"Ozempic
oral" não retarda progressão do Alzheimer, aponta estudo
Uma
versão oral da semaglutida, princípio ativo dos medicamentos de sucesso Ozempic
e Wegovy, não conseguiu retardar a progressão do Alzheimer em testes clínicos
muito aguardados, anunciou a Novo Nordisk nesta segunda-feira (24).
Em dois
ensaios de Fase 3 com mais de 3.800 adultos que recebiam tratamento padrão para
Alzheimer, a empresa avaliou se uma forma mais antiga do medicamento em
comprimido funcionava melhor que um placebo. A empresa informou que o
medicamento demonstrou ser seguro e levou a melhorias nos biomarcadores
relacionados ao Alzheimer, mas o tratamento não retardou a progressão da
doença.
A Novo
há muito tempo tratava o Alzheimer como uma aposta arriscada para os populares
medicamentos GLP-1. O uso desses medicamentos para diabetes e perda de peso
explodiu nos últimos anos, e eles demonstraram benefícios para uma ampla gama
de condições adicionais de saúde, como proteção do coração e dos rins, redução
da apneia do sono e potencial auxílio no tratamento de vícios.
Estudos
menores e testes em animais haviam sugerido que os GLP-1 poderiam ajudar a
retardar o declínio cognitivo ou reduzir a neuroinflamação, mas eram
necessários ensaios maiores como os da Novo para confirmar se os pacientes
observavam benefícios reais.
"Com
base na significativa necessidade não atendida na doença de Alzheimer, bem como
em diversos dados indicativos, sentimos que tínhamos a responsabilidade de
explorar o potencial da semaglutida, apesar da baixa probabilidade de
sucesso", disse Martin Holst Lange, diretor científico e vice-presidente
executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Novo Nordisk em comunicado na
segunda-feira, agradecendo aos participantes do estudo.
Uma
extensão de um ano dos ensaios será descontinuada, informou a Novo. Os
resultados dos testes ainda não foram revisados por pares ou publicados, mas
serão apresentados em próximas conferências científicas.
A Novo
tem enfrentado maior concorrência no mercado de perda de peso e recentemente
anunciou preços mais baixos para alguns pacientes que pagam em dinheiro pelo
Ozempic e Wegovy. As ações da Novo caíram na segunda-feira após o anúncio sobre
o teste de Alzheimer.
• Ozempic e similares podem reduzir risco
de morte por câncer de cólon
Medicamentos
como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, conhecidos popularmente como "canetas
emagrecedoras", podem reduzir o risco de morte em pacientes com câncer de
cólon. É o que sugere um estudo realizado na Universidade da Califórnia em San
Diego e publicado na revista Cancer Investigation no último dia 11.
Ao
analisar mais de 6.800 pacientes com o tumor em todos os centros de saúde da
Universidade da Califórnia, os pesquisadores descobriram que aqueles que
tomavam medicamentos com peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) -- a mesma
classe das canetas -- tinham menos da metade da probabilidade de morrer em
cinco anos em comparação com aqueles que não usavam esses medicamentos.
Os
resultados foram consistentes mesmo após ajustes para idade, IMC (índice de
massa corporal), gravidade da doença e outros fatores de saúde. Isso sugere que
os medicamentos podem oferecer um forte efeito protetor independente.
De
acordo com o estudo, o benefício na sobrevida (tempo de vida desde o
diagnóstico do câncer) pareceu maior em pacientes com IMC muito alto (acima de
35), sugerindo que os medicamentos GLP-1 podem ajudar a neutralizar condições
inflamatórias e metabólicas que pioram o prognóstico do câncer de cólon.
Além
disso, os pesquisadores acreditam que os efeitos protetores podem estar
relacionados ao próprio mecanismo das canetas: elas reduzem a inflamação
sistêmica, melhoram a sensibilidade à insulina e promovem a perda de peso,
todos fatores que podem reduzir o crescimento do tumor.
Estudos
laboratoriais também sugerem que os medicamentos GLP-1 podem prevenir
diretamente o crescimento de células cancerígenas, desencadear a morte celular
e remodelar o microambiente tumoral.
Apesar
das descobertas, os autores do estudo enfatizam que mais pesquisas são
necessárias para confirmar esses achados e determinar se o benefício observado
na análise representa um efeito anticancerígeno direto ou um resultado indireto
da melhora da saúde metabólica.
• Benefícios à saúde se perdem após
suspensão do Mounjaro
Pacientes
que interrompem o uso do Mounjaro – medicamento injetável usado contra a
diabetes de tipo 2 e que se popularizou por sua eficácia na perda de peso – e
voltam a engordar perdem benefícios à saúde conquistados com o tratamento,
revela um novo estudo publicado nesta segunda-feira (24/11).
A
pesquisa – que contou com a participação de especialistas da farmacêutica dona
do Mounjaro, a Eli Lilly –, realizada com 308 pessoas, constatou que aqueles
que recuperaram 25% ou mais do peso perdido após 36 semanas de tratamento
perderam também os benefícios à saúde inicialmente conquistados, como redução
da circunferência da cintura, melhora na pressão sanguínea e nos índices
glicêmicos e de colesterol, bem como de resistência à insulina.
A
regressão no quadro clínico dos pacientes foi pior quanto mais quilos eles
recuperaram do antigo peso. Dentre os 308 pacientes que participaram do estudo,
77 recuperaram de 25% a 50% do peso perdido após 52 semanas sem usar o
Mounjaro; em 103, o ganho foi de 50% a 75%; em 74, acima de 75%.
Neste
último grupo, dos que retomaram mais de 75% do peso antigo, os parâmetros
cardiometabólicos voltaram ao mesmo ponto do início do tratamento.
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Mudança de estilo de vida é importante
O
princípio ativo do Mounjaro, a tirzepatida, pode ajudar pessoas a perder em
média 20% de seu peso corporal em 72 semanas de tratamento – mais que outros
tratamentos similares disponíveis, como Wegovy e Ozempic .
Porém,
outras pesquisas já constataram que o peso perdido geralmente tende a ser
recuperado passados alguns meses após a suspensão do medicamento – a um ritmo
muito mais acelerado do que no caso de pessoas que emagrecem apenas com dietas,
exercícios e mudanças no estilo de vida.
Os
autores do estudo publicado nesta segunda-feira afirmam que as conclusões
"reforçam a importância da manutenção da redução do peso a longo prazo
através de intervenções no estilo de vida e medicamentos para gerenciamento da
obesidade, de modo a manter os benefícios cardiometabólicos e uma melhor
qualidade de vida".
Ao
jornal britânico The Guardian, Jane Ogden, professor emérito da escola de
ciências da saúde da Universidade de Surrey, ressaltou que o uso de
medicamentos injetáveis para perda de peso nem sempre vem acompanhado de
mudanças no estilo de vida e na dieta.
Segundo
ela, a manutenção de velhos hábitos prejudiciais à saúde pode levar ao ganho de
peso e, consequentemente, à reversão de benefícios cardíacos.
Outro
estudo publicado recentemente na revista Nature aponta que o uso da tirzepatida
consegue acalmar o desejo incessante por comida, mas só temporariamente.
Fonte:
CNN Brasil/DW Brasil

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