quinta-feira, 1 de agosto de 2024

EUA: reviravoltas a todo tempo

Enquanto a candidatura republicana aparentava ascender, em parte devido ao impacto oriundo do atentado fracassado de 13 de julho na Pensilvânia, a democrata debilitava-se a olhos vistos, com menções constantes à alteração da agremiação no tocante à indicação para concorrer à Casa Branca.

Chegavam os clamores sem reservas aos meios de comunicação até oficializar-se a desistência em 21 último do presidente Joe Biden. Encontravam-se seus correlegionários entre a cruz e a caldeirinha, uma vez que os sinais de fragilidade do mandatário não se interrompiam e espraiavam-se perante o eleitorado com repercussão negativa.

Como exemplo, o dirigente não conseguiu lembrar-se em entrevista televisiva do nome do general de exército Lloyd Austin, do Departamento de Defesa, titular de um dos cargos de maior relevância do governo federal.

Com o anúncio da abdicação como candidato, a designação seria a da sua sucessora natural na Casa Branca: a vice-presidente Kamala Harris. Com isso, os democratas lograram reverter até agora a expectativa desfavorável quanto à conservação da sigla à frente de Washington por mais um quatriênio.

Embora as primeiras manifestações tenham sido favoráveis à modificação, é possível surgir ao Partido Democrata outro desgaste em breve em magotes e com ele novas pressões em meio à intensa disputa eleitoral: a continuidade de Joe Biden no poder, dado que o estado de debilidade do governante tende a se estender.

A despeito de o dirigente manter-se quase recolhido desde o comunicado da renúncia, a oposição republicana deve explorar a questão, dada a dificuldade de distanciar-se nas pesquisas da situação, após o anúncio positivo de Harris.

Desta maneira, a substituição do mandatário sob justificativa, ainda que oficiosa, de saúde apontaria à sociedade ter permanecido o país sob condução temerária ao menos nos meses derradeiros, malgrado não depender apenas do presidente as tarefas administrativas.

Apesar de relativa descentralização, como demonstra a desenvoltura nos dois últimos decênios do Pentágono e da CIA em nome do antiterrorismo ao redor do globo, a decisão final sobre ataques letais ainda depende de autorização magna.

Além disso, há duas confrontações sem perspectiva de encerramento no curto prazo: uma no leste da Europa e a outra no Oriente Médio. Em ambas, um dos lados detém no seu arsenal ogivas atômicas. Portanto, a condução do gabinete presidencial, ao se envolver de modo acentuado nelas, tem de ser cautelosa e criteriosa.

Por conseguinte, a troca de candidatura, conquanto necessária, contribuiria para erodir a credibilidade da agremiação democrata, dado que teria ocultado da população ponto grave relativo à capacidade do mandatário.

Outrossim, suscitaria a preocupação de que o governante tem sido tutelado no processo decisório. Por extensão, haveria a curiosidade sobre quem teriam sido as pessoas responsáveis por isso e de que maneira elas poderiam ter-se beneficiado politicamente.

¨      Em meio a altas tensões após assassinato, EUA declaram compromisso com Israel contra ameaças do Irã

O comprometimento de Washington com a segurança de Israel é firme e inclui a defesa de Tel Aviv em caso de ameaças do Irã, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel.

A resposta de Patel abordou a questão sobre se os EUA ajudariam o Estado israelense no caso de uma retaliação iraniana pelo assassinato do líder político do Hamas Ismail Haniya.

"Nosso compromisso com a segurança de Israel é inabalável, e, claro, parte disso inclui a defesa de Israel quando enfrentamos ameaças de atores malignos, como o regime iraniano", disse Patel durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (31).

O movimento palestino Hamas disse que Haniya foi morto em um ataque israelense em sua residência na capital iraniana nas primeiras horas da manhã de hoje.

O líder do grupo palestino compareceu à cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian.

Mais cedo, ainda nesta quarta, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, alertou que vingar o assassinato de Haniya é "dever de Teerã", uma vez que o assassinato ocorreu na capital iraniana.

"O regime sionista criminoso e terrorista, com essa medida, preparou o terreno para uma punição severa para si mesmo. Consideramos a vingança de sangue por ele [Haniya], que foi martirizado dentro do território da República Islâmica do Irã, o nosso dever", disse Khamenei, citado pela agência Tasnim.

O aiatolá acusou Israel de ter feito a ação, no entanto, à Sputnik, um representante do Exército israelense disse que Tel Aviv não assumiu a responsabilidade pelo assassinato do líder, conforme noticiado.

<><> Biden deve ser presidente recordista no aumento da dívida dos EUA até fim do mandato, apontam dados

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pode ser o recordista no aumento da dívida pública do país entre todos os líderes norte-americanos, revelam dados analisados pela Sputnik com base nos indicadores do Tesouro. Até o fim do mandato, o débito deve chegar a US$ 36,3 trilhões (R$ 203,7 trilhões).

Do início da gestão Biden até o momento, a dívida dos EUA aumentou em US$ 7,3 trilhões (R$ 40,9 trilhões). Com isso, superou pela primeira vez na história a marca de US$ 35 trilhões (R$ 196,4 trilhões) neste mês.

Entre janeiro de 2021 e julho de 2024, a média de alta do débito norte-americano foi de 0,026% ao dia. Caso os índices continuem, até o final do mandato de Biden, a dívida pública dos EUA crescerá mais US$ 1,3 trilhão (R$ 7,3 trilhões) e deve chegar a US$ 36,3 trilhões (R$ 203,7 trilhões). Assim, até o final do mandato de quatro anos do democrata, o valor pode aumentar em um recorde de US$ 8,6 trilhões (R$ 48,2 trilhões).

O recordista no aumento do indicador norte-americano é, até o momento, o antecessor de Biden, o ex-presidente Donald Trump, que tenta retornar à Casa Branca. Durante o mandato republicano, o crescimento do débito foi de quase US$ 7,8 trilhões (R$ 43,7 trilhões).

Porém, mais da metade desse aumento ocorreu em 2020, quando começou a pandemia da COVID-19. O terceiro pior resultado é de Barack Obama, quando a dívida norte-americana cresceu em US$ 5,7 trilhões (R$ 31,9 trilhões) no primeiro mandato.

O melhor resultado no atual século ocorreu sob a presidência do republicano George W. Bush, quando registrou uma alta de US$ 1,9 trilhão (R$ 10,6 trilhões) no primeiro mandato.

A última vez que o país viu um presidente reduzir o indicador foi há mais de 100 anos, quando Calvin Coolidge (1923-1929) fez a dívida do país cair em quase um terço.

 

¨      Empresa ligada ao governo dos EUA é a fonte da pesquisa que alega que a oposição venezuelana venceu a eleição. Por Ben Norton

A oposição venezuelana alegou que venceu a eleição de 28 de julho, acusando o presidente Nicolás Maduro de "fraude".

A suposta evidência que os líderes da oposição venezuelana e seus aliados citaram para justificar essa alegação é uma pesquisa de boca de urna produzida por uma empresa que é estreitamente ligada ao governo dos EUA e que trabalha para veículos de propaganda estatal dos EUA que foram fundados pela CIA.

Uma empresa baseada em Nova Jersey chamada Edison Research publicou uma pesquisa de boca de urna no dia da eleição projetando que o candidato de direita Edmundo González Urrutia venceria com 65% dos votos, em comparação com apenas 31% para Maduro.

Esta pesquisa foi citada pelo líder da oposição de extrema-direita, apoiado pelos EUA, Leopoldo López, bem como por veículos de mídia ocidentais como o Washington Post, Wall Street Journal e Reuters.

Muitas empresas de pesquisa dentro da Venezuela são administradas por figuras da oposição e são notórias por seu viés político. A empresa independente mais respeitável do país é a Hinterlaces, que estimou em sua pesquisa de boca de urna que Maduro obteve 54,6% dos votos, em comparação com 42,8% para González.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela relatou que Maduro venceu a eleição com 51,2% dos votos, enquanto González recebeu 44,2%, e outros oito candidatos da oposição obtiveram 4,6% combinados. Esses resultados foram próximos ao que a Hinterlaces projetou, mas muito distantes do que a Edison Research afirmou.

O Departamento de Estado dos EUA, que apoiou várias tentativas de golpe na Venezuela, recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro. O secretário de Estado Antony Blinken questionou os resultados.

Por outro lado, observadores eleitorais independentes disseram que a votação foi livre e justa. Monitores do National Lawyers Guild dos EUA escreveram que sua delegação na Venezuela "observou um processo de votação transparente e justo com atenção minuciosa à legitimidade, acesso às urnas e pluralismo". Eles condenaram fortemente os "ataques ao sistema eleitoral por parte da oposição, bem como o papel dos EUA em minar o processo democrático".

Embora a pesquisa de boca de urna da Edison Research tenha sido amplamente citada pela mídia dos EUA para lançar dúvidas sobre os resultados eleitorais da Venezuela, ela não é de forma alguma um observador imparcial. Na verdade, os principais clientes da Edison incluem veículos de propaganda governamental dos EUA ligados à CIA, como Voice of America, Radio Free Europe/Radio Liberty e Middle East Broadcasting Networks, todos operados pela US Agency for Global Media, um órgão baseado em Washington que é usado para espalhar desinformação contra adversários dos EUA.

A Edison Research também trabalhou com o veículo de mídia estatal do Reino Unido, a BBC.

Além da Venezuela, a Edison já conduziu pesquisas suspeitas na Ucrânia, Geórgia e Iraque - áreas do mundo consideradas altamente estratégicas pelo Departamento de Estado dos EUA e alvo da intromissão incessante de Washington.

A pesquisa internacional da Edison é gerida pelo vice-presidente executivo da empresa, Rob Farbman. Ele também foi citado no comunicado de imprensa sobre a pesquisa de boca de urna na Venezuela e foi listado como o contato para o estudo.

O site da empresa dos EUA observa que "Farbman gerencia a pesquisa internacional da Edison com especialização no Oriente Médio e na África para clientes, incluindo a BBC, a Voice of America, os Middle East Broadcasting Networks e a Radio Free Europe/Radio Liberty".

Esses veículos de mídia estatal dos EUA são uma parte fundamental do que o New York Times descreveu em 1977 como uma "Rede Mundial de Propaganda Construída pela CIA".

O Times identificou a Radio Free Europe e a Radio Liberty (assim como a Radio Free Asia e a Free Cuba Radio) como "empreendimentos de radiodifusão da CIA".

Na verdade, o site da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) afirma: "Inicialmente, a RFE e a RL foram financiadas principalmente pelo Congresso dos EUA por meio da Agência Central de Inteligência (CIA)”.

Quando começou, a Radio Free Europe/Radio Liberty era chamada de "Radio Liberation from Bolshevism”, antes de mudar seu nome para Radio Liberation em 1956 e Radio Liberty em 1963.

Este veículo de propaganda estatal dos EUA foi uma ferramenta chave da guerra de informação durante a primeira guerra fria contra a União Soviética e seus aliados. Hoje, continua disseminando desinformação sobre países como Venezuela, Cuba, China, Rússia e Irã.

Em seu perfil no LinkedIn, o vice-presidente executivo da Edison Research, Rob Farbman, escreveu que supervisionou "pesquisas eleitorais para clientes internacionais, mais recentemente na Venezuela, Iraque, Ucrânia e República da Geórgia".

Farbman acrescentou que "gerencia o trabalho da Edison com organizações internacionais de radiodifusão, como a BBC, Radio Free Europe/Radio Liberty e Voice of America".

No LinkedIn, Farbman também afirma que "a Edison trabalha com uma ampla gama de clientes comerciais, governos e ONGs", embora ele não tenha divulgado quais são esses governos.

Os clientes corporativos da Edison incluem monopólios de Big Tech como Amazon, Apple, Facebook, Google e Oracle, que têm bilhões de dólares em contratos com a CIA, o Pentágono e outras agências do governo dos EUA.

Os veículos de propaganda estatal de Washington são supervisionados pela US Agency for Global Media (USAGM). A matriz desses veículos era anteriormente chamada de Broadcasting Board of Governors (BBG), antes de mudar seu nome para USAGM em 2018.

A USAGM financia e supervisiona a Voice of America, Radio Free Europe/Radio Liberty, Middle East Broadcasting Networks (Alhurra TV e Radio Sawa), Radio Free Asia, Office of Cuba Broadcasting (Radio y TV Martí) e Open Technology Fund.

O governo dos EUA forneceu dezenas de milhões de dólares para a oposição venezuelana, enquanto impõe sanções brutais que mataram milhares de civis venezuelanos, a fim de enfraquecer a economia e pressionar por uma mudança de regime.

Essas sanções implacáveis dos EUA, juntamente com uma campanha midiática constante para demonizar o governo eleito da Venezuela, fizeram com que muitos venezuelanos votassem contra Maduro por frustração, apesar de seu apoio contínuo ao socialismo.

O Departamento de Estado dos EUA também publicou um comunicado à imprensa ameaçando mais sanções econômicas após a eleição de 28 de julho. "Estamos prontos para aplicar sanções, conforme apropriado, para garantir responsabilidade por ações que impeçam a vontade democrática do povo venezuelano", afirmou.

Os EUA gastam bilhões de dólares todos os anos em programas de guerra de informação e financiamento de ONGs para promover mudanças de regime em países que se recusam a se submeter a Washington.

Esse vasto aparato de propaganda tem sido uma arma crítica nas guerras híbridas de Washington contra seus adversários em todo o mundo. E a Edison Research é apenas uma peça no quebra-cabeça maior.

 

¨      Maioria dos crimes cibernéticos no mundo foi cometida nos EUA, aponta estudo

A maioria dos crimes cibernéticos registrados em 2023 foi cometida nos EUA, apesar de o país possuir o maior mercado de serviços de cibersegurança do mundo. É o que revelou o estudo "Soberania digital: como os Estados protegem os interesses on-line", divulgado pela fundação russa Roscongress.

"Apesar de o mercado de serviços de cibersegurança nos EUA ser o maior do mundo, também foi onde ocorreram mais crimes cibernéticos em 2023", conclui o estudo.

Os autores observam que o conceito norte-americano de soberania digital ainda é tradicionalmente associado à ideia de liberdade na Internet e intervenção limitada do governo na esfera digital. "Isso reflete os valores liberais proclamados pela sociedade", afirma o relatório.

No entanto, nos últimos anos, as autoridades do país têm dado atenção especial à segurança nacional e à proteção da infraestrutura contra ataques cibernéticos. A preocupação cresceu após diversos escândalos de grande repercussão que trouxeram à tona a escala global da vigilância ilegal.

A tendência de aumentar a participação do governo na esfera digital também se reflete na legislação norte-americana. Em 2018, por exemplo, foi aprovada uma lei que simplifica o acesso das agências de aplicação da lei aos dados armazenados nos servidores das empresas do país localizadas fora dos EUA. Além disso, as autoridades de Washington limitam o uso de equipamentos e serviços de telecomunicações chineses.

Em maio de 2021, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva para fortalecer a cibersegurança do país e estabelecer requisitos rigorosos de segurança de software.

Apesar dessas medidas, o número de ataques cibernéticos nos EUA através de cadeias de suprimento de software está em alta: em 2023, o número total de ataques no país atingiu 242, em comparação com 115 no ano anterior.

 

Fonte: Por Virgílio Arraes, no Correio da Cidadania/Brasil 247/Sputnik Brasil

 

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