Governo
da Bahia entrega PL para reestruturação do Planserv e pune servidores pelos desmandos
praticados
O
governo do estado encaminhou à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) um
Projeto de Lei que promove a reestruturação do Planserv nesta segunda-feira
(1º). Segundo a gestão, a proposta foi construída em conjunto com sindicatos e
entidades representativas e têm como objetivo modernizar as estruturas do
funcionalismo público estadual. A entrega foi realizada pelo secretário de
Relações Institucionais (Serin), Adolpho Loyola, e o secretário de
Administração da Bahia (Saeb), Rodrigo Pimentel.
O
projeto do Planserv apresenta um conjunto de melhorias significativas, entre
elas a adoção de um novo critério de contribuição. As faixas salariais serão
substituídas por um percentual único aplicado sobre a remuneração do servidor,
assim, todos contribuem com o mesmo percentual, de forma proporcional ao
salário.
Conforme
Rodrigo Pimentel, inicialmente a contribuição será de 5,5% já em 2026, chegando
a 6% em 2027. No patronal, os percentuais subirão para 3,25% no próximo ano e
4% para 2027.
Segundo
o governo, com essa mudança, estima-se que cerca de 130 mil servidores terão
redução no valor pago. Além disso, a proposta prevê a interiorização da rede
com cidades-polo; a revisão da remuneração dos médicos; e a prospecção de novos
profissionais para ampliar atendimentos.
“Pretendemos
aprimorar a interiorização, fortalecendo as micro-regiões, levando serviços
itinerantes a locais desassistidos e ampliando a oferta de telemedicina,
especialmente nas especialidades com menor disponibilidade. Dessa forma,
garantimos um atendimento mais rápido e maior conforto para quem vive no
interior. Quero agradecer ao empenho de todos e dizer que hoje é um dia
especial, pois estamos comemorando a vitória do diálogo”, afirmou o secretário
da Saeb, Rodrigo Pimentel.
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Reestruturação do Planserv: Confira detalhes do PL
Na
mensagem enviada à Casa nesta segunda-feira (1º), Jerônimo afirma que o
objetivo é “ampliar o acesso, aprimorar o cuidado e garantir a sustentabilidade
do Planserv”. O governo também solicitou que a tramitação ocorra em regime de
urgência.
Pelo
texto, a contribuição dos titulares passará a ser de 5,5% da remuneração, não
podendo ser inferior a R$ 120. A partir de 1º de janeiro de 2027, o percentual
sobe para 6%, mantendo o mesmo piso. Para dependentes, o projeto estabelece que
cônjuges ou companheiros passarão a pagar 50% da contribuição do titular,
enquanto os demais dependentes contribuirão com 22% do valor. Em todos os
casos, o valor mínimo também será de R$ 120.
A
proposta cria ainda um limite para servidores que já possuem mais de quatro
dependentes inscritos até a vigência da lei. Para esse grupo, o custeio será
calculado considerando o máximo de quatro dependentes, mesmo que o número de
inscritos seja maior.
Outro
ponto tratado no projeto é a contribuição patronal. Para os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público, Defensoria Pública,
autarquias e fundações públicas, a alíquota será de 3,25% no primeiro momento,
aumentando para 4% em 2027. O mesmo percentual será aplicado às empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações estaduais de direito
privado.
O texto
também altera regras da assistência especial. O beneficiário poderá migrar para
essa modalidade, que garante internação em apartamento privativo, mediante
carência de 12 meses e pagamento adicional de R$ 120 por mês, por beneficiário
inscrito. Já a inadimplência por dois meses, consecutivos ou não, passa a ser
motivo para desligamento de beneficiários que pagam por boleto bancário.
O
projeto inclui ainda uma nova tabela de contribuição para titulares e
agregados, com valores variando conforme a faixa etária. Os valores vão de R$
120, para beneficiários até 24 anos, até R$ 485,26 para quem tem 60 anos ou
mais.
De
acordo com a proposta, apenas o artigo que trata do aumento das alíquotas a
partir de 2027 terá vigência futura. As demais mudanças entram em vigor na data
da publicação da lei.
TABELA
– Aposentados
vão pagar a conta dos desmandos
O
projeto inclui nova tabela de contribuição para titulares e agregados:
Faixa
etária Contribuição (R$)
até 24 anos 120,00
25 a 29 anos 156,00
30 a 39 anos 204,96
40 a 49 anos 271,55
50 a 59 anos 362,10
60 anos ou mais 485,26
¨
Governo Jerônimo faz manobra para inflar área social no
orçamento de 2026
O
governo Jerônimo Rodrigues (PT) encaminhou à Assembleia Legislativa da Bahia
(Alba) o projeto de orçamento de 2026 com uma manobra que infla artificialmente
os números da área social ao incorporar despesas típicas de infraestrutura como
se fossem investimentos sociais. A proposta ainda não tem data para ser votada,
mas deve ser analisada pelos deputados estaduais até o fim do ano.
O texto
foi entregue pessoalmente pelo secretário estadual do Planejamento, Cláudio
Peixoto, à presidente da Alba, Ivana Bastos (PSD), com a presença do líder do
governo, Rosemberg Pinto (PT). No documento, disponível ao público, o governo
afirma que a área social terá R$ 53,9 bilhões em 2026. Porém, para chegar a
esse valor, incluiu despesas que não pertencem à área social, como Urbanismo,
Saneamento, Habitação e Energia - todas da infraestrutura - além da Segurança
Pública, que é classificada como função típica de Estado.
Ao
retirar esses itens, o orçamento social efetivo cai para R$ 41 bilhões. Isso
significa que a gestão petista fez crescimento artificial de 31,5%. Na
comparação com 2025, inclusive, a participação da área social no orçamento
total diminui: passa de 57,81% para 54,33%. Em valores absolutos, entretanto, o
volume sobe de R$ 40 bilhões para R$ 41 bilhões, alta de 2,5%.
Especialistas
em finanças públicas ouvidos pelo CORREIO afirmam que a medida causa
estranheza, sobretudo porque, nos últimos anos, o governo vem prestando contas
ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) seguindo a classificação correta, sem
misturar despesas de infraestrutura com investimentos da área social. Para
eles, a mudança no projeto enviado agora à Alba cria uma “peça publicitária”,
para enganar o Parlamento e distorcer a percepção da sociedade sobre as
prioridades do Executivo.
A
avaliação dos técnicos é de que a manobra tem motivação eleitoral. Em um ano em
que Jerônimo tentará a reeleição, inflar a área social - ponto central nos
discursos da esquerda e do PT - serviria para reforçar a imagem de que o
governo ampliou investimentos voltados à população. Ao incorporar
infraestrutura à área social, o governo também poderia camuflar obras com
potencial eleitoral.
De
fato, em 30 de setembro, o governo divulgou uma nota destacando os
investimentos sociais, sob o título: “Governo da Bahia mantém área social como
prioridade para o orçamento de 2026”. O texto celebra os crescimentos em
Urbanismo e Habitação. A nota diz: “a área social concentrará R$ 54 bilhões do
total, o equivalente a 71,3% do orçamento. Esse valor representa um crescimento
de 7,6% em relação ao ano anterior. A saúde receberá R$ 13,1 bilhões, a
educação contará com R$ 12,4 bilhões e segurança pública terá R$ 7,6 bilhões.
Urbanismo e habitação terão os maiores crescimentos percentuais: 87,3% e
100,5%, respectivamente, em relação a 2025, ampliando investimentos voltados à
infraestrutura urbana e à redução do déficit habitacional”.
É
possível imaginar um orçamento público sem a área de infraestrutura? Isso
dificulta uma análise técnica. Nesses termos, a decisão dos parlamentares de
alterar, aprovar ou rejeitar a proposta fica dificultada.
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Análises críticas
Antonio
Silva Magalhães Ribeiro, pesquisador em finanças públicas e professor da
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), critica a reclassificação.
Para ele, a ação do governo “desconfigura” a proposta orçamentária.
“É
possível imaginar um orçamento público sem a área de infraestrutura? Isso
dificulta uma análise técnica a partir dos elementos que dão significado à
classificação funcional da despesa. Nesses termos, a decisão dos parlamentares
de alterar, aprovar ou rejeitar a proposta fica dificultada. Eu pergunto,
ainda: se na prestação de contas as áreas e suas respectivas funções são
apresentadas corretamente, por que ser diferente na proposta orçamentária?”,
questiona o especialista.
O
pesquisador afirma ainda que a manobra tenta transmitir uma “suposta
preocupação” com a agenda social. “A área social está presente, historicamente,
nos discursos da esquerda, fazendo com que se busque por meios vários tentar
dar coerência aos mesmos. Não podemos perder de vista que os indicadores
sociais da Bahia encontram-se entre os piores do Brasil e, até mesmo, do
Nordeste brasileiro. E o governo parece querer transmitir que deseja se dedicar
à reversão deste quadro negativo”, ressalta ele.
Líder
da oposição na Alba, o deputado estadual Tiago Correia (PSDB) também ataca a
estratégia. “É mais uma maquiagem do governo do PT, uma manobra contábil para
distorcer a realidade e dizer que ‘cuida de gente’, como repete na propaganda.
Quando o governo reclassifica gastos de infraestrutura como se fossem na área
social, ele não está aumentando o investimento destinado às pessoas, apenas
está mudando a denominação dos gastos para criar uma ilusão. A população
precisa de ações reais, não de truques contábeis”, diz.
Em nota
enviada ao CORREIO, a Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (Seplan),
órgão do governo responsável por elaborar a proposta orçamentária,
informou:
"A
classificação das funções nas áreas de atuação do Governo segue critérios
técnicos consolidados há anos. As funções Urbanismo e Energia estão enquadradas
na Área Social porque abrigam ações com impacto direto na melhoria da qualidade de vida da
população. Na proposta orçamentária de 2026, estão previstos R$ 3,7 bilhões
para Urbanismo - sendo 78% voltados a obras de mobilidade urbana - e R$ 16,8
milhões para iluminação pública e redes de energia. Além disso, a Área
Econômica e de Infraestrutura está contemplada com R$ 4 bilhões, o que
representa crescimento de 9% em relação ao valor programado para este ano.
Esses números reforçam o compromisso do Governo da Bahia com o desenvolvimento
equilibrado do Estado, associando investimento social, dinamismo econômico e
gestão fiscal responsável".
Fonte:
BN/Correio

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