“normalidade democrática” (dentro de uma visão liberal) foi mantida por
lá. O governo de Lacalle Pou chega ao fim com 50% de aprovação, segundo
pesquisa do Instituto Equipos. E Orsi se elegeu com 49,84% dos votos, contra
45,87% de Álvaro Delgado, candidato governista. Alguns poderiam chamar isso de
polarização, mas considero que o termo ideal seja equilíbrio. Logo que a
contagem de votos mostrou o favoritismo de Orsi, Delgado assumiu a derrota e
felicitou o candidato da Frente Amplio. Um traço de civilidade que foi
totalmente perdido pela direita brasileira.
Porém,
isso não significa que Orsi terá uma oposição tranquila, pelo contrário. Embora
o cenário hoje seja de tranquilidade, é possível que o reacionarismo que tomou
conta de tantos países também ganhe alguma força no Uruguai. A radicalização
tende a ser o caminho seguido pela direita sempre que percebem que a esquerda
tem força suficiente para retornar ao poder por vias democráticas. E foi isso
que aconteceu no último domingo. Mesmo considerando o atual governo bom, a
população uruguaia entendeu que é a esquerda quem pode lhes oferecer condições
de ir além, de proporcionar mudanças que melhorem suas vidas.
Então,
é um cuidado importante ir observando os caminhos da futura oposição uruguaia,
que pode seguir com a tradição de diálogo, ou cair no mesmo abismo de
extremismo seguido por tantas outras direitas da região e do mundo.
Yamandú
Orsi, de toda forma, terá grandes desafios pela frente. Ele e Carolina
Cosse, sua vice, deverão manter a economia uruguaia aquecida, mas focando no
povo, na redução das desigualdades e no maior acesso da população uruguaia a
itens de consumo que, por lá, ainda são muito caros. Outro fator é a
segurança pública. Embora seja um país seguro para os padrões da América
Latina, o Uruguai tem visto aumentar o tráfico de drogas e os crimes que
decorrem dele. Enfrentar essa criminalidade e oferecer segurança, sem cair num
sensacionalismo barato (como faz a direita) vai ser uma tarefa difícil, mas
necessária para o bom desempenho do governo e para o futuro da esquerda.
A
História está aqui, sendo contada agora, diante dos nossos olhos. Os uruguaios
têm decidido, de forma consistente, construir uma História bonita, que não os
envergonha, que não os humilha, que não retira a dignidade do seu povo. Eu
espero que eles continuem nesse caminho. E mais, além: espero que esse país
minúsculo se faça cada vez maior, influenciando e inspirando todas e todos nós.
O Uruguai é um país com nome de rio, e essas águas precisam nos alcançar.
¨
Peru: troque os EUA
pela China. Por Nilo
Meza
Não
há setor estratégico no Peru que não esteja nas mãos da China. Admitamos que os
seus métodos de conquista não são os utilizados pelos EUA, mas não há dúvida de
que os resultados são os mesmos: perda de soberania e governo condicional.
Após
assumir o controle da operação dos principais portos da costa peruana,
administrar os principais centros de produção mineira do Peru, bem como obter o
controle monopolista do fornecimento de energia elétrica no país, conforme
detalhamos em nossa nota anteriormente, o próximo ataque chinês ocorrerá na
área de transportes e comunicações.
O
quase glorificado novo ACL assinado com a China e, em particular, os dois
memorandos de entendimento, no âmbito da APEC-2024, garantem isso. Graças a ele
serão os maiores investidores em estradas e trens, caso contrário imporão a
primazia da Huawei, acompanhada da Vivo, Oppo, Xiaomi e outras marcas que estão
desbancando Apple, Motorola, entre outras, do mercado latino-americano.
A
disputa tecnológica 5G entre a China e os EUA terá um cenário particularmente
significativo no Peru com o lançamento do porto de Chancay como “cabeça de
ponte” do avanço chinês. Os Estados Unidos tentarão adotar e implementar
medidas de contenção para evitar que a tecnologia chinesa adquira primazia e
desloque a sua própria não só no Peru mas na América Latina, procurando
“expandir o acesso seguro à Internet com empresas tecnológicas americanas ou
ideias relacionadas”. (BBC, 2020) para alcançar “as melhores práticas de
segurança cibernética nos países-alvo”.
Apesar
da sua heterogeneidade política, a região está consciente da disputa pela
supremacia tecnológica travada pela CHINA e pelos EUA no seu território. Esta
disputa tem também uma poderosa motivação econômica se considerarmos os
benefícios da revolução tecnológica para aqueles que promovem o seu
desenvolvimento e comercialização vantajosa, bem como para aqueles que, sendo
destinatários passivos, os capitalizam subsidiariamente.
Neste
quadro de expectativas, a China manifestou o seu interesse em financiar uma
rede regional de estradas e ferrovias que ligue não só as áreas produtivas do
Peru ao porto de Chancay, mas também todas as áreas de produção de bens que
constituem os principais setores de exportação latino-americana para a Ásia.
Estamos nos referindo a soja e produtos cárneos do Brasil, Argentina e Uruguai.
Portanto, a infraestrutura de comunicações e transportes crescerá
exponencialmente no curto e médio prazo, incluindo as ferrovias que ligam os
portos do Pacífico aos do Atlântico e, em particular, os portos de Santos
(Brasil) e Chancay (Peru).
Por
esta razão, a publicitada entrada em funcionamento do megaporto de Chancay
constitui uma espécie de símbolo do avanço chinês na região. Com base neste
fato, o Peru tem um papel muito importante na estratégia de penetração chinesa
na América Latina. Na verdade, o impacto sobre os EUA é perceptível já que,
gradual mas continuamente, vai perdendo protagonismo nas capas e protocolos de
eventos internacionais, como aconteceu na APEC-2024, onde o espetáculo foi
protagonizado por Xi Jinping e não por Joe Biden, como costumava acontecer.
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O efeito Chancay
O
porto de Chancay é um fator geopolítico da maior importância na disputa pela
hegemonia global entre os EUA e a China. É também o caso a nível regional em
que as relações internacionais que pareciam destinadas a ser mantidas por muito
mais tempo irão evoluir. Por exemplo, o Chile não será mais o país com
autoridades arrogantes nem “chamados” a dominar o Pacífico, nem poderá
continuar a mostrar aquela arenga expansionista de “chileno, olhe sempre para o
norte” como estabeleceu Diego Portales, pai da geopolítica chilena.
A
relação bilateral Peru-Chile terá modificações substanciais nos equilíbrios
políticos e geopolíticos vigentes até o momento. No muito curto prazo, o Chile
viverá uma relação de dependência de Chancay se quiser manter a competitividade
nos negócios internacionais. A partir de agora, o que o Chile exporta para a
Ásia, que representa 60% do total das suas exportações, passará por Chancay, da
mesma forma que importa.
O
maior impacto da mudança nas rotas internacionais a partir de Chancay é a
redução do tempo de viagem de mercadorias da América Latina para a Ásia. Será
reduzido em 17 dias dos 40 exigidos hoje. “Tempo é dinheiro” no comércio
internacional e, com esta redução, os custos logísticos serão reduzidos em até
20%. Países como Equador, Colômbia e Chile poderão levar suas mercadorias para
a China sem ter que parar em Manzanillo (México) ou Long Beach (EUA), mas sim
em Chancay.
Não
é difícil imaginar a satisfação das transnacionais que estão por trás dos
enormes benefícios que a implantação do megaporto irá gerar. Em troca, a
empresa chinesa anuncia, com publicidade avassaladora, que 8 mil peruanos terão
um “emprego estável e de qualidade” e o Peru receberá uma renda anual de US$
4.500 milhões. Obrigado, senhores chineses! Parecem dizer Boluarte e sua corte.
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Por que a China escolheu o Peru para seu megaporto?
Obviamente,
por razões geopolíticas. Até antes de Chancay, a China tinha que usar os portos
dos EUA (Long Beach) e do México (Manzanillo), e o Canal do Panamá, todos
monitorizados pelos EUA. Essa dependência e submissão às regras dos EUA teriam
acabado com Chancay.
Num
hipotético cenário de guerra com os EUA, se não tivesse Chancay, a China
dependeria dos portos e canais guardados pelo “inimigo”. Isso, em termos
militares, daria aos EUA uma enorme vantagem, o que, para a China, é impensável
no futuro.
Consequentemente,
decidiu construir o seu porto numa localização estratégica na costa do
Pacífico, eliminando assim os portos sob vigilância norte-americana. A China
fará todos os investimentos necessários pensando nos seus interesses e, se o
Peru agir com soberania, poderá ter acesso aos benefícios derivados.
Além
disso, nossos laços físicos com o Brasil e com a China tornam-se importantes na
tomada de decisões geopolíticas. Existe uma grande relação comercial entre a
China e o Brasil, de enormes dimensões, que justifica o pragmatismo nestas
relações. Portanto, a China tem interesse em garantir que os produtos que
compra do Brasil cheguem à China em menos tempo do que o exigido atualmente. E,
por outro lado, os produtos que você vende para o Brasil também reduzem o seu
tempo de viagem. Isso também interessa ao Brasil, portanto, são altamente
prováveis ações
conjuntas para a construção de redes
ferroviárias que unirão os dois oceanos, dando prioridade ao Trem
Bioceânico que passaria por
Pucallpa.
Nesta
lógica, a China não terá problemas em financiar o maior e mais moderno sistema
de transporte (estradas e comboios) que liga as áreas produtivas do Peru ao
porto de Chancay. Além disso, entre seus planos está a construção de uma
infraestrutura de transporte que facilite o transporte da soja e da carne que
importa do Brasil em grandes quantidades. Por sua vez, os EUA farão o mesmo,
como já anunciaram na sua decisão de apoiar a modernização e expansão dos
portos chilenos para neutralizar a primazia de Chancay.
¨
Peru: soberania
condicionada
A
Cúpula da APEC-2024 foi um cenário onde a China se exibiu em vários campos,
especialmente no da diplomacia de muito alto nível e com alcance global que,
com sutileza, mas com máxima eficácia imperial, conseguiu instalar no
imaginário dos 21 líderes reunidos em Lima que o mundo estava em pleno processo
de “mudanças profundas” que incluía uma reconfiguração do poder mundial. Não só
isso, foi dado o tempo certo para fazer uma reverência histórica, muito
conveniente, a José Carlos Mariátegui e à presença chinesa no Peru que data de
séculos atrás.
Além
disso, como vem mostrando na “conquista do mundo” através da Nova Rota da Seda,
convocou a atenção de gregos e troianos no campo da geopolítica onde, sem
apelar à “força imperialista” que historicamente foi usado para subjugar e
colonizar, conseguiu dizer aos EUA que a América Latina não é mais seu
“quintal” exclusivo e deixou claro que a luta pela hegemonia mundial está em
pleno desenvolvimento.
Nesse
cenário meticulosamente preparado pela China com a “colaboração do Peru”, Xi
Jinping se sentiu em casa desde o momento em que pisou em solo peruano. Não é
uma certeza que ele se arrependeu de não ter estado pessoalmente em Chancay, em
“seu porto”, no momento de sua inauguração, mas a implantação de tecnologia de
comunicação e IA [Inteligência Artificial] fez com que o tempo e o espaço se
transferissem para o Palácio do Governo, onde este ato atingiu todos os seus
objetivos publicitários e de posicionamento da China no cenário
latino-americano.
Tudo
foi calculado com o detalhe que os chineses estão acostumados, não havia espaço
para riscos de qualquer natureza, especialmente aqueles relacionados à
segurança de Xi Jinping e sua comitiva. Talvez esta seja a razão que prevaleceu
para não se mudar para Chancay, pois a onda de protestos, iniciada desde quando
Dina Boluarte usurpou o poder, ameaçava se aguçar, apesar da própria China e
EUA. Os EUA foram “muito generosos” ao “colaborar” com o Peru em matéria de
segurança e sufocar protestos populares. Objetivo que, como vimos, foi
parcialmente alcançado.
Mesmo
a presença dos meios de comunicação de massa que, antes da chegada de Xi
Jinping, tratavam a China como o “novo imperialismo que vem para subjugar o
Peru e levar seus recursos naturais”, mudou de posição e, deslumbrados pela
presença estelar do chefe supremo da terra do “Dragão”, não pouparam elogios em
suas “notas de opinião” ou nas manchetes de todos os dias anteriores, durante e
depois de deixar o Peru. É patético, para o caso, ver El Comercio,
o jornal mais poderoso de Lima, mudar radicalmente de ideia sobre os chineses
no Peru assim que assinaram um acordo de “cooperação” com os “comunistas” que
antes criticavam.
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China no Peru
Há
20 anos que a China, no âmbito de uma visão estratégica global de longo prazo
revisada a cada 5 anos pelo Partido Comunista Chinês, vem atuando no Peru. Sua
presença crescente e visível gerou todos os tipos de reações e opiniões.
Alguns, do campo da direita, dizem que o “monstro comunista” vem para dominar
as terras latino-americanas. Outros, do campo da esquerda, como sempre
atomizada, se esforçam em construir caracterizações do regime chinês sem chegar
a nenhum acordo, embora em seus foros íntimos pareça ficar intacta a ilusão da
China de Mao. Entre esses extremos, está a opção centrista ambivalente onde o
“sim, mas não” é a norma, de modo que sua opinião, por mais refinada que pareça
no estilo e na reflexão, permanece nos arquivos daqueles que amam este segmento
do espectro político.
E,
no entanto, não é tarefa dos partidos construir o “QUE FAZER” nestes tempos,
situação que não tira legitimidade de sua opinião. Este desafio é tarefa de um
Estado soberano, com autodeterminação. Se o Peru e seus sucessivos governos não
puderam prever, nem mesmo acompanhar o que estava por vir há 20 anos, este
poderia ser o momento para marcar um antes e um depois da história nacional.
Não é um exagero. A presença de Chancay, mesmo sendo propriedade exclusiva da
China graças à entrega do atual governo, é um fator que poderia impactar
positivamente o desenvolvimento nacional.
Vamos
ver, em primeiro lugar, o que a China tem no Peru após 20 anos de presença e
impacto na economia e soberania nacional.
1.
Até o momento, em território peruano operam 200 empresas chinesas com um
investimento acumulado de mais de U$ 31 bilhões (American Enterprise Institute,
2022), fruto de uma estratégia paciente e sagaz de penetração na economia
nacional que começou há 20 anos.
2.
Eles estão localizados em setores estratégicos: quatro portos, com Chancay à
frente, que terá um investimento de US $ 3,6 bilhões; tem investimentos
superiores a US $ 16 bilhões no setor de mineração que representa 21% do
investimento nacional de mineração que o torna o principal investidor nesse
setor (sítios de mineração: Las Bambas, cobre, explorado pela MMG Ltd. desde
2015, com U$3,4 bilhões de receita, 2023; Toro Mocho, cobre, explorado pela
Chinalco desde 2014; Mina Marcona, ferro, explorada pela Shougang Corporation
desde 1992 (produz 99% de ferro no Peru com lucros que Faz fronteira com U$1,65
bilhões), entre outros. Tudo isso com o favor das políticas de governo e em
particular do TLC assinado em 2010.
3.
Não só em portos e minas está o investimento chinês, também colocou o olho e o
dinheiro, no negócio de energia elétrica: controla 100% do fornecimento para
Lima e também grande parte do fornecimento no território nacional.
Literalmente, as empresas chinesas controlam o “interruptor” da luz no Peru:
Yangtze Power desde 2019 que comprou a Southern Light por US $ 3,590 Mills e a
China Southern Power Grid desde 2020 em que comprou a Enel por U$ 2,9 bilhões.
4.
Além disso, os chineses detêm 51% das ações da Seguros La Positiva (que
pertence à empresa “Fidelidade” de Portugal que, por sua vez, pertence à
Holding chinesa “Fosun International Limited”). Ou seja, sem alarde, mas
controlando tudo.
5.
Eles também se aventuram no setor financeiro com o Bank of China (2020), que
presta serviços apenas a clientes de alto perfil, ou seja, grandes e alguns
investidores de médio porte, que proporcionam grandes lucros.
6.
Como para dizer que fazem parte da luta contra o aquecimento global e suas
causas, a China também investe em questões ambientais, sendo sua melhor marca a
fabricação em massa de carros elétricos em fábricas instaladas no Brasil,
Argentina e outros países, para o qual, demonstrou interesse na produção e
processamento de lítio da Bolívia, Chile e Argentina.
O
que foi mencionado é apenas uma parte do que a China tem no Peru. O poder de
incidência e condicionamento dessa presença é muito maior do que se poderia
supor. Não é gratuito nem motivo de orgulho estar em primeiro lugar entre os
países latino-americanos que tem presença chinesa, enquanto a nível global
ocupa o quinto lugar (Doublethink Lab). Nada menos.
Portanto,
a enorme implantação de investimentos chineses no Peru não é apenas uma questão
econômica, mas uma questão profundamente geopolítica, alheia a olhares de curto
prazo. Sua posição atual de domínio o alcançou pouco a pouco e esperou o
“momento Chancay” para torná-lo visível e selar sua presença como algo
dificilmente questionável tanto pelo país anfitrião quanto pelos EUA. EUA que,
em sua condição de gendarme mundial, pensou que sua incidência na América
Latina estava intacta. Os alinhamentos políticos a partir do lançamento do
porto de Chancay mudarão de acordo com os interesses atuais e os que surgirão
no futuro imediato.
Fonte:
Blog da Boitempo/Opera Mundi
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