EUA: reviravoltas a todo tempo
Enquanto a candidatura
republicana aparentava ascender, em parte devido ao impacto oriundo do atentado
fracassado de 13 de julho na Pensilvânia, a democrata debilitava-se a olhos
vistos, com menções constantes à alteração da agremiação no tocante à indicação
para concorrer à Casa Branca.
Chegavam os clamores
sem reservas aos meios de comunicação até oficializar-se a desistência em 21
último do presidente Joe Biden. Encontravam-se seus correlegionários entre a
cruz e a caldeirinha, uma vez que os sinais de fragilidade do mandatário não se
interrompiam e espraiavam-se perante o eleitorado com repercussão negativa.
Como exemplo, o
dirigente não conseguiu lembrar-se em entrevista televisiva do nome do general
de exército Lloyd Austin, do Departamento de Defesa, titular de um dos cargos
de maior relevância do governo federal.
Com o anúncio da
abdicação como candidato, a designação seria a da sua sucessora natural na Casa
Branca: a vice-presidente Kamala Harris. Com isso, os democratas lograram
reverter até agora a expectativa desfavorável quanto à conservação da sigla à
frente de Washington por mais um quatriênio.
Embora as primeiras
manifestações tenham sido favoráveis à modificação, é possível surgir ao
Partido Democrata outro desgaste em breve em magotes e com ele novas pressões
em meio à intensa disputa eleitoral: a continuidade de Joe Biden no poder, dado
que o estado de debilidade do governante tende a se estender.
A despeito de o
dirigente manter-se quase recolhido desde o comunicado da renúncia, a oposição
republicana deve explorar a questão, dada a dificuldade de distanciar-se nas
pesquisas da situação, após o anúncio positivo de Harris.
Desta maneira, a
substituição do mandatário sob justificativa, ainda que oficiosa, de saúde
apontaria à sociedade ter permanecido o país sob condução temerária ao menos
nos meses derradeiros, malgrado não depender apenas do presidente as tarefas
administrativas.
Apesar de relativa
descentralização, como demonstra a desenvoltura nos dois últimos decênios do
Pentágono e da CIA em nome do antiterrorismo ao redor do globo, a decisão final
sobre ataques letais ainda depende de autorização magna.
Além disso, há duas
confrontações sem perspectiva de encerramento no curto prazo: uma no leste da
Europa e a outra no Oriente Médio. Em ambas, um dos lados detém no seu arsenal
ogivas atômicas. Portanto, a condução do gabinete presidencial, ao se envolver
de modo acentuado nelas, tem de ser cautelosa e criteriosa.
Por conseguinte, a
troca de candidatura, conquanto necessária, contribuiria para erodir a
credibilidade da agremiação democrata, dado que teria ocultado da população
ponto grave relativo à capacidade do mandatário.
Outrossim, suscitaria
a preocupação de que o governante tem sido tutelado no processo decisório. Por
extensão, haveria a curiosidade sobre quem teriam sido as pessoas responsáveis
por isso e de que maneira elas poderiam ter-se beneficiado politicamente.
¨ Em meio a altas tensões após assassinato, EUA declaram
compromisso com Israel contra ameaças do Irã
O comprometimento de
Washington com a segurança de Israel é firme e inclui a defesa de Tel Aviv em
caso de ameaças do Irã, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado dos
EUA, Vedant Patel.
A resposta de Patel
abordou a questão sobre se os EUA ajudariam o Estado israelense no caso de uma
retaliação iraniana pelo assassinato do líder político do Hamas Ismail Haniya.
"Nosso
compromisso com a segurança de Israel é inabalável, e, claro, parte disso
inclui a defesa de Israel quando enfrentamos ameaças de atores malignos, como o
regime iraniano", disse Patel durante uma coletiva de imprensa nesta
quarta-feira (31).
O movimento palestino
Hamas disse que Haniya foi morto em um ataque israelense em sua residência na
capital iraniana nas primeiras horas da manhã de hoje.
O líder do grupo
palestino compareceu à cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masoud
Pezeshkian.
Mais cedo, ainda nesta
quarta, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, alertou que vingar o assassinato
de Haniya é "dever de Teerã", uma vez que o assassinato ocorreu na
capital iraniana.
"O regime
sionista criminoso e terrorista, com essa medida, preparou o terreno para uma
punição severa para si mesmo. Consideramos a vingança de sangue por ele
[Haniya], que foi martirizado dentro do território da República Islâmica do
Irã, o nosso dever", disse Khamenei, citado pela agência Tasnim.
O aiatolá acusou
Israel de ter feito a ação, no entanto, à Sputnik, um representante do Exército
israelense disse que Tel Aviv não assumiu a responsabilidade pelo assassinato
do líder, conforme noticiado.
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Biden deve ser presidente recordista no aumento da dívida dos EUA até fim do
mandato, apontam dados
O presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, pode ser o recordista no aumento da dívida pública
do país entre todos os líderes norte-americanos, revelam dados analisados pela
Sputnik com base nos indicadores do Tesouro. Até o fim do mandato, o débito
deve chegar a US$ 36,3 trilhões (R$ 203,7 trilhões).
Do início da gestão
Biden até o momento, a dívida dos EUA aumentou em US$ 7,3 trilhões (R$ 40,9
trilhões). Com isso, superou pela primeira vez na história a marca de US$ 35
trilhões (R$ 196,4 trilhões) neste mês.
Entre janeiro de 2021
e julho de 2024, a média de alta do débito norte-americano foi de 0,026% ao
dia. Caso os índices continuem, até o final do mandato de Biden, a dívida
pública dos EUA crescerá mais US$ 1,3 trilhão (R$ 7,3 trilhões) e deve chegar a
US$ 36,3 trilhões (R$ 203,7 trilhões). Assim, até o final do mandato de quatro
anos do democrata, o valor pode aumentar em um recorde de US$ 8,6 trilhões (R$
48,2 trilhões).
O recordista no
aumento do indicador norte-americano é, até o momento, o antecessor de Biden, o
ex-presidente Donald Trump, que tenta retornar à Casa Branca. Durante o mandato
republicano, o crescimento do débito foi de quase US$ 7,8 trilhões (R$ 43,7 trilhões).
Porém, mais da metade
desse aumento ocorreu em 2020, quando começou a pandemia da COVID-19. O
terceiro pior resultado é de Barack Obama, quando a dívida norte-americana
cresceu em US$ 5,7 trilhões (R$ 31,9 trilhões) no primeiro mandato.
O melhor resultado no
atual século ocorreu sob a presidência do republicano George W. Bush, quando
registrou uma alta de US$ 1,9 trilhão (R$ 10,6 trilhões) no primeiro mandato.
A última vez que o
país viu um presidente reduzir o indicador foi há mais de 100 anos, quando
Calvin Coolidge (1923-1929) fez a dívida do país cair em quase um terço.
¨ Empresa ligada ao governo dos EUA é a fonte da pesquisa que
alega que a oposição venezuelana venceu a eleição. Por Ben Norton
A oposição venezuelana
alegou que venceu a eleição de 28 de julho, acusando o presidente Nicolás
Maduro de "fraude".
A suposta evidência
que os líderes da oposição venezuelana e seus aliados citaram para justificar
essa alegação é uma pesquisa de boca de urna produzida por uma empresa que é
estreitamente ligada ao governo dos EUA e que trabalha para veículos de propaganda
estatal dos EUA que foram fundados pela CIA.
Uma empresa baseada em
Nova Jersey chamada Edison Research publicou uma pesquisa de boca de urna no
dia da eleição projetando que o candidato de direita Edmundo González Urrutia
venceria com 65% dos votos, em comparação com apenas 31% para Maduro.
Esta pesquisa foi
citada pelo líder da oposição de extrema-direita, apoiado pelos EUA, Leopoldo
López, bem como por veículos de mídia ocidentais como o Washington Post, Wall
Street Journal e Reuters.
Muitas empresas de
pesquisa dentro da Venezuela são administradas por figuras da oposição e são
notórias por seu viés político. A empresa independente mais respeitável do país
é a Hinterlaces, que estimou em sua pesquisa de boca de urna que Maduro obteve
54,6% dos votos, em comparação com 42,8% para González.
O Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) da Venezuela relatou que Maduro venceu a eleição com 51,2% dos
votos, enquanto González recebeu 44,2%, e outros oito candidatos da oposição
obtiveram 4,6% combinados. Esses resultados foram próximos ao que a Hinterlaces
projetou, mas muito distantes do que a Edison Research afirmou.
O Departamento de
Estado dos EUA, que apoiou várias tentativas de golpe na Venezuela, recusou-se
a reconhecer a vitória de Maduro. O secretário de Estado Antony Blinken
questionou os resultados.
Por outro lado,
observadores eleitorais independentes disseram que a votação foi livre e justa.
Monitores do National Lawyers Guild dos EUA escreveram que sua delegação na
Venezuela "observou um processo de votação transparente e justo com
atenção minuciosa à legitimidade, acesso às urnas e pluralismo". Eles
condenaram fortemente os "ataques ao sistema eleitoral por parte da
oposição, bem como o papel dos EUA em minar o processo democrático".
Embora a pesquisa de
boca de urna da Edison Research tenha sido amplamente citada pela mídia dos EUA
para lançar dúvidas sobre os resultados eleitorais da Venezuela, ela não é de
forma alguma um observador imparcial. Na verdade, os principais clientes da
Edison incluem veículos de propaganda governamental dos EUA ligados à CIA, como
Voice of America, Radio Free Europe/Radio Liberty e Middle East Broadcasting
Networks, todos operados pela US Agency for Global Media, um órgão baseado em
Washington que é usado para espalhar desinformação contra adversários dos EUA.
A Edison Research
também trabalhou com o veículo de mídia estatal do Reino Unido, a BBC.
Além da Venezuela, a
Edison já conduziu pesquisas suspeitas na Ucrânia, Geórgia e Iraque - áreas do
mundo consideradas altamente estratégicas pelo Departamento de Estado dos EUA e
alvo da intromissão incessante de Washington.
A pesquisa
internacional da Edison é gerida pelo vice-presidente executivo da empresa, Rob
Farbman. Ele também foi citado no comunicado de imprensa sobre a pesquisa de
boca de urna na Venezuela e foi listado como o contato para o estudo.
O site da empresa dos
EUA observa que "Farbman gerencia a pesquisa internacional da Edison com
especialização no Oriente Médio e na África para clientes, incluindo a BBC, a
Voice of America, os Middle East Broadcasting Networks e a Radio Free Europe/Radio
Liberty".
Esses veículos de
mídia estatal dos EUA são uma parte fundamental do que o New York Times
descreveu em 1977 como uma "Rede Mundial de Propaganda Construída pela
CIA".
O Times identificou a
Radio Free Europe e a Radio Liberty (assim como a Radio Free Asia e a Free Cuba
Radio) como "empreendimentos de radiodifusão da CIA".
Na verdade, o site da
Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) afirma: "Inicialmente, a RFE e a
RL foram financiadas principalmente pelo Congresso dos EUA por meio da Agência
Central de Inteligência (CIA)”.
Quando começou, a
Radio Free Europe/Radio Liberty era chamada de "Radio Liberation from
Bolshevism”, antes de mudar seu nome para Radio Liberation em 1956 e Radio
Liberty em 1963.
Este veículo de
propaganda estatal dos EUA foi uma ferramenta chave da guerra de informação
durante a primeira guerra fria contra a União Soviética e seus aliados. Hoje,
continua disseminando desinformação sobre países como Venezuela, Cuba, China,
Rússia e Irã.
Em seu perfil no LinkedIn, o vice-presidente executivo da Edison Research, Rob Farbman,
escreveu que supervisionou "pesquisas eleitorais para clientes
internacionais, mais recentemente na Venezuela, Iraque, Ucrânia e República da
Geórgia".
Farbman acrescentou
que "gerencia o trabalho da Edison com organizações internacionais de
radiodifusão, como a BBC, Radio Free Europe/Radio Liberty e Voice of
America".
No LinkedIn, Farbman
também afirma que "a Edison trabalha com uma ampla gama de clientes
comerciais, governos e ONGs", embora ele não tenha divulgado quais são
esses governos.
Os clientes
corporativos da Edison incluem monopólios de Big Tech como Amazon, Apple,
Facebook, Google e Oracle, que têm bilhões de dólares em contratos com a CIA, o
Pentágono e outras agências do governo dos EUA.
Os veículos de
propaganda estatal de Washington são supervisionados pela US Agency for Global
Media (USAGM). A matriz desses veículos era anteriormente chamada de
Broadcasting Board of Governors (BBG), antes de mudar seu nome para USAGM em
2018.
A USAGM financia e supervisiona a Voice of America, Radio Free
Europe/Radio Liberty, Middle East Broadcasting Networks (Alhurra TV e Radio
Sawa), Radio Free Asia, Office of Cuba Broadcasting (Radio y TV Martí) e Open
Technology Fund.
O governo dos EUA
forneceu dezenas de milhões de dólares para a oposição venezuelana, enquanto
impõe sanções brutais que mataram milhares de civis venezuelanos, a fim de
enfraquecer a economia e pressionar por uma mudança de regime.
Essas sanções
implacáveis dos EUA, juntamente com uma campanha midiática constante para
demonizar o governo eleito da Venezuela, fizeram com que muitos venezuelanos
votassem contra Maduro por frustração, apesar de seu apoio contínuo ao
socialismo.
O Departamento de
Estado dos EUA também publicou um comunicado à imprensa ameaçando mais sanções
econômicas após a eleição de 28 de julho. "Estamos prontos para aplicar
sanções, conforme apropriado, para garantir responsabilidade por ações que
impeçam a vontade democrática do povo venezuelano", afirmou.
Os EUA gastam bilhões
de dólares todos os anos em programas de guerra de informação e financiamento
de ONGs para promover mudanças de regime em países que se recusam a se submeter
a Washington.
Esse vasto aparato de
propaganda tem sido uma arma crítica nas guerras híbridas de Washington contra
seus adversários em todo o mundo. E a Edison Research é apenas uma peça no
quebra-cabeça maior.
¨ Maioria dos crimes cibernéticos no mundo foi cometida nos EUA,
aponta estudo
A maioria dos crimes
cibernéticos registrados em 2023 foi cometida nos EUA, apesar de o país possuir
o maior mercado de serviços de cibersegurança do mundo. É o que revelou o
estudo "Soberania digital: como os Estados protegem os interesses on-line",
divulgado pela fundação russa Roscongress.
"Apesar de o
mercado de serviços de cibersegurança nos EUA ser o maior do mundo, também foi
onde ocorreram mais crimes cibernéticos em 2023", conclui o estudo.
Os autores observam
que o conceito norte-americano de soberania digital ainda é tradicionalmente
associado à ideia de liberdade na Internet e intervenção limitada do governo na
esfera digital. "Isso reflete os valores liberais proclamados pela sociedade",
afirma o relatório.
No entanto, nos
últimos anos, as autoridades do país têm dado atenção especial à segurança
nacional e à proteção da infraestrutura contra ataques cibernéticos. A
preocupação cresceu após diversos escândalos de grande repercussão que
trouxeram à tona a escala global da vigilância ilegal.
A tendência de
aumentar a participação do governo na esfera digital também se reflete na
legislação norte-americana. Em 2018, por exemplo, foi aprovada uma lei que
simplifica o acesso das agências de aplicação da lei aos dados armazenados nos
servidores das empresas do país localizadas fora dos EUA. Além disso, as
autoridades de Washington limitam o uso de equipamentos e serviços de
telecomunicações chineses.
Em maio de 2021, o
presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva para fortalecer a
cibersegurança do país e estabelecer requisitos rigorosos de segurança de
software.
Apesar dessas medidas,
o número de ataques cibernéticos nos EUA através de cadeias de suprimento de
software está em alta: em 2023, o número total de ataques no país atingiu 242,
em comparação com 115 no ano anterior.
Fonte: Por Virgílio
Arraes, no Correio da Cidadania/Brasil 247/Sputnik Brasil
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