quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Saiba as principais causas da depressão e se é possível prevenir

A depressão é um transtorno mental que causa mudanças no estado emocional, incluindo perda de interesse, falta de energia e sentimentos intensos de tristeza. Além do sofrimento emocional significativo, esta doença crônica pode impactar o funcionamento diário e a qualidade de vida. “A depressão limita o desempenho físico, pessoal e social do paciente, as causas são multifatoriais e, muitas vezes, estão correlacionadas”, explica a psiquiatra Priscilla Veloz Cevallos.

É fundamental reconhecer que a ausência de tratamento adequado pode resultar em sérias complicações. Portanto, é preciso compreender as causas subjacentes da depressão e procurar abordagens terapêuticas que não apenas aliviam os sintomas, como também enfrentam a verdadeira origem da doença.

A depressão pode ser desencadeada por diferentes causas e, geralmente, é influenciada por uma combinação dos seguintes fatores:

<><> Fatores genéticos

Acontece quando alguém tem uma maior predisposição a ter depressão se um membro da família já foi diagnosticado com a doença. De acordo com Priscilla Veloz Cevallos, os fatores genéticos contribuem com cerca de 40% da probabilidade de desenvolver depressão.

<><> Fatores bioquímicos

Eles envolvem mudanças nos neurotransmissores, como noradrenalina, serotonina e dopamina, que desempenham um papel fundamental na regulação do humor e das emoções, contribuindo para os sintomas depressivos, como insônia, tristeza profunda, perda de apetite, sentimentos de culpa e pensamentos suicidas.

<><> Fatores socioambientais

Incluem algumas situações, como:

•        Experiências traumáticas: como abuso físico, emocional ou sexual

•        Estresse crônico: envolve pressões no ambiente de trabalho, problemas financeiros ou dificuldade familiar

•        Desigualdade social: atinge grupos desfavorecidos e corresponde à falta de oportunidades e, consequentemente, de perspectiva de futuro

•        Mudanças repentinas: tais como perda de um familiar, divórcio ou desemprego

•        Abuso de substância: uso frequente e exagerado de álcool e drogas

<><> Fatores biológicos

São causados por alterações nos níveis de hormônios, como o cortisol, desregulações no sistema endócrino, como o hipotireoidismo, e outras doenças fisiológicas, como câncer e lúpus.

<><> É possível prevenir a depressão?

Por mais que exista fator genético, é possível sim prevenir a depressão. Segundo Priscilla Cevallos, a precaução com a depressão envolve a educação da sociedade. “Precisamos falar da doença diariamente, cuidar de tornar a saúde mental uma pauta rotineira dentro de casa e do convívio social. As pessoas precisam aprender a reconhecer os sintomas da depressão para procurar ajuda”.

Hábitos saudáveis, como a atividade física, boa alimentação, contato com a natureza e socialização também podem impactar positivamente na prevenção da depressão. Vale ressaltar que, dentro de qualquer uma dessas fases, sempre que sentir necessidade, é importante buscar ajuda médica e apoio psicológico.

 

•        Tipos de depressão: conheça os principais

Quando pensamos na depressão, sempre imaginamos um quadro de grande tristeza, em que a pessoa busca apenas ficar reclusa. No entanto, se engana quem pensa que este quadro é único, existem diversos subtipos de depressão.

"Os sintomas da depressão são praticamente os mesmos, independentemente de seus subtipos", ressalta o psiquiatra Mario Louzã, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. O que muda são outras características, como sua duração e outros sinais que a acompanham.

<<<< Saiba mais:

1. Episódio depressivo

Um episódio depressivo costuma ser classificado como um período de tempo em que a pessoa apresenta uma alteração em seu comportamento. De acordo com o psiquiatra Diego Freitas Tavares, pesquisador do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP), uma pessoa passando por um episódio depressivo apresenta sintomas da síndrome depressiva, como:

•        Humor deprimido

•        Falta de energia

•        Falta de iniciativa e vontade

•        Falta de prazer

•        Alteração do sono

•        Alteração do apetite

•        Lentificação do pensamento

•        Lentificação motora

Estes quadros tendem a ter uma duração mais curta, de até seis meses, sem uma intensificação dos sintomas.

2. Transtorno depressivo maior

No entanto, se a pessoa começa a ter quadros depressivos recorrentes ou mantém os sintomas de depressão por mais de seis meses com uma intensificação do quadro, pode-se considerar que ela esteja passando por um transtorno depressivo maior. "Este quadro costuma iniciar-se mais tardiamente na vida, após os 30 anos de idade e responde melhor ao tratamento com medicamentos", pondera Tavares.

Normalmente o transtorno depressivo maior é um quadro mais grave e também tem grande relação com a herança genética. Nele há uma mudança química no funcionamento do cérebro, que pode ser desencadeada por uma causa física ou emocional. ?Por isso é importante encontrar a causa central dela, para que o tratamento seja mais efetivo?, friza o psiquiatra Pérsio Ribeiro Gomes de Deus, diretor-técnico de saúde do Hospital Psiquiátrico da Água Funda (SP).

3. Depressão bipolar

As fases de depressão dentro do transtorno bipolar também são consideradas um subtipo de depressão. "Existe a depressão bipolar tipo 1, que é intercalada com episódios de euforia (a chamada mania) e a tipo 2, na qual os episódios fora da depressão tem uma euforia um pouco menos intensa", classifica Louzã.

Os sintomas apresentados na fase de depressão são os mesmos de um episódio depressivo. Já nas fases de euforia, o paciente pode apresentar sintomas como:

•        Agitação

•        Ocupação com diversas atividades

•        Obsessão com determinados assuntos

•        Aumento de impulsividade

•        Aumento de energia

•        Desatenção

•        Hiperatividade

A pessoa com um quadro de mania geralmente acha que está bem e saudável. "Casos de tipo 1 podem levar a uma ativação do cérebro tão evidente que culmina em quadros com delírios de grandeza", alerta Tavares.

Nos transtornos bipolares do tipo 2, essas fases costumam ser mais leves.

4. Distimia

A distimia é um transtorno depressivo mais leve, porém persistente. "A pessoa consegue seguir sua vida, trabalhando e dando conta de suas atividade cotidianas, mas têm uma qualidade de vida ruim, sendo consideradas pessoas negativas a maior parte do tempo", comenta Gomes de Deus. Os sintomas principais deste quadro são o mau humor, a irritabilidade, pessimismo e o isolamento social.

O quadro de distimia muitas vezes não é diagnosticado, pois é confundido com mau humor e com o jeito de ser da pessoa. No entanto, quando identificada, a distimia tem sim tratamento e costuma melhorar com medicação.

5. Depressão atípica

Normalmente os quadros de depressão costumam ser melancólicos, em que o paciente apresenta principalmente tristeza e pensamentos de morte, desesperança e inutilidade. "No entanto, a depressão pode ser atípica quando há predomínio de falta de energia, cansaço, aumento excessivo de sono e o humor apático", enumera o psiquiatra Tavares.

6. Depressão sazonal

O maior exemplo de depressão sazonal são os episódios de tristeza relacionados ao inverno. "Este quadros são raros em locais como o Brasil, em que o sol aparece o ano todo, no entanto podem ocorrer devido à baixa exposição à luz solar que ocorre em locais de latitude mais elevada", contextualiza Louzã.

Existem outros tipos de depressões sazonais, ligadas à épocas do ano. "As festas de final de ano são um período em que estas depressões ocorrem bastante, devido ao período de reflexão", considera Gomes de Deus.

Fique atento com períodos de tristeza de desânimo que acontecem em períodos épocas específicas - sempre que está frio ou sempre próximo de uma data específica, por exemplo.

7. Depressão pós-parto

A depressão pós-parto é um tipo específico de depressão com causa definida: devido a queda dos níveis hormonais na gestação. "Durante a gravidez o corpo entra em um equilíbrio hormonal muito grande, e a queda abrupta dessas substâncias pode levar o corpo a se ressentir, reagindo com um quadro depressivo", considera Gomes de Deus.

8. Depressão psicótica

A depressão psicótica alia os sintomas de tristeza a outros menos típicos, como delírios e alucinações. "A pessoa tem ideias convictas de que está em ruína ou que o corpo está apodrecendo, por ter alucinações nas quais escuta vozes depreciativas ou vê vultos da morte vindo para levá-lo", exemplifica Tavares.

Este é considerado um tipo de depressão grave, mas costuma ser raro. No entanto, qualquer pessoa pode desenvolvê-lo, e não só quem tem histórico de psicoses na família.

<><> Outros tipos de quadros ligados a depressão

•        Depressão reativa: A depressão reativa é uma classificação não mais usada, mas são sintomas depressivos ligados a um acontecimento específico. Normalmente era tratada com psicoterapia em vez de medicamentos. ?Hoje sabemos que esse tipo de condição ou classificação é inadequado, visto que o fato de o paciente ter apresentado algum evento psicológico prévio não indica se a doença é cerebral ou psicológica e se necessita de tratamento medicamentoso ou não?, ressalta Diego Tavares

•        Tensão pré-menstrual: A maioria das mulheres apresenta sintomas depressivos durante a TPM, e apesar desta fase não ser considerada uma depressão em si, é um quadro relacionado. ?Não constituem um episódio depressivo per si, pois são de curta duração e não chegam a ter a intensidade de um quadro depressivo?, considera Mario Louzã.

 

Fonte: Minha Vida

 

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